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Maternidade 1991* 1997** 2001

Mat. Carmela Dutra 6,94 8,0 7,88

H. Regional de São José 6,51 6,6 7,07

H. Universitário *** 13,6 15,53

Maternidades Filantrópicas 4,19 NV 3,23

Maternidades Privadas 5,24 NV 2,91

TOTAL 6,22 7,3 7,69

Fonte: ∗ Chang, 199415. ∗∗ Martins,199816

*** O HU ainda não possuía maternidade em 1991. NV: não verificado em 1997

Seguindo a tendência regional de aumento da prevalência de baixo peso ao nascer, o HRSJ e o HU apresentaram elevação em seus percentuais. Já a MCD apresentou aumento na prevalência de baixo peso ao nascer entre 1991 e 1997 e ligeira queda entre 1997 e 2001. A análise das Maternidades filantrópicas e particulares é prejudicada pela ausência de suas prevalências para o ano de 1997, porém parece haver uma diminuição em seus percentuais de baixo peso ao nascer, indicando um aumento no referenciamento de gestações potencialmente complicadas para os hospitais mais bem equipados15, 16.

Para o muito baixo peso ao nascer observa-se que a prevalência regional foi de 1,06%, para o HU de 2,43% e para o HRSJ de 1,70%, bastante superiores à prevalência regional, sugerindo que esses dois serviços sejam os principais centros de referência no atendimento de gestantes com risco para recém-nascidos de muito baixo peso. Isso pode ser confirmado ao fazer

a comparação entre o total de nascimentos e o total de muito baixo peso ao nascer para cada serviço, tanto os resultados para o HU (p=0,009), quanto para o HRSJ (p=0,037) foram estatisticamente significativos. Surpreendentemente, a MCD apresentou prevalência de muito baixo peso ao nascer (0,47%) bastante inferior à região, sugerindo que a mesma não esteja funcionando, efetivamente, como maternidade de referência regional. Dados de trabalho da Secretária Municipal de São Paulo, entre 1991 e 1992, evidenciaram regionalização e hierarquização com hospitais nível III apresentando incidência de muito baixo peso de 4,42%, enquanto que a região apresentou 2,96%11. Em Recife, também foi observada regionalização, pois hospitais nível III apresentaram incidência de muito baixo peso ao nascer de 2,65%, já nos hospitais nível I e II a incidência observada foi de 1,56%12.

3. MACRORREGIÃO:

Ao calcularmos a diferença percentual entre a estimativa anual de nascimentos para o ano de 2001 e o número de nascimentos para cada município encontrado no Registro Civil de 2001, nota-se que as gestantes procedentes de municípios que apresentam serviços obstétricos em seus hospitais locais, pouco ou nada referenciam suas gestantes dentro da Macrorregião. Esse parece ser o caso dos seguintes municípios: São Bonifácio, Angelina, Alfredo Wagner, Nova Trento, Canelinha e Anitápolis. Era de se esperar que algumas gestações de risco fossem referenciadas para centros mais capacitados, no caso da Macrorregião da Grande Florianópolis para as maternidades MCD, HRSJ e HU, porém isso não ocorreu.

Para Garopaba foi observada uma diferença de 37,82%, é provável que boa parte das gestantes desse município tenham seus partos em municípios ao sul da Macrorregião da Grande Florianópolis, principalmente em Imbituba, o mesmo pode se dizer para Paulo Lopes, que apresentou diferença de 24,14%. Em São João Batista houve uma diferença de 87,78%, é provável que a maioria das gestantes desse município procure maternidades da Macrorregião do Vale do Itajaí devido à maior proximidade. Para Leoberto Leal e Major Gercino não há como dizer se as gestantes procuram maternidades de municípios de outras Macrorregiões ou dos pequenos municípios da Macrorregião, próximos a essas cidades e que possuem serviços

obstétricos em seus hospitais; para as maternidades da Grande Florianópolis parece não haver referenciamento dessas gestantes.

Em Rancho Queimado, ocorre o encaminhamento de um percentual considerável de gestantes para as maternidades da Grande Florianópolis.

Além disso, observa-se que há um razoável número de gestantes procedentes de outras Macrorregiões que vêm dar à luz em maternidades da Macrorregião da Grande Florianópolis. Isso pode ser evidenciado na MCG, onde há um grande número de parturientes procedentes de Bombinhas (n = 25), Itapema (n = 16) e Porto Belo (n = 12).

Pode-se afirmar que, pelo menos no que se refere à assistência à gestante de risco para complicações perinatais como o baixo peso ao nascer, a Macrorregião proposta pelo PDR14 não é coerente com o hábito atual das parturientes. Essa falta de coerência é observada para os municípios de: São Bonifácio, Angelina, Alfredo Wagner, Nova Trento, Canelinha, Leoberto Leal, Major Gercino e Anitápolis, situados na própria Macrorregião da Grande Florianópolis, e que não referenciam suas gestantes; nem no geral, nem as de risco para as maternidades de maior nível de complexidade situadas na Macrorregião. Também pode ser notada para os municípios da Macrorregião do Vale do Itajaí, como Porto Belo, Bombinhas e Itapema, que referenciam gestantes para as maternidades da Macrorregião da Grande Florianópolis.

6. CONCLUSÕES:

Para o ano de 2001 foi observado:

1. Ao verificar a tendência de procura das gestantes de cada município; observa-se que a MCD e o HU são os principais serviços para as gestantes procedentes de Florianópolis, tanto no geral quanto para as que tiveram RNs de baixo peso. Entre 1991 e 2001 houve diminuição de importância da MCC para as gestantes de Florianópolis;

As gestantes de São José e da Palhoça procuram, principalmente, o HRSJ. Isto também é observado para aquelas que tiveram RNs de baixo peso;

As gestantes de Biguaçu distribuem-se, principalmente, na MCD e HRSJ, as gestantes que tiveram RNs de baixo peso apresentam o mesmo comportamento. Em Biguaçu a prevalência de baixo peso foi bastante elevada: 11,06%;

Para as gestantes de Tijucas e Santo Amaro da Imperatriz verifica-se a importância dos serviços locais da MCG e do HSFA;

As gestantes de outras cidades da Grande Florianópolis distribuem-se nas MCD, MCG e HRSJ, há importante procura pela MCG pelas gestantes de Porto Belo e Bombinhas. Os recém-nascidos de baixo peso nascem preferencialmente na MCD e no HRSJ;

As gestantes procedentes de outras regiões dispersam-se pelas maternidades da Região e os recém-nascidos de baixo peso nascem preferencialmente no HU; 2. Na Região da Grande Florianópolis, a prevalência de baixo peso ao nascer foi de

7,69%. Nos municípios as prevalências foram: Florianópolis, 7,64%; São José, 6,17%; Palhoça, 6,11%; Biguaçu, 11,06%; Tijucas, 7,96%; Santo Amaro da Imperatriz, 9,26%; outras cidades da Grande Florianópolis, 8,04%; municípios de outras regiões, 13,25%;

3. Existe já um referenciamento espontâneo, tanto para gestações que resultam em baixo peso ao nascer quanto em muito baixo peso ao nascer, para as maternidades

de maior nível de complexidade (MCD, HU e HRSJ). As maternidades nível I referenciam suas gestantes de risco para os hospitais nível II-III da Região;

4. A MCD é a principal maternidade da região no que se refere ao total de nascimentos. O HU é referência para o baixo peso, assim como para o muito baixo peso ao nascer. O HRSJ é referência para o muito baixo peso ao nascer;

5. Em relação à Macrorregião da Grande Florianópolis, a proposta defendida pelo Plano Diretor de Regionalização não reflete a tendência atual, pois vários municípios da Macrorregião (São Bonifácio, Angelina, Alfredo Wagner, Nova Trento, Canelinha, Leoberto Leal, Major Gercino e Anitápolis) não referenciam suas gestantes de risco para as maternidades de maior complexidade que se localizam na própria Macrorregião. Além disso, observa-se que municípios da Macrorregião do Vale do Itajaí (Porto Belo, Bombinhas e Itapema) encaminham suas gestantes para a Macrorregião da Grande Florianópolis.

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