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2.1 Domínio Rio Grande do Norte

2.1.1 Litoestratigrafia

2.1.1.2 Grupo Seridó

Unidade representativa da Faixa Seridó, ocorre em duas sub-faixas, a de Currais Novos a leste, e a de Jucurutu a oeste, ambas separadas pelo Bloco de Lajes (embasamento). Essas duas sub-faixas aparentemente, correspondem a feixes de cisalhamento transcorrente.

O Grupo Seridó é constituído por rochas metassedimentares de natureza plataformal marinha e turbidítica profunda, e dividido nas formações Equador, Jucurutu e Seridó, existindo divergência entre autores quanto ao posicionamento da Formação Equador. Ferreira (1998) consegue separar da Formação Jucurutu a Formação (Complexo) Serra dos Quintos, baseado na análise de associação de fácies.

O metamorfismo do Grupo Seridó varia da fácies xisto-verde a anfibolito alto, num regime bárico de pressão intermediária, tendo sido alvo de três fases de deformação:

1. Responsável pelo bandamento composicional (S1//S0), melhor preservado nas fácies

xisto-verde de Cruzeta e Curral Novo (sub-faixa Jucurutu).

2. Com características contracionais, é representada pelos empurrões e dobramentos

recumbentes e/ou isoclinais com transporte de massa para NW (S2//S1).

3. Representada pela verticalização dos estratos, dobramentos abertos, por vezes

isoclinais inclinadas e zonas de cisalhamento transcorrentes, ora dextrais, ora sinistrais. Hackspacher & Sá (1984) definiram uma quarta fase de fraca penetratividade, com trend NW-SE.

Formação Equador

Representa a sedimentação siliciclástica de plataforma, acima do embasamento paleoproterozóico na sub-faixa de Jucurutu, representando provavelmente espécies de cordões arenosos litorâneos. Essa sedimentação siliciclástica mostra recorrência na margem oeste da sub-faixa Currais Novos, aparecendo acima da sedimentação grauváquico-carbonática, sugerindo episódios de transgressão e regressão.

O metaconglomerado Parelhas ocorre acima do horizonte quartzítico na sub-faixa de Currais Novos e possui seixos de itabiritos da Formação Serra dos Quintos, sugerindo uma inconformidade estratigráfica entre as formações Serra dos Quintos+Equador e a Formação Seridó. Este litotipo mostra lineação de estiramento NNE-SSW dada pelo alinhamento do eixo maior dos seixos (elipsóides tipo prolato), atribuída à fase de deformação transcorrente (Hackspacher & Souza, 1982). As deformações anteriores à transcorrência são documentadas por faixas miloníticas de baixo ângulo, com indicação de transporte para NNW desenvolvida no contato com a Formação Seridó e por padrões de interferência das fases de deformação tangencial (F2) e transcorrente (F3).

Formação Serra dos Quintos

Compreende uma associação litológica metassedimentar grauváquica, carbonática- calcissilicática, associada a quartzitos, formações ferríferas e a rochas metamáfico- ultramáficas, que foi considerada por muitos autores, anteriormente, como Formação Jucurutu. Ótimas exposições desta unidade ocorrem na serra da Formiga, em alóctones desta unidade sobre o embasamento paleoproterozóico, descritas por Hackspacher & Osório (1981). Nessa área, a formação contém abundantes horizontes de calcário, rochas meta-máfico- ultramáfica e formações ferríferas. A associação litológica desta unidade sugere tratar-se de uma seqüência vulcano-sedimentar formada por sedimentos clásticos imaturos associados a

sedimentos químico-exalativos e rochas vulcânicas provavelmente toleiíticas de arco magmático.

Formação Jucurutu

Constituída por uma seqüência metassedimentar, com pequena contribuição vulcânica máfica. Os paragnaisses com níveis e nódulos de rocha calcissilicática têm características de uma metagrauvaca, pelo conteúdo expressivo de feldspato e pelo aspecto maciço. A associação litológica com abundância de sedimentos clásticos, grauváquicos e quartzosos, e com uma extensiva ocorrência de calcários sugere uma associação tipo QPC, em ambiente de plataforma carbonática de margem passiva.

É caracterizada por paragnaisses quartzo-feldspáticos com pouca biotita ± muscovita ± epídoto. Lentes ricas em epídoto devem corresponder a antigos nódulos margosos (inferida assim, uma deposição marinha). Intercalações de anfibolito, mármores, quartzitos, micaxistos, rochas calciossilicáticas, formações ferríferas, metavulcânicas e metaconglomerados, intercalados em biotita gnaisses e gnaisses quartzo-feldspáticos. Em alguns setores, esses gnaisses apresentam-se muito deformados, com intensa transposição e lineação proeminente, e em outros, apresentam-se migmatizados e deformados. Em ambos os casos, formam-se gnaisses bandados, preservando-se as lentes de epídoto. É considerado para esses gnaisses, origem metassedimentar (xistos, arcósios e subgrauvacas), ou metaígnea (para as vulcânicas félsicas, veios de aplito ou granitos deformados). Os anfibolitos homogêneos com hornblenda e plagioclásio representam antigos derrames basálticos (ou andesitos basálticos). As rochas calciossilicáticas foram originadas a partir de margas.

A Formação Jucurutu precede a deposição da Formação Seridó, havendo indícios de interdigitação na região de Jucurutu. O paragnaisse Parelhas, correlacionado à Formação Jucurutu, ocorre abaixo e acima do quartzito na serra das Umburanas.

Formação Serido e Grupo Seridó Indiferenciado

Unidade principal da Faixa Seridó, é representada por um espesso pacote de metapelitos de fácies dominantemente anfibolito, contendo raras intercalações de metacalcários, rochas calcissilicáticas e anfibolito. Na parte oeste da sub-faixa Currais Novos e na região central da sub-faixa de Jucurutu, ocorrem xistos da fácies xisto-verde, às vezes interpretados como uma unidade distinta, à Sequencia Cruzeta (Ferreira, 1998).

Nessas áreas o S0 é facilmente reconhecido, observando-se uma estrutura típica de

fácies do grupo, a Formação Seridó, provavelmente, representa a facies marinho distal da bacia, cuja sedimentação está associada a depósitos de talude, alimentados por correntes de turbidez.

O zoneamento metamórfico observado na Formação Seridó na sub-faixa Currais Novos, com decréscimo do metamorfismo para a base do grupo, a oeste na faixa de Cruzeta, sugere a existência de zoneamento inverso, típico de regime de thrusts, com transporte para W-NW (Hackspacher & Dantas, 1997). Isso corroboraria com a ascensão da Formação Equador à zona central da sub-faixa, assim como do soerguimento do embasamento na região de Santa Luzia e sua extensão para o norte, como demonstrado através de dados aeromagnéticos.

O evento contracional é importante na estruturação do terreno, embora mascarado pela extensiva tectônica transcorrente, que atravessam toda a sub-faixa Currais Novos, sendo uma extensão da Zona de Cisalhamento Patos-Malta, produzindo uma rede de transcorrências dextrais em échelon.

Dados geocronológicos U-Pb (concórdia em zircão) indicam uma idade neoproterozóica para a Formação Seridó (Van Schmus et al., 1996), o que caracteriza uma seqüência extremamente jovem dentro do Ciclo Brasiliano.