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REIS, Rafaela Eduarda dos* PEREIRA, Elisa Rita de Oliveira* SCORSATO, Paulo Sérgio** PORTO, Camila Dias** REPETTI, Cláudia Sampaio Fonseca***

*Aprimorandas da Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário/ UNIMAR **Docentes do Curso de Graduação em Medicina Veterinária/ UNIMAR

***Docente e Orientadora do Curso de Graduação em Medicina Veterinária/ UNIMAR - claudiarepetti@yahoo.com.br

RESUMO: Os GISTs são neoplasias raras relacionadas à parede do trato digestório e estão relacionadas às células de Cajal, que atuam como marca-passo coordenando a contração intestinal Um cão de 12 anos de idade deu entrada no Hospital Veterinário da UNIMAR apresentando tenesmo, aquesia, hiporexia e hipodipsia há cerca de um mês. Animal já havia passado por cirurgia de herniorrafia perineal em veterinário colega, entretanto continuou com os sintomas de tenesmo, aquesia, hiporexia e hipodipsia. Após exame clínico, foi solicitado ultrassografia da região abdominal que evidenciou uma massa em intestino delgado. Animal foi encaminhado para laparotomia exploratória, onde foi visibilizado um nódulo de cerca de 3cm x 2cm em região de duodeno. Foi optado então pela realização da enterectomia da região e posterior enteroanastomose, sendo o material excisionado encaminhado para histopatologia. O laudo histopatológico obtido foi neoplasia estromal, compatível com leiomiossarcoma ou tumor estromal gastrointestinal (GIST), sendo necessária a diferenciação através da imuno-histoquímica. Apesar de raro devem sempre ser considerados como

suspeita diagnóstica em casos de sinais clínicos de vômito, inapetência, melena, hematoquesia, perda de peso e tenesmo em animais com idade avançada. É evidente a importância da ultrassonografia abdominal para a suspeita diagnóstica, e o procedimento cirúrgico para remoção do tumor torna-se efetivo para neoplasias sem acometimento metastático.

Palavras – chave: Enterectomia. GIST. Leiomiossarcoma.

ABSTRACT: GISTs are rare neoplasms related to the digestive tract wall and are related to Cajal cells, which act as a pacemaker coordinating intestinal contraction. A 12-year-old dog was admitted to the UNIMAR Veterinary Hospital with tenesmus, aquesia, hyporexia and hypodipsia for about a month. Animal had already undergone perineal herniorrhaphy surgery in a fellow veterinarian, however he continued with the symptoms of tenesmus, aquesia, hyporexia and hypodipsia. After clinical examination, ultrasound of the abdominal region was requested, which showed a mass in the small intestine. The animal was referred for exploratory laparotomy, where a nodule of about 3 cm x 2 cm was seen in the duodenum region. It was then decided to perform the enterectomy of the region and later enteroanastomosis, and the excised material was sent for histopathology. The histopathological report obtained was stromal neoplasia, compatible with leiomyosarcoma or gastrointestinal stromal tumor (GIST), requiring differentiation through immunohistochemistry. Although rare, they should always be considered as a diagnostic suspicion in cases of clinical signs of vomiting, loss of appetite, melena, hematocheia, weight loss and tenesmus in animals with advanced age. It is evident the importance of abdominal ultrasound for diagnostic suspicion, and the surgical procedure for removing the tumor becomes effective for neoplasms without metastatic involvement.

Key-words: Enterectomy. GIST. Leiomyosarcoma.

INTRODUÇÃO

Os tumores estromais gastrointestinais (GIST) são neoplasias relacionadas à parede do trato digestório, os quais não podem ser considerados nem tumores mesenquimais nem tumores linfoides. São raros e acredita-se que possam estar relacionados às células de Cajal, que atuam como marca- passo coordenando a contração intestinal (STREUTKER et al., 2007; SOBRAL; DE NARDI, 2016). Mais recentemente, com o avanço das técnicas de imuno-histoquímica, observou-se que grande parte dos tumores que eram classificados como neoplasias de musculatura lisa, deveriam ser de fato classificados como GISTs (MARZÁN et al., 2003).

Em humanos, a maioria dos GISTs são localizados principalmente na cavidade gástrica (KATZ; DEMATTEO, 2008), enquanto em caninos a maior incidência se dá no intestino delgado e cólon (FROST; LASOTA; MIETTINEN, 2003; RUSSELL et al., 2007). Em um estudo retrospectivo realizado por Russell et al. (2007), foi identificada uma idade média do momento do diagnóstico de 10,4 anos para tumores estromais gastrointestinais em cães.

A sintomatologia observada em cães e gatos com GIST está relacionada à obstrução no trato gastrointestinal e inclui vômito, inapetência, melena, hematoquesia, perda de peso e tenesmo (RUSSELL et al., 2007).

A suspeita diagnóstica se dá através da ultrassonografia abdominal, onde é evidenciado uma massa na região gastrointestinal, sendo necessária a laparotomia exploratória para realização da excisão do tumor, ou em casos irressecáveis a biopsia incisional (SOBRAL; DE NARDI, 2016).

Estudos ultraestruturais confirmaram que as células que compõem os GISTs possuem características do musculo liso mais primitivas e também células neurais. Para tanto, se fez necessário um meio, mais preciso, de identificar esse tipo tumoral (KATZ; DEMATTEO, 2008). A maioria dos GIST demonstra expressão da oncoproteína KIT, codificada pelo proto-oncogene c-kit, que atua como um receptor de tirosinoquinase em processos de diferenciação, proliferação e migração celular em vários tipos celulares, incluindo as células de Cajal (SOBRAL; DE NARDI, 2016). Segundo Gaag at al.

(2007), a marcação imuno-histoquímica positiva para KIT é indicada para diferenciação do GIST para os demais tumores de musculatura lisa do trato digestório.

O tratamento de escolha para o GIST segue o mesmo protocolo abordado para os tumores mesenquimais de trato digestório, a remoção cirúrgica (SOBRAL; DE NARDI, 2016). Um estudo conduzido por Berger et al. (2018) avaliou o uso do toceranib phosphate (Palladia®) em tumores estromais gastrointestinais de 27 cães, e concluíram que a medicação possui evidente atividade biológica em cães com doença grave, diagnóstico de metástases e tumores que possuam alto índice mitótico.

Russell et al (2007) concluíram em seu estudo (n=17) que a média de sobrevida de cães tratados por cirurgia foi de 37,4 meses, comparada com 7,8 meses para tumores malignos de musculatura lisa e 2,9 meses para sarcomas indiferenciados.

O objetivo do presente trabalho é relatar um caso de GIST em um canino o qual apresentou uma massa em região de intestino delgado.