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2 FORMAÇÃO DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.2 O processo de formação de professores

2.2.1 Fundamentação teórica e sua importância na formação de

Quadro 6 – Conceituando a avaliação

Piaget Freire Gardner Schank

Diagnóstica, criativa, reflexiva, formativa. Ao longo do processo de evolução entre a consciência ingênua e a consciência histórica. Valorização das diferentes habilidades; Pluralidade; Trabalhos temáticos inter e multidisciplinares Enfatizar o aprender fazendo; Integralização.

Quadro 7 – Conceituando a aprendizagem sob demanda

Piaget Freire Gardner Schank

Atenção quanto aos estágios de desenvolvimento humano. Valorização do erro. Respeito a cultura; Respeito à leitura de mundo feita pelo aluno. Temas geradores; Relações de trabalho. Valorização e respeito as diversas inteligências. Ensino contextualizado; Uso do computador em atendimento particularizado; aprender fazendo.

Autores que legaram idéias significativas para o entendimento do processo de construção de conhecimento contribuem para a formação de professores, dando sustentação teórica para a reflexão e a ação do docente, conforme o que será tratado na próxima seção.

2.2.1 – Fundamentação teórica e sua importância na formação de professores

“Ensinar exige pesquisa”. Eis um legado de Paulo Freire (1999) que merece apreço por parte dos educadores. Uma das mais importantes atividades do professor é a intervenção, que só será eficiente se estiver fundada em bases teóricas e em conhecimento de causa. Outra afirmação do grande educador pernambucano: “Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo

educo e me educo.” Muitas mensagens estão inclusas nessa afirmação, tais

como: o professor é um aprendiz que estabelece uma relação dialógica com seus alunos: é um pesquisador crítico, reflexivo; um leitor da realidade, um sujeito em formação.

Aptidões específicas, diferentes habilidades, pluralidades são algumas das expressões que estão em consonância com a visão das múltiplas

inteligências, elaborada por pesquisadores liderados pelo psicólogo Howard

Gardner. Tomando por base a concepção de inteligências múltiplas, vislumbra a possibilidade de pensar uma educação escolar, bem diferente da que vem prevalecendo na maioria das escolas. O propósito da escola deverá ser: educar para a compreensão e para ajudar os alunos a encontrar o seu próprio equilíbrio. Essa perspectiva permite olhar para os alunos de modo mais amplo e descobrir que eles podem ser “inteligentes”, não apenas em Língua e Matemática, mas também na forma de movimentar seu corpo, de produzir um objeto, ou na maneira de se relacionar com os outros, no contato com idéias e instrumentos. Essa visão permite aos professores inferir que não se pode falar em padronização de práticas pedagógicas, pois a atuação de cada professor só se revela e faz sentido no contexto de sua sala de aula, e para o conjunto de suas necessidades e de seus alunos (GARDNER, 1995).

A contribuição de pesquisadores, como Piaget, representa um suporte fundamental para o aprimoramento da ação pedagógica e para o crescimento na profissão. Buscar o entendimento dessa contribuição é navegar dentro das estruturas cognitivas do ser humano, procurando inteirar-se de como se processa a construção do conhecimento; é informar-se dos estágios do desenvolvimento da inteligência e das possibilidades de operar mentalmente e da capacidade de estabelecer relações, pois os fatos ou as informações só têm sentido, na medida em que são compreendidos e aprimoram a capacidade de compreensão do sujeito (OLIVEIRA, 1992).

Para falar em formação de professores neste século XXI, é imprescindível referir-se ao Schank (Diretor do “Institute for the Learning Sciences (I.L.S.) da Northwestem University” e líder das equipes da área de treinamento e integração baseada em inteligência artificial e multimídia), que estabelece uma interação produtiva entre o homem e a máquina, considerando o computador um instrumento importante na construção de conhecimento e evidenciando a importância do professor. Considera o professor não como um repassador de informações prontas e fechadas, mas como um orientador, estimulador, observador contínuo e um criador de situações motivadoras (SCHANK, 1995). “O objetivo da educação agora não é só passar conteúdos, mas preparar

“todos” para a vida na sociedade moderna” (PERRENOUD, 2000). Desenvolver

formar pessoas preparadas para a nova realidade social e do trabalho, o professor enfrenta o desafio de mudar sua postura diante da classe, devendo estar disposto a se empenhar na construção de um trabalho coletivo com os colegas e a aprender com seus alunos.

Para refletir sobre o objetivo da educação como caminho para o desenvolvimento de competências, pode-se contar com a contribuição de Philippe Perrenoud (2000), quando identificou os saberes fundamentais para a autonomia das pessoas. Ele classificou estes saberes em oito categorias:

§ saber identificar, avaliar e valorizar suas potencialidades, seus direitos, seus limites e suas necessidades;

§ saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias, individualmente ou em grupo;

§ saber analisar situações, relações e campos de força de forma sistêmica; § saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e

partilhar liderança;

§ saber construir e estimular organizações e sistemas de ação coletiva do tipo democrático;

§ saber gerenciar e superar os conflitos;

§ saber conviver com regras, servir-se delas e elaborá-las;

§ saber construir normas negociadas de convivência que superem as diferenças culturais.

Para Perrenoud (2000), a unanimidade está ameaçada, e reaparece a idéia de que os objetivos da escolaridade dependem de uma escolha da sociedade, opinião compartilhada por muitos educadores.

Frederic M. Litto, em artigo intitulado “Para que serve a Escola?”, fez algumas afirmações que ratificam esse nosso diálogo, quando ele diz: “A meta principal de toda Educação hoje é contribuir para que os sujeitos pensem sistematicamente e ecologicamente.” “[...] a nova meta da educação tem que ser não o que pensar, mas sim, como pensar.” “A importância está no processo e não no produto.” (LITTO, 2000).

Concluindo provisoriamente esta reflexão sobre a importância dos fundamentos teóricos para a formação de professores como uma das metas da educação, vale reafirmar que essas aprendizagens fazem parte de todo um processo de formação, não só de um curso específico de formação dos sujeitos cognitivos. A escola exerce um papel fundamental no processo de formação dos professores, enfoque que será apresentado a seguir.