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Griggs v Duke Power a expansão do antissegregacionismo no Mercado de Trabalho

2. Capitulo sobre a relação histórica do judiciário americano com o movimento negro

2.3 Griggs v Duke Power a expansão do antissegregacionismo no Mercado de Trabalho

Inúmeros casos que se seguiram a decisão de 1954 restringiram cada

vez mais o âmbito de aplicação de políticas de combate a discriminação racial

e promoção da igualdade.

A interpretação do caso Griggs v. Duke Power20julgado em 1971, a qual

reconhecia que a implementação de uma política com impactos

discriminatórios, mesmo quando esta não tivesse intenção discriminatória21, se

não fossem relacionadas com a atividade da empresa, deveria ser banidas e

tornar a empresa responsável pela reparação por meio de implementação de

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O argumento do daltonismo racial tem informado uma corrente constitucional a qual tem sua identificação original no voto do caso Plessy v Fergurson. Essa escola Constitucionalista nega qualquer forma de racialismo e tem se mostrado extremamente presente na realidade legal americana. As Constituições de inúmeros Estados, dentro eles Califórnia e Michigam, já passaram por reformas recentes as quais proíbem qualquer uso da categoria raça, seja para políticas negativas ou políticas positivas. Autores como a professora GOTANDA afirmam que a negação do racialismo em uma sociedade estruturalmente racializada que subordina não brancos implica na ressegregação da mesma. Esses teóricos apontam a cegueira racial, ou daltonia racial, como a mais nova ferramenta de manutenção da subordinação de não brancos nos EUA. Uma vez que a “interpretação daltônica da Constituição legitima e por consequência mantem as vantagens sócio econômicas que brancos detêm sobre negros.” (GOTANDA, 1991, p.03)

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We granted the writ in this case to resolve the question whether an employer is prohibited by the Civil Rights Act of 1964, Title VII, from requiring a high school education [401 U.S. 424, 426]or passing of a standardized general intelligence test as a condition of employment in or transfer to jobs when (a) neither standard is shown to be significantly related to successful job performance, (b) both requirements operate to disqualify Negroes at a substantially higher rate than white applicants, and (c) the jobs in question formerly had been filled only by white employees as part of a longstanding practice of giving preference to whites

21

We do not suggest that either the District Court or the Court of Appeals erred in examining the employer's intent; but good intent or absence of discriminatory intent does not redeem employment procedures or testing mechanisms that operate as "built-in headwinds" for minority groups and are unrelated to measuring job capability.

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políticas que equilibrassem a representatividade de funcionários pertencentes a

minorias em todos os postos da empresa, foi uma rara exceção na evolução do

entendimento da Suprema Corte.

Apesar de representar uma conquista, a fundamentação do

julgamentona ideia de que desigualdade racial é sempre produto de uma ação

direta permaneceu. Esse entendimento foi apresentado dentro das

argumentações que justificaram a decisão. A prática “neutra” é entendida como uma prática que tem resultados similares aquelas de atos de discriminação

somente quando ocorre em contexto onde anteriormente havia casos de

ostensivas práticas de discriminação institucional22.

A decisão não centrou seus fundamentos no conceito de intenção, para

reconhecer uma prática como discriminatória, mas manteve a vinculação com a

ideia de que o racismo moderno sempre tem um autor, no caso, aqueles que

num passado seguiram as normas de segregação da cidade ou estado.

(FREEMAN, 1995, p.37)

A decisão da caso Griggs v Duke foi logo desconstruída pela mesma

corte ao analisar e decidir o caso Washington v Davis.

2.3.1 Washington v Davis o início das desconstruções de promessas.

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The District Court found that prior to July 2, 1965, the effective date of the Civil Rights Act of 1964, the[401 U.S. 424, 427] Company openly discriminated on the basis of race in the hiring and assigning of employees at its Dan River plant. The plant was organized into five operating departments: (1) Labor, (2) Coal Handling, (3) Operations, (4) Maintenance, and (5) Laboratory and Test. Negroes were employed only in the Labor Department where the highest paying jobs paid less than the lowest paying jobs in the other four "operating" departments in which only whites were employed

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Se no caso anterior a corte decidiu que princípios neutros os quais

resultam em desproporcionais resultados raciais teriam que ser justificados,

para o propósito da legislação antidiscriminação intenção significava conduta

que produzia resultados racialmente desiguais, e que o melhor meio de evitar

tais desproporções era através das ações afirmativas, no caso em analise a

corte afastou as duas concepções permitindo que o tokenismo voluntário

virasse a regra no mercado de trabalho americano. (FREEMAN, 1995, p.44)

2.3.2 Ricci v DeStefano

No ano de 2009 a desconstrução no âmbito do dos Direitos Trabalhistas

foi ampliada com o julgamento do caso Ricci v DeStefano. A corte declarou

que não havendo provas significativas de que a empregadora seria acionada

judicialmente, sob a alegação de impacto desproporcionalmente

discriminatório, não caberia à empregadora empregar políticas para alcançar

representatividade proporcional. A implementação de tais políticas para

equilíbrio representativo, conforme entendeu a Suprema Corte,violava os

direitos dos não pertencentes a minorias. Os autores da ação inseriram

novamente no espaço de argumentação da Suprema Corte a ideia de “racismo ao contrário”23

.

23

A ideia de racismo reverso tem se feito amplamente presente em todo o mundo como estratégia de desconstrução das ferramentas de proteção das minorias raciais cunhadas nesse século XX. Como exemplo temos a França: Em 26 de Outubro de 2012 o Tribunal de Paris realizou a audiência do caso cujos fatos se deram em 2010 tornando-se um peculiar caso de racismo anti branco europeu na França. Segundo o Jornal Le Monde o suposto agressor é acusado de ter agredido a vítima no metrô de Paris ao gritar para esta “branco sujo, francês sujo, branco novato”. A organização de combate ao racismo “Licra” tentou usar este caso como um caso paradigmático que explicitaria o posicionamento do Judiciário e sociedade Francesa no que concerne ao entendimento da possibilidade de racismo anti branco. A legislação Francesa possui uma previsão de agravante de determinados crimes quando estes são motivados racialmente. Seria o caso em questão onde uma pessoa branca francesa foi

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Alguns apontam esse caso como um exemplo de “ressentimento racial”, ou seja, de interpretação de políticas de inclusão como ferramenta que exclui

brancos melhor qualificados de espaços que lhe pertencem por direito. Esse

ressentimento segundo alguns teria informado a ideia de que era possível

constatar a prática de racismo reversoquando a Cidade de New Heaven

decidiu anular o teste em face da constatação de que nenhum afrodescendente

havia sido aprovado e o temor de ser responsabilizada pelo impacto

racialmente desproporcional do exame24.

No âmbito educacional a implementação de políticas de “ações afirmativas” foram desconstruídas com decisões da Suprema Corte que restringiram cada vez mais o âmbito de implementação de ferramentas de

agredida por um branco não Francês, aparentemente, informado por um animo discriminatório e racista. Acontece que o perfil do agressor parecia bem conveniente para uma ação criminal onde a vítima é branca europeia o agressor um branco não europeu com antecedentes criminais diversos relacionados a agressão. Durante a audiência na 13 Câmara Criminal do Tribunal de Paris o acusado apresentou-se ele mesmo como sendo pessoa branca e portanto não tinha de forma alguma intenção racista em seus insultos. Em 26 de Outubro de 2012 o Tribunal de Paris realizou a audiência do caso cujos fatos se deram em 2010 tornando-se um peculiar caso de racismo anti branco europeu na França. Segundo o Jornal Le Monde o suposto agressor é acusado de ter agredido a vítima no metrô de Paris ao gritar para esta “branco sujo, francês sujo, branco novato”. A organização de combate ao racismo “Licra” tentou usar este caso como um caso paradigmático que explicitaria o posicionamento do Judiciário e sociedade Francesa no que concerne ao entendimento da possibilidade de racismo anti branco. A legislação Francesa possui uma previsão de agravante de determinados crimes quando estes são motivados racialmente. Seria o caso em questão onde uma pessoa branca francesa foi agredida por um branco não Francês, aparentemente, informado por um animo discriminatório e racista. Acontece que o perfil do agressor parecia bem conveniente para uma ação criminal onde a vítima é branca europeia e o agressor um branco não europeu com antecedentes criminais diversos relacionados a agressão. Durante a audiência na 13 Câmara Criminal do Tribunal de Paris o acusado apresentou-se ele mesmo como sendo pessoa branca e portanto não tinha de forma alguma intenção racista em seus insultos. O Debate sobre a existência ou não de um racimo anti brancos divide até mesmo os militantes anti racismo da França. O debate iniciado nos anos 80 era apresentado por grupos identificados como ultraliberais de direita. O termo cunhado nos anos 80 parece refletir uma ideologia anti semita muito mais antiga na França. Acontece que o conteúdo de racismo anti branco hoje na França apresenta-se desvinculado da ideologia a qual lhe deu origem e busca revestir-se de uma aparência de anti racismo indiscriminado. Enquanto alguns afirma que “Ideologias e palavras não têm proprietários” valendo-se do processo de absorção da ideologia de racismo anti branco para utilizá-lo como plataforma de legitimação política, alguns insistem ser ilógico utilizar-se de uma legislação específica para proteger brancos quando a legislação anti racismo existente aplica-se a todas as raças e protege, também, os brancos das práticas racistas. Disponível em: (http://www.lemonde.fr/idees/article/2012/11/14/racisme-anti-blanc-non-a-une- imposture_1790315_3232.html)

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promoção de inclusão de minorias no espaço do ensino superior americano.

Concluindo com a negação das premissas dessegracionistas com o caso

Parents Involved in Community Schools v. Seattle School District No. 1 em

2007.