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Gestão Estratégica: novas perspectivas para a escola

No documento mariavanderlidesouzamarques (páginas 109-112)

2 O USO PEDAGÓGICO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO EM LARGA

2.2 Gestão Educacional e apropriação dos resultados

2.2.2 Gestão Estratégica: novas perspectivas para a escola

Na tentativa de expressarmos a importância da gestão estratégica, quando aplicada às escolas e sua relação com a apropriação dos resultados das avaliações externas, recorremos a um dos seus grandes objetivos que é “assegurar que as organizações no seu conjunto se articulem bem com os seus meios” (ESTEVÃO, 1998, p.17). Na viabilização desse objetivo, é importante ressaltar que, na escola, fatores externos como: a legislação, as mudanças de condições e políticas de trabalho, as limitações de ordem econômica, os fatores socioculturais, entre outros, podem ser determinantes de seus “meios” e que os resultados alcançados, na maioria das vezes, são consequentes desses.

Nesse sentido, a aplicação da gestão estratégica no contexto escolar, coaduna com o envolvimento e a responsabilização de todos pelos resultados alcançados, uma vez que se pode considerá-la como uma “ferramenta” que auxilia o gestor, em suas variadas formas de atuação; que desenvolve e mostra novas perspectivas para a escola e a seus diferentes sujeitos, possibilitando-os buscar, propor e executar ações que permitam estimular as aprendizagens escolares e

viabilizar a concreta democratização e disseminação do conhecimento sistematizado a parcelas mais amplas da população (GATTI, 2009).

A gestão estratégica é qualificada por Machado (2012) como um caminho para a implementação de mudanças de visão, cultura, hábitos e estratégias, necessárias ao atendimento das exigências de uma gestão educacional que apresenta relações intrínsecas de interdependência entre as esferas macro e micro. Segundo Estevão (1998), a Gestão Estratégica envolve três elementos distintos: a visão sistêmica, o pensamento estratégico e o planejamento.

A visão sistêmica, mais que o todo, considera as relações de interdependência entre as instâncias macro e micro da gestão educacional, bem como as relações existentes nas próprias instâncias, apresentando-se como ponto de partida para o pensamento estratégico que, por sua vez, conduz à tomada de decisões.

O pensamento estratégico permite ao gestor uma visão crítica das políticas definidas no nível macro da gestão educacional, implementando-as na realidade da escola em que atua, de acordo com as prioridades previamente definidas em conjunto com os atores educacionais envolvidos.

O planejamento estratégico apresenta-se como uma ferramenta metodológica que oferece apoio para a definição dos objetivos e estratégias a serem perseguidos, bem como para a definição de metas e planos de ação que permitam a sua concretização. A visão sistêmica e pensamento estratégico permitem colocar em prática o que se definiu no planejamento estratégico, além de possibilitar o direcionamento e monitoramento das ações para que se possam atingir os objetivos almejados.

O planejamento estratégico é a base do processo de gestão estratégica, pois direciona a coordenação e o monitoramento das decisões planejadas e executadas, o que expressa a necessidade de ser elaborado com a participação e o comprometimento dos envolvidos, Portanto, é responsabilidade do gestor escolar mobilizar e envolver a comunidade escolar no planejamento e nas ações a serem realizadas, garantindo oportunidades de exporem suas ideias e opiniões, estabelecendo dessa maneira, dentro da escola, um clima de empatia direcionado aos interesses coletivos (ESTEVÃO, 1998).

Nesse sentido, a gestão estratégica torna-se relevante ao processo de apropriação dos resultados das avaliações externas, uma vez que essas são vistas

como um meio para a escola aferir e propor melhorias no seu desempenho. Por sua vez, o processo de apropriação de seus resultados requer reflexão, planejamento e ação. A gestão estratégica, nesse contexto, apresenta-se como mecanismo que permite identificar as reais necessidades de mudança e estabelecer prioridades e meios para que essas mudanças ocorram de forma planejada (MACHADO, 2014).

Considerando a aprendizagem dos estudantes e os diversos fatores que impactam nesse processo, ao analisar os resultados da escola e detectar as criticidades, a escola, por meio da gestão estratégica, elabora um plano de ação focado nos pontos críticos, de forma a alinhar as práticas pedagógicas e minimizar o impacto dessas variáveis nos resultados da escola. Para tanto, o gestor, segundo Machado (2012):

tem que aprender a ter visão sistêmica, desenvolver a capacidade de pensar estrategicamente e aprender a utilizar/elaborar o planejamento, inclusive o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) e o Projeto Político-Pedagógico (PPP), em prol da unidade escolar, mas sem deixar de seguir as políticas e diretrizes educacionais (MACHADO, 2012, p.9).

Nessa perspectiva, não se trata de implantar novos modelos de gestão, trata- se de estabelecerem-se novos paradigmas, novos valores, novos hábitos, uma nova cultura na escola. Nesse sentido, Machado (2014) destaca que a gestão estratégica pode ser entendida como o mecanismo adequado que permitirá identificar as reais necessidades de mudanças: o que mudar na organização e estabelecer as prioridades; o que é urgente mudar e quais serão os meios, ou seja, como mudar. Isso significa gerenciar as mudanças de forma planejada dentro da própria escola (MACHADO, 2014).

A gestão estratégica tem como característica peculiar a eficácia e a flexibilidade, tornando-se, na prática, um ciclo contínuo de planejar, fazer acontecer, mudar e aprender. Dessa forma, nos orientou na construção do Plano de Ação Educacional (PAE) que apresentamos no Capítulo 3. Neste estudo, esse PAE se apresenta como uma ação estratégica a qual julgamos viável para melhoria da aprendizagem dos estudantes e do processo de apropriação dos resultados das avaliações em larga escala na Escola Serra Azul e é inviável sem a participação e o envolvimento da equipe pedagógica e professores.

Na subseção seguinte, apresentamos a gestão participativa, pontuando-se a importância da participação dos atores educacionais no processo de apropriação de resultados das avaliações externas bem como na tomada de decisões e para que o gestor vislumbre, a partir de uma visão sistêmica, uma ação integrada que conduza a comunidade escolar a entender os resultados obtidos nas avaliações externas, oferecendo possibilidades para melhorar a aprendizagem dos estudantes da escola.

No documento mariavanderlidesouzamarques (páginas 109-112)