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A Guilhotina de Hume é a reivindicação de que não se poderia derivar uma consequência valorativa – um “dever ser” – de uma premissa do tipo “ser”. Observou-se, já no primeiro capítulo deste trabalho, que Hume afirmou que, em suas leituras, era comumente surpreendido ao observar que “em vez das cópulas proposicionais usuais, como é e não é, não encontro uma só proposição que não esteja conectada a outra por um deve ou não deve”. O filósofo escocês ainda anota que como “esse deve ou não deve expressa uma nova relação ou afirmação, esta precisaria ser notada e explicada”216. A questão que passa a ser enfrentada então é a seguinte: o que queria David Hume ao reivindicar que cópulas proposicionais do tipo ser não deveriam estar conectadas com outras, da espécie dever ser?

De início, já pode se adiantar que a leitura majoritária – doravante denominada de tradição formalista217 –, de que os âmbitos do ser e do dever ser seriam incomunicáveis218, parece estar errada. Observando os autores que trabalham com a Guilhotina e aquilo que pretendeu o filósofo escocês, parece que é seguro dizer que o maior erro em que incorrem aqueles que trabalham com a

216 HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Trad. de Débora Danowski. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 509.

217 MACINTYRE, Alasdair. Hume on “is” and “ought”. In: HUDSON, E. D. (Ed.). The is/ought

question: a collection of papers on the central problem in moral philosophy. England: MacMillan

Education, 1969. p. 45.

218 Cf. Kariel Giarolo, “A interpretação standard dessa passagem assume que Hume procura afirmar que de um grupo de premissas factuais não se pode extrair qualquer conclusão moral. Há uma conexão analítica entre premissas factuais e a conclusão, do mesmo modo que há uma conexão analítica entre dever (ought) e valor ético. A noção de ‘ought’, ou seja, de uma obrigação ética ou norma, está obviamente relacionada com um valor ético. Uma afirmação (statement) normativa não pode ser deduzida de um conjunto de afirmações descritivas. Precisamos entender a expressão ‘dedução’ no sentido de uma inferência lógica válida. Assim, a leitura padrão da passagem de Hume sustenta que nenhuma afirmação ética pode ser logicamente inferida de quaisquer afirmações descritivas. O the is-ought problem, como também conhecido o problema referente à lei de Hume, pode ser entendido, portanto, como a questão de se juízos éticos podem ser inferidos de juízos descritivos”. GIAROLO, Kariel Antonio. É possível derivar dever ser der ser? Controvérsia, São Leopoldo, v. 9, n. 1, p. 2, jan.-abr. 2013.

tradição formalista da última passagem da Livro III, Parte I, Seção I do Treatise é o erro de tratar a Guilhotina como um valor universal e não particular. Dito de outra forma, autores procuram trabalhar a Guilhotina como se fosse um preceito universal, desconsiderando seu aspecto necessariamente casuístico.

A tradição formalista acaba fazendo uma leitura que sequer o próprio Hume, no texto base da guilhotina, deixa implícita. Quer-se dizer que a passagem, que forma a Guilhotina, pretende dizer que apenas é exigida uma razão suficiente que justifique a derivação de uma proposição a partir de outra proposição. Dito de forma mais clara, a Guilhotina não é – pelo menos não em Hume – uma separação estanque entre os âmbitos do ser e dever ser. Se Hume de fato estivesse propondo isso, colocaria todo o seu próprio projeto em xeque. Pretende-se demonstrar isso objetivamente com cinco argumentos. Poderiam ser mais, dada a extensão da obra de Hume, mas acredita-se que, apenas com esses argumentos, é possível que seja demonstrada a incoerência da tradição formalista.

Primeiro. Como sustenta Gadamer: “quem quer compreender um texto deve estar disposto a deixar que este lhe diga alguma coisa”219 e isso leva a um argumento que é quase exegeta. Ora, Hume é taxativo, na passagem da denominada Guilhotina, quando afirma que esse “deve” ou “não deve”, que expressa uma nova relação, precisaria ser notado e explicado (it should be observed and explained). Veja-se, assim, que Hume não está dizendo que a nova relação é impossível; pelo contrário, está dizendo que ela precisa apenas ser explicada220-221.

219 GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Trad. de Flávio Paulo Meurer. 15. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. p. 358.

220 MacIntyre apresenta dois argumentos que vão nesse sentido: “First, Hume does not actually say that one cannot pass from an 'is' to an 'ought' but only that it 'seems altogether inconceivable' how this can be done. We have all been brought up to believe in Hume's irony so thoroughly that it may occasionally be necessary to remind ourselves that Hume need not necesssarily mean more or other than he says. Indeed the rhetorical and slightly ironical tone of the passage renders it all the more ambiguous. When Hume asks how what seems altogether inconceivable may be brought about, he may be taken to be suggesting either that it simply cannot be brought about or that it cannot be brought about in the way in which 'every system of morality which I have hitherto met with' has brought it about. In any case it would be odd if Hume thought that 'observations concerning human affairs' necessarily could not lead on to moral judgements since such observations are constantly so used by Hume himself. Second, the force of the passage as it is commonly taken depends on what seems to be its manifest truth: 'is' cannot entail 'ought'. But the notion of entailment is read into the passage. The word Hume uses is 'deduction'. We might well use this word as a synonym for entailment, and even as early as Richard Price's moral writings it is certainly so used. But is it used thus by Hume? The first interesting feature of Hume's use of the word is its extreme rarity in his writings. When he speaks of what we should call 'deductive arguments' he always uses the term 'demonstrative arguments'. The word 'deduction' and its cognates have no entry in Selby- Bigge's indexes at all, so that its isolated occurrence in this passage at least stands in need of interpretation. The entries under 'deduction' and 'deduce' in the Oxford English Dictionary make it

Segue-se. Lembra-se que Hume foi, para muitos, o maior filósofo que já escreveu em inglês e é preciso, antes de tudo, que ele não seja subestimado222. Fosse isso o que Hume estava procurando dizer, que ser e dever ser são incomunicáveis, a sua própria reivindicação conhecida como Guilhotina, também seria cortada pela Guilhotina quando aplicada. Seria uma contradição relativamente fácil de ser observada. Com efeito, se Hume estivesse sustentando a impossibilidade absoluta de comunicação entre ser e dever ser, ele já estaria dizendo como algo deve ser (não se deve derivar um dever ser de um ser) partindo de um ser (autores/discussões que o surpreenderam conectando o deve e não deve com o é e não é)223.

quite clear that in ordinary eighteenth-century use these were likely to be synonyms rather for

'inference' and 'infer' than for 'entailment' and 'entail'. Was this Hume's usage? In the essay entitled 'That Politics may be Reduced to a Science', Hume writes, 'So great is the force of laws, and of particular forms of government, and so little dependence have they on the humours and tempers of men, that consequences almost as general and certain may sometimes be deduced from them as any which the mathematical sciences afford us.' Clearly, to read 'be entailed by' for 'deduced from' in this passage would be very odd. The reference to mathematics might indeed mislead us momentarily into supposing Hume to be speaking of 'entailment'. But the very first example in which Hume draws a deduction makes it clear how he is using the term. [...]. That is, Hume uses past political instances to support political generalizations in an ordinary inductive argument, and he uses the term 'deduce' in speaking of this type of argument. 'Deduction' therefore must mean 'inference' and cannot mean 'entailment'. Hume, then, in the celebrated passage does not mention entailment. What he does is to ask how and if moral rules may be inferred from factual statements, and in the rest of book III of the Treatise he provides an answer to his own question”. MACINTYRE, Alasdair. Hume on “is” and “ought”. In: HUDSON, E. D. (Ed.). The is/ought question: a collection of papers on the central problem in moral philosophy. England: MacMillan Education, 1969. p. 42-44.

221 Nesse mesmo sentido, diz Putnam (autor que será abordado com maior vagar no capítulo subsequente): “Although Hume nowhere says exactly this, the principle ‘no ought from an is’ has almost universally been taken to be the upshot of the ‘observation’ with which Hume concludes the Treatise, Book III, Part. 1, section I [...]. Hume says that in all ‘systems of morality’ he had met, the author would start in ‘the ordinary way of reasoning’ proving, say, the existence of God or describing human society, and suddenly switch form ‘is’ and ‘is not’ to ‘ought’ and ‘ought not’, for example from ‘God is our creator’ to ‘we ought to obey him’. No explanation was ever given of this ‘new relation’ and Hume makes it clear that he does not think this step could be justified”. PUTNAM, Hilary. The

collapse of fact/value dichotomy. Cambridge: Harvard University Press, 2002. p. 149-150;

Também Massimo Pigliucci: “The debate may seem bizarre and quite anachronistic: didn’t Hume in A Treatise of Human Nature clearly state that one cannot derive what ought to be (ie a moral answer) from what is (ie an empirical answer)? Well, first off, Hume didn’t really say that you cannot do it, just that if you do it, you had better be prepared to justify that move, not taking it as automatic, as apparently some of his colleagues at the time used to do”. PIGLIUCCI, Massimo. Is ethics a science? Philosophy Now, Londres, v. 55, p. 25, jun. 2006.

222 Cf. MacIntyre, em tom irônico, “I shall argue that the immense respect accorded to Hume thus interpreted is puzzling, since it is radically inconsistent with the disapproval with which contemporary logicians are apt to view certain of Hume's arguments about induction”. MACINTYRE, Alasdair. Hume on “is” and “ought”. In: HUDSON, E. D. (Ed.). The is/ought question: a collection of papers on the central problem in moral philosophy. England: MacMillan Education, 1969. p. 36.

223 O que levaria Hume a cair naquilo que Olavo de Carvalho denomina de “paralaxe conceitual”. Aliás, Olavo chega a identificar em Hume argumentos que sofreriam desta espécie de problema: “David Hume diz que nossas ideias gerais não têm valor cognitivo nenhum, porque são apenas aglomerados fortuitos de sensações corporais. Em nenhum instante ele se dá conta de que a filosofia de David Hume, compondo-se ela própria de ideias gerais assim formadas, também não

Terceiro. A Guilhotina, no sentido da tradição formalista, feriria o próprio título do Tratado: se é verdade que Hume está fazendo uma tentativa (valorativa) de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais, então Hume parte do pressuposto de que a filosofia está operando com a metodologia (cartesiana e escolástica) equivocada. Isso é um ser (fato). E sua nova proposta é um dever ser (valor). Metodologicamente, Hume seria guilhotinado.

Quarto. Veja-se, por exemplo, que no parágrafo anterior ao parágrafo que Hume elabora a Guilhotina, o filósofo escocês afirma que “quando declaramos que uma ação ou caráter são viciosos, tudo o que queremos dizer é que, dada a constituição de nossa natureza, experimentamos uma sensação ou sentimento de censura quando os contemplamos” 224. Geoffrey Hunter, analisando tal passagem do Tratado, afirma que Hume está dizendo aqui que considerar uma ação viciosa é o mesmo que experimentar uma sensação de censura quando a contemplamos. Disso pode-se afirmar que a afirmação “experimentar uma sensação ou sentimento de censura quando os contemplamos” é uma afirmação de fato225. Ora, se valorar algo é um fato, pode-se concluir que o próprio senso moral (dever ser) é, por natureza, factual. Significa dizer, portanto, que o próprio dever ser em alguma medida está dentro do âmbito factual, pois os fatos morais seriam completos em si mesmos. Nesse sentido, Hume diz expressamente que

A razão é a descoberta da verdade ou da falsidade. A verdade e a falsidade consistem no acordo e no desacordo seja quanto à relação real de ideias, seja quanto à existência e aos fatos reais. Portanto, aquilo que não for suscetível desse acordo ou desacordo será incapaz de ser verdadeiro ou falso, e nunca poderá ser objeto de nossa razão. Ora, é evidente que nossas paixões, volições e ações são incapazes de tal acordo ou desacordo, já que são fatos e realidades originais, completos em si mesmos, e não implicam nenhuma referência a outras paixões, volições e ações (grifou-se) 226.

pode valer grande coisa. O estado de alienação do filósofo ao criar sua filosofia não poderia ser

mais completo”. CARVALHO, Olavo de. Mais paralaxe. Sapientiam autem non vincit malitia, Virgínia, 2002. Disponível em: <http://www.olavodecarvalho.org/mais-paralaxe/>. Acesso em 02 mai. 18.

224 HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Trad. de Débora Danowski. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 508.

225 HUNTER, Geofrey. Hume on is and ought. In: HUDSON, E. D. (Ed.). The is/ought question: a collection of papers on the central problem in moral philosophy. England: MacMillan Education, 1969. p. 59.

226 HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Trad. de Débora Danowski. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 498.

Com efeito, ao analisar tal passagem, Geoffrey conclui que desde que Hume verifica que proposições valorativas são logicamente equivalentes a dadas proposições factuais (ought-propositions are logically equivalent to certain is- propositions), seria um absurdo atribuir à Hume a visão de que nenhuma proposição de ser pode, por si só, induzir a uma proposição de dever ser227.

Quinto e último. Outro exemplo que pode ser mencionado é a fundamentação da justiça. MacIntyre sustenta que Hume claramente defende que a justificativa, para as regras da justiça, busca amparo no fato de que isso é bom para a sociedade. Em outros termos, o respeito à legislação somente ocorre pelo fato de que isso é de interesse geral (long-term interest)228. Disso se segue que Hume está valorando – com base em um fato – que a legislação deve ser respeitada, pois os benefícios são muito maiores do que os prejuízos229.

Um argumento interessante apresentado em favor da tradição formalista é apresentado por José de Souza e Brito. Segundo o autor, Hume descobriu duas importantes questões sobre proposições morais, a saber, (i) os seres humanos tomam partido em questões morais e acreditam que tais questões podem ser racionalmente decididas. Contudo, tais reivindicações morais são firmadas sobre objetos externos, vale dizer, “não existe impressão de um objeto externo que origina as ideias morais” 230, o que leva a concluir que as afirmações sobre um objeto externo estão além da experiência e da razão e se situam apenas no campo da emoção e; (ii) as afirmações morais aparentam expressar um julgamento mas, na verdade, elas influenciam nossas ações. Sendo influenciadoras de nossas ações – e

227 HUNTER, Geofrey. Hume on is and ought. In: HUDSON, E. D. (Ed.). The is/ought question: a collection of papers on the central problem in moral philosophy. England: MacMillan Education, 1969. p. 60.

228 Cf. Hume, “e mesmo cada indivíduo, ao fazer as contas, deverá perceber que saiu ganhando; pois, sem justiça, a sociedade imediatamente se dissolveria, e todos cairiam naquela condição selvagem e solitária, que é infinitamente pior que a pior situação que se possa supor na sociedade”. HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Trad. de Débora Danowski. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 538.

229 MACINTYRE, Alasdair. Hume on “is” and “ought”. In: HUDSON, E. D. (Ed.). The is/ought

question: a collection of papers on the central problem in moral philosophy. England: MacMillan

Education, 1969. p. 40.

230 José de Souza e Brito justifica essa afirmação com a seguinte passagem do Tratado: “Tomemos qualquer ação reconhecidamente viciosa: o homicídio voluntário, por exemplo. Examinemo-la sob todos os outros pontos de vista, e vejamos se podemos encontrar o fato, ou a existência real, que chamamos de vício. Como quer que a tomemos, encontraremos somente certas paixões, motivos, volições e pensamentos. Não há nenhuma outra questão de fato neste caso”. HUME, David.

Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos

assuntos morais. Trad. de Débora Danowski. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 508.

não estando situadas no âmbito da razão (are not the offspring of reason) –, elas não se encontram no âmbito da experiência e, portanto, não podem ser empiricamente verdadeiras231.

Observando isso, o autor português dirá que as proposições morais se aproximam da causalidade, na medida em que não podem ser empiricamente verificadas (Causality, just as moral predicates, is not observed by the senses). Mas o ponto é que seriam apenas juízos arbitrários do homem. Logo, parece que o autor português sustenta a tese de que a Guilhotina funciona dentro de um âmbito cético, que veda a passagem do ser para o dever ser pelo fato de que um juízo moral é sempre um juízo arbitrário, porque decorre de um sentimento. Assim, o autor dirá que a leitura tradicional é merecedora de maiores considerações, afirmando que certamente seria contrário ao interesse de Hume negar a interpretação tradicional da Guilhotina 232.

Com efeito, é importante lembrar que Hume é realmente cético com relação a causalidade, conforme pôde ser observado no item 2.3 da presente dissertação. Contudo é importante relembrar, também, que Hume constatou que o ser humano está disposto a se orientar muito mais pela “scientific reasoning” do que pela “emotional reasoning” e que, embora a causalidade não seja empiricamente verificável, ela nos guia em nosso dia a dia. Nesse sentido, parece que o argumento de Hume com relação à causalidade também serve com relação à valoração factual. Ainda que a valoração seja algo totalmente arbitrário, ela faz parte do nosso modo de ser, motivo pelo qual a pretensão de simplesmente vedar essa passagem parece resvalar em uma leitura exagerada da obra do filósofo escocês. Ademais, conforme já se demonstrou, o próprio tratado faz uma valoração da epistemologia da filosofia. Difícil acreditar que Hume, o maior que já escreveu em inglês, não perceberia isso.

Vale, contudo, mencionar o argumento de José de Souza e Brito pelo fato de que se preocupa em demonstrar as premissas de Hume; demonstra conhecer a bibliografia sobre o tema de forma aprofundada e, ainda, desenvolve um argumento logicamente coerente durante todo o texto. Parece ter muito mais consistência do que Shapiro, por exemplo, que trata de explicar a Guilhotina em um parágrafo,

231 SOUZA E BRITO, José de. Hume’s law and legal positivism. In: Memoria del X congreso mundial ordinario de filosofía del derecho e filosofía social. Mexico. Anais… México: Universidad Nacional Autónoma de Mexico, 1982. p. 247-249.

232 SOUZA E BRITO, José de. Hume’s law and legal positivism. In: Memoria del X congreso mundial ordinario de filosofía del derecho e filosofía social. Mexico. Anais… México: Universidad Nacional Autónoma de Mexico, 1982. p. 250.

adotá-la como pressuposto metodológico no parágrafo seguinte e, por fim, violar a leitura que fez dela em todo o restante do seu livro.

Retoma-se Shapiro no ponto para explicar melhor. Propositalmente, ao explicar o que o Professor de Yale entende pela guilhotina – no ponto 3.4. deste trabalho – colacionou-se uma passagem de Legality em que Shapiro explica a divisão ser/dever ser através de um diálogo com uma criança. Retoma-se a passagem, agora grifada:

Suponha que eu vá até uma criança e diga “Pegue seus brinquedos!” A criança parece intrigada e responde: “Por que eu deveria ouvir você?” Eu digo: “Porque eu disse isso”. Neste ponto, a criança reclama, “Mas por que