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A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) considera como “pessoas mais velhas” aquelas com 60 anos ou mais, idade também adotada nas políticas públicas no Brasil ao se tratar do idoso (BRASIL, 2006). Entretanto, a própria OMS reconhece que tal definição de idade cronológica não é um marcador preciso que acompanha o envelhecimento, tornando-se necessário considerar também aspectos socioeconômicos e culturais ao se pensar no envelhecimento de pessoas e populações (OMS, 2005).

De acordo com Veras, Caldas e Cordeiro (2013) a assistência à saúde aos idosos deve acontecer prioritariamente por meio da atenção primária, visando evitar, ou no mínimo postergar, hospitalizações e institucionalizações, que constituem alternativas mais onerosas de atenção à saúde. Além disso, os autores defendem que quando se retarda a ocorrência de doenças, há colaboração para que se preserve a capacidade funcional do ser humano no futuro, e é justamente esta característica que vai determinar a qualidade de vida dessa pessoa.

Estudo que utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) para descrever as condições de saúde dos idosos apontou que as doenças que mais frequentemente os acometem são a hipertensão, artrite/reumatismo, doença do coração e diabetes (LIMA-COSTA; BARRETO; GIATTI, 2003).

Observa-se que várias dessas patologias têm em seus próprios fatores de risco a idade e são muitas vezes doenças crônicas degenerativas, que podem gerar perda da autonomia e incapacidades. Por isso a importância de ações em saúde que visem à promoção do autocuidado e a melhoria da qualidade de vida dos idosos.

No Brasil em 2006 foi aprovada a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) cuja finalidade é manter, recuperar e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, tendo como uma de suas diretrizes a promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável.

O termo “Envelhecimento Ativo” é definido pela OMS (2005, p.13) como o “processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”.

A PNSPI reconhece a importância dos grupos de educação em saúde para idosos na promoção deste envelhecimento ativo e recomenda:

[...] facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais, grupos de terceira idade, atividade física, conselhos de saúde locais e conselhos comunitários onde o idoso possa ser ouvido e apresentar suas demandas e prioridades;

[...] promover a participação nos grupos operativos e nos grupos de convivência, com ações de promoção, valorização de experiências positivas e difusão dessas na rede, nortear e captar experiências (BRASIL, 2006, p.8).

Relacionado a essa temática, em estudo realizado na Espanha com objetivo de traçar estratégias, implementar e avaliar um programa de educação em saúde voltado para idosos, identificou-se como principais agravos de saúde o consumo abusivo de medicamentos e automedicação, consumo de álcool e tabagismo, além de sobrepeso. Como resultados da intervenção foram observados melhorias das condições de saúde dos idosos, como redução do uso de medicamentos sem prescrição e consumo de álcool (PINO; RICOY; PORTELA, 2010).

Em estudo realizado no Mato Grosso do Sul são relatados resultados parciais do desenvolvimento de uma experiência de extensão universitária realizada em parceria com a rede de atenção básica. As atividades realizadas buscaram desenvolver um processo grupal de promoção da saúde com pessoas idosas, tendo em vista o envelhecimento ativo e a qualidade de vida dessa população. Foi observado que as atividades em grupo constituíram-se em espaço privilegiado para a constituição de redes de apoio e de processo de ensino-

aprendizagem, possibilitando aos participantes a ampliação do conhecimento de si e do outro por meio de vivências e discussões em grupo (COMBINATO et al., 2010).

Pesquisa realizada pela Universidade de Pernambuco utilizou o teatro como ferramenta de educação em saúde, tendo como enfoque a promoção da saúde de um grupo de idosos. Para os autores a atividade estruturada nos princípios da arte cênica, adaptado às características e peculiaridades do ser idoso contribuiu para ampliação da rede social, da autodeterminação, na melhoria do nível de humor, no preenchimento do tempo ocioso e na descoberta de novas possibilidades de viver/envelhecer (CAMPOS et al., 2012).

Em experiência de educação em saúde realizada por residentes no Rio Grande do Sul com quarenta idosos participantes de um grupo de convivência, foram trabalhados os temas: osteoporose, diabetes mellitus, dislipidemia, planejando o futuro e relações de cuidado. Pela perspectiva dos autores, as oficinas contribuíram de modo inovador para estimular a participação dos idosos, promovendo a interação e o convívio dos mesmos, enquanto assumiam o papel de agentes ativos no processo de aprendizagem e de fazer saúde (SERBIM et al., 2013).

Estudo que buscou identificar fatores terapêuticos presentes em um grupo de promoção da saúde de idosos evidenciou os benefícios dessa modalidade de cuidado especialmente por atender as necessidades dos idosos, mantê-los saudáveis, fortalecer o sentimento de amor pela vida e pertencimento a um grupo social. Identificou como limite para essa prática a forma de coordenação dos grupos, relacionando-se com ausência de planejamento e avaliação sistemática, assim como ao despreparo dos profissionais de saúde que desenvolvem essa atividade (NOGUEIRA, et al., 2013).

Os estudos corroboram as recomendações, e mostram que as atividades de educação em saúde em grupo podem contribuir para a valorização da vida, autocuidado, crescimento pessoal e busca ativa da saúde, possibilitando um envelhecimento ativo com maior qualidade de vida para os idosos.

Evidencia-se assim a necessidade da Educação em Saúde tornar-se uma prática regular na atenção primária principalmente quando direcionada aos idosos, parcela da população que cresce exponencialmente e precisa de uma atenção diferenciada, devido às peculiaridades inerentes ao avançar da idade (ARAÚJO; DIAS; BUSTORFF, 2011).