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Capítulo II – Estudo Empírico

II.3. Hipóteses em estudo

Segundo Klahr e Dunbar (1988), o primeiro passo para qualquer processo de pesquisa, seja a mesma científica ou a resolução de um problema, é a procura de uma hipótese.

Neste sentido, no presente estudo são definidas hipóteses a testar, de forma a comprovarmos se o seu objeto segue a linha de orientação dos objetivos propostos.

II.3.1. A relação entre Inovação e o Desempenho Financeiro

Um pressuposto assumido é que a Inovação melhora o Desempenho Financeiro da empresa. Vários estudos foram realizados onde a relação entre o sucesso da Inovação com o Desempenho Financeiro das empresas é analisado (ver, por exemplo, Zahra et al., 1993; Calantone et al., 1995). A mensuração dos potenciais benefícios de atividades inovadoras em qualquer empresa está normalmente relacionada com o sucesso de novos produtos ou serviços.

Existem evidências estatísticas de que existe uma relação positiva entre a Inovação e o Desempenho Financeiro da empresa, como é o caso, por exemplo, do estudo realizado por Kleinschmidt e Cooper (1991). Estes autores analisaram a relação entre Inovação e o Desempenho Financeiro da empresa na área do produto e o seu impacto sobre a Rendibilidade, medida pela taxa de sucesso e pelo rácio de retorno sobre o investimento (ROI). Damanpour e Evan (1984) concluíram que existe uma relação positiva entre uma empresa inovadora e a sua performance financeira. De forma similar, Subramanian e Nilakanta (1996) concluíram que a capacidade de Inovação afeta positivamente a performance da empresa, mensurada pelo rácio de retorno dos ativos (ROA) e pelos depósitos efetuados nos bancos. Jiménez e Valle (2011) verificaram que a Inovação apresenta um positivo e significativo efeito sobre a performance da empresa. Cho e Pucik (2005) concluíram que existe uma relação direta entre a capacidade de Inovação de uma empresa e três medidas de mensuração de performance financeira, a Dimensão, a Rendibilidade e o Valor de mercado.

Tendo em conta os estudos mencionados que sugerem a existência de evidências empíricas de uma relação positiva entre Inovação e Desempenho Financeiro da empresa, definimos as seguintes hipóteses:

Hipótese 1.a: Quanto maior o Índice de Inovação, maior a Rendibilidade (ROE); Hipótese 1.b: Quanto maior o Índice de Inovação, maior a Dimensão (ln do ativo); Hipótese 1.c: Quanto maior o Índice de Inovação, maior o Valor de mercado (PER).

II.3.2. A relação entre a RSE e o Desempenho Financeiro

Donaldson e Preston (1995) classificaram RSE como um potencial caso de negócio. Estes autores concluíram que as atividades de RSE podem influenciar de forma positiva o Desempenho Financeiro de uma empresa. Esta interação foi pesquisada empiricamente por diversos autores (por exemplo, Aupperle et al., 1985; Waddock e Graves, 1997; Orlitzky et

al., 2003; Orlitzky, 2005).

Luo e Bhattacharya (2006) argumentam que pode ser observada uma relação positiva ou negativa entre RSE e o Valor de mercado, dependendo das capacidades da empresa. Entende-se como capacidades da empresa, os vários elementos que constituem as suas competências, tais como a qualidade dos seus produtos e serviços e a capacidade de Inovação (Gatignon e Xuereb, 1997; Rust, Moorman e Dickson, 2002; Zeithaml, 2000).

O estudo cada vez mais aprofundado sobre RSE sugere a relação entre as políticas adotadas pelas organizações e a posição das mesmas no mercado de capitais (Heal, 2004). Dowell e Yeung (2000) analisaram a relação entre o rácio q de Tobin e o valor dos ativos tangíveis da organização e concluíram que existe uma relação positiva entre estes e a performance ambiental. No entanto, reforçam que este rácio não deve ser a única medida de performance a utilizar, sendo o ROA e o ROE, medidas de mensuração alternativas, igualmente fiáveis. Bowman e Haire (1975) utilizaram o ROE para estudar a relação entre RSE e o Desempenho Financeiro.

Waddock e Graves (1997) e McWilliams e Siegel (2000) incluíram nos seus estudos medidas de Crescimento e Rendibilidade como variáveis de controlo, baseados no

pressuposto de que um melhor Desempenho Financeiro resulta das práticas de RSE introduzidas.

As formulações apresentadas de seguida, foram definidas com base nos estudos referidos acima. Desta forma, propõe-se as seguintes hipóteses:

Hipótese 2.a: Quanto maior o Índice de RSE, maior a rendibilidade (ROE); Hipótese 2.b: Quanto maior o Índice de RSE, maior a Dimensão (ln do ativo); Hipótese 2.c: Quanto maior o Índice de RSE, maior o valor de mercado (PER).

II.3.3. A relação entre as variáveis Inovação e RSE

Existem poucos estudos sobre a relação entre Inovação e a RSE. As variáveis são, normalmente, estudadas e relacionadas com o desempenho financeiro, isoladamente.

No estudo realizado por McWilliams e Siegel (2000), defendem que a variável Inovação deve ser incluída no estudo da Responsabilidade Social, pois a RSE deve estar relacionada com a Inovação do produto e com as estratégias de diferenciação. Siegel e Vitaliano (2007) concluíram que existe correlação positiva entre as variáveis. Por sua vez, Hull e Rothenberg (2008) argumentam que quando a Inovação é essencial para a sobrevivência da empresa, no imediato, a RSE pode não ter muito impacto, no entanto, se a empresa não tem necessidade, mas mesmo assim investe em Inovação, a RSE pode ter algum impacto sobre o Desempenho Financeiro da mesma, mas não na mesma proporção que a Inovação. Segundo Miles, et al., (2002) mesmo as empresas que investem continuamente em Inovação, podem necessitar de medidas de RSE, de forma a prevenirem consequências externas negativas. Quando os produtos ou serviços produzidos por determinada empresa são de qualidade semelhante ou mesmo equivalentes aos da concorrência, a RSE pode proporcionar às empresas menos inovadoras, alguma vantagem competitiva (Mackey, Mackey, e Barney, 2007; Siegel e Vitaliano, 2007).

Com base nos estudos mencionados, pretendemos testar se o efeito do Índice de RSE é superior em empresas com o Índice de Inovação inferior ou em empresas com o Índice de Inovação superior, pressupondo, desde logo, o facto de que a relação seria negativa para empresas menos inovadoras e positiva para empresas com mais capacidades de Inovação.

Desta forma, podemos testar a seguinte hipótese:

Hipótese 3: O desempenho social das empresas, medido pelo Índice de RSE, é superior em empresas com um Índice de Inovação mais baixo do que em empresas com um Índice de Inovação superior.

II.3.4. A relação entre os Sub-Índices de RSE, Desempenho Económico, Social e Ambiental e o Desempenho Financeiro

O indicador de RSE foi construído com base nas divulgações presentes nos Relatórios e Contas das empresas que constituem a amostra, sobre o Desempenho Económico, Social e Ambiental, como já foi referido. Estas divulgações foram designadas de Sub-Índices de RSE. Desta forma, faz sentido analisarmos o impacto que cada um destes Sub-Índices tem no Desempenho Financeiro das empresas referidas, analisando-os, individualmente.

Quando uma empresa adota uma política ambiental pró-ativa, espera-se que a mesma proceda a uma alteração nos seus meios de produção ou de prestação de serviços. Estas alterações provavelmente envolverão a aquisição e instalação de novas tecnologias adaptadas ambientalmente. Baseado nesta lógica, Russo e Fouts (1997) defendem que a abordagem pelos recursos fornece uma base sólida para testar a hipótese de que um melhor Desempenho Ambiental pode influenciar positivamente o Desempenho Financeiro. Esta hipótese foi testada e confirmou-se a relação positiva entre as variáveis. Veja-se, ainda, o estudo realizado por Dowell e Yeung (2000), em que, através da análise do rácio q de Tobin, avaliaram a relação entre o Valor de mercado das empresas e o custo dos seus Ativos intangíveis, encontrando uma correlação positiva entre estes e o Desempenho Ambiental.

Heal (2004) defende que os colaboradores das empresas trabalham mais se forem mais bem pagos, sendo este facto denominado, por alguns economistas, como a Teoria da Eficiência dos salários. Com uma retribuição mais elevada e com a concessão de benefícios sociais, por exemplo, a saúde e pensões de reforma, pode, por sua vez, aumentar a produtividade e a motivação, gerando lucros à empresa, e aumentando, desta forma, o Desempenho Financeiro da mesma.

Enquanto que Vance (1975) relatou uma relação negativa entre o Desempenho Social e a Rendibilidade, no estudo realizado por Bowman e Haire (1975) foi reportada uma relação positiva.

Com base nos estudo referidos, propomos a análise das seguintes hipóteses:

Hipótese 4.a: Existe uma relação positiva entre a divulgação do desempenho económico e, pelo menos, uma variável de desempenho financeiro;

Hipótese 4.b: Existe uma relação positiva entre a divulgação de desempenho social e, pelo menos, uma variável de desempenho financeiro;

Hipótese 4.c: Existe uma relação positiva entre a divulgação de desempenho ambiental e, pelo menos uma variável de desempenho financeiro.

Após a definição de todas as hipóteses de estudo, apresentamos no ponto II.4. a amostra selecionada para este estudo.