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Como já foi visto no gráfico 1 das vendas realizadas, a Lange sofre com uma forte oscilação no total das vendas, sendo os meses de março a agosto como os meses mais críticos. Esta sazonalidade das vendas se reflete também na gestão do capital de giro.

Em 2008, como demonstrado na tabela 6 da análise das receitas e despesas da Lange Termoplásticos, a empresa não conseguia diminuir suas despesas em relação as suas receitas, o que ocasionava um déficit no caixa da empresa no momento de quitar suas obrigações.

Ainda que no ano de 2009 a empresa tenha apresentados números melhores em relação ao faturamento e as vendas, a Lange teve grandes movimentações de empréstimos a curto prazo e de descontos de duplicatas que aconteceram devido a uma crise financeira ocorrida na Lange desde o ano de 2007 e que se estendeu até o ano de 2008. Como a empresa estava descapitalizada e para suprir as necessidades de capital, principalmente nos meses mais críticos de vendas, que são de março a agosto, a empresa se utilizava do recurso de fazer o desconto de duplicatas junto a instituições financeiras a fim de adiantar o capital. Conforme tabela 7, o pico foi justamente neste ano de 2009 quando o total em desconto de duplicatas chegou a R$296.196,25. Em 2010, a empresa conseguiu reduzir este valor para R$184.787,67.

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Tabela - Descontos de Duplicatas

2008 2009 2010

R$ 197.824,43 R$ 296.196,25 R$ 184.787,67 Fonte: Balanço Patrimonial da Lange Termoplásticos Ltda.

O ponto forte para utilização deste recurso de desconto de duplicatas é a taxa de juros que é menor do que outras práticas no mercado e é variável nas instituições financeiras. Em geral, quanto maior o prazo para pagamento e maior o valor das duplicatas, menor será a taxa de juros.

Nos descontos de duplicatas, embora este recurso seja uma forma de beneficiar a empresa a antecipar suas receitas, o uso deles também tem pontos negativos para a administração da empresa, uma vez que a taxa de juros utilizadas nestas práticas acabam por onerar o caixa da empresa e não disponibiliza o valor total da duplicata. Caso a empresa tenha algum problema de inadimplência do cliente para pagamento de tal duplicata, o banco efetua o débito do valor total do documento na conta da empresa contratante, além dos juros e encargos decorrentes do não pagamento pelo cliente.

Outro ponto negativo é o fato de que, no momento que a empresar necessitar de recursos para, por exemplo, quitar o pagamento de fornecedores de matéria prima, onde a mesma tenha sido utilizada para fabricação de produtos vendidos para um cliente e que a duplicata referente a esta venda tenha sido descontada para antecipar a receita, quando a empresa precisar quitar este débito com o fornecedor, como não dispõe do pagamento da venda efetuada para o cliente naquele momento, uma vez que já foi antecipada, a empresa terá que efetuar descontos de outras duplicatas para quitar este débito e assim se sucederá sempre um ciclo sem fim.

Além do desconto de duplicatas a Lange também fazia uso do recurso de empréstimos a curto prazo junto a instituições financeiras. A tabela 8 demonstra o histórico nos anos de 2008, 2009 e 2010.

Tabela - Empréstimos a curto prazo

2008 2009 2010

R$ 26.753,75 R$ 83.604,29 R$ 26.333,31 Fonte: Balanço Patrimonial da Lange Termoplásticos Ltda.

Novamente, percebe-se que o ápice de empréstimos a curto prazo foi no ano de 2009 com um total de R$83.604,29. Com dificuldades para quitar suas obrigações, tanto junto a fornecedores quanto pagamento da folha dos funcionários, pagamentos de impostos, entre outras obrigações, a Lange usava estes recursos para soluções imediatas.

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O uso destes empréstimos a curto prazo são utilizados em menor escala na Lange devido ao seu alto custo na taxa de juros utilizada para estes empréstimos. Em geral, a empresa efetua esses empréstimos como último recurso e no momento que tem dinheiro em caixa já efetua a sua quitação, uma vez que os juros cobrados nestas operações são muito altos e quanto menor o prazo de quitação, menor será o valor retirado do caixa para o pagamento destes juros.

Ainda que os recursos financeiros disponíveis estivessem em baixa naqueles períodos mais críticos de vendas, a Lange não poderia ficar em falta de matéria prima para produção e não podia se abster de novas compras para cumprir com os pedidos colocados. Embora a empresa trabalhe com estoques mínimos para poucas matérias prima o setor de compras foi incumbido de comprar somente o necessário para a fabricação dos pedidos colocados. Assim, o departamento de compras procurava fazer negociações com fornecedores para aumentar os prazos para pagamentos. Juntamente com o departamento financeiro, também procuraram prorrogar os vencimentos que estavam por vencer, para que não houvesse cortes de crédito junto aos fornecedores e que mesmo em situação financeira difícil, o nível de inadimplência da empresa fosse o menor possível.

No que se referia ao pagamento de impostos, quando necessário a Lange também fazia o uso de parcelamento dos mesmos para que não estivesse em situação irregular junto aos órgãos estaduais e federais no que se referia ao pagamento destes impostos.

CONCLUSÃO

O presente relatório teve como objetivo buscar compreender como é a gestão do capital de giro em uma empresa que sofre anualmente com a sazonalidade das vendas e como ela administra este capital de giro nestes momentos. Para isso, buscou-se responder a questão problema que era “Quais são as dificuldades para a gestão do capital de giro da empresa Lange Termoplásticos diante da sazonalidade das vendas?”

Para buscar os dados a fim de responder a esta pergunta, foi feito um estudo do histórico de vendas da Lange nos anos de 2008, 2009 e 2010, onde é possível visualizar a grande oscilação que há no quadro de vendas, com fortes quedas principalmente entre os meses de março a agosto, período historicamente já conhecido dos anos anteriores por apresentar este declínio das vendas em todo o setor do agronegócio.

Ainda buscando dados que pudessem dar um embasamento maior para discutir sobre o problema, foram apresentadas a relação de receitas e despesas da Lange no mesmo período de 2008 a 2010, bem como o fluxo de caixa da empresa. Através destes dados coletados e analisados é possível concluir que a principal dificuldade da Lange Termoplásticos em gerenciar seu capital de giro é devido ao alto valor de gastos em despesas gerais e financeiras, uma vez que, mesmo que as receitas provenientes de vendas tenham declínio nos meses de entressafra, as despesas mantem-se em um mesmo patamar, não acompanhando esse declínio das vendas. Para suprir estas dificuldades a Lange teve de buscar recursos como empréstimos a curto prazo e também os descontos de duplicatas a fim de antecipar receitas para que pudesse manter o capital necessário para realizar suas operações de produção.

Outra dificuldade encontrada na gestão do capital de giro é a falta de uma reserva financeira, para que a Lange pudesse usar nos períodos de baixo faturamento sem precisar usar do auxílio de descontos de duplicatas e empréstimos de giro rápido, fazendo assim com que o capital de giro da empresa estivesse comprometido somente para produção de novos produtos e assim gerar receitas para financiar este ciclo.

O setor agrícola é um segmento muito promissor para negócios, porém está propenso a muitas adversidades e é um setor altamente sensível, tanto a questões econômicas quanto climáticas. Mesmo apresentando números recordes de colheita dos grãos, é um mercado que tem de estar em constante vigília, atentos a quaisquer alterações que possam ocorrer. Para

acompanhar este mercado é necessária uma percepção aguda dos administradores a fim de que, ao serem atingidos por estas oscilações, as empresas não sejam vítimas de suas próprias armadilhas administrativas e que consigam sair da crise, com o mínimo de desgaste em seu patrimônio.

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