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Fundamentação teórica

No documento Relatório de Estágio Vanda Santos (páginas 169-173)

CAPÍTULO II – Planificações

2.1. Fundamentação teórica

A planificação é uma técnica de organização essencial para o bom funcionamento de ideias e de objetivos, na vida social ou escolar. Ao fazê-lo na atividade escolar cumprimos com as normas vigentes nos programas e metas curriculares em vigor. O currículo é uma ferramenta estruturante e de apoio para o professor ou educador.

Para a realização deste capítulo procurei dar resposta a questões como: o que é a planificação? O que é planificar?

Segundo Ribeiro e Ribeiro (1990, p. 59) há uma série de operações que se cruzam com o sistema de ensino. Em primeiro lugar, o professor deve fazer o “planeamento curricular” dos conteúdos programáticos seleccionando e estruturando “experiências e resultados de aprendizagem que se pretendem alcançar, definindo (…) um produto”. O professor deverá elaborar a “planificação do ensino, partindo do currículo” com o objetivo de programar “actividades de ensino-aprendizagem que selecciona, organiza e sequencia no tempo”. Posteriormente, conduzirá o ensino “de acordo com o programa ou plano estabelecido”, não esquecendo a importância da “aquisição de conhecimentos, aptidões e atitudes por parte dos alunos”, o que resultará nos resultados de aprendizagem. Por fim, terá de avaliar os resultados dos alunos, com o intuito de saber se estes atingiram metas de aprendizagem definidas anteriormente, ou seja, se alcançaram os resultados esperados.

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Para obter bons resultados deve-se passar por alguns processos, entre os quais, o da planificação curricular. No entanto, debatemo-nos acerca do âmago da questão… O que é a planificação? O que é planificar?

Para Zabalza (1994, p. 47) ao planificarmos, estamos a “converter uma ideia ou um propósito num curso de acção” e para isso, o mesmo autor refere que é necessário:

- um conjunto de conhecimentos, ideias ou experiências sobre o fenómeno a organizar, que actuará como apoio conceptual e de justificação do que se decide;

- um propósito, fim ou meta a alcançar que nos indica a direcção a seguir; - uma previsão a respeito do processo a seguir que deverá concretizar-se numa estratégia de procedimento que inclui os conteúdos ou tarefas a realizar, a sequência das actividades e, de alguma forma, a avaliação ou encerramento do processo. (p. 48)

Quando planificamos devemos ter objetivos que queremos ver cumpridos com essa planificação, em função do público-alvo. Assim, Ribeiro e Ribeiro (1990, p. 90) referem que:

A viabilidade de um objectivo relaciona-se com as suas condições de realização: poderá ser alcançado pela totalidade dos alunos (…) e ser ensinado pelos professores (…)? Poderão encontrar-se actividades de ensino-aprendizagem que conduzem a sua consecução, haverá tempo e recursos suficientes para o objectivo a ser ensinado e aprendido, será possível avaliar se foi ou não conseguido pelos alunos?

É com base nestas questões que devemos elaborar os nossos planos, de modo a obtermos resultados positivos.

Durante todo o estágio profissional que realizei ao longo do curso, senti necessidade de elaborar planificações relativas às aulas que iria lecionar. O modelo utilizado foi o Modelo T de Aprendizagem criado pelo Professor Doutor Martiniano Pérez, adotado pela Escola Superior de Educação João de Deus.

Segundo Pérez (s.d.) a planificação em Modelo T “facilita o acesso à sociedade do conhecimento uma vez que serve para identificar os seus elementos fundamentais e a representação mental dos mesmos: conteúdos e métodos como meios e capacidades-destrezas e valores-atitudes como objectivos.”

Estas planificações são muito úteis, na medida em que, abrangendo apenas uma área curricular por folha, integram “todos os elementos do currículo e da cultura social e organizacional para ser aprendida na escola ao longo do curso escolar”.

No quadro do modelo T é possível observar-se a parte destinada aos meios, aos conteúdos (conhecimentos), bem como os métodos-procedimentos utilizados para esse efeito. Estão também os objetivos que contemplam as capacidades-destrezas e os valores-atitudes utilizados nessa aula. O objetivo destas planificações é que o

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professor entenda que uma aula não serve somente para ensinar conteúdos, a formação social e pessoal dos nossos alunos tem que ser contemplada.

No quadro 11 ilustra-se a planificação em Modelo T de Aprendizagem.

Quadro 11 – Exemplo de planificação baseada no Modelo T de Aprendizagem

Conteúdos Meios Procedimentos/Métodos

Capacidades/Destrezas Objetivos Valores/Atitudes

Mediante a apresentação deste quadro, consideramos essencial demonstrar algumas das mais-valias e pertinências que Pérez (s.d., pp. 8-9) menciona acerca dos itens apresentados:

- Quanto aos conteúdos, estes podem subdividir-se em conceptuais e factuais. Em todas as minhas planificações não defini nenhuma das duas subcategorias dado que os conteúdos a lecionar poderiam abranger as duas ao mesmo tempo. Todavia, o autor menciona que os conteúdos conceptuais se podem multiplicar em “princípios, sistemas conceptuais, teorias, leis, conceitos, hipóteses...” e os conteúdos factuais traduzem-se em “feitos, exemplos ou experiências”.

- No que diz respeito aos procedimentos e métodos estes devem descrever a forma como pretendemos atingir os objetivos propostos, ou seja o “procedimento significa o mesmo que método ou forma de fazer, ou uma estratégia de aprendizagem ou forma de desenvolver capacidades e valores (objectivos)”.

- Em relação às capacidades e destrezas que implicitamente se trabalham durante as aulas, o autor refere-se a elas como “objectivos cognitivos fundamentais e complementares (expectativas de êxito)”. As atividades levam os alunos a praticar, a exercitar e moldar certas capacidades e destrezas. O mesmo autor define que capacidade é uma “habilidade geral” e que destreza é uma “habilidade específica”. A primeira traduz-se num conjunto de destrezas em detrimento de uma aplicação mais

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didática. Por fim, o autor refere que a grande diferença entre capacidade e destreza é que a primeira “actua sempre como fim” e a segunda actua sempre como “meio”.

- Por fim, no que concerne às atitudes e valores, também considero que estas componentes são exploradas de forma implícita no decorrer das tarefas e procedimentos planeados. De qualquer das formas é pertinente salientar que as atitudes são uma “predisposição estável” para algo “cujo componente fundamental é afectivo”. Segundo o autor as “atitudes desenvolvem-se na aula sobretudo por intermédio de técnicas metodológicas e condutas práticas”. Relativamente aos valores estes, segundo o autor, revelam-se como um conjunto de atitudes que resultam em componentes “cognitivos, afectivos e comportamentais, ainda que o componente fundamental seja afectivo”. Em suma, de um modo geral, o autor menciona que o valor é mais amplo que a atitude e que o primeiro atua como “fim” e o segundo como “meio”.

Relativamente a este quadro, pretendo ainda apresentar vários tópicos destacados, pois considerei importante salientar que em “todos eles existe uma dimensão teleológica e de finalidade, uma vez que, no fundo, se pretende desenvolver pessoas capazes de viver e conviver como pessoas, cidadãos e profissionais,” (Pérez e López, 2012, p. 397).

No que diz respeito aos conteúdos presentes nas planificações, os mesmos autores (2012, p. 398) citam que por vezes se torna um pouco difícil selecionar conteúdos “a partir de uma perspectiva significativa e construtiva”, dado o número de temas que cada área apresenta. Na mesma linha de ideias, os autores destacam que é frequente o confronto entre os conceitos estarem “muito misturados com outros elementos, tais como procedimentos ou habilidades”, sobretudo na Educação Básica.

Pérez e López (2012, p. 398) defendem também que nos métodos e procedimentos há uma “pretensão de que nas aprendizagens básicas escolares são, também, importantes as formas de fazer e de saber o que fazer com o que se sabe”, ou seja, é importante seguir uma linha condutora, com a qual seja percetível o cruzamento entre “saber fazer” e o “saber”.

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No documento Relatório de Estágio Vanda Santos (páginas 169-173)

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