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Gestão de Resultados Educacionais: monitoramento e avaliação

No documento mariavanderlidesouzamarques (páginas 106-109)

2 O USO PEDAGÓGICO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO EM LARGA

2.2 Gestão Educacional e apropriação dos resultados

2.2.1 Gestão de Resultados Educacionais: monitoramento e avaliação

Na seção anterior, foi apresentada a relação entre a gestão educacional e as avaliações externas, ressaltando a necessidade de mudança na cultura da gestão escolar de um modelo estático para um modelo dinâmico, no qual os profissionais e usuários são coparticipantes responsáveis e ativos no processo de ensino - aprendizagem (MACHADO, 2012). Percebemos que o gestor tem papel primordial, sendo o principal articulador, cabendo a ele motivar, conquistar e apoiar os professores, para que a escola melhore seus índices educacionais, tendo como foco central o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas e atendimento às necessidades individuais dos estudantes.

Também foram discutidas, na seção anterior, as dez dimensões essenciais, segundo Lück (2009), para que a escola possa gerir seu desempenho. Atentemo- nos para a quarta dimensão: a gestão de resultados educacionais; sendo essa a norteadora desta pesquisa, atrela-se diretamente ao caso em estudo, devido à especificidade de orientar, em conjunto com as demais dimensões da gestão escolar, as ações educacionais que coadunam para melhorar a qualidade da educação.

Considerando o gestor como responsável pela interação entre os sujeitos e pela mediação e desenvolvimento de ações em âmbito escolar, apresentamos no quadro 8, um resumo das competências necessárias ao gestor, destacadas por Lück (2009), para que a gestão de resultados educacionais se efetive no contexto escolar.

Quadro 8 Competências do diretor na gestão de resultados educacionais

COMPETÊNCIA DESCRITOR

C1. Definir padrões de desempenho de qualidade na escola.

D1. Orienta todos os segmentos e áreas de atuação da escola na definição de padrões de desempenho de qualidade na escola e na verificação de seu atendimento. C2. Avaliar os padrões de

desempenho de qualidade da escola.

D2. Analisa comparativamente os indicadores de desempenho da escola, nos últimos anos, identificando avanços e aspectos em que é necessária maior

concentração de esforços para sua melhoria. C3. Promover e orientar a aplicação sistemática de mecanismos de acompanhamento da aprendizagem dos estudantes.

D3. Promove e orienta a aplicação sistemática de

mecanismos de acompanhamento da aprendizagem dos estudantes, de modo a identificar estudantes e áreas de aprendizagem que necessitam de atenção pedagógica diferenciada e especial de forma individual e coletiva. C4. Analisar os indicadores

de rendimento nacionais, estaduais e locais.

D4. Analisa comparativamente os indicadores de

rendimento de sua escola no âmbito nacional, estadual e local, porventura existentes e estabelece metas para a sua melhoria.

C5. Informar a comunidade escolar sobre o desempenho da escola nos resultados da avaliação externa

D5. Informa a comunidade escolar e local sobre as estatísticas ou indicadores produzidos por avaliações externas, como o SAEB, IDEB, Prova Brasil, entre outros, discutindo o significado desses indicadores de modo a identificar áreas para a melhoria da qualidade educacional. C6. Diagnosticar diferenças

de rendimento no

desempenho demonstrado pelos dos estudantes.

D6. Diagnostica as diferenças de rendimento e condições de aprendizagem dos estudantes de sua escola,

identificando variações de resultados em subgrupos e condições para superar essas diferenças.

C7. Construir, coletivamente, Plano de Intervenção

Pedagógica mediante resultado de desempenho dos estudantes.

D7. Promove reuniões pedagógicas /administrativas para análise de resultados do desempenho dos estudantes com o objetivo de identificar as necessidades de mudanças e reorganização do processo educacional para garantir melhores resultados de grupos específicos de estudantes, através da construção de um Plano de Intervenção

Pedagógica C8. Adotar sistema de

indicadores educacionais para a coleta e análise de dados.

D8. Adota sistema de indicadores educacionais para a coleta e análise de dados sobre os processos educacionais como condição para monitorar e avaliar o seu desempenho. C9. Promover, na escola, o

processo de accountabillity.

D9. Promove, na escola, o compromisso de prestação de contas aos pais e à comunidade sobre os resultados de aprendizagem e uso dos recursos alocados ao

estabelecimento de ensino.

Fonte: Quadro organizado com base nas competências da gestão de resultados educacionais in: LÜCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009.

A relevância da gestão de resultados se consolida nas competências e descritores apresentados no quadro 8, uma vez que pontuam um interesse e ações específicos da gestão na aprendizagem dos estudantes, o que reforça a necessidade de utilização dos instrumentos e de tecnologias de avaliação e monitoramento dos processos e resultados educacionais para orientar a tomada de

decisões de gestão e de práticas educativas. Nesse sentido, Lück (2009) assevera que:

Por sua natureza, a gestão de resultados corresponde a um desdobramento de monitoramento e avaliação, com foco específico diretamente nos resultados de desempenho da escola, resultante da aprendizagem dos estudantes. Tendo em vista que o papel da escola é promover a aprendizagem e formação dos seus estudantes, cabe, portanto, destacar esse foco. Mesmo porque, ele não parece estar recebendo a devida atenção pelas escolas, que consideram as estatísticas educacionais uma questão burocrática, de interesse de sistemas de ensino e de pouca importância para a escola, que é o lugar onde ela deveria estar (LUCK, 2009, p.56).

A autora nos chama a atenção para a necessidade de a dimensão do uso dos resultados das avaliações se expandirem no contexto escolar. Na visão dessa autora, as informações produzidas pelo Sistema de Avaliação ainda não estão sendo suficientemente exploradas no contexto escolar, como subsídio para a gestão educacional e para o trabalho pedagógico. Consequentemente, esse fato recai nos obstáculos à divulgação dos dados, nas dificuldades de compreensão dos dados e na pouca ou nenhuma influência desses nas práticas pedagógicas cotidianas e nos planejamentos e intervenções pedagógicas.

A expansão do uso dos resultados das avaliações no contexto escolar depende em grande parte da divulgação e monitoramento desses, fato que se evidencia nas estratégias utilizadas pelas SEEs, para divulgação dos resultados e nos constantes aprimoramento dos boletins pedagógicos do SIMAVE, pelo CAEd, procurando aprofundar cada vez mais a compreensão do professor em relação às matrizes de referência, enfatizando itens para ajudar o professor a entender a natureza das habilidades cobradas pelas matrizes.

Na compreensão de que os resultados das avaliações externas evidenciam elementos importantes da realidade escolar, o gestor torna-se responsável pela criação de estratégias para a apropriação dos dados dessas avaliações, necessitando implementar dentro da escola um trabalho coletivo para reconhecimento e reflexão contínua sobre a realidade que se expressa tanto nos resultados das avaliações externas como nos das avaliações internas.

A implementação da gestão de resultados educacionais associa-se à promoção e aplicação sistemática de mecanismos de acompanhamento da aprendizagem dos estudantes, uma vez que, conforme salienta Lück (2009, p. 55)

“promove e orienta os docentes de modo a identificar estudantes e áreas de aprendizagem que necessitam de atenção diferenciada e especial, de forma individual e coletiva”.

Nesse contexto, percebemos que essa gestão vai além dos resultados das avaliações em larga escala, abrangendo ações e práticas para a melhoria do rendimento, frequência e proficiência dos alunos. Neste ponto a gestão de resultados alia-se ao processo de apropriação dos resultados das avaliações em larga escala, uma vez que essas “são vistas como uma das ações estratégicas capaz de fornecer informações preciosas sobre o processo de aprendizagem e as condições reais das escolas públicas brasileiras” (MACHADO, 2016, p. 15) e requerem um planejamento integrado e colaborativo.

A implementação de um modelo de gestão, no qual o gestor compreende o funcionamento e a demanda da escola e utiliza o planejamento como ferramenta de gestão, produz indícios do oferecimento de um ensino de qualidade, conforme veremos detalhadamente na subseção seguinte.

No documento mariavanderlidesouzamarques (páginas 106-109)