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CAPÍTULO V. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 21

5.2. Estimação dos Modelos VAR 25

5.2.6. Funções Impulso Resposta 29

A análise vai começar pelas respostas não acumuladas, tanto do modelo principal como do modelo alternativo, sendo depois complementada com a análise das respostas em termos acumulados. No Anexo Q colocaram-se os gráficos de todas as respostas. Desses gráficos, interessa-nos principalmente a primeira linha, a que dá as respostas das variações do rácio de crédito vencido, tanto de empresas como de particulares, a impulsos das restantes variáveis num montante de uma unidade.

Na figura seguinte (Figura 6) colocaram-se os gráficos dessa primeira linha, para o modelo principal das empresas, para melhor observação dos efeitos:

Figura 5.3: Funções Impulso – Resposta do Modelo Principal - Empresas

Comecemos pela taxa de desemprego, em diferenças. É a variável a que o rácio de crédito vencido das empresas, em variações, responde com alguma visibilidade e sentido económico. Esse resultado é obtido 3 períodos (meses) à frente, com uma resposta positiva de cerca de 0,0002. Esta resposta é condicente com os resultados obtidos para a causalidade à Granger e está de acordo com a teoria económica, significando que um aumento do desemprego provoca um aumento das variações do rácio de crédito vencido das empresas.

Verifica-se ainda uma resposta ténue das variações do rácio de crédito vencido das empresas aos retornos do PSI 20 por volta do período 9, com um valor na ordem de -0,0001. Esta resposta, a ser considerada, vai de encontro à teoria económica, porque a uma deterioração (descida) dos retornos do

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to DRCVE

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to DICE

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to DTXDES

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to RETPSI20

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to DEUR

índice bolsista respondem as variações do rácio de crédito vencido das empresas também com uma deterioração (subida).

Existe ainda uma resposta das variações do rácio de crédito vencido das empresas às variações do Indicador de Clima Económico, 3 meses à frente, que é contrária ao expectável pela teoria económica, porque a uma melhoria desse indicador correspondem as variações do rácio de crédito vencido com um aumento, ainda que pouco expressivo, na ordem dos 0,0002.

Neste modelo, as variações do rácio de crédito vencido não apresentam respostas significativas às variações da Euribor.

Nenhuma das respostas antes referidas perdura, no entanto, no tempo, dado que, para além das respostas positivas da variável a ela própria, comum nos modelos VAR, não há respostas acumuladas significativas das variações do rácio de crédito vencido às restantes variáveis do modelo, conforme Anexo Q.2, uma vez que nenhuma das bandas ultrapassa ou toca o eixo horizontal.

Vamos agora analisar a figura seguinte (Figura 7), com os gráficos das funções impulso – resposta para o modelo principal dos particulares, apenas a primeira linha, aquela que interessa ao presente estudo, dado que a totalidade das respostas são apresentadas no Anexo Q:

Figura 5.4: Funções Impulso – Resposta do Modelo Principal - Particulares

Uma variável que se esperava à partida ter impacto no modelo principal dos particulares, tal como acontece com o modelo principal das empresas, a taxa de desemprego em variações, não provoca qualquer resposta com significado no DRCVP.

À semelhança do modelo de empresas, continua a verificar-se uma resposta ténue das variações do rácio de crédito vencido dos particulares aos retornos do PSI 20 por volta do período 8, com um valor pouco expressivo que não chega a atingir -0,0001, mas que vai, no entanto, de encontro à literatura revista, porque se espera que a descida dos retornos do índice bolsista provoque uma subida nas variações do rácio de crédito vencido dos particulares.

Pode considerar-se ainda uma resposta negativa das variações do rácio de crédito vencido dos particulares às variações da Euribor, logo no primeiro período, reação que é contrária ao expectável

-.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to DRCVP -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to DICC -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to DTXDES -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to RETPSI20 -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to DEUR

pela literatura revista, porque os presentes resultados estão a admitir que as variações do rácio de crédito vencido sobem se as variações da taxa de juro descerem, ou seja, se melhorarem as condições do serviço da dívida para os contratos indexados à Euribor.

Neste modelo, e à semelhança do que já tinha sido visto para a taxa de desemprego em variações, as variações do rácio de crédito vencido não apresentam respostas significativas a variações do Indicador de Confiança dos Consumidores.

Quanto a respostas acumuladas do modelo principal para particulares, no Anexo Q.4, novamente apenas a própria variável provoca respostas duradouras nela própria. Os efeitos das restantes variáveis, descritos nos parágrafos anteriores, não perduram significativamente no tempo, com exceção eventualmente da resposta às variações da Euribor, com as bandas a passarem o eixo horizontal principal até ao segundo mês e do sexto ao oitavo mês.

Vamos agora analisar as respostas não acumuladas do modelo alternativo das empresas. No Anexo Q colocaram-se os gráficos de todas as respostas. A primeira linha das respostas do modelo alternativo das empresas, a que dá as respostas das variações do rácio de crédito vencido a impulsos das restantes variáveis, é apresentada na figura seguinte (Figura 8):

Figura 5.5: Funções Impulso – Resposta do Modelo Alternativo - Empresas

Da leitura da Figura 8, verifica-se que a DRCVE responde a impulsos de todas as variáveis do modelo e que todas as respostas obtidas têm justificação na literatura revista, o que representa uma distinção face ao modelo principal das empresas.

Começando pela TXDES, a um impulso unitário desta variável num dado mês, são obtidas respostas positivas para a DRCVE 3 períodos à frente (cerca de 0,0003), 6 períodos à frente (cerca de 0,0002) e a partir do 9º até quase ao 24º mês (também com cerca de 0,0002). Esta resposta significa que a subida da taxa de desemprego vai traduzir-se numa subida das variações do rácio de crédito vencido das empresas nos períodos assinalados, porque a subida da taxa de desemprego origina menor capacidade aquisitiva dos particulares, o que tem efeitos negativos na tesouraria e resultados das empresas, afetando a capacidade de cumprir as suas obrigações creditícias.

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to DRCVE

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to ICE

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to TXDES

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to RETPSI20

-.0005 .0000 .0005 .0010 .0015 .0020 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Response of DRCVE to EUR

Relativamente à EUR, os impulsos desta variável provocam respostas positivas do DRCVE a partir do período 9 e até ao fim dos 24 meses analisados, na ordem dos 0,0002. Significa que aumentos na taxa de juro sobrecarregam os encargos com empréstimos das empresas com contratos indexados à Euribor, fazendo diminuir a capacidade das empresas em pagar os seus financiamentos, o que, por sua vez, se traduz num agravamento do rácio de crédito vencido.

Os efeitos associados à variação dos retornos do PSI 20 são menos significativos que os das 2 variáveis anteriores, mas ainda assim se podem considerar respostas negativas ténues da DRCVE nos períodos 3 e 9, primeiro na ordem dos -0,0003 e depois de cerca de -0,0001. Isto significa que a subida das variações do rácio de crédito vencido das empresas está associada a uma descida dos retornos do PSI 20, porque a descida dos retornos do índice está ligada a dificuldades sentidas pelas empresas, incluindo na capacidade de pagar os encargos dos seus financiamentos, com efeitos negativos (subida) no rácio de crédito vencido.

Quanto ao ICE, a um impulso desta variável encontram-se respostas negativas com significado económico na DRCVE 7 e 10 meses à frente, na ordem de -0,0001, significando que a subida do DRCVE está associada a uma descida do Indicador de Clima Económico, porque a descida deste indicador está ligada a dificuldades sentidas pelas empresas, incluindo na capacidade de pagar os encargos dos seus financiamentos, com efeitos negativos (subida) no DRCVE.

Quanto a respostas acumuladas do modelo alternativo para empresas, no Anexo Q.6, verifica-se uma diferença significativa relativamente ao modelo principal, porque aqui, com exceção do ICE, as restantes variáveis provocam respostas acumuladas e com o sinal economicamente esperado. As respostas acumuladas na DRCVE por impulsos na TXDES fazem-se sentir a partir do 10.º mês e perduram até ao 24.º mês, por impulsos na RETPSI20 sentem-se sensivelmente do 6.º ao 13.º mês e por impulsos da EUR repercutem-se do 19.º até ao 24.º mês.

A primeira linha das respostas do modelo alternativo dos particulares, a que dá as respostas do rácio de crédito vencido a impulsos das restantes variáveis, é apresentada na figura seguinte (Figura 9):

Figura 5.6: Funções Impulso – Resposta do Modelo Alternativo - Particulares

À semelhança do que se concluiu no modelo alternativo das empresas, também no modelo alternativo dos particulares se verifica que a DRCVP responde a impulsos de todas as variáveis do modelo e que todas as respostas obtidas têm justificação na literatura revista, o que representa, também, uma distinção face ao modelo principal dos particulares.

A um impulso do ICC num dado momento, encontra-se uma resposta negativa com significado económico na DRCVP 10 meses à frente, de quase -0,0001. Tal significa que a subida do DRCVP está associada a uma descida do Indicador de Confiança dos Consumidores, que é o que, em termos de justificação económica, se espera que aconteça, porque a descida deste indicador está ligada a dificuldades sentidas pelos particulares, incluindo na capacidade de pagar os encargos dos seus financiamentos, com efeitos negativos (subida) no rácio de crédito vencido em variações.

-.0004 -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to DRCVP -.0004 -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to ICC -.0004 -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to TXDES -.0004 -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to RETPSI20 -.0004 -.0002 .0000 .0002 .0004 .0006 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Response of DRCVP to EUR

O DRCVP responde aos impulsos nos retornos do PSI 20 de forma semelhante às respostas ao ICC, uma resposta negativa, na ordem dos -0,0001, mas agora 6 períodos à frente. Esta resposta significa que a subida do DRCVP está associada a uma descida dos retornos do PSI 20, porque a descida dos retornos do índice, origina quebra de rendimento dos particulares com aplicações em bolsa, diminuição da sua capacidade de pagar os encargos dos seus financiamentos, com efeitos negativos (subida) no rácio de crédito vencido.

A um impulso da TXDES, são obtidas respostas positivas ténues para a DRCVP 8 meses à frente, de quase 0,0001. Esta resposta significa que a subida da taxa de desemprego vai traduzir-se numa subida do DRCVP no período assinalado, porque a subida da taxa de desemprego origina a diminuição da capacidade dos particulares em cumprir os encargos dos seus financiamentos, com efeitos negativos (subida) no DRCVP.

Relativamente à EUR, os impulsos desta variável provocam respostas positivas ténues do DRCVP no período 15, inferior a 0,0001. Significa que aumentos na taxa de juro, aumentam os encargos com empréstimos das famílias com contratos indexados à Euribor, o que por sua vez faz diminuir a capacidade das famílias em pagar os seus financiamentos e se traduz num agravamento do DRCVP.

As respostas acumuladas do modelo alternativo para particulares, no Anexo Q.8, são menores do que no lado das empresas. Para além da própria variável, apenas os retornos do PSI 20 provocam respostas acumuladas não nulas. As respostas acumuladas na DRCVP por impulsos nos RETPSI20 fazem-se sentir a partir do 5.º mês e perduram até ao 17.º mês.

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