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GIORDANO BRUNO

No documento FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO (páginas 62-69)

FILOSOFIA MEDIEVAL

ARGUMENTO ONTOLÓGICO DA EXISTÊNCIA DE DEUS

2.9 GIORDANO BRUNO

O espírito universal de dúvida e de incredibilidade que permeia esse momento histórico abraça Giordano Bruno (1548 - 1600), tranformando-o em um pesquisador das ciências e da filosofia ávido por descobertas e novidades. Impulsionado por essa inquietude, Bruno tem uma vida repleta de aventuras e desafios. Andou por Nápoles,

Gênova, Nice, Toulouse, Milão, Veneza, entre outras cidades. Em todos os lugares por onde passou deixou sua forte marca. Tudo lhe interessava, lhe inquietava. Caçado por suas heresias, Bruno decide, aos trinta anos, deixar sua pátria, a Itália. Parte, então, pela Europa para levar palavras de inovação e oposição àquilo que considerava ultrapassado e problemático.

Interessante notar que Giordano Bruno não tinha pretensões políticas, apesar de muitas de suas palavras versarem sobre essa questão. No fundo, a grande questão de Bruno é encontrar um apoio nas forças temporais para poder atacar, com mais precisão, as forças espirituais. Justamente por isso ele concentra sua atividade no campo das ideias. O âmbito das ideias, Giordano Bruno pôde encontrar o terreno sólido para apoiar sua luta. Não há, nesse campo, necessidade de respeitar qualquer autoridade, principalmente as instituídas pela religião.

Para Bruno, as grandes forças intelectuais da época eram a escola, a igreja e a religião cristã.

Elas deveriam ser atacadas para a efetivação do novo. A proposta de Bruno é que, no lugar da lógica aristotélica, uma nova deve ser instituída. À astronomia de Ptolomeu, Bruno propõe a de Copérnico e de Pitágoras. À Física de Aristóteles, com seu mundo finito e seu céu incorruptível, ele opõe a idéia de um mundo infinito, garantido por uma evolução universal e eterna. À religião cristã, caracterizada pela graça e pelo espírito que, segundo Bruno, é repleta de superstições e simbolismos, Bruno propõe a religião da natureza, que explica o sobrenatural pelo físico.

Bruno e a ideia de Infinito.

Sobre a importância da ideia de infinito em Bruno e as consequências dessas análises para o pensamento renascentista, é válido acompanhar o que escreve Bombassaro:

A ideia do universo infinito estava intrinsecamente vinculada a uma nova concepção metafísica. Para Bruno, o universo infinito é o espelho de um Deus único que, desde dentro, opera e comanda todas as coisas. Esse deus monádico e fonte de todos os números é também o princípio formal e material que dá origem à alma do mundo e à matéria. O universo infinito mostra-se como um corpo, cuja forma é o espírito inteligente e universal

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manifestando-se sob os dois aspectos de uma substância única. Bruno explica a existência da multiplicidade e do devir como um processo de decomposição e recomposição em que essa substância única e imutável atravessa estágios diversos e sucessivos. Nesse sentido, a única religião possível será a que torna o homem parte dessa natureza cheia de energia e vitalidade e o faça participar do todo infinito. Consequentemente, Bruno concebe a ética do amor intelectual a Deus e à natureza como um impulso supremo da mente em direção à fonte de todas as coisas (BOMBASSARO, 2007, p. 37).

Após anos de caminhadas pela Europa, Bruno retorna a Veneza no ano de 1591. Imediatamente foi processado e julgado pelo Santo Ofício. Mesmo depois de uma retratação, no ano de 1592, Bruno é novamente preso em 1593. Desse novo processo, não aceitando a rejeição de suas teses, recebe a pena capital, sendo condenado à fogueira e executado em 1600.

Assista um trecho do documentário sobre Bruno em:

http://www.ufsc.br/~portalfil/bruno.wmv

2.10 MAQUIAVEL

Talvez o mais conhecido e o menos compreendido filósofo da história, Maquiavel (1469 - 1527) possui uma importância ímpar no pensamento filosófico ocidental. O pensamento político deve tanto a Maquiavel que é difícil, mesmo contemporaneamente, tratar de suas questões primordiais sem alusão a esse filósofo.

Em Maquiavel, a política

encontra-se desligada da moral e da religião.

Esse afastamento não significa um reducionismo. Pelo contrário, Maquiavel nos ensina a perceber os lados opostos da mesma moeda. Falar em afastamento não significa, também, que não há moral ou religião. Apenas que, quando tratamos das

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questões políticas, essas devem se ocupar com seus limites, de modo autônomo, sem estarem condicionadas por princípios de outros campos (religiosos ou morais).

Ideia pessimista de homem.

Os homens seriam, por natureza, vorazes, buscando sempre mais poder, conforme capítulo III de O Príncipe: “O desejo de conquistar é coisa verdadeiramente natural e ordinária e os homens que podem fazê-lo serão sempre louvados e não censurados” (p. 14). Cabe ao soberano conseguir dominá-los, sempre fazendo uso da astúcia e do poder.

Aprender como fazer uso dessa astúcia e desse poder é a meta do escrito mais famoso de Maquiavel: O Príncipe. Nesse livro, Maquiavel dá uma aula de como um soberano pode conquistar e manter Estados sob seu domínio.

No âmbito da política, para se manter o poder, tudo é válido.

Afasta por completo as reflexões morais para dar lugar a um realismo rígido.

Uma excelente demonstração do que dissemos até agora pode ser encontrado no Capítulo XVIII do Príncipe.

Para Maquiavel é fundamental que um soberano saiba usar sua inteligência e poder para manter-se no governo. A força do leão e a astúcia da raposa, unidas, representam aquilo que é necessário para o príncipe manter seus súditos a serviço do Estado. Aliado a esses, Maquiavel dá lugar à virtude e ao conhecimento da história como companheiros necessários e inseparáveis de um bom príncipe.

65 Para saber mais, leia o texto integral em:

http://www.ufsc.br/~portalfil/bruno.wmv)

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A virtude não é compreendida como a tradição cristã a interpreta, ou seja, como um ideal norteador da moral. Em Maquiavel, virtude é compreendida como a arethé grega. É virtú, isto é, um saber fazer, uma habilidade no bem fazer. E essa virtude é aprendida.

Ainda de acordo com Maquiavel, nada melhor do que conhecer a história para saber como agiram os antigos. Se erraram, devemos aprender com seus erros. Se acertaram, imitá-los é garantia de seguir um bom caminho.

No Capítulo XIV, ao tratar da questão dos deveres do príncipe para com suas tropas, Maquiavel volta a falar desse importante passo para a educação, a saber, a relevância do estudo da história. Nesse capítulo, Maquiavel acrescenta á formação do príncipe a arte da guerra. Importante ressaltar que é dever do príncipe praticá-la sempre, mesmo em tempo de paz. Mas como fazer isso? Ora, Maquiavel afirma que existem duas formas: pela ação ou apenas pelo pensamento. Através da ação fica claro como o príncipe pode exercitar a arte da guerra. Mas a inovação está pelo pensamento.

Sobre isso, Maquiavel diz:

Quanto ao exercício do pensamento, o príncipe deve ler histórias de países e considerar as ações dos grandes homens, observar como se conduziram nas guerras, examinar as razões de suas vitórias e derrotas, para poder fugir destas e imitar aquelas; deve fazer como teriam feito em tempos idos certos grandes homens, que imitavam os que antes deles haviam sido glorificados por suas ações... Um príncipe sábio deve observar estas coisas e nunca ficar ocioso nos tempos de paz; deve, sim, inteligentemente, ir formando cabedal de que se possa valer nas adversidades, para estar sempre preparado a resistir-lhes (Cap. XIV).

Como são abordados os temas históricos na educação contemporânea? Serviriam, como propõe Maquiavel, para o alargamento do conhecimento ou estão impregnados de ideologias?

reflita

Elabore um texto (3 a 5 laudas) que analise as principais características herdadas pela educação contemporânea brasileira do pensamento sobre o conhecimento e a educação do período medieval e do renascimento. Poste no fórum e debata suas ideias com as dos colegas.

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UNIDADE 3

FILOSOFIA

No documento FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO (páginas 62-69)