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Criado em fevereiro de 2021, o grupo é formado por clarinetistas de todas as bandas militares do Brasil, com o objetivo de unificar e propagar informações a respeito do instrumento e sua relevância para a história das bandas militares brasileiras na atualidade.

7 Disponível no endereço eletrônico: https://youtu.be/P6mIB0ZObAU

8 Disponível no endereço eletrônico: https://youtu.be/zImGbPQuse8

9 Disponível no endereço eletrônico: https://youtu.be/xMhH8py3Jls

Como forma de produção de conteúdo e interação com outros clarinetistas, o grupo realiza encontros remotos com personalidades musicais ligadas à vida militar, bem como gravações do repertório de dobrados adaptados, por este proponente, para quarteto de clarinetes. Sendo assim, foram gravadas, até o presente momento, as adaptações para quarteto do Dobrado 18210 e Dobrado Quatro dias de viagem11.

9 PRODUTO FINAL

Como já exposto anteriormente neste trabalho, o produto final do mestrado profissional, tende a ser um trabalho com relevância social, ou seja, de modo geral, deve trazer alguma contribuição para um grupo de pessoas. Nas bandas militares, nas quais os dobrados adaptados foram interpretados, o retorno dos músicos foi bastante positivo, tanto na interpretação da obra quanto aos benefícios adquiridos pela prática da música de câmara com este repertório. Além disso, as adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes, isto é, música de câmara, atraíram um público diferente daquele estritamente militar.

Quanto a adaptar um repertório de banda, o dobrado, para quarteto de clarinetes, decidi não realizar modificações a ponto de retirar as características principais deste estilo composicional. Contudo, algumas inovações são claramente reconhecidas, tal como a cadência na adaptação do Dobrado 220 e um pequeno trecho do Lago do Cisne de Tchaikovsky na adaptação do Dobrado Cisne Branco.

Concernente ao percurso trilhado para a produção do produto final, iniciamos os ensaios do quarteto de clarinetes a partir do segundo semestre de 2020, com encontros semanais. À medida que as adaptações dos dobrados eram finalizadas, realizávamos laboratórios para conhecer a opinião dos outros participantes do grupo. No entanto, percebemos que para realizarmos um trabalho com maior refinamento, deveríamos ter a supervisão de um profissional com maior experiência artística com música de câmara e assim, decidimos convidar o clarinetista e produtor musical Luca Raele que, além de participar desde 1991 do célebre conjunto de clarinetes Sujeito a Guincho, possui vasta experiência na produção musical no eixo popular e erudito.

Após diversos ensaios, a fim de realizar o registro fonográfico do trabalho, decidimos realizar dois dias de gravação no estúdio da FATEC em Tatuí, São Paulo. O estúdio possui instalações distribuídas em uma área com mais de 500 metros quadrados e abriga diversas salas, como a sala que realizamos a gravação, que possui capacidade para atender 70 músicos.

10 Endereço da gravação do Dobrado 182: https://youtu.be/Ji8iUjluwIs

11 Endereço da gravação do Dobrado Quatro dias de viagem: https://youtu.be/jDVr1YqnCjI

Além disso, fomos assistidos pelos alunos do curso de Produção Musical da instituição e pelo coordenador do curso Zé Pires que nos auxiliou, juntamente com Raele, em todo o processo de gravação em estúdio. Vale ressaltar que, além de todo o desafio existente quanto à gravação que realizamos em estúdio, escolhíamos um áudio base e apoiado nisso, fazíamos as modificações necessárias.

Assim sendo, a partir do exposto, este trabalho possui como produto final, um álbum12 gravado em estúdio com todas as adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes – Dobrado 220, Dobrado 182, Dobrado Cisne branco, Dobrado Quatro dias de viagem, Dobrado Bombardeio da Bahia e contou, além da minha participação, com a presença dos seguintes clarinetistas: Filipe Sales, Francisco Júnior e Renata Garcia, todos pertencentes à Banda Sinfônica do Exército. Posteriormente, o objetivo será disponibilizar este material em todas as plataformas de streaming.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao encerrar o Mestrado, consigo perceber quanto aprendizado obtive ao longo do curso. Seria impossível enumerar todo conhecimento adquirido por meio do contato com outros profissionais que faziam parte do corpo discente da pós–graduação bem como durante os encontros das disciplinas do mestrado.

Concernente às aulas de Clarinete com o Professor Dr Pedro Robatto, considero que foram de extrema importância para o meu amadurecimento como músico prático. Não possuía experiência com o repertório brasileiro tampouco com o repertório de música contemporânea e era considerado um “Romântico”, devido a minha vivência com obras deste período da

Link da gravação em estúdio das obras apresentadas como produto final: Dobrado 182, Dobrado 220, Dobrado Bombardeio da Bahia, Dobrado Cisne Branco, Dobrado Quatro Dias de Viagem.

gravar, a descobrir o melhor aplicativo de gravação de áudio ou adquirir um bom gravador.

Porém, apesar das intempéries, segundo o professor, finalizo o curso sendo um clarinetista mais maduro em termos sonoros, musicais e interpretativos.

Com relação às aulas teóricas - reflexivas, percebo que não me tornei um pesquisador perito nos autores abordados como Pierre Bourdieu, Umberto Eco, Theodor Adorno, Michel Foucault, mas sim, levantei questionamentos, ampliei a visão, estimulei percepções, bem como passei a dar enfoque a temas muitas vezes esquecidos com relação a aspectos presentes além da performance musical, especialmente na relação entre música e questões sociais.

No que tange ao trabalho de adaptação de dobrados para quarteto de clarinetes, percebi ainda mais, o potencial que as bandas de música possuem em termos de composição. Este estilo composicional, genuinamente brasileiro, ainda necessita ser mais explorado pelos músicos atuantes, seja por meio de pesquisas, arranjos, adaptações ou simplesmente, pela não substituição deste repertório por outro estritamente estrangeiro, como é o caso de diversas bandas.

Concluo afirmando que o Mestrado profissional me transformou não apenas como um Clarinetista ou músico de banda, mas também como indivíduo e que o trabalho de adaptação de dobrados para clarinetes, tema central desta pesquisa, pode ser incentivo para outros naipes e outros grupos musicais, pois não é um trabalho fechado em si mesmo. Assim, finalizo este memorial com uma citação de Fred Dantas...“relembrei minha vivência, colecionei dados, propondo uma atitude inovadora para chegar a uma conclusão: a banda continua.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dissertação (Mestrado), Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Politécnico do Porto, Porto, 2019

FONTE, R.; ROBATTO, P. Adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes: uma

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OLIVEIRA, J. Z. Reflexões sobre a importância da prática deliberada para otimização da performance musical do clarinetista. Dissertação (Mestrado), Escola de Música, UFBA, Salvador, 2019.

ROCHA, J. R. F. O dobrado: breve estudo de um gênero musical brasileiro. Belo Horizonte: UFMG, 2011.

SILVEIRA, F. Concertino para Clarineta e Orquestra de Francisco Mignone: Reflexões Interpretativas. In: Revista do Conservatório de Música da UFPel, 2008. Pelotas: UFPel, 2008. Disponível em: <https://periodicos.ufpel.edu.br >. Acesso em: 20 de Jun. 2021.

SOUSA, P. M. As bandas de música na história da música em Portugal. Lisboa: Fronteira do Caos, 2017.

APÊNDICE A – ARTIGO

ADAPTAÇÕES DE DOBRADOS PARA QUARTETO DE CLARINETES: UMA ALTERNATIVA PARA A PRÁTICA DA MÚSICA DE CÂMARA EM BANDAS DE

MÚSICA

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo tecer reflexões a respeito da prática da música de câmara em bandas de música por meio de adaptações do gênero musical brasileiro de dobrados para quarteto de clarinetes. Para isso, utilizamos nesta pesquisa a adaptação para quarteto de clarinetes do dobrado 220 (Avante Camaradas) do compositor Antônio Manoel do Espírito Santo. Assim, este estudo de caso de caráter qualitativo foi realizado na banda de música do 2° Batalhão de Polícia do Exército em Osasco/São Paulo e se serviu de entrevista semi-estruturada como técnica de coleta de dados, contando com a participação voluntária de quatro clarinetistas da banda de música. Logo, este trabalho se justifica por utilizar o principal repertório das bandas de música brasileiras, o dobrado, adaptado para a formação camerística, como um caminho para a prática da música de câmara em bandas de música e outros grupos musicais.

Palavras-chaves: Banda de Música, Quarteto de Clarinetes, Música de Câmara, Dobrado, Naipe de Clarinetes.

ADAPTATIONS OF “DOBRADO” FOR CLARINET QUARTET: AN

ALTERNATIVE FOR THE PRACTICE OF CHAMBER MUSIC IN MUSIC BANDS

ABSTRACT

This article aims to reflect on the practice of chamber music in music bands through adaptations of the Brazilian musical genre called “Dobrado” to clarinet quartets. For this, we used in this research the adaptation for clarinet quartet of the “Dobrado 220” (Avante Camaradas) by the composer Antônio Manoel do Espírito Santo. Thus, this qualitative case study was carried out in a military music band in Osasco / São Paulo and used a semi-structured interview as a data collection technique, with the voluntary participation of four clarinetists from the music band. Therefore, this work is justified by using the main repertoire of Brazilian music bands, the “Dobrado”, adapted for chamber music formation, as a way to practice chamber music in music bands and other musical groups.

Keywords: Music Band, Clarinet Quartet, Chamber Music, “Dobrado”, Clarinet Section

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo tecer reflexões a respeito da prática da música de câmara em bandas de música por meio de adaptações do gênero musical brasileiro de dobrados para quarteto de clarinetes. Essa abordagem se deve à atuação deste pesquisador como clarinetista de banda militar do Exército, bem como concludente do curso de Mestrado Profissional da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além disso, foi determinante para este trabalho, a experiência musical como integrante em um quarteto/trio de clarinetes chamado “Palheta Sonora”. Esse grupo atuou durante três anos em cidades da região metropolitana de São Paulo e executava, inicialmente, um repertório tradicional para esta formação. Na busca por constituir uma identidade musical do grupo, nasceu, em 2016, o projeto “Dobrado Desdobrado” que visava adaptar, para quarteto/trio de clarinetes, dobrados tradicionais do Exército Brasileiro, em virtude dos integrantes serem oriundos de Banda de executada para elevar o moral da tropa nas solenidades da caserna13, é o repertório principal das bandas de música militares. Além disso, este estilo composicional não é exclusividade das bandas de instituições beligerantes.

Diversas bandas civis que representam cidades, igrejas ou associações utilizam o dobrado como repertório básico em suas apresentações. Dantas (2017, p.29), corrobora tal constatação ao afirmar que as bandas de música mantêm “vínculo com os movimentos militares e com as ocasiões religiosas”.

É importante ressaltar que o fato do dobrado ser o principal repertório das bandas de música, tornou esse gênero parte da cultura de muitos músicos brasileiros, bem como de diversos clarinetistas do país, sendo utilizado como método de iniciação musical em várias bandas. Temos como exemplo, a experiência do autor deste artigo que aprendeu a tocar clarinete em uma banda de música de uma igreja com a utilização de diversos dobrados.

13Termo sinônimo a quartel ou aquartelamento.

Porém, este não é um caso isolado, por meio do contato com outros clarinetistas que atuam em diversas bandas e orquestras brasileiras, constatamos que muitos possuem a formação musical iniciada em bandas de música com a utilização desse gênero musical.

Concernente ao tema da pesquisa, a abordagem se deve a observação deste autor, como clarinetista de banda de música militar, nas dificuldades encontradas na prática musical do naipe de clarinetes tais como: afinação, timbre, articulação, dinâmica, sonoridade entre outros. Tais dificuldades ocorrem em decorrência do fato dessas bandas terem a função prima de executarem o repertório de dobrados ao ar livre e com intensidade forte para musicalizarem eventos civis ou militares. Isso faz com que o naipe muitas vezes, perca a referência de uma sonoridade mais refinada. Por isso, tendo em vista encontrar meios para solucionar as dificuldades supracitadas, escolhemos a prática da música de câmara com adaptações de dobrados para quarteto de clarinetes, a fim de contribuir para o aperfeiçoamento musical desse naipe como um todo.

Assim, concernente aos benefícios da prática camerística, vejamos o que SACKS coletivo [...] grupos menores de instrumentistas permitem a realização focalizada de idéias musicais.14

Desse modo, considerando tais benefícios e tendo em vista o fato de o dobrado fazer parte do repertório cotidiano dos profissionais de banda, juntamente com este artigo, iniciamos um trabalho de escolha e adaptação para quarteto de clarinetes de alguns dobrados dentre o repertório básico de obras musicais do Exército Brasileiro. A respeito desse repertório básico, constam o Boletim do Exército Nº 25 do ano de 2000, que “estas composições devem estar presentes em todas as bandas e fanfarras do território nacional, bem como possuir as partituras do regente e as partes individuais dos instrumentos”. Dentre essas composições, constam os seguintes dobrados:

14 Texto original: “The benefits of the chamber setting in the search for new and interesting sound are numerous.

Primarily, with a single player on an instrument, the risk of unbalanced sound is significantly smaller, as it is obviously easier for one musician to adjust than a large group to do so collectively […] Smaller ensembles allow for the focused realization of ideas with less prospect of poor reception due to means outside of the composition and music themselves”.

5. Dobrado Guararapes 6. Dobrado Mato Grosso 7. Dobrado O Guarani 8. Dobrado Os Flagelados 9. Dobrado os Quatro Tenentes 10. Dobrado Quatro Dias de Viagem 11. Dobrado Saudades de Minha Terra 12. Dobrado Sargento Calhau (Cisne Branco) 13. Dobrado Primeiro grupo de Aviação Embarcada 14. Dobrado Bombardeio da Bahia

15. Dobrado n° 182

16. Dobrado n° 220 (Avante Camaradas) 17. Dobrado Marcha de Guerra Brasil

(BOLETIM DO EXÉRCITO BRASILEIRO, Nº 25, 23 de junho de 2000, p.27, portaria 008).

Sabemos, entretanto, que o repertório de dobrados executados por Bandas Militares do Exército é mais extenso do que o apresentado no referido boletim, todavia esse documento serve como ponto de partida para o presente artigo. Assim, decidimos adaptar para quarteto de clarinetes, apesar da relação do Boletim supracitado conter 17 (dezessete) composições do gênero, os dobrados do compositor baiano Antônio Manoel do Espírito Santo – dobrado 220;

dobrado Bombardeio da Bahia, dobrado 182, dobrado Cisne Branco, dobrado Quatro Dias de Viagem.

Sobre o compositor Antônio Manoel do Espírito Santo, não possuímos muitas informações a respeito de sua trajetória. Porém, no estudo de Meira e Schirmer (2000) concernente à História da música militar e bandas militares, consta que o compositor foi mestre de banda e compositor de diversos dobrados. Além disso, foi aprendiz do Arsenal de Guerra da Bahia, onde, no passado, eram ensinados ofícios aos jovens em situação de vulnerabilidade social. De acordo com o estudo citado anteriormente, Antônio Manoel do Espírito Santo, mesmo falecido aos 29 anos de idade, deixou-nos um legado de mais de duzentas obras de mais alto nível. Infere-se que o número “220”, título de uma de suas obras (dobrado 220), seja o número de catálogo de suas composições, visto que essa informação se faz recorrente em outros dobrados do autor.

Dessa forma, a partir do que foi apresentado, este artigo tem como objetivos específicos, os seguintes pontos: 1)Descobrir os atributos musicais trabalhados com a adaptação do dobrado para quarteto de clarinetes; 2) Conhecer os benefícios da prática da música de câmara para o naipe de clarinetes; 3) Realizar propostas para implantação da prática da música de câmara em bandas de música.

Para tanto, utilizamos como instrumento de coleta de dados, a entrevista

No que tange à modalidade de pesquisa, este artigo se configura como um Estudo de Caso de caráter qualitativo. Logo, busca se aprofundar em uma realidade particular, específica, de modo que suas conclusões não devem ser difusas. Porém, possibilita compreender de forma concreta uma determinada realidade (PENNA, 2015, p.101).

Quanto ao referencial teórico, este trabalho se ampara na pesquisa de Frederico Meireles Dantas (2015) acerca da Composição inovadora para banda filarmônica; dos escritos de Pedro Marquês de Sousa (2017) que trata da história das bandas de música em Portugal; e no estudo de Everaldo do Espírito Santo e Santos (2018) com relação ao aperfeiçoamento do músico filarmônico através das práticas camerísticas.

Apesar de possuir informações relevantes quanto às bandas de música militares e civis e o aperfeiçoamento do músico, nenhuma dessas pesquisas aborda a formação de um repertório de dobrados adaptados para música de câmara, fato que justifica o presente trabalho.

1 - O DOBRADO – contextualizando

O gênero musical dobrado é uma marcha, ou seja, é resultado das atividades de musicalização das manobras militares. Concernente a isso, Sousa (2017, p. 107) nos expõe:

A marcha é o gênero musical que resultou diretamente da dimensão funcional da música militar, pela sua utilização operacional nas manobras táticas [...] em linha de combate. O termo marcha originalmente significa um tipo de manobra [...].

No entanto, para maior compreensão da relação entre essas manobras militares e o dobrado, necessitamos discorrer a respeito desses deslocamentos. A respeito disso, Rocha (2011, p.4), em sua pesquisa a respeito do gênero musical dobrado, expõe basicamente três tipos de manobras realizadas pelas tropas de cavalaria:

1) Passo de estrada – deslocamento lento para longos percursos;

2) Passo de parada ou passo dobrado – deslocamento com o andamento próximo ao dobro do anterior.Utilizada em desfiles, continências e paradas militares;

3) Passo acelerado – deslocamento com andamento rápido utilizada para o ataque.

Diante do exposto, tendo em vista auxiliar na marcação da cadência das tropas nos deslocamentos abordados anteriormente, era tradição a utilização de grupos de músicos com instrumentos de percussão e instrumentos de sopro. Segundo Rocha (2011), com o passar do tempo, o termo “passo dobrado”, que se referia, como já mencionado, ao deslocamento da tropa com andamento próximo ao dobro do “passo de estrada”, passou a ser sinônimo do gênero musical executado pelos grupos de instrumentistas que tocavam nessa manobra, ou seja, em desfiles, continências e paradas militares.

Com a formação de diversas bandas civis e militares em todo o território brasileiro, o

“passo dobrado” europeu, gradativamente, foi absorvendo diversas características regionais, se desvinculando da influência das marchas européias e se consolidando como um gênero musical de identidade própria com características harmônicas, formais, melódicas e contrapontísticas que o diferenciava de outros gêneros musicais do mesmo estilo.

Dessa forma, podemos afirmar que, o “passo dobrado”, sob a denominação genérica de “dobrado”, se afastou do seu modelo europeu e por meio de tantas características distintas de sua origem, se tornou uma marcha genuinamente brasileira.

Quanto a isso, Rocha (2011, p. 7) nos afirma:

Quanto a isso, Rocha (2011, p. 7) nos afirma:

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