• Nenhum resultado encontrado

4.1 Geologia Local

4.1.2 Grupo Seridó (NP3 S )

Os litotipos diferenciados e caracterizados na Mina do Bonito pertencentes a este Grupo estão inseridos na Formação Serra dos Quintos (itabiritos), e Formação Jucurutu (mármores, xistos, quartzitos e quartzitos ferruginosos), ambas metassedimentares. Os magnetititos e skarns correspondem à alteração hidrotermal, contemporâneos a Formação Jucurutu.

Formação Serra dos Quintos (NP3sq)

Itabiritos

Os itabiritos da Mina do Bonito são rochas heterogêneas, apresentam-se em cores preta, verde, vermelho, alaranjada e esbranquiçada e representam os litotipos com médio a alto grau de alteração.

Os itabiritos representam a segunda maior unidade da Mina do Bonito, com porcentagem estimada de volume em 30%. Ocorre em superfície na porção oeste central da área intercalados com os mármores, xistos, quartzitos e quartzitos ferruginosos, da Formação Jucurutu, compondo, juntos uma estrutura antiformal quilométrica com eixo mergulhando para sul, sugerindo, um pacote único posicionados e depositados litoestatigraficamente na mesma Formação. (APÊNDICES II e III).

Os itabiritos macroscopicamente, em geral, apresentam-se com estrutura bandada, com espessura milimétrica a centimétrica, onde as faixas cinza a preta (mineral ferromagnético -

magnetita e hematitas) alternam com níveis milimétricos esbranquiçados quartzosos definindo a foliação principal (Figura 4.4 a, b).

Microscopicamente são bastante heterogêneos, com seus parâmetros petrográficos, magnéticos e químicos, diferenciados e detalhados no capítulo 5 "Tipologia dos Minérios de Ferro da Mina do Bonito". Em geral as observações de campo e estudos petrográficos mostram variações nas proporções de magnetita, hematitas (martita e especularita), goethita e anfibólios ferríferos (série tremolita-ferro-actinolita). (Figura 4.4 c, d).

Formação Jucurutu (NP3sju)

Mármores Magnesianos

Os mármores magnesianos são rochas homogêneas, com cor cinza predominante, médio grau de alteração e estão associados as rochas calcissilicáticas e skarnitos. Representam a maior unidade da Mina do Bonito, com porcentagem estimada em volume em 40% e o litotipo com baixo grau de alteração (Figura 4.5 a, b).

Ocorrem em superfície em toda porção sul e no extremo leste da área, em contato gradacional com os itabiritos (ITB) e xistos (XST), em profundidade aparecem intercalando os xistos e itabiritos (APÊNDICES III e IV).

As rochas carbonáticas apresentam-se com granulometria fina a média e textura granoblástica incipiente e sem alteração superficial. É composta essencialmente por dolomita (97%). Os acessórios são tremolita (2%), escapolita (<<1%) e opacos (<<1%). (Figura 4.5 c, d).

A dolomita é formada por agregados granoblásticos, com extinção ondulante fraca e exibindo raras inclusões de opacos, escapolita e tremolita. O tamanho dos grãos não ultrapassa 1,5 mm de comprimento maior.

A tremolita é ripiforme a esqueletiforme, granoblástica, ocorrendo principalmente nos limites dos grãos carbonáticos, embora também ocorra como inclusões reativas em calcita. O tamanho das ripas é inferior a 0,3 mm de eixo maior. É substituído por escapolita sob regime do fácies anfibolito.

A escapolita é xenoblástica, intersticial e neocristaliza-se invariavelmente às expensas da tremolita.

Os opacos são submilimétricos (cristalitos), ocorrendo principalmente associados com a escapolita e tremolita, possivelmente sendo resultado da desestabilização de tremolita na

geração de escapolita. A rocha apresenta textura granonematoblástica predominante, sem fissuras, submetida pelo menos ao metamorfismo do fácies anfibolito inferior (> 500oC).

Figura 4.3 – (a) afloramento do ortognaisse rico em k-feldspato, (b) estrutura bandada, (c) texturas gnáissica. Amostra PTRM-13-47A. Quartzo (Qtz), Plagioclásio (Pl) exibindo textura mimerquítica e Biotita (Bi), formando textura granolepidoblástica. Luz ortoscópica (L.O), e (d) microclina (feldspato) exibindo geminação do tipo albita + periclina. Amostra PTRM-13- 47A. Luz Ortoscópica (L.O).

Fonte: Elaborada pela autora

(c) Qtz Kf Bi Pl (d) (a) (b)

Figura 4.4 – (a) afloramento do itabirito (ITB), (b) estrutura bandada e dobrada, (c) detalhe do bandamento em lâmina delgada Luz Ortoscópica (L.O), exibindo alternância de bandas ricas em anfibólio ferrífero (actinolita e tremolita) e bandas ricas em magnetita, martita e quartzo. Actinolita (Act), tremolita (Trm), quartzo (Qtz) e opacos (Opc). (d) itabirito dobrado e oxidado, com goetita (go) e martita (m). Luz Ortoscópica (L.O).

Fonte: Elaborada pela autora.

(a) (b) (c) (d) Trm Act Qtz+Opc m go

Figura 4.5 – Afloramento do mármore magnesiano (a) e (b), (c) e (d) dolomita e/ ou calcita (Dol), tremolita (Trm), escapolita (Ep) e opacos (Opc), exibindo uma textura granoblástica. (c) Luz Natural Polarizada (L.N.P) e (d) Luz Ortoscópica (L.O).

Fonte: Elaborada pela autora.

Ep Tm (a) (b) (c) (d) Dol Opc

Xistos

Os xistos da Mina do Bonito são rochas heterogêneas e variáveis, apresentam-se em cores verde, branca e preta e representam os litotipos com médio grau de alteração de fluido mineralizador.

Os xistos representam a quarta maior unidade da Mina do Bonito, com porcentagem estimada de volume em 10%. Ocorrem em superfície em toda a área, inseridos e intercalados com os mármores, xistos, itabiritos, quartzitos e quartzitos ferruginosos (APÊNDICES II e III).

Os tipos de xistos identificados são quartzo micaxisto (7%), e clorita-actinolita xisto, clorita-tremolita xisto, tremolita xisto, actinolita xisto com magnetita, granada-tremolita- actinolita xisto, granada-biotita xisto, quartzo-sericita-talco-xisto, biotita xisto, ambos representando 3%. Em análises aos furos de sonda os litotipos quartzo micaxistos ocorrem em maior frequência, sendo responsáveis pelos elevados teores de alumínio.

Os quartzo micaxistos macroscopicamente apresentam-se em forma geométrica de

bundins, cores verde esbranquiçada, estrutura foliada de espessura milimétrica, onde as micas

predominam (biotita e muscovita) e determinam a foliação principal (xistosidade). (Figura 4.6 a, b).

Microscopicamente exibem textura granolepidoblástica e granular poligonal resultado de recristalização. Os minerais essenciais são quartzo (60%), biotita (20%), muscovita (15%) e opacos (4%). Os acessórios são zircão e apatita, ambos < 1% (Figura 4.6 c, d).

O quartzo apresenta forma anedral, contatos irregulares, extinção ondulante e recristalização em subgrãos, com inclusões de apatita, zircão. A biotita é marrom a luz natural apresentando alto pleocroísmo, aparece em forma lamelar evidenciando a foliação. Em algumas porções são substituídas por clorita e/ou epidoto. A muscovita é incolor a luz natural, aparece em forma lamelar, por vezes, encontra substituindo a biotita.

Quartzitos e Quartzitos ferruginosos

Os quartzitos são rochas homogêneas, apresentam-se em cores branca - avermelhados e representam os litotipos de menor unidade da Mina do Bonito, com porcentagem estimada de volume em 1% e alto grau de oxidação (APÊNDICES II e III).

Em análises aos furos de sonda, quando estão associados aos itabiritos sofrem influência dos fluídos ricos em ferro e posterior intemperismo, denominando-os de quartzitos ferruginosos, com alto teor de sílica e baixo teor de ferro. A composição mineralógica é simples, constituído basicamente de quartzo.

Figura 4.6 – (a) ortognaisse (GNS) em contato com o quartzo micaxisto (XST), (b) estrutura foliada do quartzo micaxisto, (c) e (d) minerais constituintes do xisto: quartzo (Qtz), biotita (Bi) e muscovita (Mus). Luz Ortoscópica (L.O).

Fonte: Elaborada pela autora.

Magnetitito e Skarn

Os magnetititos e skarnes da Mina do Bonito são rochas heterogêneas, apresentam-se em cores preta e níveis esbranquiçada e representam os litotipos com alto grau de alteração de fluido mineralizador, na forma de "boudins". Estes litotipos fazem parte dos minérios hidrotermais presentes na jazida foram classificados, caracterizados e individualizados no Capítulo 5. GNS XST Bi Mus Qtz (a) (b) (c) (d)

Os magnetitítos e skarnes macroscopicamente, em geral, apresentam-se com estrutura maciça/bandada, com níveis milimétricos esbranquiçados (alteração hidrotermal). Os litotipos tem origem hidrotermal associada às fases finais de dobramento e deformação brasiliana (Figura 4.7).

Microscopicamente são bastante heterogêneos, com seus parâmetros petrográficos e químicos, diferenciados e detalhados nos tópicos referentes a tipologia. Em geral as observações de campo e estudos petrográficos mostram variações nas proporções de tremolita/actinolita, magnetita, martita, especularita, e pirita.

Figura 4.7 – (a) Magnetitito de estrutura maciça, (b) skarns de estrutura maciça e bandada.

Fonte: Elaborada pela autora.