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3.5 Aplicações

3.5.1 Geopolímero para materiais de reparo

Diante do desempenho insatisfatório dos materiais de reparo existentes

sob altas temperaturas, e da recorrência de problemas como fissuras e

infiltrações, surge à necessidade de buscar novos materiais que sejam mais

duráveis e que tenham um desempenho mais satisfatório do que os existentes.

Neste contexto, por conta de suas propriedades, o geopolímero surge como

uma alternativa de material de reparo.

A primeira pesquisa envolvendo a aplicação do geopolímero como base

para material de reparo foi publicada por Balaguru e Kurtz (1998), como mostra

a Figura 8. Desde então, observou-se que os geopolímero apresentam

potencial para ser um excelente material de reparo(WAZIEN et al., 2016).

Figura 8 Gráfico gerado a partir dos artigos indexados na plataforma SCOPUS até a data 20 dez 2016.

Fonte: Autor

Diante da importância de se desenvolver novos materiais para reparo de

estruturas, Hu et al. (2008) analisaram a resistência de união entre o substrato

e geopolímero e constataram que os materiais geopoliméricos possuem

melhores características de reparação do que os materiais à base de cimento.

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Esse estudo feito por (HU, et al.,2008) buscou relatar a influência da

escória de aço nas propriedades de materiais geopoliméricos utilizados em

reparos estruturais. Para isso, na produção do geopolímero ele utilizou como

percursor o metacaulim (produzido através da calcinação da caulinita a 750°C

durante 6 horas), a escória de aço (resíduo de uma ursina chinesa) e o NaOH e

silicato de sódio (SiO2 /Na2O razão molar 3,19) como solução ativadora . Ele

produziu três materiais de reparo, de base cimentícia (traço 0.4:0.95:0.05),

geopolimérica (Mk 1: solução alcalina 0.56) e de base geopolimérica com

substituição parcial de 20% do metacaulim por escória de aço.

No seu estudo Hu et al.(2008) realizou teste de compressão em cps

prismáticos (40x40x40 mm) nas idades de 8h, 1D, 3D, 7D, 28D, ensaio de

aderência, resistência à abrasão e análise da microestrutura através do MEV.

Ele concluiu que até os 7 dias as argamassas geopoliméricas apresentaram

um ganho de resistência mecânica superior ao da cimentícia, mas aos 28 dias

o contrário acontece. Quanto à resistência a abrasão e a aderência ao

substrato de concreto, as argamassas de matriz geopoliméricas apresentaram

melhores resultados que a argamassa de reparo de matriz cimentícia.

Torgal et al. (2008), investigaram o potencial de utilizaçao de uma

argamassa geopolimérica produzida através do tungstênio (resíduos de mina)

como material de reparo de concreto. Nas análises, os ligantes geopoliméricos

apresentaram força de ligação muito mais elevada mesmo em idades precoces

comparada com os produtos comerciais de reparação.

Mazza (2010) estudou o comportamento mecânico e de aderência das

argamassas geopoliméricas produzidas através do metacaulim para

reparo/reforço, em entalhe, de vigas de concreto, chegando à conclusão que a

argamassa geopolimérica melhora o desempenho da peça reparada nos

entalhes e garante o aumento da carga de ruptura das vigas em relação à

referência (graute), indicando-a como uma boa técnica para reforço das

estruturas de concreto.

Mazza (2010) ressalta que a tecnologia dos materiais é capaz de

produzir argamassas geopoliméricas de elevado desempenho, podendo

apresentar uma durabilidade satisfatória frente a agentes agressivos e

aderência para que se restaurem as estruturas. Da mesma forma, Zhang et al.

(2010) salientam que os geopolímeros possuem baixa permeabilidade, são

excelentes anti corrosivos e um ótimo agregado adesivo para pastas e

argamassas. Considerando que as estruturas de concreto são vulneráveis ao

ataque químico por conter uma elevada quantidade de cal, o geopolímero se

mostra um excelente componente para reforço das estruturas.

Phoo-ngernkham et al. (2015), investigaram a utilização de argamassas

geopoliméricas com cinzas volantes para reparo de estruturas de concreto. Os

resultados indicaram que a argamassa geeopolimérica obteve elevadas

resistências ao cisalhamento e de flexão comparativamente com o uso de

argamassas convencionais, além disso, os resultados de microscopia

electrônica de varredura indicaram que a zona de interface do concreto e da

argamassa geopolimérica foi mais homogênea e mais densa. Portanto, este

estudo confirma a idéia que o ligante geopolimérico é um produto alternativo

para reparo de estruturas de concreto.

Duan et al., (2016), propôs um material de reparo de matriz

geopolimérica e impermeável. Para a produção desse geopolímero ele utilizou

o metacaulim como percursor e a formulação 14.51% Na2O, 33.39% SiO2 e

48.53% H2O, com proporção de silicato de sódio e hidróxido de sódio igual a

8:1. Foram moladados CPs de 40x40x40 curados a 20°C e 95% de

umidade relativa do ar. Ele analisou a trabalhabilidade desse material através

dos ensaios de flow table e Vicat penetration test. A resistência à compressão

axial foi analisada com a máquina universal de ensaios (capacidade de carga

de 3000 kN, taxa de carga de 0,6 MPa/s) com 3 h, 6 h, 1 dia, 3 dias e 28 dias.

Ele concluiu que o material desenvolvido possui pega rápida, alta fluidez,

superfície hidrofóbica, baixa absorção de água e alta aderência ao concreto

(justificada pela alta densidade do material), constatada por meio da

investigação da zona de transição.

Bezerra et al., (2013) , em seu estudo, avaliaram a influência da relação

Si/Na no desempenho mecânico de misturas compostas por resíduo da

cerâmica vermelha e hidróxido de sódio, como ativador alcalino.

Além desses estudos que comparam as argamassas geopoliméricas

com as argamassas de reparo estrutural de base cimentícia, já existem

trabalhos comparando o desempenho de materiais de reparo de matriz

geopoliméricas com materiais poliméricos de reparo estrutural (Dufka et al.,

2013; Dufka et al.,2014). Eles avaliaram a possibilidade de uso da argamassa

geopolimérica na reabilitação de estruturas de concreto armado, através do

estudo comparativo com as propriedades das argamassas poliméricas mais

utilizadas para reparo estrutural. Com base nesses estudos concluíram que as

propriedades das argamassas geopoliméricas possibilitam o seu uso como

material de reparo estrutural.

Bencardino, F., Condello, A. (2016), investigaram técnicas de reparo de

elementos de concreto armado, cujo cobrimento estavam deteriorados e ou

com que apresentavam corrosão nas barras. sistemas de reparo de vigas,

utilizando SRGM (Steel Reinforced Geopolymeric Matrix)

Para Duan et al., (2016) a alta resistência a compressão axial (20Mpa

em 3 horas), alta aderência e baixa absorção de água são propriedades que

possibilitam a utilização da argamassa geopolimérica exposta fatores de ação

deletéria como é o caso da utilização como revestimento de estruturas em

ambientes marinhos e como material de reparos de pavimentos de concreto.

Zhang et al.,(2016) também traz um estudo experimental e uma análise

comparativa das propriedades mecânicas e do comportamento térmico da

argamassa geopolimérica (GM), das argamassas de reparo estrutural

comerciais de matriz cimento-polímero modificado e das argamassas de reparo

de matriz cimentícia. A argamassa geopolimérica estudada ele possui matriz

composta por uma solução alcalina ativadora e uma mistura de metacaulim e

cinza volante, como fonte de aluminosssilicatos na proporção de 15.8 wt%

K2O, 24.2 wt% SiO2 e 60 wt% H2O (SiO2/K2O razão molar de 2.4), já as

argamassas polimérica e cimentícia utilizadas nesse estudo são industrializada.

Neste trabalho de Zhang H., et al.(2016) são realizados os ensaios de

flexão, compressão, tração e aderência de argamassa geopoliméricas em

substrato de concreto, à temperatura ambiente e após exposição a

temperaturas elevadas. Os dados destes testes são utilizados para avaliar a

flexão residual, a compressão, a resistência à tração e a aderência da

argamassa geopolímera. A perda de massa, o fluxo térmico e a dilatação

térmica foram medidos por análise TG-DSC e testes dilatométricos, para

elucidar o mecanismo de degradação de resistência da argamassa

geopolimérica a altas temperaturas.

A partir deste trabalho, Zhang H. et al.(2016) concluíram que a

resistência à flexão, à compressão, à tração e à aderência da argamassa

geopolimérica aumenta a 100 ° C, e depois diminui em 300-700°C. E que a

argamassa de geopolímerica exibe boas características de ligação em

argamassa de cimento ou substrato de concreto, devido à formação de hidratos

de silicato de cálcio resultantes da reação interfacial entre a solução de silicato

de potássio em argamassa de geopolímero e hidróxido de cálcio em

argamassa de cimento ou substrato de concreto. Assim, argamassa de

geopolímero pode ser eficaz como um material de reparo em estruturas de

concreto de reforço.

Apesar do avanço do desenvolvimento de novos materiais

geopoliméricos para aplicação na construção civil, ainda existe à necessidade

de aprofundar os estudos a respeito da resistência mecânica, durabilidade e a

sua aplicação em argamassas de reparo, levando em consideração as

condições que serão expostos, a profundidade de reparo e ainda o tipo de

resíduo precursor a ser utilizado.

4 METODOLOGIA

A seguir será exposto o procedimento experimental para a realização

dessa pesquisa, assim como os métodos e técnicas para a caracterização dos

materiais. O programa experimental por sua vez, será divido em quatro etapas.

A primeira etapa corresponde à coleta, beneficiamento e caracterização de

materiais. A segunda etapa será a formulação dosagem e produção e

caracterização do cimento geopolimérico. A terceira etapa está ligada dosagem

da argamassa geopoliméricas de reparo, produção de materiais de reparo de

base geopoliméricas, epoxídica e polimérica e caracterização desses materiais.

Por fim, a quarta etapa está ligada a moldagem e reparo de vigas de concreto

armado utilizando os materiais de reparo de base geopoliméricas e avalição do

comportamento mecânico das vigasa repadas. Essas atividades serão

desenvolvidas no laboratório de catálise do Instituto de Química da UFBA

(LABCAT), no Timoshenko e no Centro Tecnológico das Argamassas (CETA),

ambos na Escola Politécnica da UFBA.

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