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5 CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA

6.2 FUNDO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Fernando Henrique Cardoso nasceu em 18 de junho de 1931 no Rio de Janeiro. Filho de Nayde Silva Cardoso e de Leônidas Cardoso, general da brigada e deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). É oriundo de uma família de militares, sendo seu avô o general da brigada Joaquim Ignácio Baptista Cardoso e bisavô o capitão Felicíssimo do Espírito Santo, deputado e senador pelo Partido Conservador. Casou-se com a antropóloga Ruth Corrêa Leite Cardoso, em 1953, com quem teve três filhos. Formou-se em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), onde se tornou professor em 1953 e livre-docente em 1963 (FUNDAÇÃO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, 2020).

Foi perseguido após o golpe militar de 1964 e exilou-se no Chile e na França onde pesquisou e lecionou. Em 1968 voltou ao Brasil e assumiu, por meio de concurso público, a cátedra de Ciência Política da USP. Em 1969, por conta do Ato Institucional nº 5, teve seus direitos políticos cassados e foi aposentado

compulsoriamente. No mesmo ano, fundou o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento juntamente com outros professores e pesquisadores cassados. Além disso, foi docente em universidades americanas, como Princeton e da Califórnia, em Berkeley, e europeias, como Paris, Cambridge e UK (FUNDAÇÃO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, 2020). Em 1974, foi convidado por Ulysses Guimarães, presidente do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), para coordenar sua plataforma eleitoral. Concorreu ao Senado pelo MDB em 1978 e se elegeu suplente de Franco Montoro. Porém, assumiu a vaga em 1983. Participou na campanha pelas Diretas-Já e na campanha de Tancredo Neves para presidência em 1984. Se candidatou para prefeitura de São Paulo em 1985, porém perdeu para Jânio Quadros. Em 1988, ajudou a fundar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) junto com Mario Covas, Franco Montoro, José Serra e outras lideranças (FUNDAÇÃO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, 2020).

Após o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992, assumiu o Ministério das Relações Exteriores do presidente Itamar Franco. Em 1993, mudou-se para o Ministério da Fazenda. Com a inflação beirando 30%, Fernando Henrique Cardoso conseguiu apoio parlamentar e da opinião pública para o Plano Real, plano de estabilização (FUNDAÇÃO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, 2020).

Candidatou-se à presidência em 1994 pelo PSDB e foi eleito em outubro do mesmo ano, sendo empossado em 1º de janeiro de 1995. Em 04 de outubro de 1998, foi reeleito, juntamente com seu vice Marco Maciel, se tornando o primeiro presidente do Brasil a ocupar dois mandatos consecutivos (FUNDAÇÂO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, 2020).

6.2.2 A organização do fundo Fernando Henrique Cardoso

É importante ressaltar que a organização do fundo Fernando Henrique Cardoso é produto de uma metodologia específica cuja principal matriz metodológica é o contexto de produção dos documentos, ou seja, as ações pelos quais os documentos foram produzidos, recebidos e acumulados e as relações intrínsecas que possuem com essas mesmas ações, com os outros documentos do fundo e com o próprio produtor. Assim, as opções metodológicas que foram tomadas foram pautadas por essa abordagem. Isto posto, o fundo é constituído por documentos que refletem sua trajetória acadêmica, profissional e familiar.

Segundo Camargo e Goulart (2007, p. 25-26),

Consistente e multifacetado, o arquivo de Fernando Henrique Cardoso espelha ações concomitantes e sucessivas por ele praticadas desde a infância e juventude. A integridade do conjunto, rara de se encontrar num fundo de natureza pessoal, permite refazer as diferentes etapas de sua existência (CAMARGO; GOULART, 2007, p. 25-26).

Assim, o fundo foi dividido em três grandes blocos: (i) Período Pré- Presidencial, (ii) Período Presidencial e (iii) Período Pós-Presidencial.

Quadro 12 – Divisão do fundo e suas respectivas descrições

Período Pré-Presidencial O primeiro segmento do fundo corresponde ao período pré-presidencial, abarcando a infância, os estudos, a vida acadêmica, a formação da família, a pesquisa e a produção científica de Fernando Henrique Cardoso até a campanha presidencial de 1994. São em sua maioria documentos textuais, que ocupam cerva de 175 caixas-arquivo. [...] Cartas, retratos e outros documentos que pertenceram ao avô, marechal Joaquim Inácio Batista Cardoso, e ao pai, deputado Leônidas Cardoso, não chegam a constituir fundos orgânicos, e sim parcelas representativas do interesse de Fernando Henrique Cardoso pelos antepassados (CAMARGO; GOULART, 2007, p. 28- 29).

Período Presidencial O material acumulado durante os dois mandatos presidenciais compreende, em

grande parte, o que transitou pelo Gabinete do Presidente da República, por onde entram documentos das mais variadas espécies, vindos de assessores diretos, ministros, outros membros do Executivo, parlamentares, empresários e cidadãos: relatórios, roteiros de eventos, notas preparatórias de agendas de compromisso, prospectos etc. [...] A documentação textual constitui maioria, e está acondicionada em mais de mil caixas-arquivo. [...]. No âmbito da documentação iconográfica, sonora e audiovisual, há inúmeras reportagens que testemunham os compromissos presidências, como audiências, reuniões, viagens e solenidades públicas, além de fazerem o registro sistemático de discursos, pronunciamentos e entrevistas. [...]. Em número menor, o segmento do período presidencial inclui documentos sonoros e audiovisuais correspondentes a projetos e programas de diferentes instituições e pessoas, que foram submetidos à apreciação de Fernando Henrique Cardoso ou a ele oferecidos à guisa de homenagem. [...]. Constituem parte integrante do arquivo mais de 2.000 objetos, de origem variada [...] (CAMARGO; GOULART, 2007, p. 30- 32).

universitário, conferencista, articulista, escritor e gestor de entidades nacionais e estrangeiras, Fernando Henrique Cardoso continua a reunir documentos que, em diferentes linguagens e suportes, representam as atividades desenvolvidas desde 2003, quando terminou seu segundo mandato presidencial (CAMARGO; GOULART, 2007, p. 33).

Fonte: CAMARGO; GOULART (2007).

Camargo e Goulart (2007) explicitam que a capacidade de representar o contexto de produção é mais acentuada em documentos textuais, ou seja, a abordagem arquivística é predominante no tratamento do fundo. Entretanto, esse tratamento é estendido a outros elementos que tradicionalmente seriam organizados de acordo com metodologia própria de outra área do conhecimento, como os livros. Dessa forma, a organicidade do fundo ”[...] é garantida pelo estabelecimento de vínculos entre cada um dos documentos que os integram e as atividades mais imediatas que lhes deram origem” (CAMARGO; GOULART, 2007, p. 64).

Além do arquivo, o acervo de Fernando Henrique Cardoso possui biblioteca. Assim, o tratamento considerou a especificidade dos documentos que compõem cada segmento, além de organizá-los de acordo com as convenções metodológicas destinadas para cada área. Para os objetos tridimensionais não houve a necessidade de tratamento técnico museológico, uma vez que são considerados, ao lado de outros gêneros documentais, pertencentes ao arquivo. Nessa linha de pensamento, o tratamento dos documentos da biblioteca, por mais que se tenha adotado normas convencionais da Biblioteconomia, considerou, sempre que possível, a abordagem contextual dada aos documentos do arquivo, de modo que houvesse a garantia do acesso e que a ação pelo qual o livro foi produzido, recebido ou acumulado por Fernando Henrique Cardoso estivesse bem delineada (CAMARGO; GOULART, 2007).

7 ANÁLISE DA APLICAÇÃO E APLICABILIDADE DOS CONCEITOS