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TECNOLOGIAS QUE FOI POSSIBILITADA PELA UTILIZAÇÃO DA ARQUITETURA DE CONHECIMENTO

2.2. GOVERNO ELETRÔNICO: EVOLUÇÃO PARA E PARTICIPAÇÃO

2.2.3. Governo Eletrônico para atingir a e-Participação

Para iniciar, é importante destacar que mesmo tendo evoluído ao longo do tempo, os conceitos iniciais de e-Gov ainda gozam de grande validade conjuntural. Carvalho (2014, p. 202) destaca que o e-Gov é uma das principais formas de modernização do estado, pois está associado à melhoria da administração pública com uso das TICs e no aumento da eficiência nos processos operacionais e administrativos do governo. Pontos como esse são pacíficos na literatura. Contudo, os contornos evolutivos ampliaram a possibilidade de relação. Observa-se que os primeiros conceitos utilizados sobre e-Gov apresentam a designação das expressões governo e o cidadão (G2C), governo e fornecedores/empresas (G2B) e governo inter ou intragoverno (G2G) (SILVA, 2009). Depois, avançou-se no entendimento, com e- Administração (administração eletrônica), e-Serviços (serviços eletrônicos) e e-Negócios (negócios eletrônicos) (SILVA, 2009). Percebe-se que ocorreu inclusive a interconectividade das expressões dos termos empregados, cuja e-Administração adere ao G2G, o e- Serviços ao G2C e o e-Negócios ao G2B. Entretanto, não existe dificuldade na compreensão e há até certa homogeneização quanto ao entendimento a respeitos destes termos na literatura científica.

Os relatórios da ONU sobre e-Gov de 2004 e 2005 iniciam timidamente a discussão sobre e-participação. Quando se fala em mudanças significativas sobre este assunto, o relatório da ONU (2008) foi um marco, que mudou inclusive o ranking do e-Gov no mundo, com uma nova forma de mensurar, e consolidou as expressões e-participação, e-cidadania e e-democracia. Os relatórios subsequentes de 2012 e 2014 continuaram a discussão e avançaram para operacionalização destes conceitos por meio do governo aberto (Open Government). O relatório da ONU (2014) apresenta o Open Government como e-serviço dentro da

modalidade G2C. Contudo, ao procurar analisar as definições conceituais, restou evidenciado que a literatura científica se mostra como uma verdadeira ―salada‖ sobre os conceitos de e-participação, e- cidadania e e-democracia, que foram introduzidos principalmente a partir de 2004. Assim, para uma melhor compreensão, desenvolveu-se o Quadro 3, que apresenta as definições sobre os termos em alguns artigos pesquisados.

Quadro 3 - Entendimento sobre e-democracia, e-cidadania e e-participação.

Tipo Autor Definição

e- D em ocr acia (MACIEL, 2008,

p. 16) Computador (CMC) para intensificar a participação O uso de TICs e de Comunicação Mediada por ativa dos cidadãos e dar suporte à colaboração entre os diversos atores, tais como cidadãos, governos,

sociedade civil, entre outros, na elaboração de políticas públicas é chamada de democracia

eletrônica (e-democracia). (DI MARIA;

RIZZO, 2005, p. 81)

E-democracia pode, portanto, ser interpretada como uma tentativa de criar melhores mecanismos que podem ser utilizados (por parte dos cidadãos e das

administrações) para transformar demandas em resultados políticos e socioeconômicos legítimos de

forma mais eficaz e mais eficiente. Nesse contexto, uma dos principais conceitos a serem considerados

é a de interação. (MACINTOSH,

2008, p. 88). e-democracia é um termo que é usado amplamente, mas também tem muito diferentes interpretações. Ele pode ser descrito como a utilização das TIC para apoiar os processos democráticos de decisão.

No entanto, esta definição é demasiada abstrata e necessita de mais elaboração. Em alguns países e em alguns círculos governamentais e-democracia

tornou-se sinônimo de e-voto (votar eletronicamente pela web), no entanto, o voto não é

o único mecanismo através do qual os cidadãos podem influenciar a tomada de decisão

democrática. (SHINKAI;

NAITO, 2005, p. 216)

"e-democracia" define-se como a participação dos cidadãos nos processos de formulação de políticas,

tomada de decisão e implementação através da utilização das TIC.

(BODEN; FISCHER; HERBIG; SPIERLING, 2006, p. 372)

E-democracia é um termo coletivo que constituem desenvolvimentos políticos associados com variedades de eletrônica (principalmente: Internet)

comunicação nos processos democráticos, resultando em uma maior transparência e prestação

de contas. Nesse projeto, a ênfase é sobre a comunicação eletrônica com o objetivo de vários níveis de envolvimento dos cidadãos. Em geral, os

três passos principais no crescente envolvimento podem ser reconhecidos como: e-informação, e-

participação e a e-cooperação (BIASIOTTI;

NANNUCCI, 2004, p. 271)

e-Democracia refere-se precipuamente para a participação em um governo democrático ou atividade online ou de usar a Internet para promover uma causa ou de expressar uma opinião,

que é a participação online em uma e-Sociedade.

e- C id ad an ia (BIASIOTTI; NANNUCCI, 2004, p. 271)

E-cidadania na Sociedade do Conhecimento refere- se a um cidadão que é um membro ativo de uma comunidade ou sociedade com direitos e deveres conferidos por essa comunidade. Na sociedade da

informação e no contexto da World Wide Web o cidadão se torna um e-Cidadão: isto significa que

os cidadãos devem aprender a transformar verdadeiros cidadãos de uma comunidade eletrônica e utilizar as possibilidades da Internet, a

fim de tornar-se consciente do que a e-Cidadania implica. Em geral, o conceito é integrado com aspectos especificando-se significativamente a e-

democracia e governo eletrônico. (SILVA, 2009, p.

143)

E-Cidadania (Cidadania Eletrônica): Uso de TICs para aproximar o gestor público do cidadão, com base na transparência, na eficiência e na melhora do

bem-estar do cidadão, bem como o uso de TICs para auxiliar e mobilizar o cidadão no exercício da

E

-Par

ticip

ação

(BERTUCCI;

QIAN, 2007, p.4) ferramenta que amplia os parâmetros de tomada de E-participação pode ser pensada como uma decisão. Juntamente com a descentralização dos serviços para os governos locais, o uso das TICs permite aos cidadãos participar na tomada de

decisões governamentais que afetam suas necessidades básicas.

(BIASIOTTI; NANNUCCI, 2004, p. 272)

e-Participação centra a sua atenção na implementação de ferramentas digitais para o desenvolvimento de um novo tipo de relação entre

o cidadão e o decisor público, isto é, um diálogo direto e imediato entre eles [...] (KIM; LEE,

2012, p. 821)

As aplicações de e-participação devem ser concebidos para satisfazer as necessidades dos

cidadãos, oferecendo serviços e aplicativos de qualidade. Serviços de qualidade em programas de

e-participação pode permitir que os participantes façam sugestões, para auxiliar na política dando

informação da comunidade, para pedir os funcionários do governo sobre questões políticas e

comunitárias.

Fonte: Elaborado pelo Autor a partir da leitura dos autores Maciel (2008, p. 16), Di Maria e Rizzo (2005, p. 81), Macintosh (2008, p. 88), Silva (2009, p. 143), Bertucci e Qian (2007, p.4), Biasiotti e Nannucci (2004, p. 272) e Kim e Lee (2012, p. 821).

Na leitura dos artigos selecionados na RSL (Apêndice B), observou-se que por vezes e-democracia é gênero, cujas espécies se tem a e-cidadania, e-participação, e-voto, e-cooperação e e-consulta, entre outros termos utilizados. Por outras vezes e-cidadania é tida como e- participação, que também é tida como e-democracia.

Mesmo na leitura de Maciel (2008), Di Maria e Rizzo (2005), Macintosh (2008), Silva (2009), Bertucci e Qian (2007), Biasiotti e Nannucci (2004) e Kim e Lee (2012) que foram os autores que procuraram apresentar o que seriam na prática estes termos, percebeu-se que não ousaram em uma classificação centrada no que realmente seria, mas em uma definição genérica do que representariam.

Acontece que os termos abordados criam uma imensa confusão teórica acerca das definições a respeito do que se pretende expor como funcionalidade de governo eletrônico, que visa dotar o cidadão de meios de colaborar com a gestão pública por meio das TICs. Apenas com a leitura minuciosa dos estudos pesquisados se conseguiu extrair conceitos e definições mais precisas sobre os termos.

Assim, Macintosh (2008, p. 88), a esse respeito, destaca que: e-democracia é um termo usado amplamente, mas também tem muitas diferentes interpretações. Ele pode ser descrito como a utilização das TICs para apoiar os processos democráticos de decisão. No entanto, esta definição é demasiadamente abstrata e necessita de mais elaboração. Em alguns países e em alguns círculos governamentais e- democracia tornou-se sinônimo de e-voto, no entanto, o voto não é o único mecanismo através do qual os cidadãos podem influenciar a tomada de decisão democrática (tradução Nossa).

A dúvida parece estar presente em muitos países, pois o governo do Reino Unido, em agosto de 2002, publicou um documento de consulta sobre uma política para a democracia eletrônica. Este documento de consulta argumentava que a e-democracia poderia ser dividida em duas áreas distintas - uma abordagem de e-participação e a outra abordando o voto eletrônico (MACINTOSH, 2008). O documento argumenta que o voto eletrônico deve ser visto como um problema tecnológico a ser vencido, mas, no caso do primeiro, ―o documento estabelece as possibilidades de uma maior oportunidade de consulta e diálogo entre o governo e os cidadãos‖ (MACINTOSH, 2008, p. 89).

Assim, e-democracia é uma forma de democracia que combina as ferramentas das TICs com o processo de democratização com vistas a alcançar a tomada de decisão do governo. A e-Democracia pode ser visto como a construção de um sistema de comunicação aberta entre as partes interessadas, tais como os governos e os cidadãos, governo e setores públicos, governo e ONG e interagências (BIASIOTTI; NANNUCCI, 2004, p. 269).

Macintosh (2008, p. 94) destaca que as pesquisas em e- democracia e e-participação ―na Europa tem sofrido pelo fato da fragmentação, pois são diferentes e sem foco. Os pesquisadores muitas vezes desconhecem a evolução destes diferentes temas‖. Considera o autor que, para resolver esse problema, seria necessário reunir os principais pesquisadores da área em vários países, a fim de consolidar e aprofundar a investigação técnica e sociotécnica existentes em e- Participação e e-democracia.

Macintosh (2008) apresenta um levantamento sobre a propagação de pesquisas em e-participação na Europa. Segundo seu artigo, há um número relativamente grande de centros de investigações: sendo 53, com base no norte da Europa, 17 com base no sul da Europa e 6 ao Leste da Europa.

O levantamento identificou 23 atividades específicas de investigação em e-participação, que vão desde campanhas para referendos até votação eletrônica. O estudo menciona que, excluindo a Finlândia, a Rússia e a Eslováquia, todos os países europeus tenderam a apresentar uma forte base de pesquisa sobre a deliberação online. O Quadro 3 apresenta as 23 atividades levantadas pelo artigo de Macintosh (2008, p. 96).

Quadro 3 - Atividades de Pesquisa em e-Participação na Europa

1. A campanha - levantar a utilização das TIC na pressão, protesto, petições e outras formas de ação coletiva via web.

2. Ambientes Colaborativos - apoiar o trabalho colaborativo de grupo, por exemplo, desenvolvimento e / ou utilização de groupware e CSCW, para o processo de agendas compartilhadas.

3. Informática comunitária - compreender como e por que as pessoas se juntam para formar comunidades e como as ferramentas de apoio se moldam a essas comunidades.

4. Consulta - iniciativas oficiais por agências públicas ou privadas para permitir às partes interessadas a contribuir com a sua opinião, seja privada ou pública, sobre um assunto específico.

5. Política Cultural - novos espaços e práticas online de compreensão que auxiliam, mas não são tradicionalmente políticas.

6. Deliberação - entender por que, quando e como os cidadãos participam de conversas formais e informais; concepção de ferramentas para apoiar discussões virtuais em pequenos e grandes grupos; avaliação da qualidade das mensagens e interações estruturadas e não estruturadas do diálogo online.

7. Discurso - apoiar a compreensão, análise e representação de discurso, incluindo a análise do discurso, argumentação, questões de escalabilidade em grandes corporações.

8. Eleitoralismo - estudar a utilização das TIC pelos políticos, partidos políticos e lobistas no contexto de campanhas eleitorais.

9. Avaliação - entender o que e como avaliar projetos e práticas