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GABARITO DA QUESTÃO: C.

No documento COMENTÁRIOS SEMANA 15 (páginas 36-40)

36livre arbítrio, mas mantém a distinção entre os criminosos imputáveis

GABARITO DA QUESTÃO: C.

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13 - QUESTÃO:

Sobre as denominadas “cifras” estudadas pela Criminologia, marque a alternativa incorreta:

a) A criminalidade oculta pode ser conceituada como o resultado da diferença entre a criminalidade real e a revelada, demonstrando que existe uma grande parcela de crimes que não são reportados.

b) A vitimização secundária é uma das causas da ocorrência das denominadas “cifras” negras ou ocultas.

c) As cifras douradas estão relacionadas aos crimes de colarinho branco. d) As cifras verdes estão relacionadas aos crimes ambientais.

e) As cifras amarelas estão relacionadas aos crimes de caráter homofóbico. - RESPOSTA: Alternativa E.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Colegas! Na questão final, reiteramos a importância dos conceitos de “cifras”, trazendo, ainda, denominações pouco comuns que, infelizmente, ainda são objeto de cobrança de examinadores mais tradicionais.

Com efeito, a definição das “cifras” na criminologia trabalha com três conceitos fundamentais, quais sejam: (i) criminalidade REAL: o número efetivo de crimes cometidos em determinada localidade em um determinado período de tempo; (ii) criminalidade RE- VELADA ou FORMAL: o número de crimes que são reportados para as Autoridades Públicas e (iii) criminalidade OCULTA: o resultado da diferença entre a REAL e REVELADA, demonstran- do que existe uma grande parcela de crimes que não são reportados.

As cifras “negras” ou ocultas, então, representam o número de crimes que não são levados a conhecidos das autoridades.

Alternativa B: Uma das principais causas da ocorrência das denominadas cifras, como já destacado em rodadas anteriores, é a burocracia e falta de aparato estatal que acabam por acarretar na vitimização secundária.

Com efeito, relembramos que a vitimização primária é o processo pelo qual uma pessoa sofre, direta ou indiretamente, os efeitos derivados de um delito ou fato traumático, sejam eles materiais ou psíquicos.

A vitimização secundária consiste em custos adicionais causados à vítima em razão da necessária interferência das instâncias formais de controle social.

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Em alguns crimes, a exemplo do estrupo é vulgar a resistência da vítima em re- correr ao sistema penal: ou porque sente-se envergonhada com o fato e não quer reviver a experiência traumática; ou porque, ao reviver, será estigmatizada pelas instâncias encarre- gadas da persecução penal – a exemplo das teses defensivas do consentimento da vítima – reencontrar o criminoso, interrogatórios.

Esse tipo de vitimização também é denominado de “vitimização processual”. Por fim, a vitimização terciária consiste, como destaca EDUARDO VIANA: 

“No conjunto de custos (adicionais) sofridos por aquele que já foi pe- nalizado pela prática do crime, como as práticas de tortura, abuso, maus tratos (vitimização do vitimizador), bem como, eventualmen- te, a penalização suportada pela própria vítima do crime, como, por exemplo, na hipótese em que a comunidade exalta o criminoso e ri- diculariza a vítima.”

Alternativa C: Certo!  Espécie de “cifras negras”, sabe-se que se o número de crimes comuns que não são reportados às Autoridades Públicas já são muitos, sabe-se que quanto aos crimes de colarinho branco, isto é, aqueles praticados por indivíduos da “alta sociedade”, grandes executivos ou pessoas com cargos/empregos influentes, apenas uma pequena parcela deles também é objeto de conhecimento e investigação por parte das Autoridades Públicas, como também já ressaltamos em rodadas anteriores.

Relembramos, como já destacamos na Rodada 5, que SUTHERLAND é um importante nome no estudo dos crimes de colarinho branco.

SUTHERLAND nadou contra as correntes clássicas e, sob a ideia de que “a

origem e a persistência dos conflitos culturais se devem à desorganização social”, foi um dos

primeiros autores a focar seus estudos em crimes praticados por classes mais altas, desde já sinalizando a inversa proporção entre a prática de crimes praticados por tais indivíduos e o número de pessoas de alta classe social presas ou processadas por tais crimes.

Para ele, aliás, a própria formação do sistema penal norte-americana contribuía para tanto na medida em que a escolha dos órgãos de justiça penal (como os Promotores de Justiça) são escolhidos a partir de votos, os quais eram conferidos justamente por pessoas de alto poder econômico e que justamente eram autores de crimes econômicos e financei- ros e que, muitas vezes, até mesmo financiavam as campanhas dos concorrentes.

SUTHERLAND concluiu que todas as estatísticas de crimes e a tentativa de atrelar o desvio às classes sociais menos favorecidas deveriam estar contaminadas pela falta de inclusão devida dos crimes praticados pelas pessoas ocupantes das classes mais altas da sociedade.

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Logo, não seria a classe social que explicaria a prática delitiva, mas sim um fator comum para toda e qualquer classe. Segundo o autor, esse fator seria a APRENDIZAGEM. 

Portanto, para SUTHERLAND, como ensina VIANA: 

“O  comportamento criminoso é consequência de um processo de aprendizagem que se desenvolve no meio em que o crime é cometido, ou seja, é um processo que se produz através da interação e contato com os indivíduos que cometem crimes (…) a criminalidade não é, portanto, resultado de um deficiente processo de socialização, mas de uma socialização DIFERENCIAL”.

Alternativa D: Certo!  Denominação um tanto quanto óbvia pela utilização da coloração verde e sua relação com o meio ambiente. 

Lembrem-se, colegas, que o desmatamento ambiental é um tema de bastante atualidade e, pela grandiosidade da Floresta Amazônica, por exemplo, facilmente percebe- mos que muitos crimes ambientais são cometidos e poucos deles chegam a conhecimento das Autoridades Públicas.

Alternativa E: Colegas!  Como já destacamos, repudiamos a cobrança de denominações pouco usuais, teorias específicas ou sinônimos de teorias já consagradas e criadas por autores determinados em provas de concursos públicos, tendo em vista que tal método pouco exige do candidato senão mera decoreba sem qualquer carga jurídica.

Todavia, nosso objetivo é, aqui, destacar duas “novas” modalidades de “cifras” trazidas pela doutrina e que devem ser objeto de conhecimento, até porque uma mera leitura do tema, agora, evita qualquer erro futuro.

Nesse sentido, destacamos que as cifras amarelas estão relacionadas aos crimes/ abusos praticados pela atuação policial (olha a pertinência temática!) contra os indivíduos, tais como a prática de tortura, abuso de autoridade etc.

Com o implemento das audiências de custódia, o relato por parte de presos de possíveis abusos sofridos quando de suas prisões acabou tendo um incremento, todavia, até então, era muito comum que casos tais sequer chegassem a conhecimento das autori- dades, ocasionando, então, as denominadas “cifras amarelas”.

Por sua vez, as cifras “rosas” dizem respeito aos crimes de preconceito, ódio e violência de gênero que não chegam a conhecimento do Estado.

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Perceba, portanto, que os crimes não se restringem aos crimes em contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, mas também abarcam situações de preconceito (tais como a homofobia) e ódio em geral!

Lembramos que o STF atualmente está se debruçando sobre a “criminalização” da homofobia, já tendo prevalecido o entendimento dos Ministros no sentido de que a conduta encontra tipicidade formal no crime de racismo! O julgamento, contudo, ainda não foi concluído. Portanto, atenção!

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

No documento COMENTÁRIOS SEMANA 15 (páginas 36-40)

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