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A modernização do mercado de capitais peruano iniciou-se em 1992, quando a Lei do Mercado de Valores, D.L. 755, promulgada em novembro de 1991 (agora já revogada), definiu a regulamentação da indústria dos fundos mútuos de investimento, além de ter modificado e/ou substituído outras normas. Assim, esta lei iniciou uma mudança na estrutura do mercado de capitais.

A partir da publicação do Decreto de Lei 861 (Nova Lei do Mercado de Valores), em dezembro de 1996, foram introduzidas diversas modificações, com a finalidade de promover maior desenvolvimento desta indústria, como a redução de prazos para a inscrição no registro, a variação dos limites mínimos do capital para a sociedade administradora, a variação dos limites de investimento por título, empresa e grupo econômico.

Desde sua criação, os ganhos de capital obtidos com participações nos fundos mútuos, nos mesmos parâmetros daqueles obtidos com outras formas de investimento no mercado de capitais e em aplicações no sistema financeiro, estão isentos do pagamento do imposto de renda pessoal (ALFARO, 2000). Em dezembro de 2003, foi aprovada uma modificação da Lei do Imposto de Renda que gerou dúvidas sobre se os ganhos de capital no mercado de valores continuariam estando isentos em 2004.12 Somente em outubro de 2004 foi ratificado, mediante regulamento da Lei, que a isenção para as pessoas físicas continuaría até dezembro de 2006 (Decreto Supremo 134 – 2004-EF, de 05. 10. 2004).

A nova Lei do Mercado de Valores e o atual regulamento13 definem os fundos mútuos como

um patrimônio integrado por aportes de pessoas físicas e jurídicas para serem alocados, preferencialmente, em valores de oferta pública, o qual é administrado por uma empresa constituída como sociedade anônima conhecida como Sociedade Administradora de Fundos de Investimento. Conforme Serra (1999), a presença da administradora justifica-se em razão de a legislação não ter estabelecido personalidade jurídica para os fundos.

No caso dos fundos mútuos, segundo dados da Comissão Nacional Supervisora de Empresas e Valores – CONASEV (2001, 2005), o crescimento dos fundos compreendeu três etapas bem

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Por exemplo, o jornal El Comercio (julho, setembro 2004), um dos de maior circulação no país, em diferentes notas assinalou a falta de tal precisão no regulamento da Lei para o caso dos fundos mútuos e dos fundos de investimento.

delimitadas. A primeira deu-se depois da criação e regulamentação desses investidores, com o início de operações dos primeiros fundos de ações, em 1993, vigorando até março de 1996, quando começaram a operar os fundos de renda fixa. Na segunda etapa, a indústria cresceu de forma significativa até outubro de 1998, quando perdeu 45% dos recursos administrados, em conseqüência da crise financeira internacional e das adequações da metodologia de avaliação estabelecidas na regulamentação. A terceira etapa abrange até os dias atuais, na qual o patrimônio administrado tem crescido de uma forma continuada, exceto nos últimos cinco meses do ano de 2000, em que ocorreu uma queda de 12% e nos 2 últimos quadrimestres de 2004, onde teve uma redução de 22%. Este comportamento, segundo Serra (1999), reflete a aceitação do sistema, mas não sua consolidação, mostrando claros sintomas de instabilidade. As principais razões que explicam o crescimento do patrimônio administrado, segundo publicações da CONASEV, são: mudanças realizadas na regulamentação (maior flexibilidade nos limites de investimento, redução das exigências para o ingresso de novos fundos, introdução de instituições de custódia, maior facilidade de intercâmbio de informação eletrônica com a CONASEV, que permitiu reduzir custos, etc.) e maior conhecimento da população das vantagens desta alternativa de investimento (CONASEV, 2001, 2005).

Segundo Alfaro (2000), a respeito das vantagens da indústria, em comparação com os depósitos a prazo e as contas de poupança, os fundos mútuos constituem uma alternativa de investimento mais completa porque proporciona liquidez e maior rentabilidade. Alfaro (2000) assinala ainda que para se alcançar este desenvolvimento e impulsionar o crescimento econômico é indispensável uma maior divulgação, indicando seus benefícios e riscos. Desta forma, pode-se observar que esta indústria tem um grande potencial de desenvolvimento e que, além de proporcionar vantagens e iguais oportunidades para os investidores, pode favorecer o processo poupança/investimento, buscando uma alocação eficiente dos recursos escassos em cada país.

2.3.1 A taxonomia dos fundos mútuos de investimento no Peru

Por ser uma indústria nova e que não apresenta tanta variedade como no caso do Brasil, segundo Serra (1999; p. 485-486), são reconhecidas três classes:

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Regulamento dos Fundos Mútuos de Investimento em Valores e Sociedades Administradoras (Resolución CONASEV N° 26-2000-EF/94.10, publicada em 04/05/2000).

I - Fundos mútuos em renda fixa: são aqueles nos quais o portfólio de investimentos está conformado na sua totalidade por títulos ou instrumentos financeiros de renda fixa, como debêntures, notas promissórias (comercial papers), letras, etc. De acordo com a moeda de cotação dos títulos do portfólio, estes podem ser em moeda nacional (nuevos soles) ou em moeda estrangeira (US dólares).

II - Fundos mútuos em renda variável: são aqueles nos quais o total da carteira está composta de títulos de renda variável, como ações e participações, elevando sua volatilidade (risco). Neste caso, também existe a opção das duas moedas, e a segmentação por países. III - Fundos mútuos em renda mista ou balanceados: são aqueles nos quais o portfólio de investimentos está constituído por título de renda fixa e variável.

Os fundos fechados, conhecidos como “fundos de investimento”, possuem regulamentação específica. Não são objeto de análise nesta dissertação. Dessa forma, não é necessária a delimitação adicional para a pesquisa, estudando as captações líquidas dos fundos mútuos de investimento das três classes aqui mencionadas.

Como assinalado previamente, apoiados nos dados da CONASEV (2005), até 2003 os investidores mostravam uma clara preferência pelos fundos em renda fixa, com mais de 99% do patrimônio administrado, sendo que aproximadamente 95% encontravam-se alocados em fundos com cotação em dólares de Estados Unidos. Isto mostraria uma clara aversão ao risco por parte dos cotistas e uma desconfiança nos fundos que têm a totalidade ou parte de seus portfólios em ações (SERRA, 1999). Em 2004, esta situação modificou-se ligeiramente, com a redução da participação dos fundos em renda fixa e o incremento nos fundos mistos (ANEXO E, painel B).