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A administração tradicional é aquela cujas ações se fundamentam nos pressupostos de Adam Smith, Taylor, Fayol, Elton Mayo e Ford, bem como nas correntes de cultura organizacional e de qualidade total. Suas bases conceituais se revelam não como ciência, mas como doutrina (Aktouf, 1996). Segundo o autor, para essa doutrina, eficácia é sinônimo de submissão, logo, empregado é alguém para ser teleguiado. Disciplina, ordem, obediência, hierarquia, diferenças de status, separação dos papéis de concepção e de realização são seu pilares. Afirma, ainda, que a administração tradicional privilegia crenças míopes, tais como “o homem no lugar certo”. Incorporar tal crença seria limitar as capacidades de uma pessoa ao que é exigido pelo posto que ocupa, não oferecendo oportunidades para a inventividade, iniciativa, imaginação, engajamento criador, busca do sentido do trabalho. É aquela que vê pessoas como “recursos humanos”.

Aktouf (1996, p. 47) afirma ainda que a administração tradicional é aquela que encontra legitimidade nas escolas de administração que, enfaticamente, privilegiam análise, abstrações matemáticas, cálculo e estudos de caso. Na perspectiva do autor, essas coisas são importantes, mas não são sinônimos de reflexão, nem conduzem, necessariamente, à organização inteligente. Ou seja, administrar não é o mesmo que dominar técnicas e receitas.

Aktouf (1996) vê o modelo dominante (administração tradicional) em pleno processo de esgotamento. Acredita que os desgastes têm sido consideráveis, pois tem havido destruições de organizações inteiras, chegando-se inclusive ao inverso do conceito de “empresa de excelência”. O que se teria são fantásticos avanços tecnológicos ao lado de altas taxas de desemprego, pauperização e angústia existencial. O autor considera que até agora tivemos humanismo de fachada e que muitos aspectos intangíveis da gestão são muito mais determinantes do sucesso de uma empresa do que os materiais tangíveis.

Para Aktouf (1996) a administração renovada é aquela que se caracteriza pela preocupação com a equidade, transparência, solidariedade- cumplicidade, e que espera pela criatividade, originalidade, inovação e talento

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aglutinador do novo administrador. É aquela que percebe o ser humano como uma criatura imaginativa, capaz de livre arbítrio e possuidor de capacidades associativas e generalistas (tais capacidades referem-se a atividades mentais para a construção dos pensamentos e idéias).

Para a renovação da administração, Aktouf (1996) sugere que se vá buscar bases teóricas em outros saberes, bem como experiências em outros países, que não somente os Estados Unidos  principal bastião das teorias tradicionalistas  e de empresas que, mesmo americanas, estejam buscando novos caminhos.

Mudanças, admite o autor, não se farão de um dia para outro. Como ele reconhece, tem-se, de um lado, o poder paralisante do empregador; de outro, a resistência, também paralisante, do empregado. Assevera, porém, que são necessárias, tendo em vista que este movimento por maior humanidade na empresa não é um ideal romântico, nem um ato de filantropia nem uma utopia, mas uma necessidade. Para realizá-la, é preciso incorporar um novo estado de espírito, certa sabedoria, nova generosidade.

Bennis (1995) escreve que a administração das organizações do futuro deverá atender a várias condições que determinarão a vida organizacional. Ou seja, assim como as pessoas, o processo administrativo e as próprias organizações acompanharão as mudanças do comportamento e os saberes humanos.

Peter Drucker (1999, p. 5) afirma que num período relativamente curto  talvez desde o final dos anos 40 ou início dos anos 50 – nunca existiram tantas novas técnicas gerenciais como hoje. Motta (2001, p. 20) acrescenta que:

[...] atualmente já se aceita tratar a função gerencial como extremamente ambígua e repleta de dualidades, cujo exercício se faz de forma fragmentada e intermitente. Com isso, torna-se difícil defini-la de forma análoga a outras profissões. Sabe-se hoje, também, que muitas das antigas dificuldades em se definir a função gerencial provinham {tanto] de perspectivas excessivamente ordenadas da própria função quanto dos contextos organizacionais onde ela é exercida.

Para Maslow, (apud Schultz e Schultz, 1981), cada pessoa (gerente) traz em si uma tendência inata para tornar-se auto-realizadora. Esse nível mais

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alto da existência humana envolve o desenvolvimento e o uso supremo de todas as suas qualidades e capacidades, a realização de todo o nosso potencial. Neste contexto, também se inserem: o desenvolvimento de conhecimentos e potencialidades relativas à própria atividade de gerência.

Para tornar-se realizadora, a pessoa (o gerente) precisa satisfazer as necessidades que estão na escala mais baixa da “hierarquia das necessidades”. Essas necessidades são inatas e cada uma delas tem de ser satisfeitas, antes que a próxima necessidade da hierarquia surja para nos motivar. Estas necessidades, na ordem em que têm de ser atendidas são:

1) as necessidades fisiológicas (comida, água, ar, sono e sexo),

2) as necessidades de garantia (segurança, estabilidade, ordem, proteção e libertação do medo);

3) as necessidades de pertinência e de amor,

4) as necessidades de estima dos outros e de si mesmo; e as necessidades de auto-realização.

De qualquer forma, além dessa visão interna a si que envolvem além de necessidades materiais as necessidades psicológicas, alguns autores, como Wick e León (1999), acreditam que o gerente deve ter, também, a preocupação com o exterior, notadamente a competição entre as empresas.

A maioria do estudos na área de administração apresentam um contexto baseado na competitividade, na busca pela qualidade e pela produtividade. Para isso, o gerente precisa de uma série de qualidades individuais, como dinamismo e empreendedorismo para ajudar as organizações a alcançarem seus objetivos.

Segundo Wick e León (1999), pode-se fazer uma comparação entre o administrador do passado e o administrador do futuro, que, no entendimento do autor, na realidade pertence a um futuro que já deveria estar presente nas organizações, como mostra o quadro que segue:

Quadro 2 - Características do Novo Administrador

Os administradores do passado Os administradores do futuro • aprendiam quando alguém lhes ensinava • procuram deliberadamente aprender • achavam que o aprendizado ocorria • reconhecem o poder do aprendizado

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principalmente em sala de aula decorrente da experiência de trabalho • responsabilizavam o chefe por suas

carreiras

• assumem a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento

• acreditam que sua formação já estava completa ou só precisava de pequenas reciclagens

• encaram a educação como uma atividade permanente e para toda a vida

• não percebiam a ligação entre o que aprendiam e os resultados profissionais

• percebem como o aprendizado afeta os negócios

• deixavam o aprendizado a cargo da intuição

• decidem intencionalmente o que aprender

Fonte: Adaptado de Wick e León (1999, p. 87)

Sob essa perspectiva, as habilidades pessoais e interpessoais vêm se tornando cada vez importantes, já que os administradores estão começando a entender que a principal vantagem competitiva de uma organização está em seus recursos humanos. Aparentemente, esta conclusão muda todo um processo de desvalorização do homem, passando a considerá-lo como um ser dinâmico e sistêmico, capaz de interagir, de participar ativamente da vida e na organização (Silva, 2000).

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