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2.1 POLOS GERADORES DE VIAGENS

2.1.2 Geração de viagem

O estudo de geração de viagens é imprescindível aos estudos de tráfego, pois é através dele que se estima o número de viagens. Esse número considera a quantidade de veículos que realizam, ou irão realizar, viagens na área de estudo, considerando os pares de Origem e Destino (O/D) existentes.

De acordo com DNIT (2006), o conceito de viagem pode ser definido como cada percurso realizado por um veículo, uma pessoa ou uma mercadoria, desde que haja possibilidade de esta ser caracterizada segundo o seu meio de transporte. A viagem parte de um ponto de origem para um ponto de destino.

Ortúzar e Willumsen (2001) descrevem que as viagens podem ser baseadas nas residências ou não. Denominam de Home-based (HB) trip são aquelas viagens baseadas nas residências, nestes casos a residência é tida como ponto de origem ou de destino da viagem. Enquanto que Non- home-based (NHB) trip são as viagens que não possuem como base as residências, tendo origem ou destino em outros locais como trabalho, comércio, escolas etc.

As viagens podem ser classificadas ainda de acordo com o propósito que possuem, como hora do dia ou tipo de usuário. Basicamente, o objetivo da geração de viagem é identificar o número de viagens produzidas e atraídas para cada zona de tráfego, em que se entende produção como origem, e atração, como destino dos deslocamentos.

Uma abordagem bastante tradicional no planejamento de transporte e que faz uso da geração de viagens é o modelo de quatro etapas, o qual compreende as seguintes etapas: geração de viagens, distribuição de viagens, escolha do modal e alocação das viagens.

Primeiramente, identificam-se as características dos viajantes e de usos do solo. Estas características são calibradas e validadas para produzir uma estimativa de demanda, que normalmente se apresenta através de uma Matriz Origem e Destino (O/D). As etapas seguintes realizam o carregamento da demanda gerada na rede de transporte, através de um processo que considera a divisão modal e a escolha de rotas (alocação) (MACNALLY, 2007).

A Tabela 2 apresenta de forma resumida a definição de cada etapa do modelo quatro etapas.

Tabela 2 – Resumo de definição do modelo quatro etapas

Etapas Descrição

1. Geração de Viagens

A área de estudo é subdividida em zonas de tráfego, conforme suas características socioeconômicas e de uso de solo, buscando a maior homogeneidade de cada zona. As viagens produzidas terão origem em cada uma dessas zonas e as atraídas por determinada zona, terão esta como destino.

2. Distribuição de Viagens

As viagens geradas por uma determinada zona de tráfego devem ser distribuídas de modo a identificar os volumes para as demais zonas. Significa o momento de determinar o destino e a origem das viagens. Para isso, desenvolve-se uma matriz OD.

3. Escolha Modal

É estimada a porcentagem das viagens que serão feitas por tipo de modal. É permitida a simplificação, através do agrupamento das viagens realizadas por modos similares, como transporte público, veículos particulares e modos não motorizados.

4. Alocação de Viagens

É considerada a rede de transportes em questão, pois trata-se da alocação das viagens estimadas na referida rede, através da definição das rotas. Fonte: Andrade e Portugal (2012) e Mello (1975).

Mello (1975) descreve que a geração de viagens abrange a determinação do número do tráfego gerado. Este é constituído por viagens que se originam em uma determinada zona de tráfego, por unidade de tempo. O tráfego gerado é composto por uma quantidade de viagens produzidas e também pela quantidade de viagens atraídas por uma dada zona de tráfego, em uma unidade de tempo.

A modelagem para a previsão de geração de viagens depende essencialmente da quantidade e da qualidade dos dados, além da forma estrutural dos modelos. Os dados são obtidos considerando as relações entre as características das viagens e as informações sobre a situação socioeconômica da população (MELLO, 1975).

Conforme Ortúzar e Willumsen (2001), o método que aplica análise de regressão para o cálculo da geração de viagens tem sido o mais utilizado, pois se apresenta como superior ao método do fator de crescimento – este, apesar de já ter sido muito empregado, proporciona resultados menos precisos.

Com relação ao estudo dos PGVs, de acordo com Andrade e Portugal (2012), o conceito de geração de viagens ganha um novo significado. Ao invés da zona de tráfego, o empreendimento ou a atividade é que passam a ser considerados como origem ou destino. A quantidade de viagens cuja origem é o polo são as viagens produzidas, e a elas são somadas as viagens atraídas pelo mesmo. O resultado será a quantidade de viagens geradas pelo PGV.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da cidade de São Paulo definiu equações matemáticas que permitem determinar a geração de PGV industriais em função do número de funcionários, ou da área construída, ou da área total do terreno.

Em função do número de funcionários, chegou-se à Equação 1:

𝑣 = 0,545 ∗ 𝑁𝐹 − 12,178 (1)

Sendo que v é o número de viagens atraídas na hora de pico e NF o número de funcionários.

Em função da área construída, chegou-se à Equação 2:

𝑣 = 0,031 ∗ 𝐴𝐶 − 23,653 (2)

Em que v é o número de viagens atraídas na hora de pico e AC a área construída em m2.

Outra forma de estimar o número de viagens atraídas pelo PGV industrial é em função da área total do terreno, conforme a Equação 3:

𝑣 = 0,021 ∗ 𝐴𝑇 − 4,135 (3)

Sendo v o número de viagens atraídas na hora de pico e AT a área total do terreno em m2 (GOLDNER, 2014).

Uma situação de emergência em uma usina nuclear tem as características de um evento especial, em que um grande número de viagens são produzidas e não atraídas, visto que as pessoas precisam se afastar da área de risco. Senso assim, o cálculo do número de viagens no caso de uma emergência nuclear não é bem representado pelas equações anteriores, visto que elas se referem às situações normais de tráfego.

No que se refere aos eventos especiais, Pinto et al. (2012) salientam que a compreensão de origens, destinos e percursos das viagens, bem como o tempo de deslocamento dos agentes envolvidos, tornam-se elementos imperativos para a prospecção de público, no dia do evento. Para melhor compreender esses eventos tidos como especiais também chamados de megaeventos, a seção 2.1.3 descreve suas principais características.