• Nenhum resultado encontrado

A APA da Baleia Franca não possui Plano de Manejo ou Plano de Ação Emergencial e não está minimamente estruturada para atuar na parte marinha e fazer cumprir o que determina seu decreto de criação.

A Lei do SNUC, não explicita o caráter do Conselho e, o da UC está sendo trabalhado para ter a função de seu Gestor. Para isto, foram iniciadas as discussões com os grupos organizados da sociedade para definir sua composição e estrutura.

A UC não possui convênio formalizado com instituições de pesquisa e ensino, embora o Projeto Baleia Franca desenvolva na área a coleta de material genético das baleias e monitora os avistamentos anuais destes cetáceos, há pelo menos uma década, não existe uma aproximação entre as partes e o IBAMA deixa assim de exercer suas funções normativas e responsabilidades institucionais de órgão gestor da APA da Baleia Franca.

Não há uma programação ou projeto de educação ambiental sendo desenvolvido pelo IBAMA ou parceria que envolva a os estudantes das redes estadual e municipais de ensino.

A visitação turística para a observação de baleias está num processo crescente e, o IBAMA não editou uma norma que parametrize estas atividades, estando esta responsabilidade a cargo dos técnicos do Projeto Baleia Franca e do Instituto Baleia Franca, que co-atuam junto à rede hoteleira, muitas vezes tripulando as embarcações usadas nestas rotinas.

Sem dúvida um turismo de observação com regras definidas e que definitivamente não cause nenhum tipo de molestamento às baleias francas, é um dos grandes potenciais de consolidação e o objetivo central da luta pela criação da APA da Baleia Franca.

No entanto, nestes três anos de existência, coincidentemente a APA está em sua terceira chefia, o que é sem dúvida, no mínimo, contraproducente do ponto de vista da evolução administrativa, enquanto as adversidades e mazelas ambientais se consolidam numa velocidade sempre superior à capacidade de resposta das instituições governamentais, a construção de uma rede de gestores da UC cada dia se torna mais difícil pela visão derrotista que a imobilidade oficial proporciona.

A inserção social que a administração de uma APA necessariamente deve ter é seu principal desafio, pois se está tratando de criar uma nova realidade social, onde o comportamento do privado fica subordinado aos interesses do coletivo e onde os gestores públicos oficiais estão em pé de igualdade com a sociedade e a sua capacidade de convencimento e segurança de princípios e ações, terão de ser competentes o suficiente para gerar as mudanças desejadas quando a área foi submetida à um regime especial de proteção ambiental, almejado por grupos sociais que agora tem de ser novamente convocados à assumir suas parcelas de responsabilidades.

150 4.19 - Parques Nacionais do Aparados da Serra e da Serra Geral

Estas duas Unidades de Conservação, criadas pelos Decretos Federais n.º 47.446 de 17 de dezembro de 1959 com uma superfície estimada em 10.250 hectares e Decreto Federal n.º 531 em 20 de maio de 1992, com área estimada de 17.300 hectares, estão localizados na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A infraestrutura de recepção à visitação existente, no Parque Nacional do Aparados da Serra está localizado no município gaúcho de Cambará do Sul e, também lá, estão as estruturas montadas para apreciação dos atrativos naturais e belezas cênicas mais conhecidas, como o cânion do Itaimbézinho e tantos outros.

Esta condição fisionômica, fez com que a administração destes Parques fosse de responsabilidade do IBAMA/RS e estas Unidades de Conservação são praticamente desconhecidas do povo catarinense, embora o Parque Nacional do Aparados da Serra tenha aproximadamente 5.245,00 hectares em solo catarinense e, o Parque Nacional da Serra Geral, possua aproximadamente 8.486,00 hectares nos municípios catarinenses de Praia Grande e Jacinto Machado.

Como podemos inferir, a somatória das duas áreas em território catarinense, alcança 13.731, 00 hectares, que somados aos 347.601,20 hectares de todas as demais Unidades de Conservação existentes, elevaria o percentual total dos atuais 3,64% para 3,78% do território catarinense protegido em Unidades de Conservação.

Por se tratar de Unidades de Conservação federais, não existe nenhuma surpresa ou contradição no fato delas serem administradas pelo IBAMA do Rio Grande do Sul, já que a Lei 9.985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação coloca o IBAMA como seu órgão executor.

Porém, com base na metodologia e objetivos definidos para esta dissertação, a questão da condução administrativa destas duas Unidades de Conservação por outro ente federativo, extrapola a possibilidade do autor de coletar os dados e, analisar resultados para os quais a convergência de fatores positivos e/ou negativos são determinados por variáveis externas sobre as quais, não existem, momentaneamente, poder de decisão político-administrativa.

Porém, as informações conseguidas demonstram que com recursos da ELETROSUL, decorrentes da compensação ambiental do empreendimento Linha de

Transmissão Itá/Caxias, estão em fase de elaboração os Planos de Manejo destas duas UC's, pela empresa SOCIOAMBIENTAL - Consultores Associados sob supervisão técnica da Diretoria de Ecossistemas do IBAMA.

O IBAMA/SC está representado por técnico de seus quadros e, começa a se desenhar a forma de participação da sociedade catarinense no acesso à estas belezas naturais preservadas e localizadas em seu território.

E esta deve ser efetivamente a preocupação maior, tanto das representações públicas federais ou estaduais como de órgãos e setores afins, de incorporar, internalizar em Santa Catarina, as alternativas ambientais, sociais, econômicas (especialmente do turismo contemplativo) das porções catarinenses destes Parques Nacionais e aí sim, começar a influir no seu modelo de implantação e solução dos problemas administrativos estruturais.

Existem evidentemente, outras questões em definição, como por exemplo, os meios e responsabilidades para cumprir as obrigações legais decorrentes, especialmente da Resolução CONAMA13/90, que trata da obrigatoriedade de autorização do órgão administrador da UC autorizar a continuidade de processos de licenciamento ambiental de atividades que possam causar algum tipo de impacto ambiental à biota protegida na UC, num raio de 10 km.

Isto tem sua importância, pois obras de possível impacto ambiental em território catarinense, necessariamente precisam ser licenciadas pela FATMA e, portanto, a ligação administrativa é mais plausível se for realizada, entre instituições localizadas no mesmo ente federativo

Como dissemos anteriormente, a intenção de abordar estas duas Unidades de Conservação federais no escopo desta dissertação, prende-se muito mais à precisão acadêmica, não ignorando estas realidades, porém elas não constituirão a base de análises aqui feitas, por insuficiência de dados técnicos e por entendimento que a situação administrativa atual pouco contribuiria, ou até mesmo mascararia a realidade catarinense, já que não compõem, de fato, preocupação, dedicação, conhecimento, investimento, gerenciamento técnico-administrativo e autonomia de instituição pública existente em território catarinense, que é o foco desta dissertação.

152 CAPÍTULO V

Documentos relacionados