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Fonte: Adaptado de Angelim et al. (2007).

As formações mais recentes são constituídas pelos depósitos aluvionares de canal, colúvio-eluviais, de mangue e dos eólicos litorâneos vegetados e não vegetados. O primeiro tipo consiste em sedimentos associados aos leitos dos rios principais, constituídos de areias finas a grossas, cores variadas, apresentando também matéria orgânica em decomposição (BRASIL, 1981). Esse estudo citado ainda acrescenta que a ausência de fósseis não permitiu a datação precisa dessa formação, mas estima-se que seja do período Holoceno, por estar relacionado ao desenvolvimento da morfologia atual. Os depósitos colúvio-eluviais apresentam uma cobertura média de 15 metros, que diminui à medida que se aproxima do contato com a Formação Barreiras e possui topografia suave. Quanto à litologia, apresenta granulação fina a grosseira, coloração esbranquiçada (Foto 13), às vezes creme ou avermelhada e é constituído de grãos de quartzo, seguido de fragmentos de feldspato e palhetas de mica (BRASIL, 1981).

Os depósitos de mangue são compostos por lamas arenosas plásticas de coloração escura, contendo restos de vegetais em decomposição e recobertos por vegetação característica (ANGELIM et al., 2007). Esse tipo de depósito possui a menor representatividade na bacia e se localiza apenas num pequeno trecho próximo à foz do rio Maxaranguape. Por essa razão, mapeamentos feitos em escalas menores (CPRM, 2001 apud SERHID, 2006) desprezam esse tipo de depósito.

Foto 13 – Depósito colúvio-eluviais no município de Touros, ponto 16 do campo 1.

Fonte: Domingos (2011e).

Os depósitos eólicos vegetados e não vegetados são os conhecidos mais comumente como dunas e paleodunas, e o que distingue um depósito do outro é basicamente a vegetação, como o próprio nome já revela, mas há outras características como a datação, por exemplo. Barreto et al. (2004), observando a geologia e a geomorfologia do quaternário costeiro do Estado, coletaram várias amostras de sedimento em partes distintas do litoral potiguar, sendo que três dessas amostras se encontram no perímetro da bacia, com o intuito de datar tais sedimentos. Os resultados, em especial das amostras na bacia, indicaram idade variando de 500 a 270.000 anos. Em relação aos outros aspectos, no geral esses depósitos são constituídos por areia fina a média, composta em maior parte por grãos de quartzos arredondados.

Seguindo o nível cronológico, a Formação Barreiras (Foto 14) ocupa boa parte da área de estudo, localizando-se, parte aflorante, ao redor dos leitos de alguns rios a leste e, com maior representatividade, na região mais interiorana da bacia. Considera-se aflorante porque essa formação é coberta pelos depósitos anteriormente mencionados. Inicialmente, encontraram-se ainda os que defendem chamar de grupo Barreiras (ARAI, 2006), mas em publicações mais recentes (BALSAMO et al., 2010; ROSSETTI et al., 2011) adota-se o termo Formação Barreiras. Essa formação é a unidade geológica mais expressiva na costa brasileira, apresentado afloramento desde o Estado do Amapá até o Rio de Janeiro (ARAÚJO et al., 2006); possui cores variando do laranja/amarelo ao vermelho/violeta (Foto 15) devido ao estágio de oxidação do ferro (Fe), e é no geral composta de depósitos

sedimentares siliciclásticos de origem continental (SUGUIO; NOGUEIRA, 1999). Especificamente em partes distintas dessa formação, foi encontrada presença, por exemplo, de camadas de siltitos e argilitos, intercaladas com níveis conglomeráticos (MOURA-LIMA et al., 2010); areias grossas a muito grossas, quartzosas, pouco feldspáticas, oxidadas, com estratificação cruzada (SANTOS et al., 2006); e locais com fácies compostas por quartzo, feldspato, clastos de argila, arenito fino a muito fino, dentre outras características (ARAÚJO et al., 2006). Quanto à datação, alguns componentes mais específicos dessa formação no Rio Grande do Norte restringem o tempo de deposição do Barreiras entre 17 e 22 milhões de anos (LIMA, M., 2008). E, complementando, no Estado tal formação exibe larguras que variam de 10 a 40 km (SERHID, 1998b).

Foto 14 – Formação Barreiras no município de Maxaranguape.

Foto 15 – Detalhe da Formação Barreiras.

Fonte: À esquerda, de Amaral (2011) e, à direita, Domingos (2011e), ambas do ponto 1 da etapa de campo 1.

Relacionado às oscilações do nível do mar ocorridas no cretáceo superior (PRATES; SENRA, 2007), a Formação Jandaíra possui esse nome devido a uma seção de 0 a 300 m de um poço perfurado num povoado chamado Vila de Jandaíra e composta por rochas carbonáticas de alta energia sobrepostas aos arenitos da Formação Açu (ANGELIM et al., 2007). É formada por calcarenitos com algas verdes, briozoários e equinóides e bioclastos de moluscos, apresentando também calcilutito com marcas de raízes, dismicrito e gretas de contração (CPRM; UFRN, 2007). Num afloramento exposto por uma pedreira localizada no município de Areia Branca, situado mais a oeste do Estado, foram encontrados fósseis de biválvios, gastrópodes, equinodermas e de cefalópode aminíode (BENAIM; SENRA, 2007). Outros fósseis formados por briozoários foram encontrados num afloramento às margens da RN-117, entre os municípios de Mossoró e de Governador Dix-Sept

Rosado, ambos municípios potiguares (PRATES; SENRA, 2007). O calcário em si possui a coloração creme a cinzento (Fotos 16 e 17), textura fina a média, muito compacto e com fraturas irregulares (SERHID, 2006). Essa formação na bacia, quando não aflorante, está sob a Formação Barreiras e sobre a Formação Açu.

Foto 16 – Formação Jandaíra no município de João Câmara.

Foto 17 – Detalhe do calcário da Formação Jandaíra.

Fonte: Domingos (2011f), ambas do ponto 15 da etapa de campo 2.

A última Formação, a Açu, é composta por arenito médio a grosso de até 1000 m, esbranquiçado, intercalado com folhelhos, argilito verde-claro e siltitos castanhos amarelados (ANGELIM et al., 2007). Vasconcelos et al. (1990 apud CPRM; UFRN, 2007), com base em análises de perfil elétrico, subdividiram essa formação em quatro unidades: I – a que está sob as outras unidades e compreende um ambiente fluvial; II – um sistema fluvial entrelaçado que foi depositado nessa unidade gradando para meandrante grosso a fino em direção ao topo; III – uma unidade que ocorre quando houve o rebaixamento do nível do mar e é composta por rochas de origem fluvial entrelaçada que grada em direção ao topo para um sistema fluvial meandrante grosso, ou seja, essas duas últimas unidades são formadas por sistemas fluviais entrelaçados e meandrantes; IV – uma unidade que ocorre sobre um sistema litorâneo-estuarino, que se localiza no topo da formação, sendo apenas essa e a unidade anterior as aflorantes. Em relação à datação, encontrou-se uma idade mínima de 120 milhões de anos (MARASCHIN et al., 2010).

2.2.7 Hidrogeologia

Com base no Mapa 2 foi possível relacionar as formações que possuem importância em hidrogeologia, ou seja, as formações que têm capacidade de armazenar água (Mapa 8). Há ainda as reservas do aquífero aluvional e os

depósitos/aquíferos de dunas, que também possuem a capacidade de armazenar água, mas eles não foram incluídos na análise do modelo de vulnerabilidade e na análise de suas características, porque não foram encontradas informações pertinentes. Há ainda Melo (1995 apud SERHID, 1998b) que afirma não existirem diferenças de carga significativa entre os Aquíferos Dunas/Barreiras, devendo assim considerar tais aquíferos como sendo um único sistema hidráulico indiferenciado onde se propôs a denominação de Sistema Aquífero Dunas/Barreiras. Dessa forma e não entrando nessa discussão, destacam-se na bacia os Aquíferos Açu, Jandaíra e Barreiras.