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GERMANO E A DOCUMENTAÇÃO PARA O SPHAN

Figura 15: Retrato de Germano Graeser. (Arquivo IPHAN/SP)

Em 1921, Germano Graeser e Aldonio Faria arrendaram a Photographia Péres e mais tarde fundaram a firma GRAESER & CIA, estúdio e loja de artigos fotográficos, que funcionou até 1945. Lá os sócios dedicavam-se às fotografias de retratos em estúdio e retratos de alunos dos grupos escolares da cidade. Durante esses anos de atividade, ele atuava fotografando pessoas em estúdio e não produzia fotos em espaços abertos, seus clientes eram fotografados com cenários de paisagens pintadas em telas, num ambiente de total controle da luz e da cena.

Como José Saia Neto afirma: “(...) o conhecimento de arquitetura dele [Germano], antes do IPHAN, era praticamente inexistente. Ele era fotógrafo de estúdio, daquelas fotos que você tem um fundo com uma coluneta, um vaso, para a pose da família, um fundo... Agora, no IPHAN ele abandona estes recursos.” (2010: 10). Era uma atuação, portanto, completamente diferente da que teve nos trabalhos do patrimônio, com saídas a campo, fotografando ao ar livre ou dentro de obras arquitetônicas, utilizando apenas a luz ambiente, sem muito controle da iluminação da cena. Essas diferenças iriam refletir em seus primeiros trabalhos apresentados.

Figura 16: Papel timbrado da empresa GRAESER & CIA (Detalhe), 1937. (Arquivo IEB/USP).

A firma GRAESER & CIA, em São Carlos, também trabalhava com comercialização de materiais e equipamentos, conforme consta no papel timbrado da empresa (figura 16). Eles trabalhavam com artigos fotográficos e eram agentes de empresas como a Kodak, Goerz, Agfa, Hauff, Bayer, Pathé-baby, entre outras.

Comercializavam no estúdio os seguintes equipamentos e serviços: câmara escura para amadores, máquinas fotográficas, aparelhos cinematográficos, objetivas, chapas , papéis, quími- cos, binóculos, álbuns, filmes, revelações, cópias, ampliações, acessórios. Foi esse trabalho que sustentou o fotógrafo durante os intervalos entre uma empreitada e outra para o SPHAN.

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3 Chapas são filmes fotográficos compostos por uma base que pode ser uma placa de vidro, placa de metal ou plástico flexível e transparente, coberta por uma emulsão fotográfica, geralmente nos formatos 4x5 polegadas, 8x10 polegadas, 11x24 polegadas. Esses formatos de filmes são de maior qualidade de imagem final e maior definição, para uso com câmeras fotográficas de grande formato, usadas quase que só em estúdios fotográficos e fotografia de arquitetura. Cada chapa corresponde a uma imagem fotográfica que pode ser em negativo ou positivo, dependendo do tipo de filme.

Nos primeiros levantamentos feitos pelo SPHAN para documentar o que se achava de valor artístico e histórico, o Mário e o Saia obtiveram maus resultados com a fotografia: falharam, saíram incorretos, não expressavam a qualidade apontada nos objetos. Decidiram que o trabalho seria feito por um profissional qualificado, sensível e interessado. (1981:18)

(...) tanto o Mário quanto o Saia perceberam que não daria para fotografar. Mas eles sabiam fotografar! […] eles acharam que, já que as viagens eram muito complicadas – para chegar daqui até Ubatuba, demorava-se dois dias -, eles precisariam fazer uma documentação fotográfica um pouco mais definitiva. Porque, destas viagens, destes percursos de descoberta, de documentação, resultavam relatórios que eram enviados para o Rio de Janeiro. [...] Ninguém conhecia nada de patrimônio histórico. E, [...] eles começaram a pensar numa documentação fotográfica mais definitiva, para saber que rumo tomar. (2010: 03)

Com o início dos trabalhos no SPHAN em São Paulo, Mário de Andrade e Luiz Saia, ambos conhecedores das técnicas de fotografia, logo perceberam que os registros fotográficos necessitariam de um profissional, nas palavras de Jaelson Britan Trindade:

E foi em setembro de 1937, por indicação do amigo Luiz Saia, também nascido em São Carlos/SP, que Germano Graeser inicia seu trabalho no SPHAN/SP a convite de Mário de Andrade, como fotógrafo profissional, integrando a equipe nas viagens pelo Estado para documentar edificações e obras de arte. Assim, iniciava tanto seu processo de aprendizado e pesquisa em documentação do patrimônio histórico e artístico, como o aprofundamento dos conhecimentos técnicos para essa nova área da fotografia, que se tornaria sua posterior paixão. Desenvolveria ao longo dos anos, para este ofício, uma fotografia que favorecia o conhecimento e o estudo das obras, situando os bens no espaço, contando a própria história da constituição do patrimônio e de seus detalhes mais importantes.

Nesses anos iniciais, Germano Graeser era contratado por empreitada para realizar as viagens e fotografar os locais designados. Foi orientado na primeira viagem de fotografação por Mário de Andrade e Luiz Saia que o acompanharam. Nas viagens seguintes o fotógrafo viajaria sozinho, mas sempre sob sua orientação, pois os três mantinham correspondências sobre o trabalho realizado e opinavam sobre os que ainda seriam realizados, selecionavam as fotos e até rejeitavam algumas imagens que eram refeitas. Porém, parte dessas orientações se dava em conversas antes das viagens, as quais infelizmente não ficaram documentadas. Germano sempre vinha de São Carlos até a cidade de São Paulo, para comprar os materiais necessários para o trabalho e se encontrava com Mário de Andrade e/ou Luiz Saia para receber instruções e o roteiro da viagem, efetuar entregas ou falar sobre as fotografias já realizadas.

E ainda segundo Antônio Gameiro:

(…) Como viajar? Ficou resolvido que de trem é perder tempo imenso e fugir de coisas importantes. É principal- mente nos vilarejos e no meio dos caminhos que a gente encontra em S. Paulo coisas valiosas sob dois pontos de vista que mais nos interessam, história e arte.

A viagem, onde o automóvel alcança tem de ser feita de automóvel que matará num dia várias cidades e vilas, com as pesquisas de arredores consequentes, já fotografando. (1981: 67)

(…) O problema do fotógrafo: levar um excelente e bem pago, ou mandar os fotógrafos do interior tirar as fotogra- fias. Tudo indica que é preciso levar o fotógrafo, tirar as fotografias possíveis (questão de luz) e industriá-lo bem sobre as outras a tirar, quando refizer a viagem sozinho buscando nova luz mais propícia. (ANDRADE, 1981: 67)

(…) Quantas cópias fotográficas tirar? O milhor (sic) é adquirir as chapas e desde logo no mínimo de duas cópias, uma pro primeiro recenseamento geral e outra pras futuras propostas detalhadas de cada caso, pra não obrigar, nestas, o serviço central a se reportar de cada vez ao primeiro recenseamento geral.

O ideal e talvez mais barateiro será tirar desde logo três cópias, uma pra ser guardada aqui comigo dentro do recenseamento geral, nas cópias pra meu uso. (ANDRADE, 1981: 67)

As viagens do período inicial eram pensadas e planejadas por Mário de Andrade, que escolhia o melhor roteiro. Ele dividiu o estado de São Paulo em percursos, que são “os caminhos”, a fim de encontrar a melhor forma de cobrir a área necessária com os menores custos possíveis, como se lê no trecho de sua carta de 23 de maio de 1937 à Rodrigo Mello Franco de Andrade:

Embora Mário de Andrade não conhecesse a técnica fotográfica em profundidade, ele sabia o que queria com as fotografias. Logo nas primeiras viagens, analisando as imagens captadas, fica claro que ele tinha razão em dizer que não daria para contratar vários fotógrafos diferentes. Era necessário treinar e especializar apenas um para que o trabalho atingisse a qualidade digna do Serviço. E foi o que aconteceu, Germano Graeser foi aprendendo e crescendo profissionalmente em cada empreitada, buscando aperfeiçoar sua técnica, seu equipamento e, sob as orientações exigentes de Mário de Andrade e de Luiz Saia, foi apurando seu olhar como documentador.

Outro ponto importante, além de como e o que fotografar, era a quantidade de fotografias necessárias e cópias dos negativos de cada bem. Mário de Andrade também planeja uma estratégia para isso, sempre limitada pela verba escassa que o Serviço disponibilizava. Ainda na mesma carta:

Ele dava as diretrizes do trabalho, sempre discutidas e aprovadas pelo amigo, e orientava sua equipe. E sobre o fotógrafo continua em sua carta:

Conforme os trabalhos iam avançando, a quantidade de fotografias e cópias era uma questão que passava por revisões constantes, em função das necessidades e da disponibilidade de verbas para este fim, já que os primeiros planejamentos foram baseados em projeções sem muitos dados concretos e, após as primeiras experiências, foram alterados.

Rodrigo Mello Franco de Andrade, diretor nacional do SPHAN (Rio de Janeiro), tinha pressa em inventariar os bens dos Estados, pois preparava um levantamento nacional dos patrimônios que poderiam ser tombados. Em carta de 17 de maio de 1937, pede que Mário de Andrade faça um inventário preliminar com os seguintes dados de cada edificação: descrição sumária, histórico breve, autoria da obra (quando possível apurá-la), material empregado na construção (cantaria, taipa ou o que for), estado atual de conservação, reformas ou alterações que tiver sofrido, reparos urgentes de que precisar, referências bibliográficas que existirem a seu respeito e documentação fotográfica (esta última tão completa quanto possível). (Arquivo IEB-USP)

Este levantamento fazia parte de uma política inicial de Rodrigo Mello Franco de Andrade para o SPHAN, que tinha a finalidade de criar um inventário do patrimônio histórico e artístico nacional, em matéria de arquitetura, mapeando ao mesmo tempo os Estados de São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal (que na época ainda era o Rio de Janeiro).

Por isso, os trabalhos de pesquisas foram intensos em São Paulo “de setembro a outubro de 1937 foram percorridos 17 municípios, em cerca de duas semanas. E era só o começo.” (TRINDADE, 1981: 18)

No início de setembro de 1937, Luiz Saia e Germano Graeser estavam negociando valores para o primeiro serviço de documentação. Eles acertam a quantia de 100 chapas 9x12, 100 cópias fotográficas no tamanho 24x30 e 100 cópias fotográficas no tamanho 13x18. Mas, Mário de Andrade acredita que passaria de 200 chapas e que se fosse o caso seriam feitos contratos parciais, dependentes da rapidez e da satisfação dos serviços. Sobre os contratos diz: (...) “O serviço tem de ser feito de maneira intensiva, para que as fotos possam servir aos relatórios já feitos.” Cem chapas feitas em várias cidades diferentes com um itinerário. (Carta de 2-IX-1937, de Luiz Saia para Germano Graeser. Arquivo IEB-USP)

A resposta de Germano Graeser, em carta de 03 de setembro de 1937 (para Luiz Saia), foi aceitar a contraproposta, acordar que levaria a câmera indicada (para chapas 9x12 cm) e uma menor, e que compraria o material para a empreitada em São Paulo.

Figura 17: Exemplo de negativo 6x9 e seu positivo também no tamanho 6x9, feitos por Germano Graeser.

(Arquivo fotográfico IPHAN/SP)

Rolo 6/9: Filme flexível em rolo no tamanho de 6x9 cm, são usados em câmeras fotográficas de médio formato, sendo que para este tipo de câmera os filmes 120, que permitem fazer 12 fotogramas, nos tamanhos 6x4,5 cm, 6x6 cm, 6x7 cm ou 6x9 cm, eram os mais utilizados.

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O acerto final para primeira viagem está na carta de 7 de setembro de 1937, que Luiz Saia remete para Germano Graeser confirmando o trabalho, marcando o início para domingo (12 de setembro) pela Villa de M’Boy (sic), em Embu, e mais um lugar perto de São Paulo. Na segunda-feira iriam comprar os materiais e partiriam em viagem de automóvel com Mário Andrade, que pede a Germano Graeser para levar também uma máquina fotográfica para fotografias de menor importância, as quais seriam pagas como serviço extraordinário, uma boa máquina de filme de rolo 6/9 (figura 17). E avisa que o trabalho seria intensivo por mais de uma semana, talvez por duas semanas. (Arquivo IEB-USP)

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Consta ainda, no arquivo do IEB, uma relação, de 02 de outubro de 1937, das fotos tiradas e cópias fornecidas quase um mês após a primeira empreitada. Esse documento traz uma lista, da primeira coleção de fotos numeradas (figuras 18, 19 e 20), indicando a que objeto ela se refere, num total de 97 negativos feitos com chapas 9x12 e mais 15 chapas 6,5x11.

Figura 18: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a primeira viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 2/10/1937. p. 1. (Arquivo IEB-USP).

Figura 19: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a primeira viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 2/10/1937. p. 2. (Arquivo IEB-USP).

Figura 20: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a primeira viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 2/10/1937. p. 3.

E junto, encontra-se um segundo documen- to, um recibo fornecido por Germano Graeser em 04 de outubro de 1937 (figura 21), que refere-se aos mesmos negativos e as cópias que deles foram produzidas: 82 ampliações no tamanho 13x18 (cm), 44 ampliações no tama- nho 24x30 (cm) e 15 cópias 6,5x11, dos negati-vos de mesmo tamanho (ou seja, estas imagens não foram ampliadas permanecendo a sua cópia em positivo no mesmo tamanho do negativo, é o que se chama de contato, como exemplos ver as figuras 17 e 35). Pelos dados da relação, ele percorreu 05 cidades nas quais fotografou 14 bens, sendo 8 deles só na cidade de Itu. Os registros produzidos foram das edificações que seguem:

• Capela de Nossa Senhora da Conceição (Voturuna) (figura 23) e Matriz em Santana de Parnaíba; • Igreja de São Miguel Paulista em São Paulo; • Igreja Matriz em Porto Feliz;

• Igreja Santo Antônio e Igreja Santa Clara em Sorocaba; • Igreja de Santa Rita, Igreja N. S. do Carmo, S. Bom Jesus

(figura 24), Igreja São Benedito, N. S. Patrocínio, Casa do Sr. Geribello, Grupo Escolar Cesário Motta, Igreja Matriz N. S. da Candelária (figura 22), em Itu.

Figura 21: Recibo emitido pela firma Graeser & Cia com a relação de chapas, ampli- ações e cópias fotográficas entregues no primeiro trabalho feito ao SPHAN/SP. São Carlos, 04/10/1937. (Arquivo IEB-USP).

Os trabalhos de fotografação iniciados no domingo vão intensos. Dentro dum mês, o mais tardar, você receberá documentação numero- sa. Fizemos a miséria seiscentista de Voturuna [figura 22] de que sobra apenas a sacristia, parte do altar primitivo e umas… cariátides, que imagino serem alampadários (sic). Tiramos o plano também. Depois fizemos Parnaíba, onde a igreja é importantíssima como construção, mas feia como o diabo. Não deu pra fazer o plano, o engenheiro voltará lá. Não fotei a igreja, mas já me arrependi. Feia ou bonita, acho que se devera fotar qualquer fachada de igreja que se pretende por qualquer motivo tombar. No princípio, apesar dos raciocínios anteri- ores, hesitações são fatais. O fotógrafo terá de voltar lá. Fotei a horren- da porta por causa do estilo, um púlpito e um frontão interno churri- guerescos, feios como três dias de chuva. Depois fomos a S. Miguel, mas o dia chuvoso impediu fotar por fora. 1622. Só fotei do interior (inteiramente refeito) um detalhe antigo da grade de comunhão. O plano é curiosíssimo. Segunda e hoje meus auxiliares estão em zona mais agradável, Itu, que tem coisas bonitas e importantes, Porto-Feliz bem besta. Ficarão ainda por lá vários dias. (1981: 77)

Dessas edificações, foram produzidos fotografias de 13 altares, 6 fotos de detalhes, 10 fotos de fachadas (exteriores), 3 de interiores, 17 de imagens (esculturas), 2 fotos de mobiliário e objetos, 23 de quadros (pinturas), 1 foto de púlpito e 22 fotos de tetos das igrejas. E com os negativos menores, portanto registros de menor prioridade, foram feitas fotos de 5 altares, 3 detalhes, 2 imagens, 4 figuras no teto e de 1 púlpito.

O trajeto percorrido e a quantidade de fotografias, distribuídas de forma desigual entre os temas e as cidades, reflete diretamente as pesquisas e os critérios de Mário de Andrade que, em carta de 14-9-37 ao amigo Rodrigo Mello Franco de Andrade, fala do andamento dos trabalhos e revela as escolhas e os percalços no caminho:

Figura 22: Germano Graeser. Foto da fachada da Matriz Itu, 1937. (Arquivo IEB-USP)

A resposta a primeira entrega veio na carta de 07-10-37. Luiz Saia escreve para Germano Graeser dizendo que após a análise das imagens, Mário de Andrade tinha aprovado o serviço, que este iria continuar, que o trabalho no geral causou ótima impressão, que ele já havia aprendido bastante nesta primeira etapa e iria aprender mais nos próximos trabalhos. É combinada, então, uma empreita com início para o dia 12 de outubro de 37, mais extensa, pois pretendia incluir também a arquitetura popular. Programam-se para esse dia 12 irem a M’Boy (Embu) e Carapicuíba ou São Miguel possivelmente. (Arquivo IEB-USP). E a respeito dessas primeiras fotografias, Mário de Andrade escreve, para Rodrigo Mello Franco de Andrade: (...) “Já estou com uma coleção vasta de fotos comigo. Algumas ótimas, outras regu- lares. As ruins recusei.” (1981: 78). Dessa primeira empreita- da saíram as 80 fotografias incorporadas ao primeiro relatório da sexta região do SPHAN (figura 24), escrito pelo então assistente técnico em exercício.

Figura 23: Germano Graeser. Foto Capela de Voturuna, 1937. (Arquivo IEB-USP)

Figura 24: Uma das 80 fotografias feitas por Germano Graeser que foram incorporadas ao primeiro relatório do SPHAN/SP. Imagem do altar-mor da Igreja S. Bom Jesus em Itu, 1937. (Arquivo IEB-USP)

As fotografias da segunda viagem foram entregues em 07 de novem- bro de 1937. A relação de fotos e cópias fornecidas, que integram o arquivo do IEB-USP, mostra que na entrega haviam 181 negativos e suas respectivas cópias fotográficas, mais 33 chapas 6,5x11 (figuras 25- 29).

Figura 25: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a segunda viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia - Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 7/11/1937. p. 1. (Arquivo IEB-USP)

Figura 26: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a segunda viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia - Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 7/11/1937. p. 2. (Arquivo IEB-USP)

Figura 27: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a segunda viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia - Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 7/11/1937. p. 3. (Arquivo IEB-USP)

Figura 28: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a segunda viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graes- er & Cia - Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 7/11/1937. p. 4. (Arquivo IEB-USP)

Figura 29: Relação de fotografias tiradas e cópias fornecidas referente a segunda viagem de trabalho ao SPHAN, em papel timbrado da firma Graeser & Cia - Artigos fotográficos. São Carlos – SP, 7/11/1937. p. 5. (Arquivo IEB-USP)

Desses lugares, foram produzidos fotografias de 36 altares (entre altares-mores e altares laterais), 31 de imagens (esculturas), 28 fotos de detalhes, 25 fotos de vistas gerais (de interiores e exteriores), 16 fotos de tetos de igrejas, 11 fotos de fachadas (exteriores), 09 de pinturas (quadros), 09 fotos de púlpitos, 08 fotos de mobiliário e objetos e 03 fotos de coros. Já com os negativos menores (6,5x11), portanto registros de menor prioridade, foram feitas fotos de 20 vistas gerais (internas e externas), 14 detalhes, 01 de altar, 01 de imagem, 01 de mobiliário e 01 de objeto.

Pelos dados do documento, foram percorridas 09 cidades, nas quais foram fotografados 21 bens, um número maior em relação a primeira empreitada. Os registros produzidos foram das edificações que seguem:

• Matriz de Atibaia; • Igreja Perdões;

• Igreja M’Boy em Embu; • Capela Carapicuíba;

• Igreja São Benedito em Itu;

• Igreja de São Miguel Paulista, Igreja do Carmo (figura 30), Igreja Nossa Senhora Remédios, Igreja São Gonça lo em São Paulo;

• Igreja Ordem 3ª do Carmo, Igreja Nossa Senhora do Carmo, ruínas (Ilha de Barnabé), ruínas Igreja Ilha de Santo Amaro, casa caipira, Forte de Ipane- ma, Capela Nossa Senhora Navegantes, Fortaleza Barra Grande em Santos;

• Forte São Felipe (ruínas) em Bertioga;

• Igreja Padre Anchieta, Ruínas Convento Padre Anchieta, Matriz em Itanhaém (figuras 31 e 32).

Figura 30: Germano Graeser. Igreja do Carmo em São Paulo, foto da fachada, 1937. (Arquivo IEB-USP)

a) algumas photos (sic) muito boas, exemplo: o nicho do altar mor da do Carmo de Santos; b) a nitidez das photos apresentadas nessa remessa está num nível de indiscutível inferioridade cotejadas com as do primeiro trabalho; exemplo, ao léo, isto é, sem escolha: 118 (Itanhaém); c) o aparecimento de manchas inexplicáveis em quase todas as photos; exemplos: 109, 114, 137, 149, 214, 215, 216, 217, 224, 225, 228, 232, etc, etc. d) os painéis detecto de Mboy estão inapre- sentáveis já não digo ao serviço porém como trabalho seu somente. A 137 está tão manchada que acredito que você não poz (sic) reparo nela sinão (sic) não teria mandado. Comentando esta photo teve até o Mário as seguintes palavras: parece até que o Germano cometeu uma falta de consideração enviando trabalho assim; e) em quase todas as fotos impera a imprecisão esquisita, dando a impressão de falta de perspectiva pelo claro-escuro, só se percebendo esta por causa das linhas de fuga dos objetos, não se separam os planos; f) descentradas, exemplo: 110; g) repare nas 204, 205 e 203. Na 207 você apresenta um erro sobre o qual já se falou bastante por ocasião do primeiro trabalho e só se explica a reincidência no mesmo erro como cochilo seu; etc, etc. (sic) (Arquivo IEB/USP)

Os resultados dessa segunda empreitada, porém, não tiveram a mesma receptividade do primeiro. Em carta de 10 de novembro de 1937 (arquivo IEB-USP), Luiz Saia escreve à Germano Graeser dizendo que esse segundo trabalho

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