• Nenhum resultado encontrado

Segundo SANTOS e GONÇALVES (2006, p. 975) “A Hemodiálise é um processo de filtragem e depuração das substâncias indesejáveis do sangue”.

Pacientes com insuficiência renal crônica (perda progressiva e irreversível das funções dos rins), para garantir a sua sobrevida, necessitam de tratamento clínico com o auxílio de máquinas de hemodiálise, que também podem ser chamadas de “rins artificiais”. Este tipo de tratamento vem sendo utilizado em pacientes há aproximadamente 50 anos, onde a máquina de hemodiálise (fazendo a função do rim) através de bombeamento passa o sangue do paciente por membranas semipermeáveis, colocando-o em contato com uma solução dialisante que por difusão elimina as substâncias indesejáveis nele contidas e depois o devolve ao corpo do paciente, como ilustra a Figura 1. Este tratamento chamado de Hemodiálise também pode ser chamado de Terapia Renal Substitutiva.

Figura 1: Ilustração de paciente ligado a uma máquina de hemodiálise. Fonte: Nefrologia on-line, disponível em:

http://www.nefro.com.br/imagens/desenho_dialise_hemodialise.jpg. Acesso em 01 jun. 2010 10h32min: 00

Revista eletrônica InSIET: Revista In Sustentabilidade, Inovação & Empreendedorismo Tecnológico, São Paulo, V1, art. 01, p. 55-66, agosto/dezembro de 2014

Um paciente urêmico com insuficiência real crônica, submetido a um tratamento hemodialítico, é exposto a volumes de água que variam entre 18000 a 36000 litros por ano, para que a terapia seja eficaz. Nestas condições, a água utilizada neste procedimento deve ter tratamento específico para que os contaminantes não sejam

transmitidos ao paciente. Isto se deve ao fato de que para a hemodiálise a água dentro dos níveis de pureza aceitos como água potável segundo a Portaria número 36 de 1990 do Ministério da Saúde BRASIL (1990) não são suficientes, sendo necessário um tratamento de água complementar e específico para este fim, como determina a Portaria 2042 de 1996. BRASIL (1996)

A hemodiálise no Brasil, em fevereiro de 1996, teve como marco histórico o episódio conhecido como “Tragédia de Caruaru”, onde 80% dos pacientes de uma clínica do mencionado município do estado de Pernambuco vieram a falecer por contaminação da água utilizada no procedimento dialítico, gerando enorme repercussão nacional e internacional, como descreve COÊLHO (1998).

Na mesma década, o Ministério da Saúde adotou uma política de regulamentação para os serviços de hemodiálise, colocando prazos para que todas as clínicas de hemodiálise do Brasil se adequassem às novas regras. Como ação continuada destas ações, no ano de 2000 o Ministério da Saúde tornou obrigatório o uso da osmose reversa no tratamento de água nos estabelecimentos de terapia renal substitutiva através da Portaria 82 BRASIL (2000).

2.2 O tratamento da água complementada por equipamento de osmose reversa

O tratamento da água complementado pelo equipamento de osmose reversa, como ilustrado na Figura 2, desde que mantidas as condições de desinfecção do seu sistema e sua devida manutenção, garante a qualidade da água para a diálise uma vez que as membranas deste equipamento conseguem reter partículas microscópicas. Segundo a Portaria número 82 de 03 de janeiro de 2000, do Ministério da Saúde, “a água utilizada na preparação da solução para diálise nos serviços deve ter a sua qualidade garantida em todas as etapas do seu tratamento, mediante o monitoramento microbiológico e físico-químico, assim como, dos próprios procedimentos de tratamento” BRASIL (2000).

A Osmose Reversa é um processo pelo qual a água pura pode ser retirada de uma solução salina por meio de uma membrana semipermeável, contanto que esta solução em questão se encontre a uma pressão superior à pressão osmótica. (SILVA, 2007 p. 009).

Revista eletrônica InSIET: Revista In Sustentabilidade, Inovação & Empreendedorismo Tecnológico, São Paulo, V1, art. 01, p. 55-66, agosto/dezembro de 2014

Figura 2: Equipamento de osmose reversa em sala de tratamento de água - Campinas Fonte: Fotos do autor - Thomas Elzesser, 2010

Na obtenção de água tratada com o uso do equipamento de osmose reversa, em média, aproximadamente 1/3 da água que entra no sistema é descartada como solução salina (água de rejeito), podendo esta relação variar de acordo com o sistema instalado. A água de rejeito, como é denominada no meio técnico, não pode ser considerada potável de acordo com a Portaria 82 (BRASIL, 2000), onde são estabelecidas características máximas de concentração, mas também não pode ser considerada água contaminada (esgoto).

A água de rejeito é mais concentrada em sais e demais substâncias presentes na água potável, sendo possível a sua reutilização desde que observados os índices de concentração condizentes para a reutilização proposta.

A Figura 3 ilustra o processo de osmose natural e osmose reversa.

Figura 3: Diagrama de osmose natural e osmose reversa Fonte: Waterworks. Disponível em:

Revista eletrônica InSIET: Revista In Sustentabilidade, Inovação & Empreendedorismo Tecnológico, São Paulo, V1, art. 01, p. 55-66, agosto/dezembro de 2014

2.3 O custo da água nas clínicas de hemodiálise

As concessionárias de água potável nos municípios cobram por volume de água fornecida aos pontos consumidores, assim como cobram também pela coleta do esgoto gerado por eles, quando o sistema está dotado de tubulação própria para este fim. Isto significa que o custo da água é fator significativo no custo operacional de uma clínica de hemodiálise, em razão de seu elevado consumo e pelo fato de que somente parte desta água do fornecimento é realmente aproveitada para os fins dialíticos.

Uma maneira comum de driblar estes custos, não incidindo sobre o estabelecimento a cobrança pela taxa de coleta de esgoto, é o abastecimento dos reservatórios de água potável através de fornecimento que não o da concessionária pública, como revela MOREIRA (1998) em comentários sobre o episódio de Caruaru.

Que a Clínica de (...), se abastecia de caminhões de água, (...) Quero salientar que esse modo de fornecimento às Unidades de Diálise é frequente no Brasil, ocorrendo inclusive em grandes capitais. Sou testemunha dessa situação na Cidade de São Paulo. (MOREIRA, 1998, p. 02).