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Capítulo I – Revisão de Literatura

I.3. Responsabilidade Social das Empresas

I.3.2. GRI – Sustainability Reporting Guidelines

A GRI é uma iniciativa internacional, fundada em Boston, em 1997, por uma ação conjunta da Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES) e da United

Nations Environment (UNEP). Tem como missão a elaboração e difusão, global, das

diretrizes para a elaboração de Relatórios de Sustentabilidade que possam ser aplicáveis voluntariamente por “organizações que desejem elaborar relatórios abrangendo a dimensão económica, ambiental e social das suas atividades, produtos e/ou serviços” (Global

Reporting Iniciative, 2002: 1), com o objetivo de “auxiliar a organização relatora e os seus stakeholders a articularem e compreenderem as contribuições daquelas organizações para o

desenvolvimento sustentável” (Global Reporting Iniciative, 2002).

Inicialmente, a abordagem GRI era uma “abordagem multi stakeholder”8, no entanto, em

1998, foi criado um comité executivo de membros de forma a desenvolver as orientações das diretrizes. Com a criação deste conselho, o quadro de indicadores foi ampliado de forma a incluir as questões sociais, económicas e de gestão.

Em 2002, tornou-se uma estrutura independente, colaboradora da UNEP e do Pacto Global das Nações Unidas. Desde então, um comité executivo de membros tem conduzido a GRI na conceção de um marco global e no desenvolvimento de diretrizes para a elaboração de Relatórios de Sustentabilidade.

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A informação contida neste ponto foi retirada do seguinte web site: https://www.globalreporting.org/Pages/default.aspx. Acessível em 05/09/2012

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A GRI desenvolve o seu trabalho no sentido de uma economia sustentável global, fornecendo orientações para uma adequada comunicação organizacional. Uma economia sustentável global deve combinar a rendibilidade a longo prazo com a justiça social e a preocupação ambiental. Isto significa que, para as organizações, a sustentabilidade envolve as principais áreas de desenvolvimento económico, desempenho ambiental, social e de gestão.

O seu principal objetivo é a definição de orientações para a elaboração de Relatórios de Sustentabilidade, que reflitam informações sobre questões económicas, sociais e ambientais, em conjunto com a informação financeira. Os Relatórios GRI são projetados para empresas de qualquer dimensão, setor ou nacionalidade. A sua estrutura é constituída por um conteúdo geral e específico para cada setor.

As diretrizes projetadas para os Relatórios de Sustentabilidade consistem em princípios que definem o conteúdo do relatório de forma a garantir a qualidade das informações prestadas. Estas são desenvolvidas através da experiência de vários intervenientes que fazem parte de grupos de trabalho internacionais, a contribuição dos stakeholders e a devida base legal.

Os Relatórios GRI incluem, ainda, informações padrão compostas por indicadores de desempenho e outros itens de divulgação, bem como a orientação específica sobre temas e técnicas. Os indicadores de desempenho “são informações qualitativas ou quantitativas sobre consequências ou resultados associados à organização que sejam comparáveis e demonstrem mudanças ao longo do tempo” (GRI, 2006: 40). Eles podem ser essenciais ou adicionais. Os indicadores essenciais são aqueles que são aplicáveis e relevantes na maioria das organizações e deverão necessariamente ser divulgados no relatório, exceto no caso de a empresa demonstrar que esses indicadores não estão alinhados com os princípios da GRI (GRI, 2006: 25). Por sua vez, os indicadores adicionais são aqueles que podem ser aplicáveis e relevantes para algumas empresas (GRI, 2006: 25). Para cada uma das três categorias, económica, ambiental e social, existe um conjunto de indicadores de desempenho essenciais e adicionais.

Os Relatórios de Sustentabilidade são a prática de mensurar, divulgar e prestar contas para os stakeholders internos e externos de uma empresa, para o desempenho organizacional em

direção ao objetivo de desenvolvimento sustentável. Devem fornecer uma informação equilibrada e verdadeira do desempenho da sustentabilidade de uma empresa (incluindo informações positivas e negativas). Os Relatórios de Sustentabilidade com base na estrutura dos Relatórios GRI devem divulgar os acontecimentos e os resultados que ocorrem dentro do período base do relatório, no âmbito dos compromissos da empresa, estratégia e abordagem de gestão. Os Relatórios de Sustentabilidade podem ser utilizados com os seguintes objetivos: avaliar o desempenho da sustentabilidade com respeito às leis, normas, códigos, padrões de desempenho e iniciativas voluntárias, e, para comparação do desempenho de uma empresa e entre empresas diferentes, ao longo do tempo.

A primeira versão de “Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade”, da GRI, foi elaborada em 1999 e lançada em 2000. A segunda geração de diretrizes, conhecida como G2, foi lançada em 2002, na Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo. Esta versão foi publicada em Português, em 2004. Em 2006, foi publicada a atual geração de diretrizes, a G3. Mais de 3000 especialistas participaram no desenvolvimento desta versão.

Em Março de 2011, a GRI publicou as Diretrizes G3.1. Estas são uma atualização das Diretrizes G3, com a expansão para temas como o sexo, a comunidade e o desempenho em matéria de direitos humanos. As G3.1 são compostas por duas partes, uma fornece as orientações sobre como divulgar a informação e a outra, fornece uma orientação sobre o que deve ser divulgado, na forma de informação ou divulgação sobre gestão e indicadores de desempenho. Os indicadores de desempenho são organizados pelas categorias ambientais, económicas e sociais. A categoria social é, ainda, subdividida pelas subcategorias, práticas profissionais e dignidade no trabalho, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto.

O grande desafio que se coloca, refere-se à relativa complexidade e ao custo não negligenciável de todo o processo em causa, levando a que a sua utilização plena implique uma considerável dimensão empresarial. Consciente destas limitações, a GRI lançou, em 16 de Novembro de 2004, no decorrer da Conferência Europeia sobre RSE, o manual “High 5!”, destinado a ajudar as pequenas e médias empresas a entrar no mundo dos Relatórios de Sustentabilidade. Este manual contempla um guia prático de implementação passo a passo e de aconselhamento na utilização das diretrizes da GRI (Beja, 2005).

O quadro base GRI para Relatórios de Sustentabilidade permite que todas as empresas e organizações meçam e relatem o seu desempenho sustentável. Ao divulgarem informação sobre a sustentabilidade, de forma transparente e responsável, as empresas podem aumentar a confiança que os stakeholders têm nas mesmas e na economia global.

Todos os documentos da estrutura de Relatórios da GRI são desenvolvidos através de um processo que pesquisa e consenso através do diálogo entre os stakeholders de negócio, a comunidade de investidores, o trabalho, a sociedade civil, contabilidade, academia, entre outros. Os mesmos documentos estão sujeitos a testes e a uma melhoria contínua.