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COMENTÁRIOS SEMANA 15

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Academic year: 2021

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ACOMPANHAMENTO PLENUS

Delegado

Estadual

COMENTÁRIOS

SEMANA 15

#SouPlenus

#AquiéDelta

#TôDentro

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DIREITO PENAL

01 - QUESTÃO:

Sobre a aplicação da lei penal, inclusive no tempo e no espaço, responda:

a) A interpretação da lei penal quanto ao método pode ser feita de forma teleológica, assim entendida como aquela que traz a literalidade do texto, isto é, a acepção literal das palavras contidas na lei.

b) A lei penal temporária é aquela que está diretamente relacionada a situações de anormalidade, cessando seus efeitos imediatamente assim que esgotado o período, ao passo que a lei penal excepcional é aquela que tem a sua vigência predeterminada no tempo, cessando seus efeitos tão logo esgotado o prazo delimitado.

c) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

d) Consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 

e) Considera-se praticado o crime no momento da ação, ainda que outro seja o momento do resultado.

- RESPOSTA: Alternativa D. - COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Errado, pois a alternativa em comento confunde a interpretação

gramatical com a interpretação teleológica!

Com efeito, a interpretação gramatical, também conhecida como literal, é justamente aquela em que, nas palavras de CLEBER MASSON, “flui da acepção literal das

palavras contidas na lei”. Aqui, conforme complementa, desprezam-se quaisquer outros

elementos que não os visíveis na singela leitura do texto legal.

Trata-se de um método mais simples, desprovido de qualquer elemento subjetivo e, por isso, dito mais “precário”.

Lado outro, a interpretação teleológica é aquela que é “realizada com a finalidade

de desvendar a genuína vontade manifestada na lei, nos moldes do artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro”. 

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Trata-se de método, por fim, mais complexo e com maior grau de confiabilidade, especialmente quando realizada pelos operadores do Direito.

Alternativa B: Colegas!

Mais uma alternativa que visa confundir os institutos e alterna os conceitos de lei penal excepcional e temporária!

Inicialmente, lembre-se da definição trazida pelo próprio Código Penal:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 

A doutrina, então, complementa o conceito e elucida que a lei penal temporária é aquela que tem sua vigência determinada em certo espaço de tempo, como a Lei n. 12.663/2012 (Lei da Copa do Mundo de 2014), que trouxe novos tipos penais e expressamente consignou que “(...) os tipos penais previstos (…) terão vigência até o dia 31 de dezembro de

2014”.

Lembramos, no ponto, da característica da ULTRATIVIDADE da lei penal temporária, segundo a qual, ainda que já esgotado o período de validade da lei (no caso acima, por exemplo, após o ano de 2015), a lei penal continua sendo aplicada aos fatos praticados DURANTE A SUA VIGÊNCIA.

Por fim, a lei penal excepcional é a relacionada não necessariamente a período de tempo, mas sim uma situação anormal e específica, portanto, excepcional, como seriam casos de grandes desastres da natureza. Cessada a situação, cessa-se a vigência da lei.

Alternativa C: Amigos!

A lei penal no espaço é um tema extremamente importante no tópico do Direito Penal, valendo desde logo destacar a regra do Código Penal Brasileiro que consagra os Princípios da Territorialidade e, também, da Extraterritorialidade, previstos, respectivamente, nos artigos 5º e 7º do CP.

O primeiro é a regra e, o segundo, a exceção.

Portanto, em regra, aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, trata-dos e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. Excepcio-nalmente, porém, ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, alguns delitos específicos, nos termos dos artigos 7º e seguintes do Código Penal.

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As hipóteses de extraterritorialidade da lei penal, com efeito, são divididas em hipóteses de extraterritorialidade INCONDICIONADA (para a qual não há necessidade do preenchimento de nenhum requisito, apenas da constatação do referido crime fora do território nacional) e CONDICIONADA (para as quais, então, exige o preenchimento de determinados requisitos).

A alternativa em comento, por sua vez, confundiu os institutos, pois abordou hipótese de extraterritorialidade condicionada taxando-a como incondicionada.

Nos termos do art. 7º, I, ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, hipóteses nas quais o agente é punido segundo a lei brasileira,  ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro, os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.

Já o caso dos crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir, assim como os praticados por brasileiro e praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados, são hipóteses CONDICIONADAS, pois dependem do concurso dos seguintes requisitos:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Por fim, a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições acima, não foi pedida ou foi negada a extradição e houver requisição do Ministro da Justiça. 

Alternativa D: Alternativa correta, trazendo a literalidade do artigo 5º, §1º, do

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O território nacional para fins de aplicação da lei penal brasileira é assim enten-dido como o espaço em que o Estado exerce sua “soberania política”, compreendendo, nas palavras de CLEBER MASSON, (i) o espaço territorial delimitado pelas fronteiras, sem solu-ção de continuidade, inclusive rios, lagos, mares interiores e olhas, bem como o respectivo solo; (ii) mar territorial ou marginal, que corre ao longo da costa e tem uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro; (iii) plataforma continental, medindo duzentas milhas marítimas a partir do lito-ral brasileiro, como zona econômica exclusiva; (iv) o espaço aéreo; (v) navios e aeronaves, de natureza particular, em alto-mar ou no espaço aéreo correspondendo em alto-mar.

O território por extensão, nos termos do art. 5º, §1º, do Código Penal, é justamente aquele das embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

Por fim, é também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Alternativa E: Alternativa equivocada, pois suprime a “omissão” também trazida

pela letra legal, confira:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Lembre-se, afinal, que quanto ao TEMPO do crime, adotamos a teoria da ATIVIDADE, com o exato teor do dispositivo legal acima mencionado.

A teoria do resultado, nesse ponto, não é adotada, pois diz que o crime seria praticado no momento em que ocorre a consumação.

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02 - QUESTÃO:

Sobre os princípios da legalidade e anterioridade, assinale a alternativa INCORRETA: a) O Princípio da Legalidade constitui verdadeira cláusula pétrea de nosso ordenamento jurídico.

b) Compete privativamente à União legislar sobre Direito Penal.

c) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

d) As leis penais excepcionais e temporárias são exceções legalmente permitidas ao Princípio da Anterioridade.

e) Nos termos da Constituição Federal, não cabe medida provisória sobre direito penal. - RESPOSTA: Alternativa D.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Alternativa correta!

Vejam, colegas, que os Princípios da Legalidade e o da Anterioridade não pos-suem apenas previsão no Código Penal (artigos 1º e 2º, CP), mas também na própria Consti-tuição Federal, nos termos do art. 5º, XXXIX:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 

Por estar inserido justamente no artigo 5º, não restam dúvidas de sua caracterís-tica como verdadeira cláusula pétrea.

Alternativa B: Correto, nos termos do artigo 22, I, da Constituição Federal: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Alternativa C: Alternativa que traz as disposições literais do artigo 2º e seu

pará-grafo único do Código Penal.

Trata-se a primeira parte, a propósito, da denominada “abolitio criminis”, que é a lei posterior que acaba excluindo do âmbito de proteção da norma condutas anteriormente

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tipificadas como cries. Temos aqui uma causa de extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, III, do Código Penal.

Já a segunda parte consagra a “novatio legis in mellius”, isto é, a lei penal benéfi-ca, que retroage no caso de sucessão de leis penais no tempo para beneficiar o agente.

Alternativa D: Errado!

Já definidas na questão anterior, as leis penais temporárias e excepcionais NÃO SÃO exceções ao Princípio da Legalidade.

Percebam, colegas, que tais institutos existem a partir justamente de previsão legal contida no artigo 3º do Código Penal e, para tipificação de crimes, devem ser elaboradas de modo PRÉVIO às condutas então tidas como criminosas.

Portanto, não há qualquer violação!

Alternativa E: Correto.

Colegas, percebam que o enunciado está certo em razão da forma pela qual a alternativa foi redigida.

Com efeito, de acordo com a Constituição Federal, de fato é vedada edição de medida provisória sobre matéria de direito penal (art. 62, §1º, “b”).

Sabe-se, por outro lado, que o Supremo Tribunal Federal já admitiu a possibilida-de da utilização possibilida-de tais medidas, possibilida-despossibilida-de que benéficas ao agente, como ocorreu no caso das medidas provisórias adotadas no bojo do Estatuto do Desarmamento.

Confira:

Ementa: PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO (ART. 12 DA LEI Nº 10.826/2003). ARMA DESMUNICIADA. TIPICIDADE. CRIME DE MERA CONDUTA OU PERIGO ABSTRATO. PRECEDENTES. TUTELA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA PAZ SOCIAL. ABOLITIO CRIMINIS TEMPORÁRIA (ARTS. 30 E 32 DA LEI N. 10.826/03). NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS DESPROVIDO. 1. A arma de fogo mercê de desmuniciada mas portada sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar configura o delito de porte ilegal previsto no art. 10, caput, da Lei nº 9.437/1997, crime de mera conduta e de perigo abstrato. 2. Deveras, o delito de

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porte ilegal de arma de fogo tutela a segurança pública e a paz social,

e não a incolumidade física, sendo irrelevante o fato de o armamento estar municiado ou não. Tanto é assim que a lei tipifica até mesmo o porte da munição, isoladamente. Precedentes: HC 104206/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJ de 26/8/2010; HC 96072/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, Dje de 8/4/2010; RHC 91553/DF, rel. Min. Carlos Britto, 1ª Turma, DJe de 20/8/2009. 3. In casu, o recorrente foi autuado em flagrante, porquanto em cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão expedidos em seu desfavor, foi encontrada em sua residência um revólver calibre 38, marca Rossi, em desacordo com a determinação legal ou regulamentar. 4. Os artigos 30 e 32 da Lei 10.826/2003 estabeleceram o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para os possuidores e proprietários de armas de fogo as regularizarem ou as entregarem às autoridades competentes, descriminalizando, temporariamente, as condutas típicas de “possuir ou ser proprietário” de arma de fogo. Esse período iniciou-se em 23 de dezembro de 2003 e encerrou-iniciou-se no dia 23 de junho de 2005, sendo, posteriormente, prorrogado até 23/10/2005, conforme Medida Provisória 253/2005, e estendido até 31 de dezembro de 2008, nos termos da Medida Provisória 417/2008, convertida na Lei 11.706/2008. A Lei 11.922/2009, prorrogou, novamente, este prazo para 31 de dezembro de 2009. 5. No caso sub examine, a arma foi encontrada em poder do paciente em 27/4/2010, portanto, posteriormente, as sucessivas prorrogações legais para a entrega espontânea ou regularização das armas de fogo em desacordo com a previsão legal e que descriminalizaram temporariamente a conduta de possuir arma de fogo de uso permitido, por isso não houve a abolitio criminis para a conduta imputada ao recorrente. 6. Recurso ordinário em habeas corpus desprovido. (RHC 117566, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 24/09/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-205 DIVULG 15-10-2013 PUBLIC 16-10-2013)

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03 - QUESTÃO:

Sobre o conflito de leis penais, responda:

a) O princípio da subsidiariedade estabelece que a lei primária prevalece sobre a lei subsidiária, entendendo-se a lei primária como aquela que prevê uma ofensa menos ampla e menos grave ao mesmo bem jurídico tutelado.

b) O princípio da especialidade depende da realização de um juízo concreto e específico na comparação das leis penais em aparente conflito.

c) São requisitos do conflito aparente de normas a unidade de fato, a pluralidade de leis penais e a vigência simultânea de todas elas.

d) A aplicação do princípio da consunção depende da realização de um juízo abstrato na comparação das leis penais em aparente conflito.

e) Exemplos de aplicação do princípio da consunção são as hipóteses de progressão criminosa e crime progressivo. No primeiro caso, o agente, desde o início, procura atingir um resultado mais grave, tendo necessariamente que passar por resultados menos graves para a consumação daquele. No segundo caso, há modificação do dolo inicial do agente, que, ao atingir o primeiro resultado pretendido, resolve continuar na empreitada delitiva para praticar crime mais grave.

- RESPOSTA: Alternativa C. - COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Errado, pois confunde os conceitos de lei primária e lei subsidiária.

Com efeito, CLEBER MASSON define que o princípio da subsidiariedade “estabelece que a lei primária tem prevalência sobre a lei subsidiária. Esta é a que define

como crime um fato incluído por aquela na previsão de delito mais grave, como qualificadora, agravante, causa de aumento de pena ou, inclusive, modo de execução”.

Portanto, a norma subsidiária é a norma que descreve conduta com ofensa me-nos ampla e meme-nos grave ao mesmo bem jurídico tutelado pela norma primária, a qual, aí sim, prevalece, justamente por prever uma ofensa maior e mais ampla ao mesmo bem jurídico. 

 

Como exemplo, podemos citar os crimes de roubo mediante violência e lesão corporal. Por ser o roubo um crime complexo, nele também está inserida a proteção do bem jurídico incolumidade física. Com a prática da subtração mediante violência acarretando em lesão o autor, em tes, pratica os dois delitos, porém só responde pelo mais grave (roubo), justamente em razão da aplicação do princípio da subsidiariedade. 

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Alternativa B: Errado!

O princípio da especialidade preconiza que a lei especial, assim entendida aquela que traz todos os elementos típicos de uma lei geral e mais alguns elementos especializan-tes/específicos, prevalece sobre a própria lei geral. 

 

É o caso, por exemplo, do crime de infanticídio (norma especial) diante do crime de homicídio (lei geral), uma vez que o núcleo do crime de infanticídio é idêntico ao de homicídio, porém existe um elemento especial diferenciador: matar o próprio filho, sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após. 

 

Como bem define CLEBER MASSON, “(...) sua aferição se estabelece em abstrato,

ou seja, para saber qual lei e geral e qual é especial, prescinde-se da análise do fato praticado. É suficiente a comparação em tese das condutas definidas os tipos penais”.

Alternativa C: Correto! 

São requisitos do conflito aparente de normas a unidade de fato, a pluralidade de leis penais e a vigência simultânea de todas elas.

Com efeito, a unidade de fato é requisito essencial, uma vez que, se não houvesse apenas um fato a ser apurado, estaríamos diante de um caso de concurso de crimes, e não diante de uma situação na qual se está buscando a solução de aplicação de leis penais para um único fato em específico.

A pluralidade de normas é requisito lógico, pois se não existisse mais de uma lei a ser aplicada, não haveria um – aparente – conflito.

Por fim, as leis devem estar vigentes ao mesmo tempo, caso contrário também estaríamos diante de hipótese de conflito de leis penais no tempo!

Alternativa D: Errado, pois, diferentemente do que ocorre com a aplicação do

princípio da especialidade (de acordo com os comentários da alínea B), a aferição do princípio da consunção, de fato, demanda uma análise concreta e específica no caso concreto!

Com efeito, o princípio da consunção diz que o fato mais amplo e mais grave absorve os fatos menos amplos e menos graves, entendendo que esses fatos menores constituem fase de execução, meio de preparação normal ou mero exaurimento do delito mais grave.

Como aponta a doutrina, “ao contrário do que se dá no princípio da especialidade, aqui não se reclama a comparação abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos,

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inferindo-se que o mais grave consome os demais, sobrando apenas a lei penal que o disciplina. O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o inteiro, prevalece sobre a fração (...)”.

Alternativa E: Errado, pois há confusão entre os institutos do crime progressivo e

progressão criminosa!

No caso do crime progressivo, CLEBER MASSON diz que “o agente, almejando desde o início alcançar resultado mais grave, pratica, mediante a reiteração de atos, cres-centes violações ao mesmo bem jurídico (…) o ato final, gerador do evento originariamente desejado, consome os anteriores, que produziram violações mais brandas ao bem jurídico finalmente atacado, denominados de crimes de ação de passagem”.

Por sua vez, na progressão criminosa, “o agente pretende inicialmente produzir um resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra conduta, produzindo um evento mais grave (…) o sujeito é guiado por uma pluralidade de desígnios, havendo alteração do seu dolo (...)”.

- GABARITO DA QUESTÃO: C. 04 - QUESTÃO:

Sobre a consumação e tentativa, responda:

a) Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo imprescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

b) Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois sextos.

c) Os delitos de atentado ou empreendido são exemplos da aplicação da teoria subjetiva da punibilidade da tentativa, também aceita pelo nosso ordenamento jurídico.

d) O exaurimento do crime, justamente por já estar este consumado, não é punível. e) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o oferecimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

- RESPOSTA: Alternativa C. - COMENTÁRIOS:

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Alternativa A: Alternativa equivocada, pois a posse mansa e pacífica ou

desvigia-da não é elemento necessário para a consumação do crime de roubo. Atenção, colegas, aos enunciados! 

Por muitas vezes os examinadores acrescentam palavras específicas que desfiguram totalmente o resultado final da assertiva – como no caso!

No ponto, destacamos que é entendimento pacífico hoje para a consumação do crime de roubo/furto a aplicabilidade da teoria da amotio ou aprehensio, segundo a qual há a consumação no momento em que o agente se torna possuidor da coisa alheia móvel, pou-co importando se por longo ou breve espaço temporal, sendo prescindível (dispensável) a posse mansa ou pacífica.

A propósito, o teor da Súmula n. 582, do STJ: 

Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 

Alternativa B: Mais uma alternativa que altera o texto legal de modo proposital.

Como se sabe, nos termos do parágrafo único do artigo 14, a fração de diminuição da tentativa é de um a dois terços, e não sextos.

O critério para a aferição da diminuição, com efeito, é a distância percorrida do iter criminis: quanto mais perto da consumação esteve o agente, menor será a fração de diminuição aplicável.

Alternativa C: Correto!

As teorias que explicam a punibilidade da tentativa, segundo CLEBER MASSON, são:

TEORIA SUBJETIVA, VOLUNTARÍSTICA ou MONISTA: ocupa-se exclusivamente da vontade criminosa, que pode se revelar tanto na fase dos atos preparatórios como também durante a execução. O sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado.

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TEORIA SINTOMÁTICA: (…) sustenta a punibilidade em razão da

periculosidade subjetiva, isto é, do perigo revelado pelo agente. Possibilita a punição de atos preparatórios, pois a mera manifestação de periculosidade já pode ser enquadrada como tentativa (…)

TEORIA OBJETIVA, REALÍSTICA ou DUALISTA: a tentativa é punida em face do perigo proporcionado ao bem jurídico tutelado pela lei penal. Sopesam-se o desvalor da ação e o desvalor do resultado: a tentativa deve recebe punição inferior à do crime consumado, pois o bem jurídico não foi atingido integralmente. 

Como regra, foi adotada pelo nosso ordenamento jurídico a teoria objetiva ou realística. Porém, de modo excepcional, de fato a teoria subjetiva é adotada, exatamente no caso dos crimes de empreendimento ou atentado, assim definidos aqueles em que “a

lei pune de forma idêntica o crime consumado e a forma tentada”, pois a própria tentativa já

está prevista como elemento expresso do tipo penal.

O grande exemplo é o crime de evasão mediante violência contra a pessoa: 352 

Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:  Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. 

Alternativa D: Colegas, de fato, o exaurimento do delito já se encontra fora do iter

criminis, mostrando-se irrelevante penal, em regra.

Todavia, em algumas hipóteses específicas, o exaurimento pode sim representar condição específica de punibilidade, como ocorre, por exemplo, no crime de resistência, em que a não execução do ato (caracterizando exaurimento, em razão de já ter sido o crime consumado com a mera prática da conduta – crime formal), dá ensejo à forma qualificada do delito.

Veja:

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

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Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Alternativa E: Para demonstrar nossa preocupação com as formas pelas quais os

enunciados são redigidos, mais uma alternativa que trouxe mera troca de palavras!

No caso, o limite temporal da desistência voluntária deve ser antes do RECEBIMENTO da denúncia, e não do seu oferecimento!

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

05 - QUESTÃO:

Sobre a aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas, marque a alternativa incorreta:

a) A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

b) A ab-rogação da norma significa sua revogação parcial por uma norma posterior. c) As leis penais processuais não são aplicadas de modo igual para todas as pessoas. d) Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

e) A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

- RESPOSTA: Alternativa B. - COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto!

Trata-se da previsão do artigo 2º do CPP, literalmente transcrita na alternativa, a qual traduz o chamado princípio “tempus regit actum”.

Também conhecido como princípio do efeito ou da aplicação imediata, tem-se que é o tempo que rege a forma como deve revestir-se o ato processual e os efeitos que dele derivam. Em outras palavras, a depender do tempo em que praticado, deve ser seguida uma determinada série de requisitos.

Se existir modificação posterior desses requisitos, essas novas exigências passam a ser exigidas para os novos atos praticados, então, sob a égide da lei nova, sem prejuízo dos atos já praticados sob a égide da lei anterior.

Alternativa B: Errado!

A revogação “parcial” da norma anterior é chamada de DERROGAÇÃO, ao passo que a AB-ROGAÇÃO é a “revogação total da norma anterior pela norma posterior, vale dizer,

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Ambas são espécies de revogação (total e parcial).

Alternativa C: Correto.

Como regra, por derivação da isonomia constitucionalmente prevista, a lei processual penal – e as leis como um todo – devem ser observadas por todas as pessoas e, inclusive, pelo próprio Estado, marca esta do Princípio Republicado e do Estado Democrático de Direito.

Todavia, é fato que para algumas pessoas, em razão do cargo que ocupam, as leis processuais penais são aplicadas de modo distinto.

É o que se denomina de imunidades processuais penais, as quais, não se confundindo com privilégios, traduzem verdadeiras garantias ou regras especiais aplicadas em razão da função exercida pelo agente. São exemplos as imunidades dos agentes diplomáticos e parlamentares.

Alternativa D: Correto!

Prosseguindo sobre as imunidades parlamentares, relembramos que elas se dividem em duas espécies: imunidades materiais e processuais.

As imunidades materiais traduzem prerrogativas de não responderem civil ou penalmente os parlamentares por suas palavras, opiniões e votos, nos termos do artigo 53, caput, da Constituição Federal. Sabe-se que para validade, as manifestações devem ser exaradas em Plenário (seja qual for o contexto) ou, então, mesmo que fora do Plenário, desde que guardem estrita relação/nexo de causalidade com o cargo exercido, como em uma entrevista pública na qualidade de parlamentar.

As imunidades processuais, por sua vez, traduzem prerrogativas justamente como a prevista pela alternativa em comento, com previsão no artigo 53, §1º, da Constituição Federal.

Outro exemplo de imunidade processual é a questão do foro privilegiado, a qual será posteriormente abordada em questão própria pela importância do tema!

Alternativa E: Correto!

Temos, aqui, a previsão do artigo 3º do CPP!

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Para relembrar a definição, a interpretação extensiva ocorre quando “o intérprete

detecta que a lei escrita da lei encontra-se aquém da mens legis, ou seja, o legislador não disse tudo o que pretendia dizer, sendo preciso estender o alcance da norma para que se possa chegar ao seu verdadeiro significado”, como define NORBERTO AVENA. É o que ocorre, por

exemplo, com o entendimento pelo cabimento de recurso em sentido estrito em situações não previstas no rol do artigo 581 do CPP, nos casos em que não há recurso respectivo previsto.

A aplicação analógica, por sua vez, é um processo interpretativo da norma, através da qual “existe uma norma reguladora estabelecendo fórmulas casuísticas, ou

seja, hipóteses objetivas de sua incidência. Na sequência, contudo, contempla o dispositivo legal fórmula genérica (aberta) que exige interpretação semelhante (analógica) àquela que motivou o elenco dos casos anteriores”, prossegue. É o que ocorre, por exemplo, com o artigo

121, §2º, I, do CP.

- GABARITO DA QUESTÃO: B. 06 - QUESTÃO:

Sobre a condução coercitiva para fins de interrogatório no Inquérito Policial:

a) A condução coercitiva consiste na decisão da autoridade que manda conduzir determinado indivíduo para ser interrogado quando este não atende à intimação para ser interrogado, não existindo previsão da condução para outra diligência.

b) Não há óbice para a condução coercitiva para fins de interrogatório.

c) O principal argumento pela não possibilidade da condução coercitiva para fins de interrogatório é a violação do direito a não auto incriminação.

d) O principal argumento pela não possibilidade da condução coercitiva para fins de interrogatório é a violação da presunção de não culpabilidade.

e) O silêncio, que não importará em confissão, poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

- RESPOSTA: Alternativa D. - COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Errado!

A condução coercitiva tem previsão no artigo 260 do Código de Processo Penal, in verbis:

(18)

18

Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,

reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.

Pela própria redação legal, verifica-se que há sim possibilidade de condução para outras diligências que não o interrogatório. A decisão pelo STF pela inconstitucionalidade da condução para interrogatório, como veremos, não afastou a ainda - em tese - validade da condução para outros fins!

Alternativa B: Errado!

Conforme decidiu o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no ano passado, o emprego da medida, segundo o entendimento majoritário, representa  restrição à liberdade de locomoção e viola a presunção de não culpabilidade, sendo, portanto, incompatível com a Constituição Federal.

Pela decisão do Plenário, o agente ou a autoridade que desobedecerem a deci-são poderão ser responsabilizados nos âmbitos disciplinar, civil e penal. As provas obtidas por meio do interrogatório ilegal também podem ser consideradas ilícitas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Ao proclamar o resultado do julgamento, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, ressaltou ainda que a decisão do Tribunal não desconstitui in-terrogatórios realizados até a data de 14 de junho de 2018, mesmo que o investigado ou réu tenha sido coercitivamente conduzido para tal ato. 

 

Alternativa C: Errado!

Nas palavras do Ministro GILMAR MENDES, “o  direito à não autoincriminação

consiste na prerrogativa do investigado ou acusado a negar-se a produzir provas contra si mesmo, e a não ter a negativa interpretada contra si. No caso, interessa o direito ao silêncio, o aspecto mais corrente do direito à não autoincriminação. Por projeção, o direito ao silêncio consistente na prerrogativa do implicado a recursar-se a depor em investigações ou ações penais contra si movimentadas, sem que o silêncio seja interpretado como admissão de responsabilidade”.

Todavia, não se pode aceitar é considerar como violação automática do presente princípio o mero fato do indivíduo ser conduzido coercitivamente para interrogatório, isso porque a coerção na condução do indivíduo em nada lhe obriga a falar ou a não ter garan-tido o direito ao silêncio.

 

Aliás, de acordo com a atual previsão do artigo 7º, XXI, do Estatuto da OAB, é di-reito do advogado fazer-se presente e, eventualmente, formular quesitos, assistindo por completo seu cliente no momento do interrogatório. 

(19)

19

Por isso, conclui o Ministro GILMAR MENDES:

Ou seja, só há potencial autoincriminação se o interrogado optar por falar, mesmo após advertido do direito ao silêncio. Nessas condições, haverá uma opção suficientemente informada. Não vejo o uso das declarações do interrogado como prova como violação ao direito à não autoincriminação.

Quanto ao ponto, ressalto que o direito ao silêncio é um direito, não um dever. A Constituição Federal assegura a livre manifestação, in-clusive a investigados e presos – art. 5º, IV e XLIX. O direito consti-tucional ao direito ao silêncio só faz sentido porque o investigado pode optar por falar, e porque suas declarações têm valor. Não fosse assim, o interrogatório seria simplesmente proibido.

A palavra do acusado pode ser essencial à defesa. A versão do imputado pode elucidar os fatos e dissipar suspeitas. Não raro, é a partir do interrogatório que se descobre que o investigado é, em verdade, a vítima.

Não por acaso, a legislação consagra o direito do réu de manifestar-se pessoalmente sobre as suspeitas que contra ele pairam.

Cabe à defesa decidir por falar ou calar.

Submeter o investigado a interrogatório não é, por si só, uma violação ao direito à não autoincriminação.

Disso concluo que não há violação, nem ao menos potencial, ao direito à não autoincriminação.

Alternativa D: Correto!

Novamente, aqui, destacamos as palavras do Ministro GILMAR MENDES, que foi o relator do julgamento e cujo voto foi seguido pela maioria dos demais Ministros: 

Quanto à presunção de não culpabilidade (art. 5º, LVII, da CF), seu aspecto relevante ao caso é a vedação de tratar pessoas não condenadas como culpadas.

A condução coercitiva consiste em capturar o investigado ou acusa-do e levá-lo sob custódia policial à presença da autoridade, para ser submetido a interrogatório.

A restrição temporária da liberdade mediante condução sob custódia por forças policiais em vias públicas não são tratamentos que normalmente possam ser aplicados a pessoas inocentes. O investigado conduzido é claramente tratado como culpado.

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20

E, segundo decidiu a maioria, tais interferências não seriam compatíveis com a Constituição Federal de 1988, mesmo diante da consagrada relatividade dos direitos fundamentais.

Inicialmente, concluiu-se que, diferentemente da testemunha que possui o dever legal de comparecer para prestar depoimento, o réu ou investigado, diferentemente, pode optar pela ausência, sem que isso lhe prejudique.

Veja: 

Por isso, a condução coercitiva para interrogatório representa uma restrição da liberdade de locomoção e da presunção de não culpabi-lidade, para obrigar a presença em um ato ao qual o investigado não é obrigado a comparecer. Daí sua incompatibilidade com a Consti-tuição Federal. (...) Logo, tendo em vista que a legislação consagra o direito de ausência ao interrogatório, a condução coercitiva para tal ato viola os preceitos fundamentais previstos no art. 5º, caput, LIV e LVII. Em consequência, deve ser declarada a incompatibilidade da condução coercitiva de investigado ou de réu para ato de interroga-tório com a Constituição Federal.

Por tudo isso, restaria ferida, em última instância, a própria dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República (art. 1º, III, CF), pois traduzir-se-ia a condução coercitiva em verdadeira submissão forçada do indivíduo ao “Estado Acusador”. 

Portanto, percebam, colegas, a diferença argumentativa! Cuidado com a confu-sãoenvolvendoosargumentospelasviolações dos princípiosconstitucionais.

Alternativa E: Errado, tanto por contrariar a previsão do artigo 186, parágrafo

único, do Código de Processo Penal, como a todos os princípios acima consagrados, especialmente o de presunção de não culpabilidade!

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07 - QUESTÃO:

Sobre os prazos de conclusão e arquivamento do Inquérito Policial, marque a incorreta: a) O inquérito policial que investigue o tráfico de drogas deve ser concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o investigado estiver solto, ou 90 (noventa) dias, se estiver preso, podendo o prazo ser duplicado a partir de decisão judicial.

b) Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada.

c) Contrariamente ao que ocorre quando o arquivamento se dá por atipicidade do fato, a superveniência de novas provas relativamente a alguma excludente de ilicitude admite o desencadeamento de novas investigações, conforme já decidiu o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

d) O arquivamento implícito ocorre quando o Ministério Público deixa de incluir na denúncia algum dos fatos investigados ou quando deixa de denunciar algum dos indiciados.

e) O arquivamento indireto ocorre na hipótese em que o promotor deixa de oferecer denúncia sob o fundamento de que o juízo em que oficia e no qual distribuído o inquérito é incompetente para ação penal, requerendo, então, ao magistrado a remessa dos autos respectivos ao juízo que reputa competente.

- RESPOSTA: Alternativa A. - COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Lembrem-se, colegas, que os prazos são divididos em prazos de

natureza PROCESSUAL ou MATERIAL.  

Os primeiros (processuais) são contados nos termos do art. 798, §1º, do CPP, excluindo-se o dia do início e não finalizando em dias não úteis. São prazos meramente ordinatórios e que não possuem impacto direto na restrição da liberdade individual. Já os segundos (materiais) são contados na forma do art. 10 do CP, incluindo o dia do começo e encerrando no prazo final, dia útil ou não, como as contagens envolvendo prisão. 

Para conclusão do Inquérito Policial:

REGRA GERAL  10 dias preso 30 dias solto  Art. 10, CPP 

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22

DROGAS  30 dias preso 90 dias solto  (possibilidade de duplicar) Art. 51, Lei n. 11.343/06  

ECONOMIA POPULAR  10 dias preso 10 dias solto  Art. 10, Lei n. 1.521/51 

CRIME MILITAR  20 dias preso 40 dias solto  Art. 20, DL 1.002/69 

A alternativa inverteu os prazos de conclusão do Inquérito Policial sobre tóxicos!

Alternativa B: Errado!

De acordo com o teor da Súmula n. 524 do STF, pode sim ser iniciada a ação penal se existirem provas novas!

Com efeito, como não estão previstas de forma expressa do Código de Proces-so Penal, a doutrina aponta que as hipóteses de rejeição da denúncia/queixa, previstas no art. 395, do CPP, podem ser utilizadas como parâmetros de justificativa para promoções de arquivamento do Inquérito Policial: (i) ausência de justa causa: falta de lastro probatório mínimo, seja em relação à própria existência do crime ou sobre os indicativos de autoria; (ii) faltar pressuposto processual ou condição para a ação penal; (iii) existência manifesta de causa excludente de tipicidade – derivada, por exemplo, da aplicação do Princípio da Insignificância; (iv) existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo a inim-putabilidade; (v) que o fato narrado evidentemente não constitui crime e (vi) existência de causa extintiva da punibilidade.

E, nos termos do art. 18 do CPP:

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

A Súmula n. 524 do STF justamente complementa:

Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem provas novas.

Por isso, em regra, o arquivamento do Inquérito Policial é regido pela cláusula rebus

sic stantibus, que quer dizer que a decisão pode ser revista em caso de insubsistência dos

motivos que a ensejaram, ou superveniência de novas circunstâncias que posteriormente a justificam. 

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23

Conforme ensina Renato Brasileiro em seu Manual de Processo Penal, ainda: 

(...) a reabertura das investigações não pode decorrer da simples mudança de opinião ou reavaliação da situação. É indispensável o surgimento de notícia de provas novas ou, ao menos, novas linhas de investigação em perspectiva. Também não se revela possível a reabertura das investigações para aprofundar linhas investigativas já disponíveis para exploração anterior.

Alternativa C: Correto, trazendo a alternativa decisão já exarada pelo SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL. Existe, é claro, divergência sobre o tema, como abaixo demonstrado, mas isso não retira a conclusão já manifestada pelo STF e expressamente cobrada na alternativa.

Conforme elucida NESTOR TÁVORA, a coisa julgada formal, que pode ser tida como um fenômeno  endoprocessual, encerra aquele procedimento investigatório em si, trazendo a imutabilidade do procedimento já arquivado, porém não impede que seja reaberta a investigação em outro procedimento. Já a coisa julgada material é muito mais ampla e foge dos limites de determinada relação processual, impedindo a reabertura da persecução penal.

Diante disso, destaca o autor:

1. COISA JULGADA FORMAL: 

1.1.  FALTA DE JUSTA CAUSA:  Considerando que podem ser obtidas novas

provas, se o arquivamento fundamentou-se na ausência de justa causa para persecução penal naquele momento, nada impede que a investigação seja reaberta, nos moldes acima destacados. 

 

1.2.  AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS OU CONDIÇÕES DA AÇÃO:  suprida a falta ou o defeito que sustentou a decisão de arquivamento por tais

pressupostos, é possível o oferecimento da ação penal, respeitados os limites alusivos à decadência ou à prescrição da pretensão punitiva estatal. 

 

2. COISA JULGADA MATERIAL:

2.1. ATIPICIDADE DO FATO OU INEXISTÊNCIA DE CRIME: Cabendo ao titular da

Ação Penal a opinio delicti, concluindo ele pela inexistência de crime ou pela atipicidade do fato, há imutabilidade da decisão, não podendo um segundo Promotor de Justiça, por exemplo, ao não concordar com a decisão do primeiro, postular a retomada das investigações.

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2.2.  EXISTÊNCIA MANIFESTA DE CAUSA EXCLUDENTE DE ILICITUDE e CULPABILIDADE (salvo a inimputabilidade):  Aqui, caros colegas, cuidado! Apesar de a

doutrina apontar que a homologação do arquivamento com base em tais fundamentos também acarreta na coisa julgada material, existe divergência jurisprudencial sobre o tema (especialmente no tocante à legítima defesa). 

O e. STJ possui entendimento pela configuração da coisa julgada material: 

PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. INQUÉRITO PO-LICIAL ARQUIVADO POR RECONHECIMENTO DA LEGÍTIMA DEFESA. DESARQUIVAMENTO POR PROVAS NOVAS. IMPOSSIBILIDADE. COISA JULGADA MATERIAL. PRECEDENTES. 1. A permissão legal contida no art. 18 do CPP, e pertinente Súmula 524/STF, de desarquivamento do inquérito pelo surgimento de provas novas, somente tem incidên-cia quando o fundamento daquele arquivamento foi a insuficiênincidên-cia probatória - indícios de autoria e prova do crime. 2. A decisão que faz juízo de mérito do caso penal, reconhecendo atipia, extinção da pu-nibilidade (por morte do agente, prescrição...), ou excludentes da ili-citude, exige certeza jurídica - sem esta, a prova de crime com autor indicado geraria a continuidade da persecução criminal - que, por tal, possui efeitos de coisa julgada material, ainda que contida em acolhimento a pleito ministerial de arquivamento das peças inves-tigatórias. 3. Promovido o arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de legítima defesa, a coisa julgada material impede rediscussão do caso penal em qualquer novo feito criminal, desca-bendo perquirir a existência de novas provas. Precedentes. 4. Recur-so especial improvido. (REsp 791.471/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEI-RO, SEXTA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 16/12/2014) 

O STF, em decisão do Plenário, decidiu em sentido contrário:

PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. LEGÍTIMA DEFESA. FRAUDE PROCESSUAL. ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL. DESARQUIVAMENTO POSTERIOR. NOVOS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO COLHIDOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. POSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. I – O arquivamento de inquérito policial não faz coisa julgada nem causa a preclusão. II –  Contrariamente ao que ocorre quando o arquivamento se dá por atipicidade do fato, a superveniência de novas provas relativamente a alguma excludente de ilicitude admite o desencadeamento de novas investigações. III – Ordem denegada.  (HC 87395, Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03-2018 PUBLIC 13-03-2018)

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 Alternativa D: Certo!

Ocorre quando o Ministério Público deixa de incluir na denúncia algum dos fatos investigados (arquivamento implícito OBJETIVO) ou quando deixa de denunciar algum dos indiciados (arquivamento implícito SUBJETIVO). Em casos tais, ainda, o Ministério Público silencia também quanto a eventual pleito subsidiário de continuidade de diligências ou promoção de arquivamento quanto a tais fatos ou pessoas, de modo que denota a total ausência de adoção de providência. Em casos tais, não se admite que a omissão seja encarada como um pedido de arquivamento implícito, devendo o Juiz devolver os autos ao membro solicitando sua manifestação expressa nos pontos ou, então, encaminhar os autos ao Procurador-Geral de Justiça par adoção das medidas administrativas cabíveis.

Alternativa E: Correto!

Segundo NORBERTO AVENA, ocorre na hipótese em que o promotor deixa de oferecer denúncia sob o fundamento de que o juízo em que oficia e no qual distribuído o inquérito é incompetente para ação penal, requerendo, então, ao magistrado a remessa dos autos respectivos ao juízo que reputa competente. Se o juiz discordar deste pedido de remessa feito pelo Ministério Público, por considerar-se competente, a solução encontra-se na aplicação análoga do art. 28 do Código de Processo Penal, a fim de que o Chefe do Ministério Público dê a última palavra. Neste caso, ou o procurador-geral concorda com a tese do membro do Ministério Público e o magistrado deverá encaminhar os autos ao Juízo considerado como competente, ou acolhe o entendimento do magistrado e delega a outro membro do Ministério Público atuar no feito e oferecer denúncia.

- GABARITO DA QUESTÃO: A. 08 - QUESTÃO:

Sobre a ação penal, marque a alternativa que não coaduna com o Código de Processo Penal:

a) Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

b) Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.

c) No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

d) A representação será irretratável, depois de recebida a denúncia.

e) A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

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26

- RESPOSTA: Alternativa D.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Correto!

Aqui, colegas, novamente cobramos as disposições legais sobre a ação penal em razão da constante cobrança da banca desse tipo de questionamento!

Temos na hipótese a previsão do artigo 24 do Código de Processo Penal com as espécies de ação penal pública, aquela titularizada pelo Ministério Público (art. 129, I, CF), que pode ser de natureza INCONDICIONADA (sem necessidade de qualquer outra condição especial) ou CONDICIONADA (dependendo da requisição do Ministro da Justiça ou, então, da representação do Ofendido ou de quem tiver qualidade para representá´lo). 

 

Alternativa B: Correto, trazendo-se a previsão do §2º do artigo 24 do Código de

Processo Penal!

Trata-se de previsão lógica, afinal de contas, por se tratar de interesse público os casos de violação do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, não haveria razão para se exigir qualquer condição especial de procedibilidade.

Alternativa C: Correto, traduzindo a disposição literal do artigo 24, §1º, do Código

de Processo Penal.

Para ajudá-los na memorização da ordem a ser seguida, lembrem-se do método mnemônico do CADI.

Sobre o ponto, ainda, NORBERTO AVENA:

(…) esta numeração é taxativa e, em tese, não ode ser ampliada. Ex-ceção parece existir quanto à figura do companheiro, nas situações de união estável plenamente caracterizada, por força da equipara-ção constitucional com o casamento. 

Alternativa D: Errado!

Colegas, a regra trazida pelo artigo 25 é que a representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Cuidado com as trocas maldosas!

Lembrem-se, também, que nos termos da Lei Maria da Penha, em casos que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher, aí sim há previsão específica

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27

no sentido de que a renúncia só cabe antes do RECEBIMENTO da denúncia e, ainda, deve ocorrer em audiência especialmente designada para tal fim (art. 16, Lei n. 11.340/06).

Alternativa E: Correto, tratando-se da disposição do artigo 41 do Código de

Processo Penal com os requisitos mínimos para a validade da denúncia!

- GABARITO DA QUESTÃO: D. DIREITO ADMINISTRATIVO 09 - QUESTÃO:

Nos termos da legislação pertinente e jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça assinale a alternativa incorreta quando aos atos de improbidade administrativa:

a) Reputa-se agente público, para os efeitos da Lei 8.429/92, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.

b) Os agentes políticos municipais se submetem aos ditames da Lei de Improbidade Administrativa - LIA, sem prejuízo da responsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-Lei n. 201/1967.

c) A ação de improbidade administrativa deve ser processada e julgada nas instâncias ordinárias, ainda que proposta contra agente político que tenha foro privilegiado.

d) É inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei n. 8.429/1992, exigindo- se a presença de dolo em todas as hipóteses, nos termos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e o atentado aos princípios administrativos, respectivamente), bem como art. 10 (que censura os atos de improbidade por dano ao Erário).

e) O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

- RESPOSTA: Alternativa D. - COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Está CORRETA. A assertiva reproduz texto expresso do art. 2º da Lei 8.429/92:

Art. 2°.  Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra

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28

forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função

nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Alternativa B: Está CORRETA. Trata-se de assertiva que reproduz orientação do STJ a respeito do tema. Neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART. 1.022 DO CPC/2015 NÃO CONFIGURADA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. FRAUDE EM LICITAÇÃO E IRREGULARIDADES NO CONTRATO DE SER-VIÇO DE TRANSPORTE ESCOLAR PELA PREFEITURA. SUPERFATU-RAMENTO. PREFEITO. APLICAÇÃO DA LEI 8.429/1992 AOS AGENTES POLÍTICOS. REPERCUSSÃO GERAL A RESPEITO DA MATÉRIA. (...) 2. No que concerne à suposta afronta ao art. 2º da Lei 8.429/1992, só o argumento de que os prefeitos não estão sujeitos à Lei de Im-probidade Administrativa, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que os agentes políticos se submetem aos ditames da Lei de Improbidade Administrativa, sem prejuízo da responsabilização política e criminal estabelecida no Decreto-Lei 201/1967 e na Lei 1.079/1950. Ademais, a existência de repercussão geral, reconhecida pelo STF, acerca da questão da aplicabilidade, ou não, da Lei 8.429/1992 aos prefeitos não enseja o sobrestamento do presente feito, consoante já decidido pelo Superior Tribunal de Jus-tiça em diversos precedentes. 3. No que concerne à aludida vulnera-ção do art. 10 da Lei 8.429/1992, sob o argumento de que não existe superfaturamento, nem, consequentemente, dano ao erário, é inviá-vel analisar a tese defendida no Recurso Especial, pois inarredáinviá-vel a revisão do conjunto probatório dos autos para afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão recorrido em sentido contrário. (...) 6. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp  1755135/GO, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SE-GUNDA TURMA, julgado em 04/10/2018, DJe 16/11/2018) 

 

Alternativa C: Está CORRETA. Trata-se de orientação do STJ a respeito do tema:

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, PECULATO E LAVAGEM DE DINHEIRO. DENÚNCIA. CORRÉUS COM FORO PRIVILEGIADO. PLEITO DE CISÃO. ALEGADA VIOLAÇÃO DO JUIZ NATURAL E SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. PREJUÍZO PARA A DEFESA. (...) 6. Firmou-se entendimento nesta Corte, seguindo orientação do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração

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29

por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por

prerrogativa de função de um dos denunciados” (enunciado 704 da Súmula do STF). 7. Não há falar em ilegalidade na coexistência de procedimento investigatório criminal e de inquérito civil, sendo o primeiro pelo órgão ministerial atuante perante o Tribunal de Justiça e o segundo pelo órgão atuante na instância singular, mesmo nos casos de réus com prerrogativa de foro. 8. Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, “não existe foro privilegiado por prerrogativa de função para o processamento e julgamento da ação civil pública de improbidade administrativa” (AgRg  na AIA 32/AM, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, DJe de 13/05/2016). 9. É pacífico o entendimento, tanto doutrinário quanto jurisprudencial, no sentido da independência das esferas penal e civil. Assim, não há falar em fixação de competência por prevenção entre a ação penal e a de improbidade. 10. Incabível a fixação de competência por prevenção entre a ação penal e a ação de improbidade no âmbito dos Tribunais, devendo ser observadas as competências dos órgãos julgadores, conforme estabelecido no seu regimento interno. (...) (HC 371.534/SE, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 26/03/2019, DJe 01/04/2019) 

Alternativa D: Está INCORRETA. O ERRO da assertiva está em afirmar que o DOLO É EXIGIDO EM TODOS OS CASOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA previstos em lei. Na rea-lidade, nos termos da jurisprudência do STJ, é inadmissível a responsabilidade objetiva na aplicação da Lei n. 8.429/1992, exigindo- se a presença de dolo nos casos dos arts. 9º e 11 (que coíbem o enriquecimento ilícito e o atentado aos princípios administrativos, respecti-vamente) e ao menos de culpa nos termos do art. 10 (que censura os atos de improbidade por dano ao Erário). 

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRA-TIVA. ART. 10, VIII, DA LEI 8.429/1992. DISPENSA INDEVIDA DE LICI-TAÇÃO. ELEMENTO SUBJETIVO DO ATO ÍMPROBO. DOLO GENÉRICO OU CULPA. ART. 10, VIII, DA LEI 8.429/92. DANO IN RE IPSA. (...) 3. O entendimento do STJ é de que, para que seja reconhecida a tipifi-cação da conduta do réu como incurso nas prescrições da Lei de Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do ele-mento subjetivo, consubstanciada pelo dolo para os tipos previstos nos artigos 9º e 11 e, ao menos, pela culpa, nas hipóteses do artigo 10.Nesse sentido: STJ, AgInt no REsp 1.518.920/PE, Rel. Ministro Sér-gio Kukina, Primeira Turma, DJe de 01/06/2018; REsp 1.714.972/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 25/05/2018.

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30

(...) (REsp 1771593/SE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA

TURMA, julgado em 09/05/2019, DJe 23/05/2019)   

Alternativa E: Está CORRETA. A assertiva reproduz o texto do art. 8º da Lei 8.429/92:

Art. 8°. O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

- GABARITO DA QUESTÃO: D. 10 - QUESTÃO:

A licitação, procedimento adotado para a contratação de obras e serviços pela Administração Pública, tem previsão constitucional no art. 37, XXI e é regulamentada pela Lei 8.666/93. Levando em consideração a legislação pertinente, suponha que em um procedimento licitatório três propostas estejam em igualdade de condições. Como critério de desempate, é correto afirmar:

a) Os bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País preferem aos produzidos no País.

b) Os bens e serviços produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional preferem aos produzidos no País. 

c) Os bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimen-to de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação preferem aos produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no de-senvolvimento de tecnologia no País.

d) Os bens e serviços produzidos no País preferem aos produzidos ou prestados por empresas brasileiras. 

e) Os bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País preferem aos produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

- RESPOSTA: Alternativa D. - COMENTÁRIOS:

A Lei 8.666/93 traz regra de preferência quando as propostas apresentadas para os bens ou serviços objeto da licitação estejam em igualdade de condições.

O art. 3º, §2º, Lei 8.666/93 elenca a ordem de preferência de forma sucessiva, de forma que a previsão anterior prefere à seguinte, sucessivamente.

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Atente-se que este dispositivo teve sua redação alterada algumas vezes. Teve texto incluído pela Lei 11.196/2005 e texto revogado pela Lei 12.349/10.

 

Portanto, segue a atual redação do dispositivo, que permite responder inteiramente a questão apresentada: 

 

Lei 8.666/93, Art. 3º. (...). 

§ 2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: 

I – (Revogado pela Lei nº 12.349, de 2010).  II - produzidos no País; 

III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. 

IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) 

V -  produzidos ou prestados  por empresas que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) 

 

Alternativa A: Está INCORRETA.  A alternativa indica que os bens e serviços previstos no inciso IV do art. 3º, §2º preferem aos previstos no inciso II. E, como visto na explicação acima, o dispositivo apresenta os incisos em ordem de preferência de forma que os antecedentes são preferidos.

Alternativa B: Está INCORRETA. A assertiva se refere à hipótese revogada do inci-so I, do art. 3º, §2º pela Lei 12.349/10 que se referia aos bens produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional como preferentes às demais hipóteses. Atualmen-te, os bens ou serviços produzidos no País são os de maior preferência.

Alternativa C: Está INCORRETA.  A alternativa indica que os bens e serviços previstos no inciso V do art. 3º, §2º preferem aos previstos no inciso IV. E, como visto na explicação acima, o dispositivo apresenta os incisos em ordem de preferência de forma que os antecedentes são preferidos.

Alternativa D: Está CORRETA. A assertiva, corretamente indica que, em igualdade de condições, os bens e serviços previstos no inciso II, preferem aos previstos no inciso III. Já que o dispositivo apresenta ordem de preferência sucessiva, de forma que os incisos anteriores possuem preferência diante dos incisos posteriores.

Alternativa E: Está INCORRETA.  A assertiva afirma que os bens e serviços previstos no inciso IV do art. 3º, §2º preferem aos previstos no inciso III. E, como visto na

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explicação acima, o dispositivo apresenta os incisos em ordem de preferência de forma que os antecedentes são preferidos.

- GABARITO DA QUESTÃO: D. 11 - QUESTÃO:

A respeito da desapropriação por utilidade pública, assinale a alternativa incorreta: a) Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.

b) Considera-se caso de utilidade pública a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estéti-ca; a construção ou ampliação de distritos industriais. Esta construção ou ampliação de distritos industriais inclui o loteamento das áreas necessárias à instalação de indústrias e atividades correlatas, bem como a revenda ou locação dos respectivos lotes a empresas previamente qualificadas.

c) A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito.

d) Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público.

e) O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação. Ao Poder Judiciário apenas é permitido, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não os casos de utilidade pública. 

- RESPOSTA: Alternativa E. - COMENTÁRIOS:

A questão aborda o tema da desapropriação por utilidade pública que é disciplina da no Decreto-Lei 3.365/41.

Para a correta abordagem da questão, é importante ter o conhecimento desta legislação.

Alternativa A: Está CORRETA.  A assertiva está em conformidade com o art. 3º do Decreto-Lei 3.365/41 que permite aos concessionários e delegatários do Poder Público promover desapropriações desde que haja autorização expressa na lei ou em contrato.

Referências

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