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5.1 Construto da formação da rede

5.1.3 Geração de vantagens e benefícios

No caso em análise, observa-se uma interligação entre empresas, entidades de classe e órgão governamentais. O quadro institucional formado por estes atores atuando de maneira colaborativa, passa a ter um papel importante no que tange ao desenvolvimento da rede e a sua contribuição para as empresas participantes em virtude das externalidades positivas

APEX Brasil IBRAVIN Empresa A Empresa B Empresa C Empresa n Entidades Apoiadoras Promoção Comercial Internacionalização Wines from Brazil

geradas no espaço local de colaboração. Essas externalidades, segundo Marshall (1984), acabam criando um conjunto de fatores intangíveis que permitem a criação e ampliação de vantagens competitivas do atores envolvidos na rede.

No caso do setor vinícola, a proximidade geográfica proporcionada pela concentração de empresas no arranjo produtivo vitivinícola da serra gaúcha tem gerado externalidades positivas. Esta visão corrobora o trabalho de Alievi e Fensterseifer (2005) e ganha importância pelo fato do vinho ser um produto cuja qualidade é um fator estratégico para a manutenção da marca da empresa. A qualidade do vinho depende de um investimento em toda a cadeia produtiva, desde a escolha dos varietais adequados e de boa qualidade, a condução correta do vinhedo (poda e irrigação), a colheita, o processamento da uva, a fermentação e o envelhecimento. Desta forma, ações de integração entre as diversas empresas do setor ao longo de toda a cadeia produtiva proporcionam a geração de beneficios para o setor como um todo.

Ampliando a visão da necessidade de cooperação no setor vinícola para a competitividade no mercado, Sato e Ângelo (2007) destacam que para atingir altos padrões de qualidade, as vinícolas brasileiras sofrem algumas perdas frente aos países produtores que apresentam vantagens na especificidade de localização, como Argentina e Chile, por estarem em zonas de aptidão de clima e solo. Os custos para atingir a qualidade equivalente, provavelmente são mais elevados no Brasil, exigindo-se das vinícolas brasileiras um gerenciamento estratégico mais elaborado, investimento em tecnologia e parcerias.

No caso da rede em análise, o gerente do Ibravin acredita esta contribui para a geração de externalidades para o setor, visto que desenvolve o setor como um todo ao promover os vinhos brasileiros, tornando-os conhecidos no exterior. Ele explica que se o vinho brasileiro é vendido no exterior demonstra ter qualidade, e dessa forma, amplia a competitividade do vinho brasileiro frente aos produtos importados no mercado nacional, por estarem no mesmo nível dos demais países produtores de vinho.

Nesta linha, a diretora da Vallontano coloca que vantagens proporcionadas pela rede têm auxiliado as empresas a enfrentarem a concorrência do mercado doméstico, principalmente com vinhos argentinos e por produtos similares ao vinho, como coquetéis, que acabam sendo consumidos erroneamente por falta de conhecimento dos consumidores. Então,

para a diretora, a rede cria benefícios para o setor no momento em que permite às empresas buscarem novos mercados como uma saída alternativa para enfrentar as adversidades.

Para o gerente da Miolo entrevistado, a rede contribui na geração de benefícios para o setor porque está disseminando uma idéia de qualidade e da possibilidade de expandir o mercado de atuação das vinícolas para além do Brasil. A representatividade proporcionada pelas ações em conjunto no mercado externo proporciona vantagens relativas para o setor, bem como para as empresas participantes, visto que no momento da associação em rede as empresas somam forças na promoção do vinho brasileiro. A enóloga da Dal Pizzol destaca que se os compradores de vinho souberem que o Brasil possui um produto bom, quer dizer que a vinícola e as empresas da rede possuem por sua vez um bom produto.

Essa relação entre a qualidade do produto e a sua origem possui grande relevância no setor vinícola, visto que este tipo de produto carrega a imagem do local de fabricação. Neste sentido, a gerente da Casa Valduga observa que dentro da rede existe uma preocupação constante na melhoria do produto, no embarque de produtos de alta qualidade, visto que como as empresas estão criando uma imagem do vinho brasileiro, estes devem mostrar os melhores produtos.

A diretora da União de vinhos acredita que a principal vantagem competitiva proporcionada pela rede está na facilitação para venda dos produtos no exterior, por meio da redução de custos para participar de eventos. Por outro lado, a diretora da Lídio Carraro destaca a geração e disseminação de conhecimento durante eventos, palestras, cursos que ensinam a exportar, montar tabela de preços e auxiliam na logística.

Na concepção dos entrevistados, a rede tem proporcionado vantagens tanto para as empresas maiores como para as menores. No caso da Miolo, uma das maiores empresas da rede, o gerente acredita que a empresa não conseguiria fazer mais de 50% das atividades internacionais desenvolvidas atualmente se não existisse a rede. Da mesma forma, as empresas menores participantes do Wines from Brazil também obtêm vantagens competitivas, tanto pelo fato de apresentarem variedades diferentes, quanto pelo acesso ao know how das empresas maiores pertencentes à rede e que já possuem experiência exportadora.

Dentre as vantagens e benefícios proporcionadas pelas atividades internacionais, observa-se a contribuição destas atividades para a competição no mercado interno. Os entrevistados destacam o status gerado pelo fato de estarem exportando. Dessa forma, as ações da rede beneficiam os associados no mercado interno, como o caso da campanha institucional denominada “Vinhos do Brasil, uma boa escolha”, veiculada no período de 5 de junho a 10 de agosto de 2008 na Rede Globo. Foram investidos nesta campanha R$ 2.000.000,00 pelo Ibravin e Wines from Brazil, como o objetivo promover os vinhos brasileiros, comunicar a evolução qualitativa da vitivinicultura brasileira e apresentar situações de consumo de vinhos e espumantes.

Na visão do gerente da Vinícola Garibaldi, ações como esta aumentam a credibilidade do vinho brasileiro não só no mercado interno como no mercado externo, principalmente pelo fato de que a rede uniu as empresas. Na sua percepção, se não fosse a rede, as empresas exportadoras de vinho seriam concorrentes entre si, mas com as ações coletivas do projeto, estas passam a compartilhar ações que melhoram a competitividade das empresas como um todo, superando assim a visão da competição individualizada.

Observa-se que as ações promovidas pela cooperação em rede resultam em externalidades positivas nas empresas associadas. O ambiente de rede resulta em vantagens relativas para a internacionalização das empresas participantes, como redução de custos e geração de conhecimentos, bem como aumento da competitividade no mercado interno, visto melhorar a imagem e a qualidade do produto nacional. O quadro 09 apresenta uma síntese dos resultados obtidos no construto formação da rede.

Construto Variável Resultados Encontrado Caracterização da

rede

• Projeto Setorial Integrado, apoiado pela APEX e pelo Ibravin com foco no desenvolvimento da imagem do vinho fino brasileiro.

Tipologias

• Direcionalizadade horizontal; • Localização dispersa; • Base contratual formal; • Poder de decisão orbital; • Orientação ofensiva;

• Similaridade (operam dentro do mesmo segmento); • Consórcio promocional.

Formação da Rede

Vantagens e benefícios

• A rede proporciona externalidade positivas tanto para o mercado externo como para o mercado interno;

• Desenvolve uma imagem positiva do vinho brasileiro, aumentando a competitividade das vinícolas no mercado externo;

• Aumenta a competitividade do vinho brasileiro no mercado doméstico.

Quadro 09 – Síntese do construto da formação da rede Fonte: Autor da Pesquisa