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Gestão de Sistemas de Informação

No documento Material apoioAsis03 (páginas 44-51)

AMBIENTE Comunidade

3.4 Gestão de Sistemas de Informação

Por gestão de sistemas de informação entende-se a gestão do recurso informação28 e de todos os recursos envolvidos no planeamento, desenvolvimento, exploração e manutenção do SI.

Grande parte das organizações actuais são “obrigadas” a praticar a gestão do recurso informação, e de todos os componentes associados, para que sejam capazes de concorrer num ambiente cada vez mais global, complexo e competitivo.

Na verdade, muitos gestores estão já conscientes da importância crescente que têm a informação, os sistemas e as tecnologias de informação, no que respeita à contribuição destes para a obtenção dos objectivos definidos na estratégia das organizações, assim como, para a criação de factores de diferenciação e de valor acrescentado capazes de influenciar e modificar a estratégia previamente estabelecida.

28 A gestão do recurso informação é o meio através do qual uma organização maximiza a eficácia e a

eficiência com que planeia, reúne, organiza e utiliza o controlo, divulga e dispõe da informação, um meio através do qual assegura que o valor real e o potencial dessa informação serão identificados e explorados ao máximo.

Gestor de sistemas de informação

Se uma organização praticar a gestão do recurso informação, então os seus gestores têm de:

1. Reconhecer que a organização existe num ambiente que exerce influência sobre as actividades da organização;

2. Identificar vantagens competitivas como um objectivo ambiental da organização; 3. Reunir inteligência de negócio, a qual mantém a organização informada das

actividades do ambiente;

4. Ajustar o planeamento estratégico da organização, o qual toma em consideração o nível de suporte que pode ser fornecido por todas as áreas funcionais da organização, e define a forma de obter vantagens competitivas;

5. Ajustar o planeamento estratégico dos recursos da informação, o qual considera as necessidades de informação para toda a organização e define as políticas organizacionais relativas aos utilizadores finais desses recursos;

6. Designar um grupo dentro da organização para levar a cabo o que se definiu no planeamento estratégico dos recursos da informação;

7. Tornar os recursos associados à informação disponíveis aos utilizadores.

Surge assim, a necessidade da existência de uma pessoa nas organizações responsável por tudo o que está ligado ao recurso informação, e que geralmente é conhecida por gestor de sistemas de informação ou gestor da função sistema de informação.

O gestor de SI desempenha um papel crítico dentro das organizações, devido ao reconhecimento do valor estratégico crescente da informação, sistemas e tecnologias da informação, como se vem constatando ao longo deste documento.

De facto, os gestores das diferentes áreas funcionais não podem definir a sua estratégia sem o conhecimento das capacidades dos SI/TI para suportar os seus planos. Por via disso,

deve ser adoptada uma abordagem conjunta e recíproca de todas as áreas funcionais para o desenvolvimento do plano estratégico das organizações, onde o gestor da função SI joga um papel importantíssimo.

O reconhecimento da importância do gestor de SI é reflectido na posição que assume actualmente dentro das organizações: geralmente depende única e somente do responsável máximo e participa, de igual modo com os gestores de topo das outras áreas, nas decisões estratégicas das organizações.

Características do gestor de SI

O gestor da função SI deve possuir os seguintes atributos:

• Perceber/conhecer as actividades e necessidades das unidades fundamentais do negócio de modo a poder fazer a ponte entre o departamento de SI e o resto da organização;

• Ser capaz de unificar e encontrar os diversos requisitos dos utilizadores dos vários departamentos, assegurando um correcto fluxo de informação a todos;

• Ajudar o responsável máximo da organização a entender os avanços e os riscos tecnológicos exteriores e interiores à organização, formulando conjuntamente prioridades para o investimento em SI/TI, capazes de introduzirem transformações potenciadoras da obtenção de vantagens competitivas para a organização;

• Partilhar/perceber a linguagem e a visão do responsável máximo da organização sobre o negócio e os SI/TI - um bom relacionamento entre ambos potência o sucesso na exploração de sistemas e tecnologias da informação, sobretudo em três situações: no planeamento estratégico de sistemas de informação, nas parcerias negócio/SI e no envolvimento do responsável máximo na gestão dos SI/TI;

• Ser um verdadeiro gestor e não apenas um gestor de tecnologia tradicional; • Ser capaz de integrar os SI/TI com o plano do negócio.

Das características enunciadas, conclui-se, acima de tudo, que o gestor de SI tem de ser uma pessoa capaz de entender e falar duas linguagens (a da área dos SI e a do resto da organização). Mais ainda, para desempenhar esta tarefa, de âmbito sócio-técnico, exige-se um perfil particular, em que se conjuguem as seguintes qualidades:

− Honestidade, integridade, sinceridade e franqueza; − Linguagem, motivação e perspectiva de negócio;

− Comunicador, educador, motivador, líder, político e empático;

− Continuamente informado sobre a evolução das TI e apto a interpretar o seu significado para o negócio;

− Proactivo, criativo, globalista, integralista, poder de síntese e visão estratégica. Em suma, indivíduos, ora planeadores ora decisores, que se sintam cómodos e seguros, de modo a encontrar o equilíbrio que muitas empresas precisam alcançar, no que diz respeito ao recurso informação.

Para adquirir este perfil, em que se pretende articular o rigor com a intuição, para além de capacidades pessoais de liderança e comunicação, o gestor de SI deve deter uma sólida formação de base em gestão, uma boa formação em planeamento, concepção e gestão de SI e conhecimentos sobre tecnologias de informação e sua evolução.

Posição e estrutura da função SI

A dependência hierárquica da gestão da função SI interfere no seu sucesso junto da organização, sendo o nível de sucesso grandemente influenciado nos casos em que o responsável máximo da organização considera que a função SI é uma parte integrante do negócio, e procura enfatizar este facto reportando-a directamente a si e não a uma função, como por exemplo, a contabilidade. A adopção de um estilo pessoal/informal para com o gestor de SI também é facilitador desse mesmo sucesso.

O organograma da organização reflecte os níveis hierárquicos e parte dos canais de comunicação formal. Geralmente distinguem-se três tipos de estruturas para a função SI: hierárquica, orientada a produtos/serviços e matricial.

A estrutura hierárquica da organização é baseada num agrupamento do pessoal de SI de uma forma hierárquica de acordo com a sua especialização profissional (função), como por exemplo, analistas e programadores de sistemas. Na estrutura organizacional orientada a produtos/serviços, os profissionais de SI são agrupados de acordo com as sub-unidades funcionais ou departamentos, como contabilidade, marketing e produção. A estrutura matricial, tenta ultrapassar as desvantagens das outras duas formas estruturais e, por outro lado, procura reter as suas vantagens. A flexibilidade proporcionada por uma estrutura tipo matriz, potencia a motivação para o trabalho, facilita a comunicação formal e informal entre os membros das equipas e encoraja a participação dos utilizadores.

Evolução da GSI

A forma como é realizada a GSI tem mudado ao longo dos anos. Outsourcing, downsizing29, e distribuição de recursos por toda a organização, são algumas opções que as organizações podem seguir, tendo todas influência sobre as responsabilidades do gestor de SI. O caminho que o gestor de sistemas de informação e o próprio SI seguirão nos anos vindouros dependerá da grande extensão do seu poder30 em relação a outras áreas funcionais.

Procurando uma posição de poder dentro das organizações, o SI tanto quanto o seu gestor tem uma vantagem visto que a informação é reconhecida como um dos recursos básicos e, por essa razão, tem valor. Mais, a informação parece fornecer poder, i.e., a capacidade de um subsistema fornecer informação para a unidade de controlo do sistema dá, ao sub- sistema, uma vantagem de poder sobre outros sub-sistemas.

29 O “downsizing” consiste sobretudo num achatamento (emagrecimento) da estrutura hierárquica das

organizações, através da eliminação de quadros intermédios, após uma reestruturação motivada pela evolução das TI, onde se salientam, em particular, as potencialidades oferecidas pelos sistemas distribuídos ao permitirem o tratamento descentralizado da informação. Ultimamente, alguns autores têm alertado para o perigo das organizações poderem desperdiçar parte da sua riqueza intelectual acumulada, ao adoptar a política do downsizing: “com o downsizing não se perdeu só gordura mas também músculo” [Prahalad 1996].

Actualmente, parece ainda existir uma lacuna significativa entre o potencial oferecido pelos SI/TI para a eficiência e eficácia das organizações e o seu aproveitamento efectivo pelas mesmas organizações. Os modelos de maturidade para as actividades da função SI, parecem ser os mecanismos capazes de ajudar à diminuição dessa lacuna.

Capítulo 4

4.

Modelo Matriz de Actividades

O modelo Matriz de Actividades é uma representação matricial que tem como objectivo perspectivar o posicionamento relativo das actividades de planeamento e desenvolvimento organizacional e do sistema de informação.

Essa representação combina dois tipos de actividades, como ilustra a figura 4.1: planeamento e desenvolvimento; e abarca dois níveis dessas actividades: toda a organização ou apenas o seu sistema de informação.

Encontram-se então quatro quadrantes que correspondem respectivamente a: (I) planeamento de sistemas de informação; (II) desenvolvimento de sistemas de informação; (III) planeamento organizacional - actividade de planeamento estratégico da organização; e (IV) desenvolvimento organizacional - actividades de concepção, reestruturação e racionalização da organização não limitadas ao SI.

A Matriz de Actividades pode ser utilizada para clarificar vários aspectos relacionados com a gestão de sistemas de informação, nomeadamente: (a) a posição das actividades na

matriz, ajuda a chamar atenção para os vários tipos de ligações existentes entre elas; (b) é possível ilustrar “caminhos” diferentes para o planeamento e desenvolvimento de SI conforme as motivações que levam a estas actividades; (c) mostra a necessidade de uma linguagem híbrida (combinação da linguagem técnica da gestão com a linguagem técnica de sistemas de informação) para as actividades de PSI e DSI.

IV - Desenvolvimento Organizacional Planeamento Desenvol vi ment o

I+II – Gestão de Sistemas de Informação

Fonte: [adaptado de Carvalho e Amaral (1993)]

III- Planeamento Organizacional

II - Desenvolvimento do Sistema de Informação

I - Planeamento do Sistema de Informação SI Organização

II

IV

I

III

Figura 4.1: Matriz de Actividades de planeamento e desenvolvimento organizacional e do SI.

No documento Material apoioAsis03 (páginas 44-51)