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O campus de Mossoró foi inaugurado em 29 de dezembro de 1994 denominado de Unidade de Ensino Descentralizada da então Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (UNED - ETFRN) e teve sua criação autorizada pelo Conselho Diretor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Nor-

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te (CEFET-RN)46, Resolução nº 27, de 30 de agosto de 2006. A

UNED, na sua origem, fazia parte da ETFRN, mas, no final de 1994, a referida ETFRN adquire uma nova institucionalidade por meio da Lei nº 8.948, de 8 de dezembro de 1994, que transfor- ma as atuais Escolas Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica e no início de 1999, por meio do Decreto Presidencial s/n. de 18 de janeiro de 1999 a ETFRN passa a ser denominada de Centro Federal de Educação Tecnológica do RN . Atualmente, o Campus de Mossoró do RN integra a Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica e está vincula- do ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tec- nológica foi criada por meio da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Ao regulamentar um Plano de expansão, inicialmente, implementou 38 Institutos Federais, contemplando todos os Es- tados da federação. A UNED fez parte desse plano de expansão, o qual foi resultado do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), desenvolvido no Governo Luís Inácio da Silva. No âmbito do sistema federal de ensino, a rede está vinculada ao Ministério da Educação e é constituída por Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; Universidades Tecnológicas Federal do Pa- raná; Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca do RJ e O Cefet de Minas Gerais; escolas vincula- 46 Historicamente, as escolas pertencentes à Rede Federal de Edu- cação Profissional Científica e Tecnológica em cada Estado da Federação re- ceberam diversas nomenclaturas ao longo da sua história. No estado do Rio Grande do Norte o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN) foi criado pela Lei nº 8.948, de 8 de dezembro de 1994 e cuja denominação foi autorizada e publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 19 de janeiro de 1999. Essa lei foi revogada e substituída pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências.

das às Universidades Federais e o Colégio Pedro II. Todas essas instituições, de acordo com a Lei nº 11.892, possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar (BRA- SIL, 2008b). Outros planos de expansão foram autorizados e, com base em dados do Ministério da Educação, expresso no grá- fico47 a seguir, é representada a totalidade de Unidades de ensino

que integra a rede federal de Educação, Ciência e Tecnologia no Brasil até o ano de 2014.

Figura 1 - Cenário da Rede Federal 1909-2014

Fonte: Brasil (2015).

A UNED, com base na nova institucionalidade assumida no contexto da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a partir de uma organização multicampi, transfor- ma-se em Campus de Mossoró e assume algumas características que ampliam a sua identidade enquanto instituição de formação profissional. Do ponto de vista da oferta de cursos técnicos, es- ses são derivados dos seguintes eixos tecnológicos48: Controle e

47 Disponível em: http://redefederal.mec.gov.br/identidade-visual. Acesso em: 26 nov. 2015.

48 De acordo com o Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos em nível médio, os eixos tecnológicos se constituem em uma nova proposta de orga- nização da educação profissional e tecnológica. O Catálogo contém 12 eixos tecnológicos, dos quais derivam 185 possibilidades de oferta de cursos técni- cos. (BRASIL, 2012).

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Processos Industriais; Produção Industrial; Infraestrutura; Infor- mação e Comunicação; Ambiente e Saúde. Desses eixos tecnoló- gicos, derivam cursos em nível médio integrados à Educação Pro- fissional e na forma subsequente. Na forma integrada, o campus oferece os seguintes cursos: Edificações, Informática, Mecânica, Eletrotécnica e Edificações - EJA; na forma subsequente são os Cursos técnicos de Edificações, Informática, Mecânica, Eletro- técnica; Petróleo e Gás, Saneamento e Segurança do Trabalho; todos, na forma presencial. Oferece, ainda cursos de Turismo e Guia de Turismo na forma subsequente, na modalidade Educa- ção a Distância.

Além dos cursos técnicos, são ofertados Cursos de Gra- duação com Licenciaturas em Matemática e Gestão Ambiental; Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação e Contem- poraneidade na Modalidade Presencial; por fim, cursos de for- mação inicial e continuada, originários enquanto terminologia do Decreto nº 5.840 de 2006, o qual estabeleceu que o Proeja abrangerá, de acordo com o §1º do referido artigo, cursos e programas de educação profissional denominados de: formação inicial e continuada de trabalhadores e de educação profissio- nal técnica de nível médio. No art.3º, os cursos destinados à formação inicial e continuada de trabalhadores deverão contar com carga horária mínima de mil e quatrocentas horas, asse- gurando-se cumulativamente, no mínimo, mil e duzentas horas para formação geral e, no mínimo, duzentas horas para a for- mação profissional. Trata-se de uma possibilidade de conferir maior sentido a essa formação, pois promove uma formação profissional aos alunos, embora com carga horária bem me- nor em relação aos cursos em nível técnico. Esses cursos, de acordo com o referido decreto, deverão contar com uma carga horária mínima de duas mil e quatrocentas horas, sendo as- seguradas cumulativamente, no mínimo, mil e duzentas horas

para formação geral, acrescida da carga horária da respectiva habilitação profissional de acordo com o Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos em nível médio.

Percebe-se, portanto, que os cursos propostos, tan- to de formação inicial e continuada de trabalhadores, quan- to os cursos técnicos, têm uma estreita articulação com os setores produtivos, principalmente, na oferta de cursos em atendimento aos arranjos produtivos locais. Ademais, perce- be-se que o ensino médio integrado à Educação profissional e à modalidade EJA - Proeja, apesar de apresentar uma carga horária inferior à destinada ao ensino médio integrado regular, ofertado para adolescentes, já se configura em um avanço no sentido de um ganho político para a EJA, pois constitui, se- gundo Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005b), o resultado de uma luta permanente e atenta, aproveitando os espaços restritos da democracia em que se vive, ainda, contra uma ideologia e uma democracia burguesa. Os cursos técnicos do Proeja, na pretensão de propiciar uma formação integrada educação geral e educação profissional, se colocam em uma perspectiva de não somente habilitar o sujeito para o mundo do trabalho, mas também para a continuidade de estudos e para uma compreen- são dos fundamentos que embasam o processo produtivo nos dias atuais.

Entretanto, mesmo levando em conta esses aspectos, não se pode deixar de considerar, em relação à formação profissional do trabalhador, os avanços tecnológicos que têm gerado novas expectativas nas empresas pelo fato de os mercados se tor- narem mundializados e extremamente competitivos. Acrescen- tam-se, ainda, as transformações que vêm ocorrendo no mun- do do trabalho, tendo como um dos agravantes o enxugamento dos postos de trabalho e, em decorrência disso, o desemprego, assim como a crescente precarização das relações trabalhistas,

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consequências do novo modelo de acumulação capitalista. Isso tem afetado todos aqueles inseridos ou não nesse mundo, par- ticularmente os jovens e adultos que têm baixa escolaridade.

A formação profissional favorece esse contexto, porém não garante a inserção no mercado e, portanto, “A luta pelo, direito ao trabalho dá-se no campo mais amplo da sociedade.” (FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2005b, p.15). É importante, pois, que as ins- tituições de formação profissional tenham essa clareza entre as práticas pedagógicas adotadas, no sentido de desmistificar esse aspecto. Nos discursos empresariais, a integração, a qualidade e a flexibilidade ou “acumulação flexível49” (HARVEY, 2013, p.140)

constituem-se em elementos-chave para dar os saltos de produ- tividade e competitividade. Esses são papéis que, na opinião do respectivo autor, o trabalho vem assumindo, dada a sua forma de organização, e que vão se refletir de forma complexa numa diversidade de ocupações geradas pelo processo de acumulação capitalista.

4.2 PLANO DO CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO

INTEGRADO EM EDIFICAÇÕES NA MODALIDADE