• Nenhum resultado encontrado

4.1 Resultados da Etapa Quantitativa

4.1.3 Gestão do uso da água – Variáveis independentes

A análise da gestão do uso da água tem por objetivo apresentar as principais práticas empresariais adotadas pelas indústrias minerais pesquisadas. Para tanto, as discussões desta fase baseiam-se no modelo proposto por Ceres (2010), que conta com cinco dimensões de análise, de acordo com as seguintes práticas empresariais: (i) Controle da quantidade de água; (ii) Avaliação dos riscos envolvidos; (iii) Operacionais; (iv) Cadeia de suprimentos e (v) Engajamento com os stakeholders. A Tabela 9 apresenta os resultados obtidos em cada uma das referidas dimensões, bem como suas respectivas variáveis. Utilizou-se a média como medida de tendência central, além do desvio padrão e do coeficiente de variação como medidas de dispersão.

Tabela 9 – Gestão do uso da água – estatísticas descritivas

Gestão do uso da água

Variáveis Média Desvio

Padrão

Coef. de Variação

(%) 1 Controle da quantidade de água 0,56 0,30 53,53 Controle da quantidade de água retirada/consumida 0,68 0,36 52,13 Controle da descarga de águas residuais 0,70 0,36 52,00 Controle da quantidade de água utilizada por seus fornecedores (water

footprint dos fornecedores) 0,31 0,37 119,68

2 Avaliação dos riscos 0,77 0,30 39,02

Conhecimento da sua exposição aos riscos físicos 0,79 0,32 41,23 Conhecimento da sua exposição aos riscos de reputação 0,80 0,30 37,63 Conhecimento da sua exposição aos riscos regulatórios 0,76 0,35 46,30 Conhecimento da sua exposição aos riscos de litígio 0,72 0,35 48,14

3 Operacional 0,67 0,31 45,59

Políticas e sistemas de gestão em relação à água 0,70 0,37 52,65 Informações sobre não-conformidade, violações ou penalidades no uso

da água ou descargas residuais 0,73 0,39 53,15

Esforço em reduzir o uso de água em nível corporativo 0,78 0,29 37,23 Esforço em reduzir a descarga de águas residuais 0,75 0,33 44,41 Metas para reduzir o uso de água em nível corporativo e local 0,55 0,42 75,38 Metas para reduzir a descarga de águas residuais 0,54 0,43 79,01

4 Cadeia de Suprimentos 0,32 0,30 95,02 Esforço em avaliar, treinar ou ajudar seus fornecedores 0,35 0,35 102,18 Esforço em coletar e acompanhar dados sobre os impactos dos seus

fornecedores 0,29 0,33 114,34

Metas para reduzir os impactos na cadeia de suprimento 0,33 0,36 110,24

5 Engajamento com os stakeholders 0,48 0,35 74,12 Colaboração com stakeholders em assuntos relacionados à água

potável e saneamento 0,52 0,37 71,71

Colaboração efetiva com stakeholders na gestão e restauração de

bacias hidrográficas 0,47 0,40 84,59

Mecanismos de consulta às comunidades locais e ONGs ao

implementar ou expandir as operações 0,44 0,40 90,33 N = 50

¹As médias referem-se ao nível de concordância das empresas sobre a aplicação de tais práticas, em uma escala com amplitude de 0 a 1, onde 1 é o maior nível de concordância.

²As médias de cada dimensão foram calculadas a partir da média aritmética de suas variáveis.

De acordo com os resultados apresentados, destacam-se as práticas referentes à „avaliação dos riscos‟ envolvidos em relação ao uso da água, que

obtiveram as maiores médias no estudo e os menores coeficientes de variação. Essa dimensão está associada ao conhecimento das empresas em relação aos diferentes riscos, aos quais elas estão expostas, associados à água. Considera os riscos físicos, de reputação, regulatórios e de litígio.

Os elevados índices em relação à avaliação dos riscos envolvidos corroboram o estudo de Ceres (2010), no qual se expõe que as empresas do setor mineral obtiveram médias elevadas em relação à avaliação dos riscos envolvidos, com destaque aos riscos físicos e regulatórios, comparadas a empresas de outros setores. Isto se deve, segundo Ceres (2010), às especificidades desta atividade, já que esta possui grande dependência da disponibilidade da água em grande escala (associada aos riscos físicos), bem como está sujeita à crescente pressão da legislação (riscos regulatórios).

A média elevada na variável associada aos riscos de reputação, que obteve o maior índice nesta dimensão, vem ao encontro do exposto por Lambooy (2011), que inclui a preocupação quanto à reputação da empresa, frente a uma sociedade cada vez mais atenta aos impactos ambientais, entre os principais direcionadores que motivam as empresas a implementar uma adequada gestão do uso da água,.

Destacam-se, também, as médias obtidas na dimensão „operacional‟, referente às práticas operacionais. Essa dimensão está relacionada à gestão do uso da água em nível operacional nas indústrias e está associada, também, às políticas e sistemas de gestão da água, à conformidade com as regulamentações relacionadas à água e aos esforços e metas quantitativas para redução do uso da água e descarga de águas residuais. Nessa dimensão, ressalta-se a variável com maior média individual, que se refere ao esforço em reduzir o uso de água em nível corporativo. Cabe ressaltar também os esforços em diminuir as descargas de águas residuais em nível coorporativo.

A terceira dimensão com maiores médias na gestão do uso da água refere-se ao „controle da quantidade de água‟. Esta categoria considera o controle, por parte das empresas, do volume de água utilizada, da descarga de águas residuais e do volume de água utilizado por seus fornecedores, por meio de dados quantitativos.

Por fim, podem ser citadas as duas dimensões com resultados de menor expressão. A dimensão „engajamento com os stakeholders‟, que considera o envolvimento das empresas com as partes interessadas, avalia o grau de participação e colaboração junto aos governos, locais e nacionais, empresas e

comunidade para a gestão e restauração de bacias hidrográficas, água potável e saneamento. As médias obtidas nesta dimensão são consideradas de menor importância pelos respondentes, corroborando com o pensamento de Hilson e Murck (2000), que destacam a necessidade de maior integração das indústrias minerais e seus stakeholders.

A menor média, em relação à gestão do uso da água, refere-se à dimensão cadeia de suprimentos. Esta categoria avalia o grau de envolvimento das empresas com os fornecedores, identificando os esforços da empresa em conhecer os dados dos seus fornecedores em relação ao uso da água, avaliar seus desempenhos e colaborar com o treinamento de seus fornecedores, no que tange o uso da água. As médias relativamente baixas nesta dimensão revelam que a integração indústria/fornecedores, em relação ao uso da água, ainda é incipiente nas empresas pesquisadas.

A partir dessa análise, foi possível identificar que as principais práticas adotadas pelas indústrias minerais em relação à gestão do uso da água são a avaliação e conhecimento dos riscos envolvidos e as práticas em nível operacional, a fim de diminuir a quantidade de água utilizada. Foi evidenciada, ainda, a necessidade de maior integração das indústrias com os seus stakeholders e cadeia de fornecimento, por meio de uma gestão integrada e colaborativa, a fim de melhorar os resultados na gestão do uso da água.

A partir destes resultados, pode-se avançar em direção ao desempenho empresarial dessas indústrias, apresentados na seção a seguir.