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Na gestão dos recursos materiais, como na dos recursos financeiros a actuação da escola através dos órgãos de decisão próprios, deverá pautar por uma política de rigor, subordinada às necessidades reais da vertente pedagógico-didáctica, sem menosprezar as

necessidades inerentes à gestão dos espaços, à própria área administrativa e à manutenção geral da «organização da escola».

Além de uma política de rigor, no sentido da adequada resposta às necessidades em quantidade, é vantajoso associar uma exigência de qualidade permanente nos recursos materiais a adquirir ou a angariar.

Nas escolas, por uma questão de manutenção dos recursos materiais de forma durável e considerando a sobreutilização dos mesmos, é costume dizer-se que os objectos devem ser «fortes e feios». Se na prática pudermos ter objectos fortes e bonitos, tanto melhor.

Os recursos materiais numa escola são classificados em fixos e móveis podendo ambos ser de longa duração ou de curta duração. Os materiais de longa duração, fixos e móveis, são todos aqueles que exigem inventariação, nomeadamente, maquinarias, equipamento audiovisual, ferramentas eléctricas, mobiliário escolar, prateleiras, electrodomésticos, computadores…

Os recursos materiais de curta duração, pela sua própria definição, têm uma duração limitada, e correspondem a todos os artigos de uso corrente, de durabilidade reduzida.

Os recursos materiais, como os humanos e financeiros, estão sempre ao serviço da finalidade da missão da escola. Se para maior facilidade na consecução do sucesso escolar e educativo for necessário um grande investimento ao nível dos recursos materiais, não deverá existir qualquer hesitação em fazê-lo. Se se garantir que o insucesso escolar em determinada disciplina decrescerá com a frequente utilização de determinados meios audiovisuais, o responsável administrativo não deverá pensar duas vezes para promover as respectivas aquisições. Esta será uma aquisição de recursos materiais baseada num critério lógico, e não em critérios absolutamente arbitrários como acontece muitas vezes, nas

escolas. Por exemplo, para quê continuar a adquirir dezenas de livros para uma disciplina se o insucesso nessa disciplina aumenta e continua a manter-se ao nível dos cinquenta por cento? Não será melhor questionar as causas profundas ou as mais óbvias desse insucesso e abandonar a persistente aquisição de um recurso que não serve a missão da escola?! Não será melhor investir na aquisição de uma boa audioteca ou mesmo de uma videoteca que cative mais os alunos para a aprendizagem daquela disciplina? Ou, então, porque não, investir numa boa colecção de obras de didáctica da disciplina para os professores daquela área?

Se a escassez de recursos materiais pode ser negativa, dificultando o sucesso escolar e educativo, o excesso desses mesmos recursos pode ser antipedagógico quando estes forem mal usados, não usados, ou propositadamente danificados. A existência de recursos

materiais deverá ser directamente proporcional às necessidades de utilização. As necessidades de utilização poderão ser hierarquizadas pelo âmbito da sua aplicação e pelo número de utilizações. O gestor de recursos materiais deverá preocupar-se em adquirir mais retroprojectores do que projectores de diapositivos se a utilização dos primeiros for mais frequente para um grande número de espectadores. Se a utilização dos projectores for esporádica e limitada a poucos utentes, este deverá ser uma prioridade relativa e devidamente hierarquizada.

Outra situação que se deve ter em consideração na utilização dos recursos é a sua acessibilidade. De nada valerá que a escola esteja apetrechada com dezenas de equipamentos audiovisuais ou outros se o seu acesso for difícil e, por vezes, consciente ou inconsciente, dificultado não só por falta de organização, como também, por exagero burocrático ou por falta de recursos humanos de apoio ao ensino, à educação ou à administração.

Especificando: se um professor tiver ao seu dispor na sala de aula um retroprojector, mais rapidamente ele predisponha a usá-lo e a produzir materiais didácticos de apoio ao ensino. Ao fazê-lo, está a trabalhar na perspectiva de melhoria da comunicação entre ele e os seus alunos. Com a continuação desta utilização, estará a melhorar a relação ensino- aprendizagem e, em simultâneo, a tornar o acto de ensinar e de aprender mais exigente e qualificado para o professor e para o aluno.

Mas se para utilizar o retroprojector, ele tiver de ser requisitado noutro piso ou bloco de aulas e professor tiver de preencher dois impressos para requisitar e devolver o equipamento, e ainda, encarar a má disposição do funcionário de serviço que se esforçou em demasia para transportar sozinho, decerto nunca mais o professor utilizará aquele ou qualquer outro meio audiovisual.

Chegará o tempo em que a utilização permanente destes recursos exigirá o apetrechamento adequado de todas as salas de aula se para tal, todos formos exigentes quanto à acessibilidade, quantidade e qualidade destes recursos.

Os recursos humanos não deverão continuar a ser escravos dos recursos materiais. São estes que devem estar ao serviço daqueles. Fará sentido que um professor, funcionário ou aluno tenha de se deslocar dezenas ou centenas de metros para obter uma fotocópia e esta tiver de ser requisitada em impresso próprio ao superior hierárquico da escola, quando uma máquina fotocopiadora em regime de self-service e «ao domicílio», se torna mais económica, produz nos utentes satisfação e maior predisposição para o trabalho com menor gasto de energias?!... Experimente-se e contabilizem-se os resultados, em termos de

rentabilidade e produtividade, tendo em vista a missão da escola na utilização de um serviço ou aquisição de um bem material.

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