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Grupo II: Caraterização do treino da força durante a época desportiva:

5. CONCLUSÕES

5.2 Grupo II: Caraterização do treino da força durante a época desportiva:

A periodização da força refere-se ao treino organizado e sistematizado ao longo da época.

Os treinadores inquiridos referiram dividir a época em três períodos: preparação, competição e transição referindo também a utilização de semanas sem jogos no meio da época para realizar um outro momento preparatório.

Em modalidades como os jogos desportivos coletivos, a periodização vai ser condicionada pelo calendário das competições. Assim, os treinadores de basquetebol de alto rendimento organizam o planeamento do treino da força de acordo com as variações do calendário.

5.2.1 Manifestações da força em períodos específicos e modelos periodização da força

Apesar de todos os treinadores estimularem a força ao longo de toda época, a maioria considera como prioritária a estimulação da força através do modelo de blocos concentrados.

Relativamente ao tipo de manifestação de força privilegiada, dois do treinadores destacaram a força dinâmica máxima como a mais desenvolvida ao longo da época desportiva, sendo que os outros dois privilegiam a força explosiva. No período preparatório parece haver uma tendência ao desenvolvimento da FDM e da força resistência e no período competitivo à força explosiva (principalmente na primeira parte deste período).

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Relativamente à periodização, o microciclo parece ser determinante na orientação e planeamento do treino e o seu conteúdo depende essencialmente do treino técnico-tático e da existência de uma competição nesse período.

No que diz respeito ao peróodo de preparação, são utilizadas 3-6 semanas com uma uma média cerca de 4 a 5 sessões por semana, com treinos bidiários, com o objetivo de estimular as manifestações da força e as demais capacidades físicas. Já no periodo de competição, este número pode variar de 3 a 4 sessões por semana, de acordo com o calendário competitivo de cada equipa.

No período de competição os treinadores destacaram a utilização de um sistema de treino em que são utilizadas cargas máximas no início da semana com um redução progressiva até ao dia do jogo permitindo a recuperação do atleta.

5.2.2 Meios e formas de organização do treino

As máquinas de musculação, os pesos livres e o peso corporal foram os meios de treino mais utilizados pelos treinadores de basquetebol de alto rendimento.

Alguns meios de controlo sensório-motor, como o bosu, slides e cinto de tração não foram referidos como os mais frequentemente utilizados (tendo no entanto a sua relevância em alguns períodos específicos).

Quanto aos meios organizacionais, a maioria dos treinadores mostraram preferência pelo treino em circuito, no entanto um dos treinadores referiu utilizar o treino em séries múltiplas. A preferência pelo treino em séries múltiplas pode ser explicada por permitir solicitar simultaneamente capacidades motoras essenciais no basquetebol: força e resistência.

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5.2.3 Métodos de treino

Quanto à metodologia aplicada na prescrição do treino de força dos atletas, verificou-se uma menor tendência à utilização do método de esforços máximos. Os autores especulam que essa tendência se deva ao maior risco de

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lesão e baixo potencial da estimulação da hipertrofia desse método. Por outro lado a crescente utilização do método de força explosiva pode ser explicada pelo carácter explosivo da modalidade.

A maioria dos inquiridos afirmou utilizar uma alternância entre os métodos de hipertrofia e neurais, considerando que esses são complementares entre si. As metodologias desenvolvidas em outros desportos foram referenciadas pelos treinadores de forma unânime, que indicaram a utilização de meios e exercícios baseados no atletismo como privilegiada.

Em relação à variação das cargas esta pode ser feita de acordo com o período em questão: preparatório ou competitivo. Assim, no período preparatório a tendência apontada pelos treinadores parece ser um aumento das cargas a cada uma ou duas semanas, havendo no período competitivo uma propensão para a manutenção das cargas.

Apesar de os dados da literatura serem concordantes no que diz respeito à importância da prescrição do treino através de 1 RM, observamos na nossa amostra que: o treinador T1 não especificou de que forma utiliza essa prescrição nos atletas, deixando claro que nos escalões de formação não utiliza esse protocolo; o treinador T2 e T3 não aplicam métodos baseados en 1RM e o treinador T4 foi o único que explicou com detalhe como utilizava esse método, de acordo com o tipo de força e o período em questão.

5.2.4 Influência dos aspetos técnico-táticos e auto avaliação dos parâmetros de sucesso dos treinadores

Quanto à influência dos aspetos técnicos e táticos no sucesso do jogo, foram salientados diferentes pontos. Parâmetros objetivos, como quantidade de saltos, deslocamentos e sprints foram referidos como os meios preferencialmente utilizados no controlo de carga física associada ao treino técnico-tático. No entanto, o controlo do volume e da intensidade do treino técnico tático são ajustados frequentemente de acordo com a experiência dos treinadores.

Todos demonstraram uma preocupação adicional no registo de volume e da intensidade de trabalho de forma a otimizar o rendimento dos atletas e a reduzir o risco de sobretreino e o aparecimento de lesões. É importante

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salientar um decréscimo das lesões ao longo da época, o que auxilia a equipa técnica a manter os atletas disponíveis e num alto nível de performance durante toda a época.

Por fim, foram ainda apontados como intervenientes nesse processo fatores extrínsecos como o clima e o perfil genético.

5.3 Grupo III: Treino da força nos escalões de formação

No trabalho com atletas jovens é difícil definir a quantidade de treino ideal, que permita obter as respostas e as modificações fisiológicas desejadas sem causar danos para o corpo do jovem atleta.

Relativamente a esta faixa etária os treinadores referiram como fundamental desenvolver nos atletas a consciência de que o desenvolvimento da força nesta fase irá permitir uma evolução mais segura das suas capacidades, “um futuro desportivo mais longo”, com melhor performance e menor risco de lesões. Em relação à prevenção de lesões destacaram o benefício da utilização do peso corporal.

Foi assim consensual que no treino da força em jovens, é primordial trabalhar o conceito da consciência corporal, aprendizagem e coordenação motora. Foram indicados alguns pontos importantes a serem trabalhados: aprendizagem do posicionamento dos segmentos corporais e aprendizagem de forma sustentada e equilibrada de certas ações (como por exemplo caminhar e correr).

Tal como refere Formigoni (2005) nesta fase de desenvolvimento deve ser inciado desde cedo o trabalho proprioceptivo, visando entre outros, a prevenção de lesões. Todas essas características foram consideradas como a base para um desenvolvimento sustentável das capacidades físicas específcas da modalidade.

5.4 Grupo IV: Treino funcional em relação ao treino da força e a