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A região do DF está localizada no setor oriental da Província Estrutural do Tocantins, mais especificamente situada na porção centro-sul da Faixa de Dobramentos Brasília figura-2.2. A geologia da região é composta por rochas metassedimentares do Grupo Canastra, Paranoá, Araxá e Bambuí (Freitas-Silva & Campos, 1999).

O Grupo Paranoá é considerado de idade Meso/Neoproterozóica, sendo composto por rochas metapsamo-pelíticas e carbonatadas, estudadas por Faria (1989, 1995) na região de São João da Aliança/Alto Paraíso de Goiás. No DF são separadas em seis unidades, correlacionáveis da base para o topo com as unidades S, A, R3, Q3, R4 E PC das áreas-tipo (Freitas-Silva & Campos, 1999).

O Grupo Canastra é datado como de idade Meso/Neoproterozóico, sendo subdividido nas formações Serra do Landin, Paracatu e Serra dos Pilões. No DF é constituído principalmente por clorita e sericita filitos e subordinadamente calcifilitos, filitos carbonosos, quartzitos e mármores finos, correlacionáveis com as formações Serra do Landin e Paracatu (Freitas-Silva & Campos, 1999).

O Grupo Araxá foi datado como Neoproterozóico, sendo no DF, representado por moscovita xistos, clorita-quartzo xistos, muscovita-granada xistos e raras lentes de quartzitos micáceos (Freitas-Silva & Campos, 1999).

O Grupo Bambuí foi exaustivamente estudado por Dardenne (1978), sendo considerado de idade Neoproterozóica e constituído por uma seqüência pelito- carbonatada-arcoseana, dividida da base para o topo nas formações Jequitaí, Sete Lagoas, Serra da Saudade, lagoa do Jacaré e Três Marias. No DF é representado por metassiltitos, metassiltitos argilosos, metargilitos e raras intercalações de arcóseos, correlacionáveis ao topo da Formação Serra da Saudade e à base da Formação Três Marias (Freitas-Silva & Campos, 1999).

Figura 2.2: – Cartograma Lito-tectônico da Faixa de Dobramentos Brasília (Adaptado de

2.1.6 Geomorfologia

Segundo Novaes Pinto (1986), citado por Martins & Baptista (1999), a paisagem natural do DF apresenta-se integrada por 13 unidades geomorfológicas, que constituem geossistemas inter-relacionados e hierarquizados. Por suas similaridades morfológicas e genéticas, as unidades geomorfológicas agrupam-se em três tipos de paisagem (macrounidades) característicos da região de cerrados:

1) Região de Chapada - A Macrounidade Região de Chapada ocupa cerca de 34% da área do DF e é caracterizada por topografia plana a plano-ondulada, acima da cota 1.000m, destacando-se a Chapada da Contagem, que praticamente contorna a cidade de Brasília. Desenvolve-se sobre quartzitos (Chapadas da Contagem, Brasília e Pipiripau), ardósias, filitos e micaxistos (Chapada Divisora São Bartolomeu - Preto e a Divisora Descoberto - Alagado). As coberturas são formadas principalmente por couraças vesiculares/ pisolíticas e latossolos.

2) Área de Dissecação Intermediária - Este tipo de paisagem ocupa cerca de 31 % do DF e corresponde às áreas fracamente dissecadas, drenadas por pequenos córregos, modeladas sobre ardósias, filitos e quartzitos (depressão do Paranoá e vale do rio Preto). Nos interflúvios ocorrem couraças, latossolos e fragmentos de quartzo.

3) Região Dissecada de Vale - Ocupa aproximadamente 35% do DF e corresponde às depressões de litologias de resistências variadas, ocupadas pelos principais rios da região.

Tanto as chapadas como os pediplanos e pedimentos são residuais de aplainamentos cenozóicos, tendo sido as primeiras (chapadas) modeladas por

processos de etchiplanação durante o Terciário, e os demais (pediplanos e pedimentos), por processos de pediplanação e pedimentação iniciados no Plioceno e alternados durante o Quaternário, por fases de dissecação ao longo dos vales (Novaes Pinto, 1987, citado por Martins & Baptista, 1999).

A evolução é considerada a partir de um extenso aplainamento cretácico por pediplanação, sob condições ambientais caracterizadas por aridez. A reativação tectônica iniciada no Cretáceo Médio propiciou continuado soerguimento e inclinação da área para E/SE, em direção à calha do rio São Francisco. O ambiente cretácico foi alterado no início da era cenozóica, durante o Paleógeno, quando surgiram condições de clima tropical úmido, com duas estações bem marcadas e de longa duração. O clima, associado com a continuidade da epirogênese, foi responsável por um estágio temporal de equilíbrio dinâmico do sistema natural, que gerou um aplainamento por etchiplanação em rochas quartzíticas. Esta nova superfície é denominada de etchiplano Paleogênico. No final do Eoceno, em virtude da diminuição do ritmo da epirogênese, os níveis de base de erosão foram alterados e interrompeu-se o equilíbrio dinâmico do sistema primitivo. Durante o Neógeno, a redução da atividade epirogenética associou-se às alterações do clima tropical semi-úmido, que passou a apresentar períodos mais curtos de chuvas e secas (Novaes Pinto, 1994, citado por Martins & Baptista, 1999).

Estas novas condições ambientais evoluíram para o equilíbrio dinâmico dos sistemas naturais. Novo processo de etchiplanação é fixado na região, porém, com o rebaixamento do nível de base de erosão, forma-se uma depressão interplanáltica sobre as rochas tenras, que vem representar o etchiplano Neogênico. Essa evolução se manteve até o final do Plioceno, quando ocorreu alteração climática para condições semi-áridas, associada à mudança dos níveis de base locais. Iniciam-se os processos de pedimentação e pediplanação, devido

à redução do intemperismo diferencial químico e à retração da cobertura vegetal (Martins & Baptista, 1999).

Sob as novas condições ambientais, o intemperismo físico atuou nos interflúvios, que passaram a fornecer detritos transportados em curtos trajetos e depositados no sopé das vertentes, que evoluíram paralelamente a si mesmas e aplainadas por erosão lateral. Durante o Pleistoceno inicia-se um período com grandes alternâncias climáticas que permitiram nova sequência de desdobramentos dos sistemas naturais (Martins & Baptista, 1999).

A mudança final para as condições de clima semi-úmido, atual na região Centro-Oeste, deu-se no final do período Altitermal, no Holoceno. Verifica-se, assim, a ocorrência do intemperismo químico diferencial, que é conseqüência da ação solvente da água em subsuperfície, por meio da lixiviação, provocando rebaixamento topográfico e a formação de rególito (Martins & Baptista, 1999).

2.1.7 Vegetação

O Distrito Federal tem 100% de seu território na área nuclear da região dos cerrados, o segundo maior bioma pertencente ao domínio morfoclimático do Brasil e da América do Sul. Nas últimas décadas, poucas regiões no mundo tiveram crescimento econômico como o ocorrido no Centro-Oeste brasileiro, apesar das restrições edáficas e hídricas. O impressionante aumento da produção agrícola, do rebanho bovino, da infra-estrutura, da atividade industrial, da exploração do subsolo, além do considerável aumento do contingente demográfico, fizeram com que a região mudasse radicalmente seu perfil nos últimos trinta anos (Fonseca et

O modelo como vem sendo conduzido esse crescimento tem deixado muito a desejar no que diz respeito à conservação desse bioma. Percebe-se a instalação de um permanente processo de degradação ambiental e social, chegando a colocar em risco parte significativa das riquezas da região, o patrimônio cultural, os recursos naturais e até mesmo a continuidade da atividade econômica desencadeada (Fonseca et al, 2001).

A agropecuária, base da economia, juntamente com o acelerado processo de urbanização e ainda os garimpos, são os maiores responsáveis pelos impactos negativos produzidos sobre o meio ambiente no bioma cerrado. Utiliza-se o solo agricultável sem as devidas técnicas de manejo; explora-se a fauna e a flora indiscriminadamente; faz-se uso abusivo de agrotóxicos na lavoura e de mercúrio na extração aurífera. Essas formas inadequadas de uso e ocupação do solo tem contribuído para a contaminação do mesmo e da água; as matas ciliares são destruídas desencadeando processos contínuos de erosão do solo, assoreamento dos rios, diminuindo as vazões e a biota local. Entre outras, essas são as ameaças que exigem alternativas ecologicamente sustentáveis para conservação e preservação da vegetação do Planalto Central do Brasil.

O cerrado possui uma grande diversidade climática, de solos e composição biológica. Percebe-se a coexistência de 11 biotas (flora + fauna) que convivem harmoniosamente sem se misturar ou permeando-se em faixas de transição de fitofisionomias. Sua biodiversidade é tão vasta que se pode comparar com a biodiversidade da região amazônica, uma das regiões mais biodiversas do planeta (Fonseca et al, 2001).

Nota-se uma grande variação de vegetação de Interflúvio tais como: mata mesolítica ou mata seca; Cerradão; cerrado típico; cerrado ralo ou campo cerrado; campo sujo; campo limpo e campo rupestre e ainda uma variação de vegetação

associada à presença de água como o campo úmido; campo de murunduns; vereda; brejo; mata de galeria e por fim mata ciliar.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Clima urbano

Por constituir uma das dimensões do ambiente urbano, o estudo do clima tem oferecido contribuições importantes para um maior equacionamento da questão ambiental dos centros urbanos, onde as condições naturais do sítio geo- ecológico são substituídas por um ambiente artificialmente construído, que passa a ser o local de impacto máximo da ação antrópica sobre a superfície terrestre.

As interações entre as atividades humanas e o ambiente se dão em um alto nível de complexidade e tendem a crescer com a expansão dos ambientes urbanos. As transformações ocorridas na natureza e a atuação dos mecanismos que lhes são peculiares são capazes de em circuitos contínuos de “feedbacks” positivo e negativo, gerar novas situações e processos cada vez mais complexos, forçando a novas adaptações ou ajustamentos da sociedade e com elas posteriores repercussões ambientais (Gonçalves 1992).

Com a substituição das superfícies e formas naturais pelas unidades artificiais urbanas, o ser humano tem modificado as propriedades físicas e químicas e os processos aerodinâmicos, térmicos, hidrológicos e de intercâmbio de massa que ocorrem na camada limite da atmosfera. Em conseqüência, as propriedades meteorológicas do ar dentro e imediatamente acima das áreas urbanas ficam profundamente modificadas, criando um distinto tipo climático local, denominado de clima urbano Chandler (1976) apud Ribeiro (2000).

Segundo Carmona (1988), Oke (1988) e Givone (1988) apud Bustos Romero (2000), algumas das influências básicas que diferenciam o clima de uma cidade do clima de sua área circundante são:

a) A transformação artificial da superfície terrestre: os materiais da superfície urbana diferem dos da paisagem natural. Os materiais urbanos possuem capacidade térmica mais alta que a dos materiais dos ambientes naturais e ao mesmo tempo resultam em melhores condutores. A forma da superfície urbana é também muito diferente da do meio natural: é mais rugosa, resultando numa maior fricção entre a superfície e os ventos locais. As superfícies externas das edificações atuam como refletoras e radiadoras, aumentando os efeitos da radiação incidente. O efeito diferenciador entre as duas paisagens fica acentuado quando a altura solar é mínima. A paisagem natural apresenta poucas superfícies verticais onde possam incidir os raios solares.

b) A infra-estrutura urbana de drenagem elimina rapidamente a água da chuva, impedindo a incorporação ao chão e o aumento da umidade. A evaporação nas áreas urbanas é menor que a das áreas rurais.

c) Aumento da contaminação do ar pelas atividades urbanas geram fumaças, gases e poeira, que se incorporam à atmosfera. As substâncias em suspensão no ar reduzem a insolação e prejudicam a re-irradiação para o espaço.

d) Geração local de energia térmica. As cidades produzem calor tecnógeno, por causa das indústrias, dos veículos de transporte e de algumas infra- estruturas.

O processo de urbanização faz com que o clima das cidades adquira fatores que o distingam das principais características do clima prevalecente “localmente”. Esta inconformidade com as características climáticas locais gera uma forma particularizada de clima, e, devido a sua área de abrangência, é eventualmente denominado microclima urbano (Matsuda, 2003).

Não seria ilegítimo ou exorbitante, contudo, ver a cidade como fato geográfico penetrando em seu interior, observando e confrontando o ar comprometido com o organismo urbano, em meio à sorte de efeitos anômalos que vão produzir o “clima urbano”, uma das componentes básicas ao quadro geral da qualidade ambiental da cidade (Ribeiro, 2000).

Segundo Brandão (1996), é na cidade ou ambiente urbano que a ação do homem se faz com intensidade máxima. A magnitude de produção e armazenagem de calor nos centros urbanos são profundamente alterados e diferenciados daqueles do ambiente circundante. Aliados à própria dinâmica da população aí concentrada, circulando e desempenhando variadas atividades e serviços, fazem com que as cidades sejam – por excelência – os lugares onde as resultantes ambientais configuram-se como obra conjunta de uma natureza retrabalhada e afeiçoada aos propósitos do viver humano (Monteiro, 1976).

A cidade, por sua vez, gera um clima próprio (clima urbano), resultante da interferência de todos os fatores que se processam sobre a atmosfera urbana e que agem no sentido de alterar o clima em escala local. Seus efeitos mais diretos são percebidos pela população mediante manifestações capazes de desorganizar a vida da cidade e deteriorar a qualidade de vida de seus habitantes (Monteiro 1976).

A urbanização resulta em grandes modificações no ambiente existente, os elementos que compõem o clima urbano sofrem modificações em função das interferências sofridas pelo ambiente. O balanço energético no ambiente

socialmente construído sofre profundas modificações no que diz respeito à temperatura de superfície e do ar, umidade relativa, direção e velocidade dos ventos e também no quantitativo das precipitações. Pode-se evidenciar um aumento significativo das precipitações pluviométricas em determinadas áreas urbanas, pois alguns aerosóis podem funcionar como núcleos de condensação dos quais as gotículas de água são formadas (Drew, 2002). Esse fenômeno é mais evidenciado nas bordas dos centros urbanos.

A urbanização também é bastante significativa em termos de modificação do clima em escala local. A materialidade física da cidade e as atividades dela decorrentes promovem alterações nos balanços energético, térmico e hídrico resultantes, trazendo como conseqüências modificações importantes nas propriedades físicas e químicas da atmosfera, propiciando, assim, a criação de condições climáticas distintas das áreas não urbanizadas (Gonçalves, 1992, citado por Pereira, 2004).

O clima urbano é um sistema que abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização. É um mesoclima que está incluído no microclima e que sofre, na proximidade do solo, influências microclimáticas derivadas dos espaços urbanos (Lombardo, 1985).

A cidade deve ser considerada parte integral do espaço regional, assim como suas contradições internas. Devem-se analisar as variações do ambiente urbano, nos vários níveis que o constituem, pois a cidade tanto se integra em níveis superiores, como se divide em setores, bairros, ruas, casas, ambientes internos, etc, uma vez que o clima local se insere em climas sub-regionais, regionais e zonais, como também pode ser subdividido até os microclimas (Monteiro, 1976).

As atividades socioeconômicas urbanas, de maneira geral, são fatores de formação do clima urbano, sendo que a intensidade do adensamento urbano e

humano e a localização geográfica das cidades desempenham forte influência em tal formação. Dessa forma, o clima constitui-se numa das dimensões do ambiente urbano e seu estudo tem oferecido importantes contribuições ao equacionamento da questão ambiental das cidades. As condições climáticas destas áreas, entendidas como clima urbano, são derivadas da alteração da paisagem natural e da sua substituição por um ambiente construído e palco das mais intensas atividades antropogênicas (Mendonça, 1995).

Danni-Oliveira (2000) explica que as relações decorrentes do entrosamento entre clima e meio ambiente urbano como um sistema aberto, uma vez que sujeito à entrada e saída de energia; singular, pois restrito à cidade; complexo dado à variedade e intensidade de relações que nele se estabelecem; evolutivo, pois seguem a dinâmica do fato urbano bem como a climática, e ainda auto-regulável, visto serem passíveis de ações de feedback por parte dos agentes gerenciadores urbanos.

A intensidade da urbanização que pode ser expressa em termos de espaço físico construído, principalmente em termos de verticalização do espaço, que é o caso específico do CBD altera significativamente o clima e a circulação atmosférica local, dessa forma o clima urbano surge como a maior expressão do poder de decisão do homem sobre as características atmosféricas e ecológicas de um determinado lugar.

A definição de clima urbano, portanto, se realiza em termos de comparação com o seu entorno próximo, e é a partir das diferenças com o mesmo que podemos generalizar o conceito a todas as cidades, sendo que cada uma conserva as trocas climáticas específicas da região em que se assenta. Ainda pode-se considerar, dentro de uma mesma cidade, uma diversidade de combinações, como conseqüência da heterogeneidade da morfologia e estrutura interna de cada cidade concreta no tempo e no espaço.

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