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O Grupo está exposto aos seguintes riscos decorrentes do uso de instrumentos financeiros:

• Risco de crédito; • Risco de mercado; • Risco de liquidez; • Risco operacional.

Risco de crédito

O Risco de Crédito resulta da possibilidade de ocorrência de perdas financeiras decorrentes do incumprimento do cliente ou contraparte relativamente às obrigações contratuais estabelecidas com o Grupo no âmbito da sua actividade creditícia. O risco de crédito está essencialmente presente nos produtos tradicionais bancários – empréstimos, garantias e outros passivos contingentes – e em produtos de negociação – swaps, forwards e opções (risco de contraparte).

É efectuada uma gestão permanente das carteiras de crédito que privilegia a interacção entre as várias equipas envolvidas na gestão de risco ao longo das sucessivas fases da vida do processo de crédito. Esta abordagem é complementada pela introdução de melhorias contínuas tanto no plano das metodologias e ferramentas de avaliação e controlo dos riscos, como ao nível dos procedimentos e circuitos de decisão.

das exposições de crédito e monitorização das perdas creditícias, é efectuado regularmente pelo Comité de Risco. São igualmente objecto de análise regular o cumprimento dos limites de crédito aprovados e o correcto funcionamento dos mecanismos associados às aprovações de linhas de crédito no âmbito da actividade corrente das áreas comerciais.

Seguidamente apresenta-se a informação relativa à exposição do Grupo BES ao risco de crédito:

(milhares de euros)

31.12.2008 31.12.2007

Disponibilidades e aplicações em Instituições de crédito 6 973 732 10 014 731

Activos financeiros detidos para negociação 3 672 125 2 947 423

Outros activos financeiros ao justo valor através de resultados 1 324 543 1 234 344

Activos financeiros disponíveis para venda 4 968 576 3 707 451

Crédito a clientes 47 049 474 42 170 263

Investimentos detidos até à maturidade 2 160 196 407 842

Derivados para gestão de risco 936 290 211 890

Outros activos 492 352 389 025

Garantias e avales prestados 6 426 610 5 370 597

Créditos documentários 2 127 792 1 073 334

Compromissos irrevogáveis 4 586 554 3 413 098

A repartição por sectores de actividade, para os exercícios findos em 31 de Dezembro de 2008 e 2007, encontra-se apresentada conforme segue:

Risco de mercado

O Risco de Mercado representa genericamente a eventual perda resultante de uma alteração adversa do valor de um instrumento financeiro como consequência da variação de taxas de juro, taxas de câmbio e preços de acções.

A gestão de risco de mercado é integrada com a gestão do balanço através da estrutura ALCO (Asset and Liability Committee) constituída ao mais alto nível da instituição. Este órgão é responsável pela definição de políticas de afectação e estruturação do balanço bem como pelo controlo da exposição aos riscos de taxa de juro, de taxa de câmbio e de liquidez.

Ao nível do risco de mercado o principal elemento de mensuração de riscos consiste na estimação das perdas potenciais sob condições adversas de mercado, para o qual a metodologia Value at Risk (VaR) é utilizada. O Grupo BES utiliza um VaR com recurso à simulação de Monte Carlo, com um intervalo de confiança de 99% e um período de investimento de 10 dias. As volatilidades e correlações são históricas com base num período de observação de um ano. Como complemento ao VaR têm sido desenvolvidos cenários extremos (stress-testing) que permitem avaliar os impactos de perdas potenciais superiores às consideradas na medida do VaR.

milhões de euros

31.12.2008 31.12.2007

Dezembro Média anual Máximo Mínimo Dezembro Média anual Máximo Mínimo

Risco cambial 25 22 25 11 11 13 17 10

Risco taxa de juro 33 13 33 9 4 8 6 6

Acções 9 16 9 15 21 9 16 2

Mercadorias 0 1 0 2 2 3 3 3

Efeito da diversificação -20 -19 -20 -16 -14 -13 -13 -7

Total 47 33 47 21 24 21 28 14

O Grupo BES apresenta um valor em risco (VaR) de 47 milhões de euros (31 de Dezembro de 2007: 24 milhões de euros) para as suas posições de negociação.

No seguimento das recomendações de Basileia II (Pilar 2) e da Instrução nº 19/2005, do Banco de Portugal, o Grupo BES calcula a sua exposição ao risco de taxa de juro de balanço baseado na metodologia do Bank of International Settlements (BIS) classificando todas as rubricas do activo, passivo e extrapatrimoniais, que não pertençam à carteira de negociação, por escalões de repricing.

O modelo utilizado para o cálculo da análise de sensibilidade do risco de taxa de juro da carteira bancária baseia-se numa aproximação ao modelo da duração, sendo efectuados cenários paralelos para deslocação da curva de rendimentos de 100 p.b. em todos os escalões de taxa de juro.

milhões de euros 31.12.2008 31.12.2007 Aumento paralelo de 100 pb Diminuição paralela de 100 pb Aumento depois de 1 ano de 50pb Diminuição depois de 1 ano de 50pb Aumento paralelo de 100 pb Diminuição paralela de 100 pb Aumento depois de 1 ano de 50pb Diminuição depois de 1 ano de 50pb Em 31 de Dezembro 43 (43) 40 (40) 108 (108) 70 (70) Média do exercício 62 (62) 46 (46) 169 (169) 98 (98)

Máximo para o exercício 85 (85) 53 (53) 255 (255) 138 (138)

Mínimo para o exercício 43 (43) 40 (40) 108 (108) 70 (70)

No quadro seguinte apresentam-se as taxas médias de juro verificadas para as grandes categorias de activos e passivos financeiros do Grupo, para os exercícios findos em 31 de Dezembro de 2008 e 2007, bem assim como os respectivos saldos médios e os juros do exercício:

(milhares de euros) Saldo médio do exercício Juro do exercício Taxa de juro média Saldo médio do exercício Juro do exercício Taxa de juro média Activos monetários 8 379 583 289 964 3,46% 7 899 595 364 124 4,61% Crédito a clientes 45 657 828 2 904 887 6,36% 39 108 815 2 278 474 5,83% Aplicações em títulos 7 750 462 574 589 7,41% 6 692 630 506 016 7,56% Activos financeiros 61 787 873 3 769 440 6,10% 53 701 040 3 148 614 5,86% Recursos monetários 10 309 560 497 563 4,83% 8 516 677 452 778 5,32% Recursos de clientes 22 715 410 696 720 3,07% 19 583 022 537 466 2,74% Outros recursos 28 720 941 1 488 988 5,18% 24 564 566 1 204 644 4,90% Recursos diferenciais 41 962 - - 1 036 775 - - Passivos financeiros 61 787 873 2 683 271 4,34% 53 701 040 2 194 888 4,09% Resultado Financeiro 1 086 169 1,76% 953 726 1,78% 31.12.2008 31.12.2007

No que se refere ao risco cambial, a repartição dos activos e dos passivos, a 31 de Dezembro de 2008 e 2007, por moeda, é analisado como segue:

Risco de liquidez

O Risco de Liquidez advém da incapacidade potencial de financiar o activo satisfazendo as responsabilidades exigidas nas datas devidas e da existência de potenciais dificuldades de liquidação de posições em carteira sem incorrer em perdas significativas. O controlo dos níveis de liquidez tem como objectivo manter um nível satisfatório de disponibilidades para fazer face às necessidades financeiras no curto, médio e longo prazo, estando a estratégia financeira do Grupo desenvolvida no Relatório de Gestão.

Para avaliar a exposição global a este tipo de risco são elaborados relatórios que permitem não só identificar os mismatch negativos, como efectuar a cobertura dinâmica dos mesmos. Adicionalmente, é também realizado um acompanhamento dos rácios de liquidez de um ponto de vista prudencial, calculados segundo as regras exigidas pelo Banco de Portugal.

Em 31 de Dezembro de 2008 o Gap de tesouraria era negativo em 3 843 milhões de euros (31 de Dezembro de 2007: positivo em 2 302 milhões de euros), sendo mais que coberto através de títulos transformáveis em meios líquidos, designadamente, junto do Banco Central Europeu ou do mercado de repos, no valor de 8 710 milhões de euros (31 de Dezembro de 2007: 6 029 milhões de euros). Deste último montante, 1 400 milhões de euros foram utilizados ficando no entanto disponíveis para reutilização, no prazo de uma semana e três meses no valor de 900 milhões de euros e 500 milhões de euros, respectivamente.

Risco operacional

O Risco operacional traduz-se, genericamente, na eventualidade de perdas originadas por falhas na prossecução de procedimentos internos, pelos comportamentos das pessoas ou dos sistemas informáticos, ou ainda, por eventos externos à organização.

Para gestão do risco operacional, foi desenvolvido e implementado um sistema que visa assegurar a uniformização, sistematização e recorrência das actividades de identificação, monitorização, controlo e mitigação deste risco. Este sistema é suportado por uma estrutura organizacional, integrada no Departamento de Risco Global exclusivamente dedicada a esta tarefa bem como representantes designados por cada um dos departamentos e subsidiárias considerados relevantes.

Gestão de Capital e Rácio de Solvabilidade

Os principais objectivos da gestão de capital no Grupo são (i) permitir o crescimento sustentado da actividade através da geração de capital suficiente para suportar o aumento dos activos, (ii) cumprir os requisitos mínimos definidos pelas entidades de supervisão em termos de adequação de capital e (iii) assegurar o cumprimento dos objectivos estratégicos do Grupo em matéria de adequação de capital.

A definição da estratégia a adoptar em termos de gestão de capital é da competência da Comissão Executiva encontrando-se integrada na definição global de objectivos do Grupo.

Em termos prudenciais, o Grupo está sujeito à supervisão do Banco de Portugal que, tendo por base a Directiva Comunitária sobre adequação de capitais, estabelece as regras que a este nível deverão ser observadas pelas diversas instituições sob a sua supervisão. Estas regras determinam um rácio mínimo de fundos próprios totais em relação aos requisitos exigidos pelos riscos assumidos, que as instituições deverão cumprir.

No âmbito da implementação do novo acordo de capital, designado por Basileia II, o Grupo concluiu, no dia 28 de Novembro de 2008, o Processo de Candidatura Formal para a utilização da abordagem baseada no uso de modelos internos para o tratamento do risco de crédito (método “Internal Ratings Based” – IRB) e o método “Standard” para o tratamento do risco operacional (método “The Standardized Approach” – TSA).

O processo de certificação pelo Banco de Portugal para a utilização destas metodologias encontra-se em fase de conclusão tal como referido no capítulo 7 do Relatório de Gestão.

Actualmente e para fins de reporte às autoridades de supervisão para efeitos prudenciais, o Grupo apresenta os rácios de solvabilidade segundo o método padrão para o risco de crédito e o método do indicador básico para o risco operacional.

Os elementos de capital do Grupo BES dividem-se em Fundos Próprios de Base, Fundos Próprios Complementares e Deduções, com a seguinte composição:

• Fundos Próprios de Base (FPB): Esta categoria inclui o capital estatutário realizado, as reservas elegíveis (excluindo as reservas de justo valor), os resultados retidos do período, os interesses minoritários e as acções preferenciais. São deduzidos as reservas de justo valor negativas associadas a acções ou outros instrumentos de capital, o valor de balanço dos montantes relativos a “Goodwill” apurado, activos intangíveis e desvios actuariais negativos decorrentes de responsabilidades com benefícios pós emprego a empregados acima do limite do corredor ocorridos até 31 de Dezembro de 2007. Desde 2007 passaram também a ser deduzidas em 50% do seu valor as participações superiores a 10% em instituições financeiras e entidades seguradoras.

• Fundos Próprios Complementares (FPC): Incorpora essencialmente a dívida subordinada emitida elegível e 45% das reservas de justo valor positivas associadas a acções ou outros instrumentos de capital. São deduzidas as participações em instituições financeiras e entidades seguradoras em 50% do seu valor.

dação para liquidação de créditos.

Adicionalmente, a composição da base de capital está sujeita a um conjunto de limites. Desta forma, as regras prudenciais estabelecem que os FPC não podem exceder os FPB. Adicionalmente, determinadas componentes dos FPC (o designado Lower Tier II) não podem superar os 50% dos FPB.

Em Abril de 2007, o Banco de Portugal publicou o Aviso 4/2007 que alterou as regras de determinação dos fundos próprios. Este Aviso veio alterar o tratamento das participações em instituições financeiras e entidades seguradoras, que passaram a ser deduzidas em 50% aos FPB e 50% aos FPC. Anteriormente, estas participações eram incluídas nas deduções efectuadas ao total dos fundos próprios.

Em Dezembro de 2008, o Banco de Portugal publicou o Aviso 11/2008, que estabeleceu um período transitório de quatro anos, de Dezembro de 2009 a Dezembro de 2012, para o reconhecimento dos desvios actuariais totais apurados em 2008, deduzidos do rendimento esperado dos activos do fundo relativos a este mesmo ano.

Os principais movimentos ocorridos nos FPB em 2008 e 2007 apresentam-se no quadro seguinte:

(milhões de euros) 31.12.2008 31.12.2007

Saldo no início do exercício 3 953 3 751

Incorporação resultados do ano 289 334

Desvios actuariais com responsabilidades pós-emprego com impacto prudencial ( 133) 157

Amortização do período transitório IFRS ( 20) ( 141)

Dedução de participações em sociedades financeiras e outros elementos 69 ( 133) Reservas de reavaliação com impacto prudencial ( 174) ( 56)

Outros efeitos ( 36) 41

O quadro seguinte apresenta um sumário dos cálculos de adequação de capital do Grupo BES para 31 de Dezembro de 2008 e 2007:

O Grupo BES dispõe de uma sucursal financeira exterior localizada na Zona Franca da Madeira e uma sucursal financeira internacional localizada nas Ilhas Caimão.

Através da Sucursal Financeira Exterior localizada na Zona Franca da Madeira, o BES desenvolve essencialmente actividades de captação de recursos no exterior, tanto junto de clientes e de instituições de crédito não residentes, como de emigrantes. Estes recursos são por sua vez objecto de aplicação no exterior de forma a salvaguardar os requisitos exigidos pelo estatuto fiscal desta entidade.

Em 31 de Dezembro de 2008, o activo líquido da Sucursal na Zona Franca da Madeira elevava-se a 3 713 milhões de euros (31 de Dezembro de 2007: 2 409 milhões de euros), apresentando a seguinte estrutura:

(milhões de euros) 31.12.2008 31.12.2007

Activos financeiros de justo valor 280 156

Activos financeiros disponíveis para venda 65 409

Aplicações em Instituições de crédito 2 811 1 519

Crédito a clientes 383 289

Outros activos 174 36

3 713 2 409

Recursos de Instituições de crédito 1 569 540

Recursos de clientes 2 005 1 754

Outros passivos 54 70

Fundos próprios 85 45

3 713 2 409 A sucursal financeira exterior utiliza as estruturas de serviços partilhados, pelo que os procedimentos de controlo interno usados nesta estrutura são idênticos aos implementados no Banco.

Através da Sucursal das Ilhas Caimão, são desenvolvidas essencialmente actividades de captação de recursos no exterior, junto (i) de clientes não residentes, por via de instrumentos de depósitos a prazo e emissão de obrigações e (ii) do BES Finance, pela captação dos fundos originados pelos programas de dívida de médio e longo prazo, emitidos pelo Grupo no mercado de capitais internacional. Estas duas áreas de actuação, em 31 de Dezembro de 2008, ascendem a 13 933 milhões de euros (31 de Dezembro de 2007: 15 216 milhões de euros). Os fundos gerados pelas actividades de captação servem de suporte à actividade global do Grupo e ao desenvolvimento próprio de actividades de investimento, traduzidas numa carteira de crédito e de títulos que, em 31 de Dezembro de 2008, ascendia a 54 milhões de euros (31 de Dezembro de 2007: 254 milhões de euros).

Os procedimentos e mecanismos de controlo de risco em vigor na Sucursal das Ilhas Caimão são idênticos aos utilizados na estrutura global do Grupo.