• Nenhum resultado encontrado

O escopo da análise da informação

SUMÁRIO DO CAPÍTULO 4

7. HARMONIZAÇÃO DAS ENTIDADES DO GRUPO 1 DO FRBRER

7. HARMONIZAÇÃO DAS ENTIDADES DO GRUPO 1 DO FRBRER

Segundo Smiraglia (2003), o conceito de Obra evoluiu desde Panizzi, deixando de ser uma entidade secundária na visão dos primeiros catálogos, que eram mais voltados à função de inventário, e passaram a assumir um papel importante nos catálogos modernos, após a constatação de que o usuário de um sistema de recuperação de informação está mais interessado, normalmente, no conteúdo do que em um suporte ou manifestação específica.

Mesmo antes da publicação do modelo FRBRER, algumas pesquisas discutiam a necessidade de criação de uma entidade que agrupasse obras derivadas de outras obras. Por exemplo, Yee (1995), Carlyle (1996) e Svenonius (2000) defenderam a criação da entidade ―Superwork‖. Outros pesquisadores, que defendiam, na essência, a mesma idéia, nomearam esta entidade como ―Bibliographic Family‖ (SMIRAGLIA & LEAZER, 1999), ―Textual Identity Network‖ (LEAZER & FURNER, 1999) e ―Instantiation Network‖ (SMIRAGLIA, 2002).

89

O novo modelo FRBROO cristalizou os resultados destas pesquisas, criando a classe ―F15 Complex Work‖ que permite agrupar obras de acordo com algum critério. Esse agrupamento é realizado pela propriedade ―R10 has member‖ que permite definir quais outras obras participam de um grupo ―F15 Complex Work‖. Apesar de ―F1 Work‖, subclasse de ―E89 Propositional Object‖, ser a principal classe referente à Obra é a classe ―F15 Complex Work‖, segundo Bekiari et al (2010), que mais se aproxima da definição da entidade Obra do modelo FRBRER.

Para modelar os conceitos associados com um conjunto específico de símbolos (Expressão), foi definida a classe ―F14 Individual Work‖. O novo modelo define ainda seis outras classes relacionadas à entidade Obra. Aparentemente mais complexa, a nova modelagem permite representar cada aspecto que antes estava compreendido em uma única entidade, tornando, assim, o modelo mais claro, preciso e fácil de aplicar.

A Figura 7 mostra o posicionamento da classe ―F1 Work‖ na ontologia CIDOC CRM bem como suas subclasses. Notem-se dois casos de herança múltipla: classes ―F17 Aggregation Work‖ e ―F18 Serial Work‖.

F1 Work

E89 Propositional Object

F14 Individual Work

F17 Aggregation Work

F20 Performance Work F18 Serial Work

F16 Container Work

R10 has member (is member of)

F19 Publication Work

F21 Recording Work

F15 Complex Work

Figura 7. Classe “F1 Work” e suas subclasses.

Enquanto a substância de uma Obra é composta de conceitos, a substância de uma Expressão é composta de símbolos. Quando uma Obra é realizada de forma completa por um conjunto de símbolos, tem-se uma instância da classe ―F22 Self-Contained Expression‖. No outro caso, quando este conjunto está incompleto por qualquer motivo, por exemplo por perda de parte do suporte da informação, ocorre uma instância da classe ―F23 Expression Fragment‖. Estas classes são subclasses de ―F2 Expression‖ conforme pode ser observado na Figura 8.

A entidade Manifestação, que apresentava problemas de inconsistência semântica no antigo modelo, passou a ser representada por duas classes distintas: uma, relacionada à visão conceitual (abstrata), denominada ―F3 Manifestation Product Type‖, subclasse de ―E55 Type‖ e de ―E72 Legal Object‖; e outra, relacionada à visão concreta (física), denominada ―F4 Manifestation Singleton‖. A Figura 9 apresenta o posicionamento das classes citadas no novo modelo.

90

SUMÁRIO GERAL SUMÁRIO DO CAPÍTULO 4

F2 Expression E73 Information Object

F26 Recording

F22 Self-Contained Expression

F25 Performance Plan

F24 Publication Expression

F23 Fragment Expression

Figura 8. Classe “F2 Expression” e suas subclasses.

E28 Conceptual Object E71 Man-Made Thing

F4 Manifestation Singleton

F3 Manifestation Product Type E55 Type E72 Legal Object E24 Physical Man-Made Thing

Figura 9. Harmonização da Entidade Manifestação. 8. CONCLUSÃO DO CAPÍTULO 4

A versão orientada a objeto do modelo FRBR permite uma visão unificada dos acervos das instituições de memórias. Uma análise na bibliografia do FRBR (IFLA 2010) mostra que a quantidade dos trabalhos que endereçam a versão orientada a objeto é pequena quanto comparada à quantidade de trabalhos que referenciam a versão original. No caso da língua portuguesa, é ainda raro encontrar referências à nova versão do modelo FRBR. Entre os motivos que explicam essa situação podemos citar: o modelo FRBROO é estruturado como uma ontologia, formalismo mais complexo e completo que o Modelo Entidade Relacionamento e ainda não tão difundido no universo bibliográfico; os trabalhos de harmonização iniciaram em 2003 e apenas em 2009 foi publicada a minuta da versão 1.0; e, por fim, até o presente momento da escrita deste trabalho a IFLA ainda não havia aprovado formalmente a nova versão. Apresentamos os conceitos básicos de ontologia, CIDOC CRM e FRBROO no intuito de trazer o tema à discussão no Brasil e demonstrar o potencial de expressividade desta nova abordagem.

91 9. REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 4

BEKIARI, C.; DOERR, M.; LE BOEUF P.; International Working Group on FRBR and CIDOC CRM Harmonisation. FRBR Object-Oriented Definition and Mapping to FRBRER. (version 1.0.1) 2010. Disponível em : <http://cidoc.ics.forth.gr/docs/frbr_oo/frbr_docs/FRBRoo_V1.0.1.pdf>. Acesso em: 01 junho 2010.

CARLYLE, A. Ordering author and work records: An evaluation of collocation in online catalog displays. Journal of the American Society for Information Science. V. 47. P. 538-54. 1996.

CROFTS, N. Museum informatics: the challenge of integration. Genebra, 2004. 264 p. Tese (Doutorado) – Faculté des sciences économiques et socials, Universidade de Genebra, Genebra, 2004

DOERR, Martin. Ontologies for Cultura Heritage. In Staab, S; Studer, R (Eds) Handbook on Ontologies. Berlin: Spring-Verlag, 2009.

DOERR, Martin; HUNTER, Jane; LAGOZE, Carl. Towards a core ontology for information integration. In: Journal of Digital Information [on line]. V. 4, n. 1. Disponível em: <http://journals.tdl.org/jodi/article/view/92/91>. Acesso em: 01 junho 2010.

FITCH, Kent. ALEG Data Model. Inventory. AustLit Gateway. Acesso em: 01 junho 2010. Disponível em:

<_TTP://www.austlit.edu.au:7777/DataModel/inventory.html>.

GRUBER, T.R. Towards Principles for the Design of Ontologies Used for Knowledge Sharing. In Guarino, N.; Poli, R.: (Eds.) Formal Ontology in Conceptual Analysis and Knowledge Representation. Padova: LADSEB-CNR, 1993.

GUARINO, N.; GIARETTA, P. Ontologies and Knowledge Bases: Towards a Terminological Clarification. In: Mars, N. (Ed.). Towards Very Large Knowledge Bases: Knowledge Building and Knowledge Sharing. Amsterdam: IOS Press, 1995. P. 25-32.

GUARINO, N. Formal Ontology and Information Systems –FOIS‘98. Trento, Itália. Amsterdam: IOS Press, 1998. P. 3-15.

HEANEY, M. Time is of the essence: some thoughts occasioned by the papers contributed to the International Conference on the Principles and Future Development of AACR. Oxford: Bodleian Library, 1997. Disponível em: <_TTP://www.bodley.ox.ac.uk/users/mh/time978a.htm>. Acesso em: 01 junho 2010.

ICOM/CIDOC Documentation Standards Group; CIDOC CRM Special Interest Group. Definition of the CIDOC Conceptual Reference Model: version 4.0, 2004. Heraklion, Greece, 2004. Disponível em: < _TTP://cidoc.ics.forth.gr/docs/cidoc_crm_version_5.0.2.pdf>. Acesso em 01 junho 2010.

International Federation of Library Associations and Institutions. Study Group on the Functional Requirements for Bibliographic Records. Functional Requirements for Bibliographic Records. München: K . G. Saur, 1998. 144 p.

International Federation of Library Associations and Institutions. FRBR Review Group. FRBR Bibliography. Disponível em:

<_TTP://infoserv.inist.fr/wwsympa.fcgi/d_read/frbr/FRBR_bibliography.rtf>. Acesso em 01 junho 2010.

International Organization for Standardization. ISO 21127-2006: Information and documentation – A reference ontology for the interchange of cultural heritage information. Geneva, Switzerland: International Organization for Standardization, 2006. 108 p.

LEAZER, G.; FURNER, J. Topological indices of textual identity networks. In L. Woods (Ed.), Proceedings of the 62nd Annual Meeting of the American Society for Information Science (pp. 345–358). Medford, NJ: Information Today. 1999.

LAGOZE, Carl. Business unusual: how ―event-awareness‖ may breathe life into the catalog?. In: Conference on bibliographic control in the new millennium. Washington: Library of Congress, 19 de outubro de 2000. Disponível em: <_TTP://lcweb.loc.gov/catdir/bibcontrol/lagoze_paper.html>. Acesso em 01 junho 2010.

92

SUMÁRIO GERAL SUMÁRIO DO CAPÍTULO 4 LE BOEUF, PATRICK. Da FRBRer a FRBRoo: Lectio Magistralis in biblioteconomia: Firenze, Universitá degli studi di Firenze, 19 marzo 2009. Fiesole

(Firenze): Casalini Libri, 2009. 36 p.

SMIRAGLIA, R. P. The History of ―The Work‖ in the Modern Catalog. Cataloging & Classification Quarterly. v. 35, n. 3/4, pp. 553-567, 2003.

SMIRAGLIA, R. P.; LEAZER, G.H. Derivative bibliographic relationships: The work relationship in a global bibliographic database. Journal of the American Society and Information Science, v. 50, p. 493–504, 1999.

SMIRAGLIA, R. P. Further reflections on the nature of ‗A Work‘: An introduction. Cataloging & Classification Quarterly. v. 33, n. 3/4, p. 1-11, 2002. SVENONIUS, E. The Intellectual Foundation of Information Organization. Boston: MIT Press. 2000. 255 p.

93

Capítulo 5

Atributos dos Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR)