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5. CARACTERÍSTICAS GEOAMBIENTAIS

5.3 Geologia

A área de estudo apresenta terrenos cristalinos pré-cambrianos e coberturas sedimentares cenozóicas, sendo representada por três unidades litoestratigráficas: Complexo Ceará, Formação Barreiras e Sistemas Deposicionais Costeiros, como apresentado na Figura 7. O mapeamento foi baseado no Mapa Geológico do Estado do Ceará, Escala 1:500.000 (CPRM, 2003), em imagens de satélite e em observações de campo.

5.3.1 Complexo Ceará

O Complexo Ceará se configura como o embasamento para os depósitos sedimentares cenozóicos da região e é caracterizado por Brandão (1995) como uma associação petrotectônica constituída por gnaisses aluminosos, em parte migmatizados, frequentemente intercalados por níveis quartzíticos e calcissilicáticos, em jazimentos lenticulares de pequenas dimensões e conformáveis ao bandamento. Está associado geomorfologicamente aos terrenos da Depressão Sertaneja, sendo representado na área por duas Unidades litológicas: Independência e Canindé.

Figura 7. Mapa geológico da região de estudo

A Unidade Independência (PPci) ocorre na porção sudoeste da área, sendo constituída por paragnaisses aluminosos indiferenciados, além quartzitos, metacalcários, rochas calcissilicáticas, e eventualmente anfibolitos. Em Ceará (2009) seus litotipos são descritos com cores marrom-avermelhadas a marrom escuras, indicativas de um aumento de teores de íons de ferro, provavelmente devido a maior concentração de minerais como magnetita e limonita, sendo que nas áreas onde prevalecem os paragnaisses e mica-xistos sobressaem-se cores alaranjadas e amareladas, demonstrando uma resposta combinada à ocorrência de argilas, carbonatos e óxidos de ferro.

A Unidade Canindé (PPcc), abrange a porção sul da área e é composta por paragnaisses migmatíticos, ortognáisses ácidos e rochas metabásicas, com presença de lentes de quartzito. Barros (1986) descreve os quartzitos desta unidade com a mineralogia predominante de quartzo (98%) e raras palhetas de muscovita. A Unidade ocorre exposta em afloramentos ao longo da CE-085, e no promontório rochoso observado próximo ao Porto do Pecém, local conhecido como Ponta do Pecém.

5.3.2 Formação Barreiras

A Formação Barreiras (ENb) é uma unidade sedimentar de idade miocênica (ARAI, 2006), constituída por depósitos textural e mineralogicamente imaturos, compostos de argilitos, arenitos e conglomerados, de diversas tonalidades, com presença de nódulos e níveis lateríticos em meio à unidade (ALHEIROS et al., 1988). A presença de estruturas sedimentares primárias indicativas de correntes com rumo para o mar sugere origem predominantemente continental, principalmente por canais fluviais entrelaçados, como proposto por Alheiros e Lima Filho (1991), porém, alguns autores, como Arai (2006), sugerem um ambiente deposicional marinho para esta formação, devido a presença de fósseis marinhos e restos de vegetação costeira. Entretanto, o mesmo autor salienta que na região Nordeste não há evidencias claras desse caráter marinho, sugerindo um ambiente costeiro transicional.

Na região de estudo, a Formação apresenta-se disposta em uma superfície topograficamente plana e está associada à unidade geomorfológica conhecida por Tabuleiros Pré-Litorâneos (BRANDÃO, 1995). Ocorre de leste a oeste na porção centro-sul, sendo que a oeste se estende até o limite norte. Em sua porção mais oriental, próximo a CE-421, pode-se observar um nível de arenitos conglomeráticos de tonalidade avermelhada, caracterizado pela presença de lateritas ferruginosas. Em meio ao pacote, observou-se a presença de uma lente

conglomerática formada por blocos de quartzito, de tamanhos variados, provavelmente oriundo dos terrenos gnáissico-migmatíticos localizados ao sul da área. Logo acima deste pacote, encontrou-se um nível homogêneo formado por arenitos de granulação fina média e tonalidade alaranjada, sendo possível observar uma discordância planar entre os pacotes sedimentares. Em outro ponto próximo a CE-421, pode-se observar um pacote homogêneo, formado por arenitos de granulação fina a média, com tonalidade alaranjada, sem ocorrência de níveis conglomeráticos.

5.3.3 Sistemas Deposicionais Costeiros

Os sistemas deposicionais costeiros presentes na região de estudo são representados por depósitos marinhos, eólicos e aluviais de idade quaternária. Estes sistemas iniciam-se a partir da linha de costa e dispõem-se discordantemente sobre unidades litoestratigráficas mais antigas, a exemplo de dunas empoleiradas sobre o embasamento cristalino.

Os depósitos de areias marinhas recentes (Qm) delineiam a linha de costa onde constituem praias, esporões e barreiras. São formados por sedimentos bem selecionados, de granulação grossa a fina, composição quartzosa a bioclástica, e concentrações pontuais de minerais pesados. Parte destes depósitos encontra-se cimentada em carbonato de cálcio, destacando-se proeminentemente na forma de terraços baixos de beach rocks, por vezes como blocos fendidos.

Os depósitos eólicos são formados por areias quartzosas muito bem selecionadas, de granulação fina a média, eventualmente compostas por bioclastos marinhos retrabalhados. Seus depósitos mais recentes (Qe2), dispostos na porção mais próxima à linha de costa, constituem campos de dunas móveis na forma de cadeias barcanóides. Ainda nesta porção, ocorrem depósitos antigos isolados, dispostos em camadas de areias bem estratificadas e levemente cimentadas em carbonato de cálcio, eventualmente portadoras de níveis de rizoconcreções de mesma constituição. Tais depósitos são classificados como eolianitos.

Os depósitos eólicos antigos (Qe1) ocorrem, em sua maior parte, na porção mais distante da linha de costa, e englobam campos de paleodunas parabólicas fixas, densamente vegetadas, onde processos pedogenéticos são notórios pela presença de horizontes texturais de neossolos quartzarênicos.

Na porção entre os depósitos de areias marinhas recentes e os campos de dunas e paleodunas, encontram-se planícies de deflação constituídas pelas aqui denominadas areias eólicas indiferenciadas (Qed). Ocorrem em áreas aplainadas, por vezes alagadiças, cobertas por camadas delgadas de areias residuais do caminhamento das dunas dos depósitos eólicos recentes e antigos.

Ao longo das áreas rebaixadas dos terrenos cristalinos, dos vales aplainados da Fm. Barreiras e nas planícies de deflação eólica são encontradas drenagens de pequeno porte, influenciadas pelas marés em suas porções mais próximas a linha de costa. Devido seu caráter flúvio-marinho indistinto neste trabalho, seus depósitos são aqui referidos como aluviais indiferenciados (Qa), formados por sedimentos de granulação variada, desde argilas até cascalhos, de composição variada e muitas vezes associados à presença de matéria orgânica vegetal.

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