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A Guerra Fria

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CAPÍTULO 2 RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA AMÉRICA DO SUL NO PÓS-

2.2 A Guerra Fria

A Guerra Fria foi um período da geopolítica internacional que perdurou do fim da Segunda Grande Guerra, em 1945, até a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, em 1991. Esse tempo, como se denota da disputa pela hegemonia mundial, foi marcado pela disputa por influência, por ameaças e tentativa de expansão do modo ideológico, político e econômico de cada uma das potências vencedoras da Guerra. Ressalta-se que tanto os EUA, quanto a URSS, já se apresentavam como potências econômicas e detinham considerável poderio bélico.

Com ambos os países defendendo ideologias diferentes, consolidou-se, a partir da dessa disputa, a nova ordem mundial - a ordem mundial bipolar.

Tanto foi assim que os EUA, ao se afirmarem como potência bélica, foram os responsáveis pelas bombas atômicas que destruíram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, mostrando claramente sua intenção de alcançar a hegemonia mundial.

Embora ambas as potências tenham saído vitoriosas da Guerra Mundial, as ideologias políticas e econômicas que pregavam e defendiam tornaram-nas rivais, promovendo disputas por zonas de influência mundial, razão pela qual o mundo foi bipolarizado.

É importante observar que, diferentemente do que se imaginava, os EUA não detinham o monopólio bélico, a União Soviética também contava com um arsenal desenvolvido durante o conflito, embora menos desenvolvido que o dos EUA, dando início, assim, à corrida armamentista.

Até então, a maior invenção como arma testada era a bomba atômica, pertencente aos EUA, o que lhes dava superioridade bélica e tecnológica, mas foi nesse período que a União Soviética iniciou suas pesquisas para produzí-la, o que, de fato, aconteceu em 1949. Todavia, como se tratava de uma corrida em busca de poder, os Estados Unidos construíram nova bomba, bem mais poderosa que a atômica: a de hidrogênio, tecnologia alcançada pela URSS apenas em 1953. Assim, a cada momento a buscar por se fortalecer pela construção de armas com crescente poder de destruiçãose intensificou.

Em consequência dessa corrida armamentista, na década de 1960 EUA e URSS contavam com arsenais que eram suficientes para vencer qualquer país, o que resultaria em uma Guerra Nuclear, provavelmente a Terceira Grande Guerra. No entanto, um dos efeitos dessa disputa foi o acúmulo de tensão e medo entre os líderes dos dois Estados, impedindo a eclosão de uma nova guerra, que, seguramente, seria a última.

Como já mencionado, a guerra tomou proporções políticas, com disputas de territórios e zonas de influência, com ameaças construídas por poderosas armas. Mas foi no plano político que os Estados Unidos engendraram planos e estratégias para mostrar que seu modelo econômico era o melhor, atraindo, assim outras nações para o bloco capitalista.

Foi com esse intuito que os EUA criaram, em 1947, o Plano Marshall. Devido às mazelas da Guerra que terminara recentemente, o continente europeu se encontrava devastado, principalmente no que tange a uma análise econômica. É esse cenário de fragilidade que os EUA, por meio de seu Secretário de Estado George Marshall, propuseram ajuda financeira aos países europeus, para que estes se reconstruíssem e, como consequência, para atraí-los para o bloco capitalista, apontando-lhes as vantagens de tal inclusão. A adoção do Plano Marshall foi um marco no período da Guerra Fria.

Como resposta, o bloco comunista liderado, pela União Soviética criou o Conselho para Assistência Econômica Mútua - COMECON, como maneira de impedir que os países- satélites, sobre os quais a URSS exercia maior influência, procurassem ajuda do Plano Marshall e saíssem da zona de influência soviética.

Nesse contexto de Guerra Fria, foi de fundamental importância a criação da OTAN e de Pacto de Varsóvia. Em 1949, houve uma reunião dos Estados Unidos com a maioria dos países europeus, culminando com a criação Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, caracterizada como aliança militar, com o objetivo de proteção internacional e mútua em caso de um suposto ataque soviético. Em resposta, a União Soviética reuniu seus aliados com a mesma proposta de aliança militar de defesa mútua assim firmando o Pacto de Varsóvia, em 1955, o que deixou a disputa ainda mais tensa, já que qualquer ataque entre os países participantes de ambas as alianças poderia trazer resultados inimagináveis.

Entende-se, dessa forma, que esse momentos histórico tenha acirrado a disputa ideológica entre os dois blocos, ao considerar que EUA e URSS difundiram suas ideias no intuito de expandir suas zonas de influência. A estratégia usada na propaganda tinha por finalidade levar os países a acreditarem que sua proposta política, econômica e social era, além de superior, mais adequada a determinada nação, ou seja, foi uma guerra, acima de tudo, por disputa geopolítica ideológica.

Na verdade, depreende-se que o estudo da geopolítica e da Guerra Fria é interessante para que se compreenda a extensão da influência da política norte-americana. Influência que afeta diretamente a defesa da democracia como direito fundamental, visto que, durante a Guerra Fria, a preocupação dos EUA era impedir que ideais do comunismo se propagassem nas Américas, alegando ser um perigo, não devendo, em decorrência disso, prosperar.

Nota-se, então, o receio, por parte dos EUA, de que se iniciasse uma ditadura de esquerda no continente americano, entretanto, sob influência do ideal capitalista, como se pode depreender da história interamericana, o que ocorreu verdadeiramente foi a instalação ali de uma ditadura de direita.

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