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2. Caracterização da região envolvente ao Couto Mineiro de Vale das Gatas

3.1. Enquadramento no Maciço Ibérico

3.1.2. Granitóides Hercínicos

As rochas graníticas que afloram na zona bordejam as Formações do Grupo do Douro e integram-se na antiforma denominada, antiforma de Vila-Real-Carviçais. Genericamente, são granitos orogénicos sin a tardi-orogénicos-tectónicos.

Os granitos da região intruem em rochas metassedimentares do CXG e do Ordovícico- Silúrico. Cartografaram-se diversos tipos de granitos de duas micas, alguns com textura isotrópica e outros com textura anisotrópica, podendo ser porfiróides (VILELA DE MATOS, 1991). SOUSA (1982), atribuiram a designação de granito de Sabrosa a um plutão, com

continuidade cartográfica para NW, que foi designado mais tarde por VILELA DE MATOS (1991) de granito de Vale das Gatas.

Na área em estudo os granitos que ocorrem são de duas micas, em que a moscovite predomina sobre a biotite, a granulometria é variável, desde o grão grosseiro até ao grão fino, podendo ocorrer fácies com textura porfiróide e não porfiróide.

3.Geologia e Mineralizações

a) Granito de grão médio a grosseiro, de duas micas com esparsos megacristais

Este granito constitui um plutão alongado na direcção NW-SE, contém encraves pelíticos de tamanho variável (centimétrico a pluridecamétrico), e está normalmente muito alterado. No bordo SE, conserva ainda painéis sub- horizontais e de reduzida espessura de xistos e quartzitos Ordovícico-Silúricos. Nestes domínios, as rochas metessedimentares evidenciam metamorfismo de contacto e o granito tem mais biotite.

Este plutão é interceptado, na sua bordadura, por filões do granito de Lamares e é atravessado por dois diques sub- verticais de pórfiro riolítico. Ocorrem pegmatitos e aplitos em filões de possança métrica e em bolsadas, que são mais frequentes nos domínios em que aparecem os xistos e na proximidade dos pórfiros riolíticos.

Este granito é de entre os granitos porfiróides, o que evidencia maior tamanho dos megacristais de microclina. Os sistemas de fracturas NNE-SSW raramente são preenchidos por enchimento quartzoso e também não foram observados filões mineralizados ou indícios de explorações mineiras (VILELA DE MATOS, 1991).

O quartzo apresenta-se em cristais xenomórficos e globulares. O feldspato potássico, que é a microclina, ocorre em megacristais hipidiomórficos, encontrando-se alguns rodeados por pequenas moscovites, como inclusões contém cristais de plagioclase, biotite e quartzo goticular. A plagioclase ocorre em cristais idiomórficos e hipidiomórficos, a biotite aparece quase sempre moscovitizada, sendo a moscovite mais abundante que a biotite (VILELA DE MATOS, 1991).

b) Granito de grão médio a grosseiro de duas micas, porfiróide (Granito de Sabrosa- Vale das Gatas)

Esta fácies forma um afloramento E-W, e dispõe-se também em afloramentos descontínuos, associando-se quase sempre com o granito moscovítico, ou intruindo os metassedimentos, contém encraves metassedimentares.

A principal característica deste granito é o desenvolvimento de megacristais de feldspato potássico (microclina) que geralmente mostram orientação planar, a par de alguma deformação da matriz. Apresenta inclusões de pequenos cristais de plagioclase com bordos corroídos, denotando feldspatização potássica, contendo também quartzo e mais raramente moscovite e biotite. Por vezes há substituição da microclina por moscovite, e a sua mineralogia caracteriza-se pela presença de quartzo, microclina-pertite, oligoclase-albite, moscovite e biotite, como acessórios tem turmalina (rara), apatite, ilmenite (leucoxena), zircão e rútilo.

bordadura que raramente ultrapassa os 500m. Junto a estes domínios há, normalmente, um enriquecimento em biotite, por parte do granito. Nos contactos ocorrem, algumas vezes, filões de quartzo, aplito-pegmatitos e granitos de duas micas de grão fino. Numerosos pegmatitos e aplitos distribuem-se nas proximidades dos contactos com as rochas metassedimentares ou em domínios em que estas constituem encraves no Granito de Vale das Gatas.

O plutão granítico de Vale das Gatas é afectado por famílias de fracturas com orientações preferenciais. Algumas destas fracturas foram preenchidas por quartzo e aplito-pegmatito que serviram de suporte a mineralizações de W, Sn e sulfuretos, estando muitas delas integradas no Couto Mineiro de Vale das Gatas. O domínio mais mineralizado situa-se a norte e a oeste da povoação de Souto Maior e a rede filoniana tem como encaixante o granito de Vale das Gatas e os xistos e grauvaques do CXG. (VILELA DE MATOS, 1991).

Estudos relizados (VILELA DE MATOS, 1991) em profundidade (Mina A e Mina da Vinheiros) confirmam a precocidade do preenchimento das fracturas por fluídos portadores da mineralização, relativamente ao sistema NE-SW preenchido por quartzo, por vezes brechóide. À superfície, a atitude dos filões é variável dado o aproveitamento que os fluídos mineralizados fazem das diferentes fracturas presentes em zonas muito deformadas.

c) Granito de grão médio a fino, de duas micas, localmente, com biotite ou moscovite (Granito de Lamares)

O granito de grão médio a fino, de duas micas e anisotrópico de Lamares, constitui um plutão que tem orientação NNW-SSE a norte e NE-SW a sul, o que lhe permite drenagem das águas pluviais para a bacia do Rio Pinhão. Este plutão contacta, na sua maior extensão, com o granito de Vale das Gatas.

Localmente observam-se encraves de metassedimentos que denunciam os efeitos de metamorfismo térmico. Os contactos, quase sempre intrusivos, estão, por vezes, marcados por filões de quartzo. Exibe geralmente deformação materializada pela orientação das micas e estiramento dos grãos de quartzo.

Muitas vezes, passa lateralmente a um granito moscovítico com a mesma granulometria, verificou-se que a moscovitização da biotite foi um fenómeno quase total (VILELA DE MATOS, 1991).

O granito de Lamares é um granito rico em pegmatitos e aplitos geralmente localizados na bordadura do plutão. Localmente contém encraves de rochas metassedimentares, é um granito não porfiróide, com textura anisotrópica, de duas micas, de grão médio a fino e quase sempre com turmalina dispersa ou constituindo bandas orientadas.

Neste granito, como minerais essenciais ocorrem, quartzo, feldspato potássico, plagioclase, biotite e moscovite, Como minerais acessórios há apatite, zircão, ilmenite, pirite, rútilo, e minerais fosfatados (VILELA DE MATOS, 1991).

3.Geologia e Mineralizações

d) Granito de grão médio, de duas micas, às vezes porfiróide e turmalínico

Espacialmente este granito anda associado com o granito de Sabrosa, os afloramentos principais situam-se entre Favaios e Alijó e a W de S. Mamede de Riba Tua, numa disposição geral NW-SE. Esta fácies é considerada como uma fácies de bordadura do granito de Sabrosa, evidenciando aspectos que mostram tratar-se de um granito bastante diferenciado. Como características individualizantes anotam-se aspectos de greisenização, desenvolvimento de moscovite, turmalina e apatite. Raros e pequenos fenocristais de microclina, juntamente com biotite associadas aos minerais de moscovite sugerem uma transição com o granito de Sabrosa.

A albitização da plagioclase é comum. Há geração de moscovite tardia (moscovitização), com presença de duas moscovites (uma bem desenvolvida outra em palhetas finas). Muitas das mineralizações de W-Sn da região parecem relacionar-se com este tipo de granito (SOUSA e SEQUEIRA 1989).

3.1.3. Filões e Massas

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