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1.3 A gestão de contratos de prestação de serviços continuados

1.3.1 Gestão de CPSC nas Ifes

Durante o período de 2003 a 2010, com o intuito de ampliar o ingresso de alunos no ensino superior, o governo federal, criou o Programa Universidade para Todos (ProUni), que distribui bolsas de estudos para alunos oriundos de escolas públicas, cujo critério de seleção estava baseado na nota deste candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e na renda familiar (SILVA, 2013). Tal fator trouxe a possibilidade de ingresso nas faculdades particulares, de alunos que, anteriormente, não teriam condições de arcar financeiramente com mensalidades de um curso superior privado.

Em 2007, o governo federal, apresentou um projeto às Ifes, cujo intuito era melhorar o aproveitamento da estrutura física e dos recursos humanos; aumentando

as vagas; preenchendo as vagas ociosas e reduzindo a evasão. Em abril do mesmo ano, o projeto foi definido no Decreto nº. 6.096/07, o qual instituiu o Reuni (SILVA, 2013). Conforme o Decreto:

Art. 1º Fica instituído o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI, com o objetivo de criar condições para a ampliação do acesso e permanência na educação superior no nível de graduação, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais.

§ 1º O Programa tem como meta global a elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para noventa por cento e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para dezoito ao final de cinco anos, a contar do início de cada plano.

§ 2º O Ministério da Educação estabelecerá os parâmetros de cálculo dos indicadores que compõem a meta referida no § 1º (BRASIL, 2007).

Face às medidas propostas pelo Reuni de ampliação das Ifes, houve uma expansão em número de alunos, instalações físicas e também nos cursos oferecidos. Tal fator trouxe a necessidade de contratação de novos servidores, aumentando o número de CPSC celebrados com empresas terceirizadas. Os contratos citados precisam ser elaborados com cláusulas pertinentes, obrigatórias ou não, em que constarão data limite e valores a serem contratados, bem como o objeto pactuado, não podendo este ser relacionado à atividade fim da UFJF.

Para que ocorra a celebração dos contratos, inicialmente faz-se necessária a definição da missão da empresa, para que assim se estabeleça qual a sua atividade- fim, visto que somente poderá ser objeto de terceirização as atividades-meio e que não constam no plano de cargos do órgão contratante (MARINHO, 2012). Segundo Marinho (2012, p. 52), “As expressões atividade-fim e atividade-meio foram incorporadas ao contexto da administração pública após o advento do Plano Diretor da Reforma Administrativa do Estado”.

Conforme Marinho (2012), não há um critério que define quais são as atividades meio e as atividades fim. A CF também não faz menção à natureza das atividades, assim como não cita a expressão terceirização em seu contexto, mas fala sobre a execução indireta. Da mesma forma, a Lei nº. 8.666/93, não convenciona a classificação da natureza de serviço como base para a execução das atividades indiretas (BRASIL, 1993). No entanto, o art. 1º do Decreto nº. 2.271/97

(BRASIL, 1997), traz algumas atividades que podem ser objeto de contrato administrativo de prestação de serviços:

Art. 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos que constituem área de competência legal do órgão ou entidade. § 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância, transportes, informática, copeirarem, recepção, reprografia, telecomunicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão, de preferência, objeto de execução indireta (BRASIL, 1997).

Para regulamentar a relação entre as empresas terceirizadas e as Ifes, o MPOG editou a IN nº. 02, de 30 de abril de 2008, a qual dispõe sobre as regras e diretrizes para a contratação de serviços continuados ou não continuados. Assim, o anexo I da IN nº. 02/2008 esclarece:

Serviços continuados são aqueles cuja interrupção possa comprometer a continuidade das atividades da Administração e cuja necessidade de contratação deva estender-se por mais de um exercício financeiro e continuamente.

Serviços não-continuados são aqueles que têm como escopo a obtenção de produtos específicos em um período pré-determinado (BRASIL, 2008).

Vale destacar o relatado por Fernandes (2011), que a expressão “serviços continuados” tem sido mal interpretada por dar ideia de serviços essenciais. No entanto, o autor afirma que é importante levar em conta que, o termo serviços continuados não se refere a serviços essenciais à administração, como muitas vezes se tem atribuído. Por serviços continuados, deve-se tomar o conceito colocado pela Lei nº. 8.666/1993 que define esses serviços como sendo as atividades que necessitam de execução prolongada.

Por exemplo, os serviços de conservação, manutenção e limpeza, entre outros, são considerados contínuos e essenciais. Porém, a manutenção de um jardim, apesar de não ser essencial, pode ser realizada de forma contínua, permitindo, assim, sua classificação como serviço continuado.

Diante do desencontro das interpretações das normas, o TCU decidiu que o conceito de contínuo deve ser adaptado a cada órgão ou entidade. Desta forma,

deliberou ordenar que, com fundamento no art. 115 da Lei nº. 8.666/1993, cada unidade baixe norma identificando seus serviços contínuos (FERNANDES, 2011).

Com base em questionamentos feitos por servidores da UFJF, com relação ao objeto contratado, se este se classifica como continuado ou não, até mesmo pelo fato de as Leis, Normas e Diretrizes nem sempre claras para o servidor, houve a necessidade de um esclarecimento mais aprofundado sobre o assunto. Desta forma, será descrito na seção seguinte, que a UFJF, seguindo orientação do TCU, expediu norma técnica (Documento de circulação interna) com vistas a minimizar tal conflito. Para tanto é preciso contextualizar a UFJF, mediante seu histórico.