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2. Revisão de Literatura 4

2.4. Marketing Experiencial no Enoturismo 18

2.4.4. Gestão da experiência no enoturismo 25

Pelo lado da oferta, o enoturismo é uma forma de turismo constituída por percursos sinalizados e publicitados, que se encontram organizados em rede, e que envolvem explorações agrícolas e outros estabelecimentos abertos ao público (Simões, 2008). Para Simões (2008), esta rede permite que os produtos sejam divulgados e comercializados sob a forma de oferta turística. Tem sido demonstrado que o desenvolvimento do turismo de vinho tem um efeito positivo para os produtores (Howley e Westering, 2008). Desta forma, as regiões vinícolas e as adegas particulares devem focar-se num marketing mais eficaz dos elementos do winescape, especificamente aqueles relacionados com a paisagem natural como um elemento da marca (Bruwer e Alant, 2009). Já os produtores de vinho devem esforçar-se por apresentar mensagens promocionais que sejam equilibradas, com ênfase nos elementos core do produto de enoturismo, tais como provas de degustação de vinhos e/ou compra e elementos de experiência hedónica (Bruwer e Alant, 2009).

É ainda importante que exista cooperação entre fornecedores e organizações do local de destino, com vista a fornecerem os elementos necessários para o desenvolvimento do enoturismo (Guedes, 2006). Estes elementos são os seguintes: uma base de recursos adequada, incluindo clima, solo, humidade e drenagem; a viticultura; as acessibilidades à região e quintas/adegas; os serviços básicos para os visitantes (transportes, alojamento, restaurantes, informação); e ainda todo um conjunto de elementos que concorrem para o aumento da atratividade do enoturismo (a interpretação da região; visitas à região; festivais e eventos especiais baseados na temática do vinho; atividades sociais e recreativas que diversifiquem a oferta; compra de produtos regionais, na adega e na região; património arquitetónico; o acesso a outros aspetos relacionados com o estilo de vida e cultura local (Guedes, 2006).

Bruwer e Alant (2009) defendem que um profundo conhecimento da dinâmica da visita a uma adega, dos seus produtos, da intenção e da capacidade de mercado da região vinícola, permite otimizar a oferta para os turistas de enoturismo. Segundo os autores, este conhecimento é de extrema importância para que as adegas sejam bem-sucedidas

através do direct wine marketing mode4. Assim, de forma a atrair visitantes frequentes,

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o focus dos esforços de marketing deve estar fortemente relacionado com o vinho. Enquanto que, nos casos dos visitantes de primeira vez, os elementos do ambiente natural deverão ser enfatizados e a sua natureza hedónica elevada. Na primeira oportunidade para interagir com o enoturista na adega, seja esta interação com o produtor ou com os colaboradores, é de vital importância que se identifique desde logo qual o tipo de visitante presente (Bruwer e Alant, 2009).

Atualmente é necessário um esforço de marketing adicional, apelando-se para uma combinação entre uma abordagem orientada para a oferta e uma abordagem orientada para o local de destino (Kastenholtz, 2004). Neste contexto, a gestão da procura pode contribuir para o desenvolvimento do turismo de forma mais sustentável (Kastenholtz, 2004). Assim, de acordo com Kastenholtz, (2004), a seleção cuidadosa do mercado-alvo e a sua eventual diferenciação no espaço e no tempo pode ajudar um destino a perseguir os seus objetivos de desenvolvimento, que devem continuar a depender dos interesses de todos os intervenientes locais e considerar as prioridades de preservação do espaço. O setor do enoturismo representa diferentes expressões consoante se trate de quinta e adegas de pequena ou de maior dimensão. Assim, enquanto que para as primeiras o enoturismo representa o seu core business, para as segundas, esta atividade apresenta-se como um canal de promoção e como uma oportunidade para educar os visitantes (Hall et al., 2000).

Getz (2000) e Dodd e Bigotte (1995, citado em Hall et al., 2000) apresentam as vantagens do enoturismo em três níveis: benefícios para a indústria vitivinícola (aumento do volume de vendas, educação dos visitantes e consumidores, atração de novos segmentos de mercado, estimulo da margem comercial e, consequentemente, aumento dos lucros, estabelecimento de ligações com rotas de vinhos, estabelecimento de parcerias com outros foco de atração turística da região, desenvolvimento do marketing intelligence5 nos produtos – os gestores obtêm uma reação imediata do

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É um ramo da pesquisa de mercado, que envolve a recolha, agrupamento e análise de informações, de várias fontes, disponíveis e relevantes e de dados sobre mercados específicos. Considerando que a pesquisa de mercado é muitas vezes considerada uma disciplina orientada para o consumidor, o marketing intelligence tende a oferecer uma visão mais ampla do mercado, uma vez que, inclui dados de negócios e do setor, como a dimensão do mercado, segmentação e partilha de dados.

consumidor ao produto, podendo aproveitar para testar novos produtos); benefícios para a região vitivinícola (aumento do número de visitantes, atração de novos visitantes e visitas repetidas, desenvolvimento de uma imagem positiva do destino, compensação dos períodos de menor procura); benefícios para a comunidade residente (atração de novos investidores, desenvolvimento de novas infraestruturas, estimulo do orgulho da comunidade, desenvolvimento de novos eventos para residentes e turistas).

Finalmente, é ainda importante ressaltar que a maioria dos estudos sobre enoturismo tem-se centrado na perspetiva dos consumidores, analisando visitas a adegas e espaços vínicos, eventos e clubes de vinho (Charters e Ali-Knight, 2000). No entanto, o marketing das adegas e das estratégias de vendas (como por exemplo, os meios para desenvolver as marcas e os meios para projeção da imagem para o público-alvo) são uma questão fundamental em enoturismo (Getz et al., 1999). Considerando que, em Portugal, o desenvolvimento do enoturismo é mais reduzido que em outros países como a Austrália ou a Nova Zelândia, a perceção correta dos empresários do enoturismo e das suas determinantes que, alteram, condicionam e levam a que o consumidor atue efetivamente de forma desejada é um fator-chave para o desenvolvimento do setor.

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