Fonte: Adaptado de Angelim et al. (2007).
O Aquífero Barreiras compreende estratos da parte inferior da Formação Barreiras, que possui no Rio Grande do Norte uma extensão de ocorrência efetiva de 4.000 km², quando levado em consideração apenas a parte leste que vai de Touros até a fronteira com a Paraíba. E ainda pode ser considerado o principal reservatório de água subterrânea do Estado por abastecer, através de poços tubulares, vários municípios, inclusive a Capital (SERHID, 1998b). Com base nos perfis litológicos de 410 poços localizados na região citada, verificou-se a espessura do aquífero variando de 3,30 m a 180, 00 m, havendo uma média de 57,94 m, espessura saturada variando de 0,55 m a 83,00 m com média de 26,23 m. Tal
espessura tende a aumentar de oeste para leste; e as regiões compreendidas entre Touros e Pureza e entre Maxaranguape e Natal foram os locais que obtiveram maior espessura saturada (SERHID, 1998b). Na bacia em si a espessura do aquífero varia de 6 a 43 m e a espessura saturada varia de 3 a 27 m (SERHID, 2003). Quanto ao tipo de confinamento, em áreas próximas à da bacia, tanto a sul quanto a norte, verificou-se que a maior parte do Barreiras se comporta como aquífero livre, mas há trechos onde se verificou a ocorrência de semiconfinamentos localizados (SERHID, 2001) (MELO; MORAES; VASCONCELOS, 2009). Dessa forma, toda a área aflorante do sistema pode ser considerada como área de recarga do aquífero.
O Aquífero Jandaíra corresponde à porção superior da formação de mesmo nome, que possui uma área de 17.760 km², dos quais 15.598 km² estão situados no Rio Grande do Norte e, desse valor, 5.980 km² estão recobertos pela Formação Barreiras e depósitos do quaternário (SERHID, 1998b). Em relação à espessura do aquífero, Labhid (2001 apud SERHID, 2003) verificou valores que variam de 10 a 500 m, e especificamente na bacia (SERHID, 2003), os valores variam entre 16 e 67 m com média de 34,8 m. Ainda é caracterizada como sendo de natureza de aquífero livre, e sua recarga a oeste da bacia se dá pela infiltração direta da água pluvial, mas há possibilidade de nesse local existir a recarga por drenança vertical ascendente ou descendente das águas subterrâneas provenientes do aquífero Açu, e na parte mais a leste da bacia recebe águas provenientes do aquífero Barreiras, mediante a drenança vertical descendente (SERHID, 2003).
Como pôde ser observado, a parte aflorante do aquífero Açu possui menor representatividade na bacia, ocupando alguns pequenos trechos isolados. De um modo geral, esse aquífero se situa na parte média inferior da formação de mesmo nome, estando situado numa extensa área que vai do Rio Grande do Norte até o Estado do Ceará. Assim como a formação anterior, a parte aflorante possui uma largura de 5 km, que chega até a 20 km de leste a oeste, e a parte não aflorante está sob a Formação Jandaíra, possuindo uma área total de cerca de 22.000 km² e sua espessura varia entre 40 m a leste e até 400 metros a oeste (SERHID, 1998b). Na bacia o valor da espessura varia entre 43 e 123 m, com média na ordem de 76 m (SERHID, 2003). Quanto ao regime de confinamento, o aquífero na área de estudo é considerado confinado, tanto pela cobertura constituída pela Formação Jandaíra, quanto pelas unidades menos permeáveis da Formação Açu (SERHID, 1998b).
2.3 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
A seguir serão mostradas algumas características principais dos municípios que estão de alguma forma inseridos na bacia. Considerou-se inicialmente uma subdivisão específica (setores censitários) utilizada pelo IBGE (2003) e, em seguida, a divisão política-administrativa.
2.3.1 População e Indicadores Sanitários
Os dados referentes à população e aos outros indicadores são do Censo Demográfico de 2000 (IBGE, 2003), divididos por setor censitário. Escolher essa microdelimitação, ao invés do município, ajuda a caracterizar ainda mais a área de estudo, principalmente por apenas duas sedes municipais estarem dentro da bacia. Optou-se por utilizar os dados desse período porque o recente censo ainda não disponibilizou indicadores sanitários por setor censitário. Até o presente momento só foi disponibilizada por setor censitário a quantidade de domicílios e de população residente. Contudo, no fim deste tópico, os dados de contagem populacional do antigo e novo censo serão comparados.
Além da contagem populacional, serão mostrados, por estarem relacionados com o tema geral da pesquisa, os dados de abastecimento de água, destino do lixo, existência de banheiro ou sanitário e tipo de esgotamento por setor censitário. E a escolha desses outros indicadores se justifica porque eles estão relacionados com o tema geral da pesquisa.
Segundo IBGE (2003), cada setor censitário é dividido com base no número de domicílios que vão de 250 a 350 na área urbana e de 150 a 250 nas áreas rurais. Nos setores classificados como de situação urbana ainda há divisão em três subclasses: área urbanizada de cidade ou vila, área não urbanizada de cidade ou vila e área urbana isolada. Já nos de situação rural há cinco subclasses: aglomerado rural de extensão urbana; aglomerado rural isolado, povoado, núcleo e outros aglomerados; e zona rural, exclusive aglomerado rural.
Para melhor escolher os setores pertencentes à bacia, decidiu-se efetuar um cálculo no Sistema de Informação Geográfica (SIG), que seleciona áreas de um vetor tipo polígono que estão em contato com outro vetor, ou seja, foi selecionada a
feição do vetor representado pelos setores censitários que estão em contato com o vetor da bacia. Ao todo foram selecionados 39 setores, mas cinco desses apenas margeiam a bacia ou grande parte do setor está fora dela (Mapa 9). Dessa forma, foram escolhidos 33 setores censitários, sendo a maioria classificada como zona rural exclusive (24), e os demais são classificados em aglomerado rural isolado – povoado (5) e área urbana de cidade ou vila (2). A população residente nessa área era de 27.972 habitantes e se concentram mais no litoral, e em apenas 13 setores a população está acima de 1.000 hab. (Mapa 9). De certa forma, isso é esperado porque esses setores estão distantes da capital do Estado.