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PARTE I A federação brasileira e os condicionantes do atual período condicionantes do atual período

Mapa 3.1 Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – Ano de

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O Mapa 3.1, que apresenta os repasses de FPM para o ano de 2004, revela uma distribuição mais homogênea desses recursos financeiros pelos municípios brasileiros. Ainda que existam alguns municípios com uma maior discrepância de valor, isso não se configura como uma distorção significativa no âmbito orçamentário dos municípios, já que são aqueles mais populosos que recebem um maior aporte de recursos. O Mapa 3.2, mantidas as classes de valores anteriores, apresenta as mesmas linhas gerais de tendência, demonstrando que os valores de FPM repassados às instâncias municipais assumem um caráter, em grande medida, disperso pelo território nacional sem demonstrar grande discrepância entre os valores.

Como forma de contraste a essas duas primeiras representações, seguem abaixo o Mapa 3.3 e o Mapa 3.4, que analisam outra vertente da estrutura fiscal e de arrecadação dos municípios. Apresenta-se uma espacialização dos valores de ICMS repassados aos municípios nos anos de 2004 e 2008. Diferentemente do repasse associado ao FPM, conforme destacado anteriormente, os valores de ICMS recebidos pelas instâncias municipais estão fortemente associados às suas respectivas capacidades econômicas, isto é, como o imposto incide sobre a circulação de mercadorias e prestações de serviços, as áreas em que há maior dinamismo de atividades econômicas e onde tais atividades sejam de maior valor agregado (por exemplo, equipamentos eletrônicos e indústria automotiva), receberão os maiores valores, independentemente de outros fatores e características. Sob essa perspectiva, Santos et.al. (2001, p.299) afirmam que “as transferências desse imposto são feitas com base no repasse de 1/4 proporcionalmente ao valor adicionado no território de cada município. Nessas condições, os municípios que mais se beneficiam da quota-parte do ICMS são aqueles onde o desempenho econômico é melhor, mas não aqueles que estejam expandindo sua população, sem uma base econômica local”.

Os mapas com a espacialização dos dados de repasse de ICMS para os anos de 2004 e 2008 seguem nas páginas seguintes:

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Nos casos acima representados (Mapa 3.3 e 3.4), que revela a distribuição do ICMS e, portanto, aspectos municipais de dinamismo econômico, observa-se uma concentração de recursos na denominada por Santos & Silveira (2002) de Região Concentrada. É notável também que essa concentração de recursos assume um eixo em direção ao Centro-Oeste brasileiro, em grande medida resultado das modernizações associadas à produção agrícola de grande escala nessa área do território nacional. O Nordeste, de forma diferente, apresenta extensas zonas de rarefação, em virtude dos escassos investimentos produtivos e sociais realizados a fim de possibilitar condições para um maior desenvolvimento econômico dessa área. Trata-se, portanto, da desigualdade sócio-espacial brasileira expressa em termos de repasses de fundos públicos, isto é, a própria estrutura jurídica/fiscal se torna funcional à exacerbação do processo de desigualdade regional de recursos e da capacidade financeira dos entes federativos que compõem o território nacional.

Na análise das compensações financeiras e dos impactos que estas assumem para o conjunto da federação brasileira, incorporou-se nessa pesquisa um novo dado para contrapor e comparar os valores auferidos das compensações e sua respectiva relevância para as instâncias político-administrativas, nesse caso representadas exclusivamente pelos municípios: trata-se do Produto Interno Bruto (PIB) Municipal, uma estimativa padronizada da riqueza gerada por município a partir da análise das Contas Regionais e Nacionais procedida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em conjunto com as Secretarias da Fazenda e de Tesouro de cada estado2. Ainda que seja uma estimativa incipiente e que ainda carece de alguns aperfeiçoamentos para gerar maior precisão aos valores, principalmente dada a significativa diversidade de situações no território nacional, o PIB Municipal é suficientemente representativo para a elaboração de um quadro geral da riqueza atualmente produzida no país, considerando todos os parâmetros econômicos e fiscais. Associado com outras variáveis de análise, é uma escolha metodológica de grande potencial para formulação de estudos das mais diversas ordens.

Sob essa perspectiva, procedeu-se a comparação entre os valores de PIB municipal e os valores das compensações financeiras, ambos os dados relativos ao ano de 2008. Essa comparação em níveis absolutos, no entanto, não apresentou grande significância na medida em que os números referentes ao PIB são de tal ordem que ultrapassam demasiadamente o nível arrecadado das compensações. Sendo assim, quando ambos os dados são justapostos a fim de

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comparação, os recursos públicos arrecadados a título de compensação financeira, em sua grande maioria, não ultrapassam 1% do total do PIB gerado pelos mesmos municípios.

Essa alta discrepância entre os valores pode ser compreendida considerando o fato de que as compensações financeiras são parte exclusiva dos recursos de sustentação da administração pública municipal. Diferentemente, o PIB é calculado sobre o valor gerado em determinado ano por todos os setores da economia, públicos ou privados (incluindo indústria, serviços, agricultura, entre outros parâmetros).

Ainda que a validação de comparação não ocorra para esse tipo de dado específico, a distribuição e espacialização do PIB municipal pode ser um rico caminho de análise das condições atuais do território nacional. Mesmo que a referência seja a um dado fiscal e econômico, este elemento traduz certo movimento da sociedade e que implica, consequentemente, no reconhecimento de uma determinada dinâmica territorial ou, em outras palavras, na manifestação empírica dos usos diferenciados do território, considerando a inseparabilidade de ambas as realidades. Assim, a visualização da condição atual de espacialização do PIB Municipal é a cartografia não apenas de um número abstrato e estático, mas sim uma forma de apreender a base sócio-territorial que fundamenta o país no período atual e que, nesse caso, revela estruturas de heterogeneidade sócio-espacial com movimentos de desigualdade e concentração latentes.

A seguir, estão apresentados os Mapas 3.5 e 3.6 com a representação do PIB municipal em números absolutos e em valor per capita:

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