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Reunião Televisão Educativa (18/out/2003) – 2

Com pessoas de 18 a 25 anos, realizado em 18/out/2003. Participantes:

R. A. C., homem, 24 anos, estudante de Eletrônica.

B. V. N. A., homem, 19 anos, estudante de Engenharia Química. T. M. P., mulher, 20 anos, estudante de Engenharia Química. A. C., mulher, 23 anos, socióloga.

C. G., mulher, 22 anos, turismóloga.

L. M. M. B., homem, 22 anos, estudante de Economia. Mediadora: Mônica Fort.

(Apresentações iniciais)

Pra vocês o que é diversão e entretenimento?

A. C. – Pra mim é viagem. Estando em Curitiba, é cinema, amigos...

R. A. C. – Eu acho que tem uma separação entre diversão e entretenimento. Entretenimento é como teatro, cinema. Diversão eu acho que é sair a noite, curtir.

L. M. M. B. – Eu não vejo assim. Eu acho que cinema é diversão e também entretenimento. A diversão tem uma responsabilidade, você pode talvez relaxar. Entretenimento é uma coisa que você faz por fazer.

C. G. – Eu acho que diversão é muito subjetivo. Você pode se divertir conversando com alguém. B. V. N. A. – Eu vejo a mesma coisa nos dois. Quando você está se divertindo, há também entretenimento.

R. A. C. – No cinema, você está em outro nível. Você tem que prestar atenção no filme. Já nas baladas, você vai pra descontrair, relaxar o corpo. Você não precisa daquele tipo de concentração pra se entreter.

A. C. – Pra mim, o cinema é justamente sair do dia a dia, é o momento onde (sic) eu me acho, onde (sic) eu esqueço que existe mundo. Eu entro no filme e abstraio totalmente, não me exijo em nada. E quando esse filme passa na televisão?

A. C. – Eu não assisto, eu gosto de ir ao cinema. É um espaço público.

C. G. – Eu concordo. Você entra naquela sala escura, desliga seu corpo e assiste. Em casa, não. Passa comercial, toca telefone... Já não é a mesma atenção.

R. A. C. – A televisão é também muito burocrática. Tem filmes que ela corta as partes mais interessantes porque agride.

L. M. M. B. – Não sei se vocês repararam no intervalo do SBT. Conforme vai chegando o final do filme, ele vai aumentando. Vai ficando cada vez mais entediado (cansativo).

R. A. C. – A duração do filme é de duas horas. Mas na TV, por exemplo, o filme começa às 11 (horas da noite) e vai acabar praticamente 2 da manhã.

A. C. – Eu não tenho paciência. TV a cabo ainda vai, porque você pega o filme inteiro. Na TV comercial, as traduções também são horríveis, péssimo.

E a televisão, vocês vêem como fonte de entretenimento e informação?

B. V. N. A. – Sim, porém fútil. Pega a programação de domingo de tarde, por exemplo. A televisão toda é assim. Eles exploram algo que todo mundo sabe que existe e, por isso, se torna fútil.

R. A. C. – A sociedade brasileira já está se acostumando com isso. O nível intelectual está diminuindo cada vez mais. Por exemplo, você pega as músicas que passam no Gugu. Aí, você vai pro Faustão e é a mesma coisa.

L. M. M. B. – Sabe o que eu me lembrei outro dia? Que passava filme no domingo e era muito melhor. B. V. N. A. – Eu acho que o espaço dedicado à instrução social é muito pequeno, por isso a TV se torna fútil.

A. C. – Isso mesmo. Eu acho que as pessoas que estão numa Universidade não conseguem manter o hábito de assistir televisão.

Você (B. V. N. A.) se referiu ao espaço da instrução social. Há algum exemplo interessante que você conheça?

B. V. N. A. – TV Cultura.

L. M. M. B. – Mas a Globo News é restrita. A (TV) Cultura é interessante porque é um dos poucos redutos públicos, como os cinemas públicos de fundação.

A. C. – Como fonte de informação, eu já substituí a televisão pela Internet, isso há muito tempo. Não busco na TV essas coisas, eu troquei a telinha da TV pela telinha do computador.

C. G. – Eu vejo a TV Senac, mas é aquela coisa: só quando está ligada. Ela é totalmente regionalizada. Por exemplo: o cinema. Eles falam sobre cinema no Nordeste, cinema no Sul. Mesma coisa com o folclore. Eu gosto porque eles fazem um trabalho com o povo mesmo. Não é pesquisa de opinião só, é trabalho de campo.

T. M. P. – Eu vejo TV quando volto da faculdade. Eu vou mudando, vejo várias coisas. Fico na que mais me interessa.

Ninguém vê novela, aqui?

A. C. – Eu vejo só pra conversar com a minha mãe e as amigas dela. (Risos) Vocês vêem algum aspecto social trabalhado na novela?

L. M. M. B. – Vejo sim e fico abismado. Eles conseguem inverter a realidade. Eles só mostram a melhor parte da vida das pessoas como se fosse a da maioria. E esconde a da maioria como se fosse a menor parte.

R. A. C. – Eles colocam um padrão que não existe.

C. G. – Eles colocam uma casa que está muito acima do nível da própria classe média. Vocês acham que informação e entretenimento podem caminhar juntos?

R. A. C. – Sim, o teatro.

L. M. M. B. – Cinema. Tem muita informação e é divertido. Na televisão, isso não ocorre porque eles encaram a informação como mercadoria. Eles têm que massificar a informação pra que todos entendam. Uma proposta rica requer mais trabalho, não é um jornalzinho de meia hora que fala tudo, mas não fala nada que vai solucionar.

TV Cultura é exemplo de programação ou só alguns programas são interessantes?

R. A. C. – Eu diria que 90% é de programação importante. Tem pouca audiência por causa das grandes emissoras. A sociedade brasileira já está limitada a elas.

L. M. M. B. – Por que pouca audiência? Eu não acho que é pouca audiência. Não precisa alcançar toda a audiência, não precisa ser hegemônica. Eu vejo que muitos canais são TV pra cachorro, fala muito mais não diz nada.

R. A. C. – Na verdade, esses canais populares têm o objetivo do comércio, a (TV) Cultura não. A TV influencia as crianças?

L. M. M. B. – Se imaginar que faz parte do processo de formação dela, sim. Não que ela vai ser uma

striper por causa disso. Mas que a idéia de sexo vai mudar, isso vai. E o pai? Vai lá simplesmente

desligar? Não tem como restringir. Se proibir, ela vai fazer escondida. Você tem que ter uma conversa sobre sexo com uma criança de quatro anos. Você teria essa conversa só quando ela tivesse 15 anos.

B. V. N. A. – Mas isso é uma evolução.

L. M. M. B. – É uma transformação, mas pra onde está indo? Daqui a pouco todo mundo tá andando pelado na rua.

É possível resgatar um espaço de educação através da televisão?

C. G. – É possível. Eu acho que se quer mudar alguma coisa, tem que entrar nas grandes emissoras. L. M. M. B. – Não, entrar nas grandes emissoras não. Deve ser revisado o direito de comunicação. Eu acho que tem que redemocratizar o acesso. Se tiver um acesso público, no sentido das pessoas terem acesso à produção dos programas, eu acho uma grande coisa.

A. C. – Mas isso não existe. É guerra entendeu? Se você não vender essa idéias pras massas, não adianta nada.

L. M. M. B. – Concordo. Eu só acho que é um direito as pessoas se manifestarem. Numa situação ideal, o que deveria ter na TV?

R. A. C. – Primeira coisa, ser balanceado. Um documentário, um programa científico, mas não só isso.

B. V. N. A. – Jornalismo!

A. C. – Programas de música, filme.

C. G. – Seria importante tratar da história política do Brasil. Tem que saber difundir essas coisas de forma mais simples.

L. M. M. B. – Eu gosto muito de programas de viagem. O repórter tem que mostrar a cultura de vários lugares. As pessoas têm a mania de opinar, mas acham, por exemplo, que a África é tudo um monte de preto pobre. Eu gosto também de programas que mostram trabalhos sociais.

C. G. – Na verdade, não os programas ou as idéias. Eu gostaria de uma TV que não está preocupada em informar todas as pessoas ao mesmo tempo, mas que se preocupasse em atingir todas as afinidades das pessoas. Seria legal projeto de pesquisa, não precisa de tanta coisa. Tem que incentivar a diferença entre as emissoras.

Como fazer do popular uma proposta relevante?

R. A. C. – A Moreninha (novela) foi uma proposta interessante. É um romance que foi transformado em novela.

B. V. N. A. – Esportes tem que ter. Mas diversos. Devia ter coisas diferentes, além do futebol. A. C. – Futebol tem que ter. E a novela. As avós não vão ficar sem novelas.

L. M. M. B. – Eu acho que a mudança na abordagem ficaria muito legal. C. G. – Eu acho que a dramaturgia na televisão seria interessante. (agradecimento e encerramento)