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III – HAVIA BALÕES E FOGOS NO AR: QUADRILHA JUNINA EXPLOSÃO NORDESTINA NO ARRAIÁ

A Junina Explosão Nordestina Produções Artísticas é um grupo formado em 2008 na cidade de Santa Rita - PB no Bairro Tibiri II, com intuito de brincar a festa de São João e fomentar na cidade a cultura popular. A ideia surgiu após um grupo de amigos terem a decisão de sair de um grupo de quadrilha junina da cidade de João Pessoa - PB, e formar um grupo em sua própria cidade de Santa Rita- PB, durante o São João do ano de 2008.

A proposta de inicio não seria apenas um grupo de quadrilha, mas também que este grupo fosse um grupo de danças folclóricas. Porém esta idéia se manteve apenas nos três primeiros anos, pois os esforços de manutenção dos dois grupos eram bastante grandes e por isso optaram continuar apenas com a Quadrilha Junina. Registraram, o grupo junino na data de 04 de maio de 2009 com CNPJ de número: 10.805.842/0001- 19.

O grupo Quadrilha Junina Explosão Nordestina vem se destacando nos eventos dentro e fora do estado ao longo desses 10 anos de São João. A Quadrilha já chegou a apresentar alguns de seus espetáculos nos estados de Sergipe (2012) e Pernambuco (2014). Através de apresentações individuais, a quadrilha teve representação nas 4 edições realizadas até o momento no Concurso Nacional de Rainha Junina da Diversidade, representação essa, feita por sua rainha gay Samara Smith.

A idealização desse projeto foi feita por profissionais das Artes Cênicas e demais linguagens artísticas culturais e todos moram no mesmo bairro. O principal objetivo do grupo é abranger as diversas modalidades culturais de uma forma geral, agregando jovens de vulnerabilidade social do bairro e das cidades circunvizinhas como: Sapé, Cruz do Espírito Santo, Pilar, Gurinhém, Mari e Bayeux, resgatando e disseminando, assim, entre os mesmos a cultura popular. O grupo vem se destacando no cenário cultural com uma trajetória de sucesso e uma pesquisa especialmente voltada para as áreas da cultura popular.

Grande parte dos brincantes que fazem parte do grupo são de outras cidades. Aproximaram-se em um primeiro momento como admiradores, que conheceram o

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trabalho da junina nos momentos de festa e depois tornaram-se brincantes da família3 Explosão.

A direção artística da quadrilha durante esses dez anos sofreu algumas alterações, algumas pessoas que contribuíram de forma significativa para a história da quadrilha, não estão mais presentes, mas ainda existem alguns dirigentes que estão até hoje desde sua fundação como: Cílio Barbosa (Marcador), José Hilton (Presidente), Suellen Cavalcanti (Noiva) e Diglay Araujo (Cantor).

A Quadrilha tem uma sede, situada na Avenida Conde, Tibiri II, Santa Rita- PB, é destinada para guardar cenários, troféus, figurinos e, na reta final, serve para confecções de figurinos, cenários, arranjos etc. Além disso, muitos jovens provenientes de outras cidades e bairros distantes são acolhidos na sede.

No ano passado (2018) a Junina completou 10 anos de existência, continuando seus trabalhos com muita força, resistência e alegria. Atualmente, a quadrilha é vice campeã da cidade de Santa Rita, conquistando assim o titulo de hexacampeonato. Desde o seu inicio, o grupo vem crescendo ano após ano, promovendo eventos e atividades junto a comunidade onde está localizada.

FIGURA 8 – Final do Paraibano, Explosão Nordestina 2014 em João Pessoa – PB Fonte: Acervo pessoal do autor

3Família é uma categoria nativa utilizada no contexto das organizações juninas que simboliza que as pessoas integram o mesmo grupo.

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Uma das maiores referências da festa junina são as quadrilhas juninas: danças realizadas em grupos, com passos “pré – estabelecidos”

Eis algumas marcas de longa existência, de fácil identificação nas quadrilhas brasileiras atuais: révérence= cumprimento, en avant = para frente,

enarrière= para trás, traversè= cruzar, retraver-sé= cruzar novamente, balancé = balançar, balancé à vos dames= balançar a dama, changé de place= trocar de lugar, chassé= caminhando, chassé-croisé= caminhando

cruzado, chaîne de dames= corrente de damas, chaîne de cavaliers= corrente de cavalheiros, en avant deux, quatre, huit= dois, quatro, oito à frente,

cheminau bois = caminho da roça, tour de main à gauche et à droite= volta

com a mão esquerda e direita; promenade= passeio, grandrond= grande roda,

moulinet de dames= moinho de damas, moulinet de cavaliers=moinho de

cavalheiros, ponts= ponte, lignes = filas paralelas, escargot= caracol, galop= galope (ZARATIM, 2014, p. 108).

Com as transformações dos últimos tempos vinculados aos processos de transformação social, internet, indústria cultural, entre outros fatores que vêm ocasionando as constantes mudanças da nossa sociedade, os passos das quadrilhas passam a ter um novo significado.

Esse processo de modificação das coreografias a cada ano vem exigindo mais meses de ensaios e dedicação por serem mais complexos. Há a incorporação de passos e movimentos de outras danças, mas a essência permanece em alguns passos como: a grande roda, túnel, caracol e os balancês, porém, mesmo esses passos tornaram-se mais elaborados para o encantamento do público e principalmente dos jurados.

No seu primeiro ano (2009) a Quadrilha Explosão Nordestina veio abrilhantando os arraiás, com o tema: “Bandeiras, Fogueira e Balão: de alegria explode meu coração, hoje é aniversário de São João”. O espetáculo iniciou com dois personagens narrando o nascimento de São João Batista segundo a bíblia. A coreografia inicial para a entrada no arraiá dava-se em uma encenação marcada pelos brincantes (masculinos) vestidos de São João, o São João do carneirinho. Acontecia a preparação para a festa de São João com louvação da bandeira e arrumação da fogueira que é o sinal avisando que o Santo Padroeiro nasceu e que virou um dos símbolos dos festejos. A fim de continuar a festa de aniversário de São João o baile é marcado pelo casamento, além disso, houve uma procissão de São João pra ressaltar a fé do povo no santo junino.

As coreografias, nesse contexto, eram compostas de muitos movimentos com os braços. As damas pouco usavam o seu jogo de saia como elemento estético. As coreografias eram dançadas na sua maioria em filas formadas por quatro casais, sem muitas formações, diferenciada das que são utilizadas atualmente.

24 FIGURA 09 – Quadrilha Junina Explosão Nordestina no Concurso de Quadrilha

realizado pelo SESC em 2010 Fonte: acervo pessoal do autor

Nas coreografias desenvolvidas em 2018, todos os brincantes representavam bonecos de pano, os movimentos eram enrijecidos, lembrando movimentos “robóticos”, existia outro grupo na quadrilha que durante o espetáculo se transformavam em bonecos de barro fazendo uma singela homenagem ao mestre Vitalino, realizando uma troca de figurinos aos olhos do público. O tema abordava a história do artesão que confeccionava boneco de pano e barro. Nesse décimo ano de existência a quadrilha já utilizava outras formações espaciais, como por exemplo: ‘X’, círculos, quadrados, figuras geométricas na sua grande maioria. Laraia (2002) afirma sobre essa cultura em transformação que:

[...] cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir (LARAIA, 2002, p.101).

25 FIGURA 10 – Junina Explosão Nordestina em 2018 no concurso da ONG – Pro dia

Nascer Feliz

Fonte: acervo pessoal do autor

As coreografias passaram a ser executadas de forma individual. Mesmo dançando juntos, homens e mulheres desempenham performances diferenciadas e cada vez mais individualizadas, sempre atendendo as ideias a priori de como se devem apresentar-se uma dama e um cavalheiro. Para Chianca (2007) as quadrilhas juninas se tornaram um espetáculo à parte, bastante disputado e que sempre atrai grande público para os festivais. Se os grupos de quadrilhas juninas continuassem apresentando apenas os passos tradicionais, talvez não tivessem tanta relevância como nos dias atuais, de forma que o processo evolutivo foi acompanhado por transformações culturais.

No figurino Segundo Freire, Rocha e Gomes (2011, p. 02), “o vestuário típico representava o povo da roça, as damas usavam vestidos longos, muito coloridos e cheios de bordados. Os homens vestiam camisas listradas ou xadrez, chapéu, lenço no pescoço, calça com remendos e chinelos”. Essa forma de dançar quadrilha denomina-se de Quadrilha Tradicional. Com o passar do tempo a quadrilha tradicional se tornou absoleta em alguns aspectos, porém, sua realização ainda tem bastante representatividade nas escolas.

O Inventário da Oferta Turística de Pernambuco realizado pela EMPETUR e SEBRAE com o apoio da SUDENE (A-2.7.4-1998), descreve que a quadrilha junina hoje é:

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“[...] uma mudança na estrutura original da quadrilha – a indumentária (incluindo um guarda-roupa mais rico e com características do apresentado pelo folclore gaúcho), da coreografia e do repertório musical, que passou a ser mais amplo e não necessariamente relativo ao período de São João”.

FIGURA 11– Figurino da Junina Explosão Nordestina, ano 2009

FIGURA 12 – Figurino da Junina Explosão Nordestina, ano 2018

O figurino também se inclui dentro das transformações que vêm acontecendo nas quadrilhas. Em seu primeiro ano, o auge era os figurinos volumosos os tecidos pesados, bordados de fitas, passamanarias, chitas, xadrez, e bandeirolas. Materiais esses que não deixam de estar presente na indumentária do quadrilheiro (a), mas atualmente a indumentária vem trazendo uma concepção em relação com o tema/enredo que cada quadrilha se propõe a desenvolver a cada ano.

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As roupas também se transformaram, entretanto a elegância continua sendo a meta. Se na bibliografia sobre as origens das quadrilhas e sua relação com as danças de corte francesas encontramos descrições de vestimentas feitas com tecidos finos, leves e cheios de pompa, hoje os materiais utilizados não são diferentes, são considerados de alta-costura, com pedras swarovski, mantas de strass, bordados a mão, as saias das damas são com plissados bastante cheios para ampliar a percepção do movimento. Giffoni (1973) afirma que nas próprias indumentárias o gosto artístico e a cultura se revelam, além de ritmo, música, trabalhos manuais, entre outros. Durante a entrevista, uma das fundadoras da Explosão Nordestina aponta, Suellen Cavalcanti (2019)

A junina veio vestida em tons de rosa, lilás e preto e era divida em duas fileiras familiares da noiva em tons rosa que era cor predominante, lilás e preto e as outras duas, familiares do noivo que aqui já era o lilás que predominava. O pai da noiva era devoto de São José e faz uma trégua com o noivo e sua família, ficando acertado que se no dia de São José chovesse no sertão ele iria conceder a mão de sua filha e acabar de vez com a rivalidade entre as famílias, toda essa ‘estória’ vai sendo narrada através das músicas que facilita uma melhor compreensão por parte dos espectadores. (Cavalcanti, 2019)

O enredo das quadrilhas atualmente não gira em torno somente do casamento. Há enredos temáticos que falam de temas sociais, de outras culturas, outras danças, ou mexendo com o imaginário do público, trazendo propostas irreais e fantasiosas. No ano de 2010 a “Explosão” abordou uma temática que envolveu as questões sociais e trouxe a sociedade uma reflexão acerca do preconceito. Decidiram abordar a discriminação racial que ainda é preponderante no Brasil e escolheram um dos grandes nomes do movimento quilombolo, conhecido como, Zumbi dos Palmares. Assim, delimitaram o tema: a raça negra tem o seu valor – Zumbi dos Palmares, nosso professor.

A quadrilha buscou mostrar à chegada dos colonizadores, os barcos Negreiros, a religiosidade, as características de um povo que foram escravizados e discriminados apenas por terem a cor negra. O casamento junino é um dos pontos altos de qualquer espetáculo de quadrilha e nele foi abordada a relação do preconceito religioso uma vez que as grandes maiorias dos escravos tinham como religião o candomblé e que de certa forma é mal visto pela maioria da população, onde a noiva pertencia ao candomblé e o noivo ao cristianismo, onde foi nesse cenário onde tudo ocorria. (Cavalcanti, 2019)

O guia História do Folclore da Secretaria de Turismo da Prefeitura do Recife (1997) define que a quadrilha junina estilizada: “É uma nova forma de expressão junina. São grupos de dança com diversas coreografias, onde os dançarinos executam passos

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específicos àquela música”. Com essa nova forma de dança, a Quadrilha Estilizada4 se popularizou nos estados do Nordeste, trazendo em suas danças coreografias voltadas para apresentações, concursos, utilizando recursos tecnológicos durante suas performances. Segundo Trigueiras (s/d) a espetacularização das culturas populares é uma necessidade para a sobrevivência delas em sociedade e é criada com o propósito de atender ao consumo do mundo globalizado, midiatizado.

De modo geral, observa-se que práticas culturais tradicionais festivas ao longo da década estudada tiveram modificações no que se refere a uma dimensão espetacularizada do evento, que pode ser visualizada em múltiplos aspectos, como na dança, na música, na vestimenta e na alegoria (ALBUQUERQUE,2013, p.23).

Outro ponto pertinente às transformações das festas juninas é a questão do espaço, os locais em que se dançava no período da corte francesa, eram salões enormes e luxuosos. Além disso, houve alterações igualmente nas músicas havia a presença de orquestras, era suíte de contradanças, algo alegre, e que tinha acompanhamento do piano. Nessa dança que surgiu nos castelos chegou às fazendas e depois migrou para a cidade, podemos identificar muitas transformações que são próprias das mudanças de ambientes e de certa mudança de status social.

Em 2009 a quadrilha Explosão Nordestina se apresentava em palhoças organizadas na rua, feitas de troncos de árvores, palhas de coqueiro. Hoje as apresentações são realizadas em grandes ginásios e estruturas como arena, um grande palco para o público.

As músicas foram substituídas em sua maioria por músicas autorais, com letras que relatam a história contada pela quadrilha, com os ritmos regionais como: xote, baião, forro, entre outros.

4 “No início da década de noventa, ao ser entrevistado por uma rede de TV, em um programa de auditório, um “quadrilheiro” dava conta de que, a travessia da quadrilha tradicional à estilizada devera-se ao fato de um grupo pernambucano homenagear o povo gaúcho, numa época em que os estados da Região Sul ensaiaram um movimento separatista donde, se conseguissem, o novo país se denominaria de República dos Pampas. O movimento não prosperou, contudo, a tendência do folclore gaúcho especialmente as danças e as indumentárias foi um braço para a derivação da quadrilha estilizada. Na fase de transição de estilo, as quadrilhas se apresentavam com bombachas, chapéu de feltro, lenços vermelhos no pescoço, boleadeiras. As moças com trajes e adereços também fazendo uma alusão à indumentária típica das danças sulistas, diferente dos vestidos de chita da quadrilha tradicional ou matuta” (MELO, 2006. p. 3).

29 FIGURA 13 – Quadrilha Junina Explosão Nordestina em 2019 no Concurso Paraibano

Fonte: acervo pessoal do autor

Além disso, houve mudança na maquiagem dos brincantes. Daquela caricatura de “matuto”, dentes dos meninos pintados de pretos ou meninas com as sardas nos rostos, passou-se a utilizar profissionais para pinturas assim como para realizar penteados mais sofisticados nos cabelos.

Em 2009, realizou-se o casamento dos noivos, bem amador, sem efeitos e estrutura, porém bem trabalhado. Hoje se faz um teatro, a cena é mais técnica. Antes eram os próprios noivos que falavam ao vivo no microfone, hoje, faz-se o casamento simbólico. Os noivos assim como outros personagens fazem, seguindo o som, que é gravado em estúdio representando as falas. Outras características apresentadas na Explosão Nordestina são as personagens caipiras, como padre, juiz, noivos, delegado, testemunhas. Nos seus últimos espetáculos são apenas o noivo, a noiva e o padre.

É neste sentido que Cavalcante (2006) designa de espetáculo quando a festa desenvolve uma extraordinária sofisticação artística, assim como nos Bumbás de Parintins e nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro e, no caso das quadrilhas, são as apresentações em concursos que demonstram esta característica. Um dos entrevistados, Robson Adriano, declarou sobre o desenvolvimento destas temáticas que:

Desde a sua fundação as temáticas da junina traz a ousadia como característica na forma de desenvolvimento. Contudo sabe-se a quadrilha junina evoluiu em todos os âmbitos. Um tema montado em 2009, por exemplo, pra ser remontado hoje, precisaria sofrer algumas alterações. Mais avaliando a temática pra 2009 percebo que pra época era sim uma ótima

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proposta. Por outro lado o que dificultou o desenvolvimento do espetáculo foi como sempre a parte financeira. (Robson Adriano5, 2019).

O outro quesito nas planilhas dos jurados, que têm o mesmo peso no critério da avaliação da quadrilha como: evolução, coreografias, animação, figurino, marcador e casamento é a rainha do milho.

Hoje, esta personagem não é mais chamada de rainha do milho, dessignam-na apenas por rainha: rainha da quadrilha. O conceito de ser a mulher que representa a beleza e simpatia das demais damas e da quadrilha continua o mesmo.

Em 2009 a rainha, uma das figuras principais, aparecia como convidada da festa junina. Ela representava a colheita e a fartura. Na maioria das juninas, naquela época a performance era basicamente essa, representar a fartura da colheita de milho. Na história da Explosão Nordestina, porém um ponto forte fez diferença entre esta e as outras juninas, por sempre apostar no diferente, como aponta o relato de uma das dirigentes e atual noiva do grupo junino, a quadrilha se propões a apresentar duas rainhas.

Um espetáculo rico em sua musicalidade uma vez que o presidente da junina estava a trabalho nas cidades banhadas pelo rio e teve a oportunidade de trazer um material com músicas que falam do rio, de suas crenças de suas lendas, esteticamente a junina fazia uma referência ao Rio que como já foi dito eram os brincantes que vinham no meio da junina, e os brincantes das pontas representavam as cidades de Petrolina e Juazeiro. Neste ano a junina inovou colocando duas rainhas em seu espetáculo, cada uma representando uma das cidades citadas, a proposta foi bem aceita pelo público e pelos jurados, onde as mesmas chegaram a trazer títulos como as melhores rainhas dos festivais que participavam. (Cavalcanti, 2019)

Além de inserir duas rainhas, a quadrilha foi audaciosa elegendo duas transformistas para o posto.

Outro elemento marcante do grupo são os homens vestidos de mulheres. Aatual rainha da Explosão Nordestina há nove anos do cargo consecutivos é um tranformista que da-a vida ao personagem: Samara Smith, a única rainha transformista com maior tempo em atuação no cenário junino estadual e no mesmo grupo de quadrilha junina. No inicio de sua trajetória enfrentou diversos preconceitos dentro e fora de sua junina, mas sempre contou com o apoio da diretoria da Explosão Nordestina que acreditou e acredita no seu potencial artístico.

5 Formado no curso de educ. artística na UFPB, foi: figurinista da quadrilha por 10 anos (2009/2018); diretor artístico nos anos iniciais da quadrilha; foi dançarino/brincante por 9 anos, sendo os 4 últimos anos o noivo da quadrilha).

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Atualmente as rainhas em suas performances interpretam um personagem, com função importante durante o espetáculo, que não gira em torno de um momento específico.

No ano de 2018, a quadrilha junina Explosão Nordestina comemora 10 anos de existência e trouxe o tema: “um pedaço de vida”. O tema contava a história de bonecos que ganharam vidas para festejar São João. Samara era uma das bonecas e no seu momento de apresentação decidiu dar visibilidade às outras bonecas que tinham como intérpretes homens gays. A entrada era feita com todas em cima de carro alegórico vermelho, com detalhes de rosas coloridas, jogo de luzes e fumaça; gelo seco. A coreografia tinha movimentações do

vogue dance. (Lopes6, 2019)

FIGURA 14 -Apresentação da Rainha Samara Smith no Festival Interestadual da Ong Pro Dia Nascer Feliz, ano 2018

Fonte: acervo pessoal do autor

A idealizadora do projeto dos 10 anos da junina descreve como foi processo da criação do tema:

E em 2018, na busca por uma temática que envolvesse elementos regionais em uma das pesquisas eis que surge a frase Um pedaço de vida... de um poema escrito por Johnny Welch, onde ele retratava a história de uma marionete, achamos interessante uma vez que podíamos nos inspirar na frase e trazer para a nossa cultura, já que temos muita riqueza em nosso artesanato e decidimos abordar o mundo do artesão em específicos os bonecos

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