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1 Introdução

2.4 Acordos de nível de serviço (“service level agreements – SLAs”)

2.4.2 Funções dos acordos de nível de serviço

Para Lehr e McKnight (2002), um SLA é um contrato formal entre o prestador

de serviço e o seu cliente, caracterizando o serviço que será prestado. Isto inclui

especificações de deveres e responsabilidades de ambas as partes nos vários estados

futuros e que são esperados que prevaleçam durante a vida do contrato. Ainda

conforme esses autores, SLAs são para um período específico, o qual pode ser longo

ou curto, podendo ser renovável de diferentes formas. Além disso, SLAs estão

associados ao preço. Isso significa que nos serviços em que são necessárias

customizações específicas, os SLAs podem ser utilizados para facilitar a diferenciação

por preço.

Sturm, Morris e Jander (2000) apontam alguns benefícios para a criação de um

acordo de nível de serviço. Primeiro, um SLA define quais níveis de serviço são

particularmente vantajoso para o provedor de serviço, pois ele se defende de falsas

expectativas.

Conforme Sturm, Morris e Jander (2000), existe uma característica básica na

natureza humana de sempre querer mais e melhor, independente do assunto. Para

ilustrar esta afirmação, os autores apresentam a seguinte situação: no caso de serviços

de TI, se a disponibilidade de um aplicativo chave for aumentada drasticamente

(maior do que qualquer outro pedido anterior) os clientes irão se acostumar

rapidamente com esse nível de disponibilidade e começarão a pedir por níveis de

disponibilidade ainda maiores. Além disso, os clientes irão difamar a TI caso o pedido

não seja atendido. Neste caso, se as expectativas forem documentadas em um SLA,

elas se tornam um ponto de referência, uma âncora, para as expectativas dos clientes.

Em outras palavras, o SLA fornece estabilidade para os acordos que chegam e que são

documentados. Mais especificamente, um acordo de nível de serviço bem redigido

não somente irá definir as expectativas, como também irá definir um conjunto de

indicadores da qualidade do serviço mutuamente aceitável e acordado.

Para um SLA ser útil entre as partes prestadora e consumidora de um

determinado serviço ele deve ser verificável. Caso contrário, seria apenas um exagero

comercial. Buscando acomodar esta necessidade, SLAs tipicamente especificam

medidas de desempenho verificáveis. Por exemplo, no contexto de SLAs derivados de

telecomunicações, isto significou especificar limites para parâmetros técnicos chave

que descrevem as características do tráfego que está sendo manuseado e que são

passíveis de medição por terceiros.

A confiança em medidas de engenharia, como limites de atraso ponto a ponto,

banda fornecida e similares, refletem uma extensão natural dos tipos das descrições de

nível de serviço utilizadas para caracterizar serviços de telefonia tradicionais. Essas

métricas caracterizam o comprometimento do prestador com o fornecimento de

serviços com qualidade garantida. De acordo com Sturm, Morris e Jander (2000),

falhas em atingir esses padrões prometidos (exceto sob circunstâncias especiais)

livrariam o cliente do dever de pagar e ainda poderiam levar a penalidades. Falhas do

cliente em cumprir seu comportamento de trafego prometido poderiam resultar em

não fornecimento do serviço ou em maiores taxas.

Conforme Lehr e McKnight (2002), os acordos de nível de serviço têm o papel

econômico de baixar os custos de transações associadas com a contratação de uma

particular qualidade de serviço e alocar os riscos e custos de produzir e consumir o

serviço. Tais contratos são mais importantes em mercados de bens intangíveis do que

em mercados de bens tangíveis, uma vez que:

1. bens tangíveis são estocáveis, o que significa que a produção e o

consumo podem ser separados no espaço e no tempo. Isto

freqüentemente simplifica a avaliação e a verificação de atributos de

produtos e a operação de mercados anônimos, ou seja, no qual o cliente

e o prestador de serviço não se conhecem ou têm um relacionamento

anterior bem limitado;

2. muito do valor do contrato de serviço pode ser garantido legalmente no

direito (mas não obrigação) de consumir. Por exemplo, o serviço de

telefonia oferece ao cliente a oportunidade de fazer ou receber ligações

tempo todo. Isto cria incentivos para o consumidor utilizar a capacidade

disponível da forma mais eficiente;

3. contratos de serviço para a troca de bens intangíveis estabelecem direitos

de propriedade sobre a transação, os quais podem então ser negociados e

dar lugar a novos mercados.

Outra importante informação é que SLAs podem fornecer uma base para o

estabelecimento de garantias da qualidade, isto é, um nível verificável de serviços será

fornecido ao cliente. Quando esses contratos são desenvolvidos como conseqüência

de uma negociação, eles podem ser modificados para refletir contingências

cliente/fornecedor específicas como, por exemplo, fatores de custo especial como a

proximidade dos clientes com o núcleo dos recursos de rede ou necessidades especiais

como diversidade de rotas para assegurar o aumento da confiabilidade.

Lehr e McKnight (2002) afirmam que SLAs baseados em produtos tarifados

tornam-se padronizados. Além disso, podem se tornar a base para a troca em

mercados anônimos. SLAs padronizados fornecem um mecanismo para reduzir custos

de pesquisas impostos por clientes, avaliando as ofertas de diferentes prestadores de

serviço. Ainda mais, SLAs podem fornecer a base para a “comoditização” de um

produto ou serviço. Isto pode encorajar o desenvolvimento de mercados em que

muitos compradores e vendedores trocam serviços que são substitutos um para o

outro.

Já Parish (1997) tem uma definição um pouco diferente para SLAs. De acordo

com ele, SLAs são, essencialmente, contratos informais entre o fornecedor de um

serviço e o usuário desse serviço. Seu propósito é definir o desempenho necessário ao

ser monitorados. Para esse autor, há características típicas que podem ser incluídas em

um SLA:

¾ Horas de serviço disponível; ¾ Tempo de reposta;

¾ Alvos pontuais;

¾ Máximo tempo sem resposta (“down time”) aceitável em um serviço em um dado período;

¾ Alvos de confiabilidade.

Para Parish (1997), assim como Lehr e McKnight (2002), uma consideração

crucial é que SLAs devem estar focados em alvos quantitativos, os quais podem,

então, ser subseqüentemente medidos.

Os SLAs são amplamente utilizados entre funções internas, dentro de uma

mesma organização, e entre fornecedores terceirizados e seus clientes.

Ocasionalmente, e mais freqüente no caso de acordos envolvendo fornecedores

terceirizados, os termos dos SLAs podem ser contratuais. Nesse caso, penalidades

podem ser usadas no caso de falhas em atingir os alvos de desempenho.

Normalmente, acordos de nível de serviço são utilizados para definir o desempenho

requerido de um serviço por seus usuários. Entretanto, os conceitos de SLAs são

igualmente aplicáveis aos processos que utilizam atividades totalmente manuais ou

que dependem de uma combinação de operações manuais e não manuais como, por

exemplo, operações de computacionais.

Poderia ser discutido que a palavra “acordo” é essencial na frase “acordos de

nos alvos de desempenho necessários para atingir as necessidades do negócio. Isto

freqüentemente representa um ajuste entre o desempenho que o cliente idealmente

gostaria de ter e o desempenho que o fornecedor tem capacidade de entregar. Enfim,

um balanço deve ser fechado entre os custos para fornecer um dado nível de serviço e

os benefícios deste nível de serviço aos negócios. Por exemplo, aumentar o tempo de

resposta de um sistema de computador “on-line” para duas vezes a velocidade atual

pode implicar num aumento de dez vezes no custo da provisão daquele serviço – os

benefícios de uma resposta mais rápida justificam o custo extra? Nesse sentido, a

negociação para chegar ao desempenho combinado pode ser potencialmente mais

importante que o próprio SLA.