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GRUPO FOCAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO PERMANENTE

No documento RELATÓRIO DE PESQUISA (páginas 43-59)

RESIDÊNCIA MULTIPROFISS

3.1.4 GRUPO FOCAL: PREVIDÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO PERMANENTE

O projeto desta pesquisa apontou em sua metodologia a realização do Grupo Focal com as trabalhadoras da Política de Previdência Social. A escolha desse instrumento se dá por

proporcionar um aprofundamento maior do objeto de estudo. A possibilidade de interação e complementação das participantes é rica para a discussão e obtenção de informações de natureza qualitativa, pois permite que todas as profissionais tenham acesso e voz à discussão proposta de interesse coletivo.

A Previdência Social faz parte das três políticas que constituem a Seguridade Social brasileira. Tais políticas têm diferentes naturezas na forma de acesso. A saúde segue com o princípio máximo da universalidade, pois não tem nenhuma condicionalidade. A Assistência Social é uma política que propõe ultrapassar a ideia assistencialista e responsabilizar o Estado pelo acesso aos direitos socioassistenciais e aos programas e benefícios que possibilitam a transferência de renda a partir do cumprimento de condicionalidades. Já a Previdência Social, para a efetividade do seu acesso, precisa, necessariamente, que a/o trabalhador possua vínculo de segurado, ou seja, é uma política contributiva.

O Grupo Focal ocorreu na sede do ​Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência Social (SINDISPREV) no dia 17/08/2019. Estavam presentes sete profissionais de Serviço Social do INSS de três municípios da grande Porto Alegre; e duas representantes do Sindicato. A gravação durou em torno de uma hora e foi iniciada após a leitura coletiva e assinaturas do Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE), explicitando os objetivos da discussão bem como a devolução dos resultados da pesquisa.

Inicialmente, a gravação foi ouvida como uma primeira aproximação às falas das assistentes sociais. Logo após, a transcrição do conteúdo foi realizada, tendo em vista a apropriação das narrativas com um nível de aprofundamento maior. Durante a transcrição, já foi possível identificar algumas categorias emergentes que são fundamentais para compor a análise de conteúdo. A discussão foi norteada a partir de três questões centrais, sendo elas: “Para vocês, qual a importância da educação permanente? Quais os conhecimentos que vocês têm ou saberes que sentem necessidade de construir diante da conjuntura? O que é educação permanente?”. Nos quadros que seguem, estão os resultados do trato das narrativas enquanto unidades de significado e sua correlação com as questões norteadoras, assim como as categorias emergentes desse processo de análise.

Quadro 17: Narrativas das Assistentes Sociais sobre a importância da EP na Previdência Social

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Fonte: elaborado pelas autoras com base nos artigos das revistas, 2019.

A discussão sobre a educação permanente revela um conjunto de questões que estão interligadas quando as assistentes sociais do GF atribuem a importância das experiências formativas no trabalho na Previdência Social. Isto porque tratar sobre EP significa trazer à tona os processos de trabalho em que se inserem essas profissionais e aí se leva em conta a própria organização, as relações de trabalho e o desmonte de toda a estrutura previdenciária, principalmente com a reforma da previdência que vem sendo desenhada desde 2016 e concretizada em 2019.

Durante a realização do Grupo Focal, as narrativas iam revelando a reflexão crítica deste processo de corrosão de direitos da classe trabalhadora que acessa os serviços previdenciários e, concomitante a isso, revelam a incidência dessas mudanças na vida das

44 Ampliação de conhecimentos [...] Cada atendimento que chega são pessoas com problema de idade

em várias situações. Então a gente tem que ter um ​leque amplo de

conhecimento​. Desde a questão trabalhista, previdenciária, saúde,

acesso a tudo o que é serviços.

Eu acho que a educação permanente em Serviço Social ​para quem

trabalha nas políticas sociais é bem importante​ por causa da

identificação que começa a acontecer com a política.

Superação da rotina institucional

[...] Esse distanciamento no dia a dia que a gente acaba se colocando junto, os usuários, os trabalhadores, as questões institucionais, a gente fica parte daquilo. E quando a gente sai um pouco, tem um olhar de fora, toma um fôlego e consegue na, intervenção diária, ter um certo distanciamento mais crítico. Não tão envolvido com a rotina institucional, consegue olhar um pouco para fora.

[...]Então a gente é atropelado pela rotina, pela demanda mais emergente que é de legislação previdenciária e de outros conhecimentos que nos são exigidos[...]. ​E a gente esquece, vai se perdendo em meio a essa rotina e demandas emergenciais e institucionais. Demandas institucionais que são postas, e acabam perdendo a proximidade com os fundamentos da profissão ​. Isso pra

mim é o mais emblemático. É o que mais me incomoda. Daqui a pouco tu tá identificado com a política, com a instituição, e com a profissão, os fundamentos a gente vai perdendo.

Eu acho que a educação permanente também é fundamental, porque a gente tem que parar e fazer uma reflexão do que a gente tá fazendo no dia a dia. Senão a gente fica naquele rondão, fazendo qualquer coisa sem pensar, entra no piloto automático e vai fundo naquilo. Então eu acho fundamental ter momentos no trabalho, garantir esses momentos, o que hoje é uma grande dificuldade. ​Não tem mais esses espaços na

previdência para a gente poder estudar, fazer uma reflexão do que a gente tá fazendo, que demanda é essa que se apresenta, o que a gente tem que demandar na instituição para qualificar o nosso trabalho.

Então, educação permanente é fundamental para que realmente nossa profissão evolua, tenha efeito, e que contribua na vida das pessoas que a gente atende.

pessoas, incluindo assistentes sociais, assim como as estratégias e lutas desse coletivo para realizarem o trabalho profissional. Constatamos que a ampliação de conhecimentos para o trabalho na Previdência Social e a superação da rotina institucional são aspectos importantes que o coletivo de assistentes sociais trouxe logo de início para a reflexão proposta sobre a importância da EP. Quando questionadas sobre a importância da educação permanente no âmbito da Previdência Social, esta reflexão foi atrelada às necessidades da população que acessa os serviços previdenciários, especialmente as pessoas idosas com as mais variadas situações das quais emerge a necessária renovação dos conhecimentos para o atendimento dessas demandas.

As assistentes sociais que participaram da pesquisa referem à necessidade de um “leque amplo de conhecimento” para os atendimentos, tais como “a questão trabalhista, previdenciária, saúde, acesso a tudo o que é serviços”. A concepção de EP que fundamenta essa compreensão, considera o trabalho como um ambiente de aprendizagem permanente, pois é dele que emergem as necessidades de conhecimentos que devem ser acessadas para a intervenção profissional. No âmbito das políticas sociais públicas todo/a trabalhador/a que se insere nestes contextos vai fazendo uma imersão necessária, apropriando-se das estruturas organizacionais próprias, políticas específicas, direitos sociais a serem concretizados e acessados pela população. Dessa forma, “[...] a educação permanente em Serviço Social ​para

quem trabalha nas políticas sociais é bem importante por causa da identificação que

começa a acontecer com a política” ​.​É importante destacar que tais políticas e estruturas correspondem a diferentes interesses e são permeadas por muitas contradições.

Outro aspecto sobre a importância da EP é a “superação da rotina institucional” como forma de refletirem criticamente sobre o trabalho. A EP é a reflexão crítica sobre os processos de trabalho em que se inserem as trabalhadoras, portanto a “[...] educação permanente também é fundamental, porque a gente tem que parar e fazer uma reflexão do que a gente tá fazendo no dia a dia. Senão a gente fica naquele ​rondão​, fazendo qualquer coisa sem pensar, entra no piloto automático e vai fundo naquilo. [...] Não tem mais esses espaços na previdência para a gente poder estudar, fazer uma reflexão do que a gente tá fazendo, que demanda é essa que se apresenta, o que a gente tem que demandar na instituição para qualificar o nosso trabalho.” Atribui que suspender ao cotidiano ou, neste caso, a rotina institucional é fundamental, pois se faz necessário um “[...] distanciamento no dia a dia que a gente acaba se colocando junto, os usuários, os trabalhadores, as questões institucionais, assim a gente fica parte daquilo. E quando a gente sai um pouco, tem um olhar de fora. Toma um fôlego e consegue, na intervenção diária, ter certo distanciamento mais crítico. Não tão 45

envolvido com a rotina institucional, consegue olhar um pouco para fora”.

Destacam, ainda, que em meio à rotina e às demandas emergenciais, os fundamentos

da profissão acabam se perdendo. O que contribui para que essa oxigenação do cotidiano

ocorra justamente em espaços de educação permanente. No entanto, as assistentes sociais

presentes afirmam não haver esses espaços instituídos atualmente no INSS, embora haja muitas falas sobre a importância desses espaços serem “fundamental para que realmente

nossa profissão evolua, tenha efeito, e que realmente contribua na vida das pessoas que a

gente atende​”. Quadro 18: Narrativas das Assistentes Sociais sobre os conhecimentos e saberes que sentem necessidade de construir diante da atual conjuntura na Previdência Social 46 Categorias que emergem Narrativas das Assistentes Sociais da pesquisa Novas configurações do trabalho no INSS Acho que ​desde a legislação previdenciária aos recursos da internet nós íamos

agendar e não sabíamos mais se era presencial ou à distância. A gente não procura conhecer, a gente vai aprendendo conforme a demanda vai

chegando. Eu acho que cada uma deveria ter vários livros do Ricardo Antunes, as transformações no mundo do trabalho, as tecnologias etc… porque a gente tá vendo

não só o fechamento de agências e diminuição ao acesso, mas também a restrição ao

emprego, ao nosso trabalho, porque cada vez precisa menos de nós, menos de vocês

para fazer um serviço que ninguém quer que faça. Não quer acolher a população,

não quer dizer que ela tem direitos​. É que a gente tá vivendo nesse momento um paradoxo. Nunca ficou tão claro um

paradoxo de a gente defender direitos e acesso e, ao mesmo tempo, contribuir para

restringir.​Porque a gente tá contribuindo para que a pessoa consiga acessar, porque

ela não consegue, mas a gente tá ali dando um jeitinho para ela acessar e

contribuindo para tudo isso que tá cada vez se instalando mais; essa digitalização,

essa virtualização que vêm contra o usuário e contra o trabalhador. Porque tira o

público da agência, então vai necessitar menos servidores. E aí vem nessa esteira de

ataque ao serviço público de proposta de demissão de servidores, de não haver mais

concurso público. Ao mesmo tempo que a gente tá atendendo a população, e

ajudando aquele ali, o seu fulano... na conjuntura maior, a gente tá contribuindo

para nossa extinção. E isso é muito adoecedor. Também ​houve essa reestruturação do serviço, mas ainda não vem um regimento interno. Então o regimento interno é isso, regimento interno tá no limbo. A gente não

sabe se vai pro bem ou se vai pro mal. ​Então a gente tá num momento de total

reestruturação. O INSS, mas o Serviço Social e a questão da reabilitação nós

estamos… porque aí nós seguimos muito por aquilo que a gente já tinha

estabelecido, dos fundamentos, parâmetros. Nós estamos seguindo o que o serviço

tinha construído. Ao mesmo tempo que é um momento de desmonte, tá sendo um

momento de união. De a gente manter as atribuições, o trabalho… Em 2017, ​a gente passou a ser ligada a Dirbenq, (Diretoria de Benefícios Saúde do

Trabalhador) onde os médicos perito que passaram a nos coordenar e que eles têm

diretamente essa questão do ato médico [...]. Então até esse ano agora, a gente foi

praticamente exterminadas. Várias ações nossas foram boicotadas via memorando. Eles tinham essa visão bem de ato médico e a gente tinha que ser… um satélite em

47 volta deles. E realmente destruiu nosso trabalho [...]. Em 2018, a gente teve uma audiência que eles queriam nos tirar da estrutura do INSS que foi gravíssima. Em audiência pública em Brasília que a gente conseguiu reverter isso. Porque a gente tava para sair do regimento do INSS. A gente não sabia nem onde ia parar. O Memorando 13 que não deixa a gente fazer trabalho externo, agora caiu também [...] Então teve uma série de situações que a gente ficou totalmente amarrada para exercer nossa profissão. As reuniões técnicas passaram a não ocorrer mais. As RTs, representantes técnicas, várias por ter uma postura mais ofensiva de resistência foram exoneradas. Então uma série de coisas que aconteceram nesses últimos dois anos que nos exterminou. Então, a gente tá se reestruturando esse ano, quando a gente passa para a DIRBENQ, mas é uma coisa muito recente também.

[...] A ​DIRBENQ, as chefias são técnico-administrativas, não sei se eles têm

proximidade com o que são nossas atribuições profissionais ​. Na realidade, eles são

administrativos. Nossa luta também é por poder exercer nossas atribuições profissionais dentro do INSS, o que é nossa competência. E é aí que a gente é podado também. Não querem que a gente faça nosso trabalho. (sendo o nosso trabalho) No Serviço Social e na reabilitação. Tem dois serviços.

Até 2017, a gente tinha um manual, tínhamos as reuniões técnicas mensais, tínhamos as linhas de ação. Tinha uma autonomia técnica clara [...] Então quando veio a perícia, foi nos podando sistematicamente todas as ações, então a gente sentiu necessidade de criar esse espaço, que antes era interno, fora, no GT. Então a gente tinha um trabalho até 2017 em andamento que é avançar em tudo, mas tinha uma autonomia técnica que foi nos tirada. A ampliação do acesso, os direitos das pessoas com deficiência e idosos e a saúde do trabalhador, essas são as nossas linhas de ação que ainda são até hoje. Existe um manual. Vem nesse jeito atrapalhado sem uma

direção técnica ainda construída.

Acho que quando vem essa ​desestruturação que os médicos começaram a nos coordenar, tecnicamente inclusive, infringindo nossa lei de regulamentação. A primeira atitude de quando os médicos chegaram nessa coordenação foi desmontar todas as direções técnicas por todo o Brasil em nível gerencial e estadual.

Então, quando eles chegam no poder, eles destituem nossa chefe máxima, que é a da direção [...]. Nós temos a direção do Serviço Social que é nível federal, depois nós temos cinco superintendências que são as chefias regionais. Por estados. Aglomeram alguns estados. Aqui a nossa superintendência é a três que aglomera Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Então a primeira ação foi essa; de desmontar as nossas coordenações técnicas e aí foi um duplo ataque: ataque ao Serviço Social enquanto serviço, enquanto oferta de serviço à população, porque nós somos constituídos, assim como um serviço à população. Um serviço de direito à população. E também enquanto área de conhecimento ​[...]. ​Eu sempre falo que eles nos

atacaram duplamente assim. Tanto enquanto serviço, direito mesmo da população, da população nos acessar enquanto serviço do INSS para a ampliação de direitos,

[...]​, mas também como nos deslegitimar como área de conhecimento também ​[...]​. A autonomia no sentido da gente não poder decidir se vamos a uma reunião de rede, o que vamos falar nessa reunião. Se vamos fazer uma palestra para a população. [...]. Antigamente, se a gente quisesse fazer uma reunião a gente ia e fazia. Aí começaram a burocratizar dizendo que esse pedido tinha que ir até Brasília, inclusive com o que ia ser dito nessa reunião, então...

[...]Acho que​eles atacaram principalmente pessoalmente, o que desestruturou muita gente. Chamando de sociáveis ao invés de assistentes sociais. Então eles

desqualificaram pessoalmente, profissionalmente, institucionalmente, de todas as formas possíveis e deixando no chão. Então, agora o pessoal tá se levantando. ​A

revogação do Memo 13, a garantia do regimento, mas ainda tá difícil, porque como as chefias são administrativas, aqui a gente ganhou esses dias que elas tinham que passar a ir para concessão virtual e não mais atendimento ao público. A gente conseguiu segurar. Então são pequenos ganhos numa conjuntura extremamente

48 árida assim. ​Várias chefias conhecidas a nível nacional foram colocadas e foram tiradas imediatamente, chefias técnicas que eu digo. Foi um ataque brutal à categoria. Mas numa conjuntura de desmonte do serviço público. Então o que que tá se aguardando agora: a reforma administrativa que vai mudar órgãos e o regimento interno se nós sobrar na reforma. Porque não sabemos se vamos sobrar na reforma.

Uma das coisas que a gente fez esse ano e com muita dificuldade foi a questão da gente discutir a reforma da Previdência aí fora ​. ​Mas como é que a gente fez isso? Eu fiz uma vez isso, outros colegas também fizeram. Mais pra gente se proteger, porque a gente não pode nem falar. A gente ia junto com o Sindicato. [...] Então a gente vai, mas vai com o sindicato, a gente fica ali ajudando. Na hora da palestra quem fala é a colega nossa da diretoria do sindicato e a gente tá ali​.

E no dia a dia, assim, no miúdo do atendimento, acho que o que tem impactado agora que tornou tudo digital. Então, a restrição do acesso da população, idosos, pessoas com deficiência, que a gente atende no dia a dia não chega mais para nós isso já é afetar diretamente a área de conhecimento, porque a gente tá ali para atender um público extremamente vulnerável.​Então, o advogado que acessa o INSS e quer uma orientação previdenciária, canal de acesso por uma orientação presencial é o Serviço Social. A gente ainda mantém isso e defende, mas, tem um público que deixou de nos acessar, por essa burocratização do INSS, por essa…

Acho que o nosso atendimento hoje é todo agendado. ​A gente não recebe mais o espontâneo.​ Então isso aí já restringiu horrores.

Existe um memorando que restringe. Têm as gerências que não seguem o memorando. [...] no interior ainda não, mas nas capitais todos os serviços são agendados. [...] Gerência de Porto Alegre rigorosamente está seguindo esse memorando restritivo. Então, o idoso que vai lá tem a estratégia de ligar pro 135 que às vezes também é complexo, o entendimento do INSS que é para acesso da população é o 135. O 135 é acessível. Então, esse é o acesso da população, inclusive dos idosos. [...] Acho que a população também tá meio perdida, porque em Porto Alegre, esse ano fecharam

quatro agências.

Então, eles não sabem mais nem para onde ir. Sabem que tem que ir atrás, mas não sabem que é virtual. Onde que eu vou, porque não tem mais aquela agência que eu estou acostumado a ir. ​E a tendência é fechar mais para ser tudo virtual. Então, esse acesso tá absolutamente restringido.

Agora, bem recentemente, desde primeiro de julho, todas as assistentes sociais de Porto Alegre estão numa agência. Então, zona norte, zona sul, centro tem essa dificuldade de locomoção, de passagem. O idoso que ia ali no IAPI consultar, descer para o atendimento com a assistente social não acontece mais. Ele não vai se deslocar, buscar dois ônibus. ​A gente sente no dia a dia essa dificuldade de acesso e se preocupa [...] por isso que é importante ter o trabalho com a rede. ​Eles não

conseguem ir até nós, a gente tem que ter essa autonomia técnica e planejamento para ir até os CRAS, para tá mais perto da comunidade, para socializar informações, para levar a informação sobre o acesso ao direito. A informação sobre essas restrições que tão vindo com a Reforma também.

Primeiro a gente estava atendendo os espontâneos, tinha esse memorando, mas eles ainda não tinham seguido. Depois de uma determinada data, eles começaram a seguir essa restrição. Na nossa agência chegamos a ficar à disposição para agendar para as pessoas no mesmo dia para que a gente pudesse atender as pessoas. Para que a gente pudesse agendar para nós mesmos, coisa que não existe em nenhum outro local dentro do INSS [...] E isso ajudou a não restringir, e quando a gente vê somos deslocados para outra agência. Por quê? O idoso que vai chegar na agência não vai chegar em nós. Daí vai chegar na portinha e vai pegar o atravessador.

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Idoso, a pessoa que tem dificuldade... vai ser levada para um escritório e vai ser cobrada com certeza, porque esse é o trabalho dele. É nível grave de acesso. A linha de ampliação do acesso era anterior a tudo isso que tá acontecendo. Redimensionaram a mil por cento para preencher o INSS digital. E, foi ao contrário, sendo cada vez mais restritivo.

Porque antes as pessoas procuravam advogado, normalmente porque não tinham conseguido o benefício que elas vieram buscar. Hoje, com o digital, elas tão indo para os advogados e despachantes simplesmente para fazer o requerimento, que era uma coisa que perto da agência. ​[...] Antes as pessoas iam lá entrava na agência e perguntava: fulano, que que quer dizer isso aqui, que que aconteceu aqui, como é que tá a minha contribuição? A empresa recolheu ou não recolheu? Agora eles não têm acesso a isso. Liga pro 135 não consegue traduzir isso. Vai pra onde?

U​ma vitória que nós tivemos sobre esses tempos é que o Serviço Social no nosso atendimento passou a ser ofertado no 135. Facilita um pouco o acesso às pessoas, porque antes era o agendamento local. Se eu queria ter atendimento com o Serviço Social eu tinha que ir até a agência. Agora eu ligo pro 135 e consigo ter acesso a

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