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Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização do Distrito Federal e Entorno (GTPA Fórum EJA/DF)

1 PROBLEMATIZAÇÃO E CAMINHOS DA PESQUISA

2.2 Grupo de Trabalho Pró-Alfabetização do Distrito Federal e Entorno (GTPA Fórum EJA/DF)

O Grupo de trabalho Pró-Alfabetização do Distrito Federal (GTPA- Fórum EJA/DF) foi fundado em 1989, sempre lutando em prol dos direitos de jovens e adultos à educação (emancipadora e voltada aos interesses da classe trabalhadora16). De lá para cá expandiu sua atuação para além da alfabetização de jovens e adultos. O Fórum EJA do DF tem o entendimento que a alfabetização é parte inseparável da EJA, como está expresso em seu último encontro:

A alfabetização de Jovens e Adultos Trabalhadores será considerada como o início do 1º segmento (anos iniciais do Ensino Fundamental), em cumprimento à Lei Orgânica no Art. 225 e Disposições Transitórias art. 45. Como tal, os alfabetizandos serão matriculados regularmente com chamada pública com a participação da comunidade escolar e sociedade civil organizada (GTPA Fórum EJA/DF, XXII ENCONTRO DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES DO DF, 2013, p. 10-11)

Desde sua formação, o GTPA-Fórum EJA/DF tem se pautado como um movimento social plural no sentido de acolher os diversos segmentos da sociedade que fazem EJA, pois na definição de Gohn os movimentos sociais são:

As ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo político de força social na sociedade civil. (2002, p. 251)

Isso quer dizer que fazem parte do fórum desde movimentos populares até instituições do Sistema ―S‖17. Entretanto, a maior participação concentra-se nos segmentos dos movimentos populares, universidade (professores e estudantes), professores da rede pública e sindicatos como o Sindicato do Professores no Distrito Federal (SINPRO-DF). A organização do GTPA, assim como dos Fóruns de EJA Brasil, assemelha-se à proposição tripartite da Organização Internacional do Trabalho (OIT), onde participam governos, organizações dos trabalhadores e organizações patronais. Quais são as limitações e implicações que esse tipo de organização pode trazer para a luta social?

16 Existe uma polêmica conceitual entre o termo classe trabalhadora trazida por Lessa (2007), onde

ele discute quem é a classe revolucionária nos dias de hoje e aponta a imprecisão do conceito ―classe trabalhadora‖ para nos posicionar diante da luta de classe. Esse conceito coloca lado a lado aqueles que geram riqueza através do trabalho, categoria fundante do ser humano, com aqueles que exercem práxis sociais e vivem da riqueza produzida pelos primeiros.

17

O Sistema ―S‖ foi criado a partir da década de 40 e é formado por instituições ligadas ao setor produtivo patronal da indústria, comércio, agricultura etc. São instituições de caráter privado que recebem recursos públicos e os gerem sem nenhum controle da sociedade.

Prosseguindo, o movimento no DF organiza-se por meio de uma Coordenação escolhida entre os participantes do fórum; em reuniões gerais mensais que se realizam alternadamente, uma no centro da capital e outra em uma Região Administrativa (RA) do DF. Também acontecem reuniões da Coordenação Colegiada que é formada por um representante de cada segmento que compõe o GTPA-Fórum EJA/DF.

O infográfico abaixo indica a formação completa dos segmentos participantes do fórum:

Ilustração 01 – Infográfico dos Segmentos participantes do GTPA-Fórum EJA/DF

Fonte: Portal do GTPA-Fórum EJA/DF, disponível em:

Atualmente, uma das maiores dificuldades do Fórum é ampliar a participação à novos membros, principalmente do segmento de educandos. Afinal, toda discussão e luta da EJA têm como finalidade garantir o direito à educação dessa populção. É imprescindível que os educandos, razão de ser das políticas públicas de EJA, sejam sujeitos ativos de suas próprias histórias como nos ensinava Paulo Freire:

É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. (1996, p.30)

Sem ignorar o que Karl Marx nos advertiu na obra 18 de Brumário de Luís Bonaparte:

Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os espíritos do passado (...) (2000, p. 6)

Lição muito bem aprendida pelos educandos/as, alfabetizadoras e coordenadoras de turma do Sol Nascente, a respeito do ciclo 2011/2012 do DF Alfabetizado/ PBA:

E essa experiência da primeira edição também foi muito boa na parte que na hora que a gente gritou eles vamos à luta? Vamos lutar para vocês continuarem estudando aqui? Todos participaram, todos participaram, fizemos baixo assinado, conseguimos levar o EJA pra lá pro 66. Foi uma luta de todos, foi abaixo assinado lá, foi reunião pra lá, foram idas á secretaria, à regional e todos os lugares que tinham como ir a gente buscou isso. (GF n° 4)

Agora é canalizar a mobilização gerada e transformá-la em participação nos espaços do GTPA-Fórum EJA/DF, potencializando a luta pela Educação de Jovens e Adultos no Distrito Federal e no Brasil junto aos demais fóruns e movimentos sociais populares que lutam pelos mesmos objetivos.